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      FD
    • 7 novembro 2006 editado

     # 1

    Quanto custa fazer obras em casa

    Quando decidir fazer obras em casa, peça conselhos ou solicite acompanhamento de pessoas que tenham experiência no ramo da construção civil, evitando desta forma que seja confrontado no futuro com situações menos agradáveis.
    Antes de iniciar é necessário que defina a modalidade de contrato que vai acordar com o empreiteiro (empresa de construção civil).
    Tradicionalmente existem quatro formas de contrato de empreitada que pode acordar com uma empresa de construção, nomeadamente:
    • 1. Contrato por preço global;

    • 2. Contrato por série de preços;

    • 3. Contrato por administração directa;

    • 4. Contrato à tarefa.

    1. Contrato por preço global

    Nesta modalidade o preço é previamente fixado para todo o trabalho a executar.
    Só é possivel contratar obras neste regime quando não existem dúvidas sobre a quantidade final do trabalho a executar.

    Vantagens:

    - sabe desde o início quanto vai gastar;
    - o risco é todo do empreiteiro.

    Inconvenientes:

    - para cobrir esse risco o empreiteiro poderá apresentar um preço mais caro;
    - verificar se o empreiteiro considerou todos os trabalhos da obra no contrato por forma a evitar trabalhos a mais.

    2. Contrato por série de preços

    Só se aplica este regime contratual, quando não existe a certeza inicial da quantidade total de trabalho a executar.
    O construtor - empreiteiro - apresentará os preços por unidade de trabalho.
    Por exemplo: pintura a tinta de água em paredes 5€ por m2.
    0 valor final que terá de pagar será função da quantidade real do trabalho executado pelo que obriga a quantificar os trabalhos executados (medições).

    Vantagens:

    - Só é pago o trabalho realmente executado;

    Inconvenientes:

    - incerteza inicial quanto ao valor total da obra.

    3. Contrato por administração directa

    Optando-se por executar obras por administração directa, o construtor apresentará todos os custos que teve para executar o trabalho, nomeadamente, mão-de-obra incluindo encargos sociais, transportes, materiais, almoços, telefones, etc., acrescidos de uma percentagem (15 a 20%), para gestão da obra e lucro.

    Vantagens:

    - paga o que realmente gastou.

    Inconvenientes:

    - obriga a disponibilidade de controlar os custos apresentados pelo empreiteiro. Não sabe no início quanto vai gastar.

    4. Contrato à tarefa

    Neste caso, negocia-se com o construtor ou tarefeiro o fornecimento somente de mão-de-obra para executar um determinado trabalho, sendo que os materiais, equipamentos, etc., são por conta do dono da obra.
    Nos preços de mão-de-obra apresentados pelo empreiteiro, estão incluídos custos com encargos sociais, transportes e o lucro.

    Vantagens:

    - consegue controlar os custos dos materiais.

    Inconvenientes:

    - só no fim do trabalho é que consegue quantificar quanto gastou;
    - obriga a controlar a mão-de-obra;
    - é importante possuir experiência no ramo de construção civil.

    As obras a executar em casa, podem ser:
    - obras de remodelação profundas - quando obrigam a alterar e reforçar elementos que suportam os edifícios (vigas, pilares, etc.) Demolir e construir novas paredes, etc.;
    - obras de remodelação simples - obras sem dificuldade de maior, nomeadamente, substituir louças sanitárias, móveis de cozinha, afagar e envernizar pavimentos de madeira, pinturas, etc.;

    Quando se pretende efectuar remodelações profundas na casa é aconselhável que peça auxílio a um técnico devidamente habilitado - engenheiro, arquitecto, construtor civil.
    Os trabalhos de alteração da estrutura do edifício - vigas, pilares, lages, etc. - obrigam a que sejam efectuados projectos adequados para serem apresentados e aprovados pelas entidades camarárias.
    Nunca faça alterações da estrutura do edifício, sem o consentimento da câmara municipal, evitando desta forma pôr em risco vidas humanas.
    No cenário jurídico português, o código civil legisla e regula os contratos de construção civil executados por entidades privadas, sendo contudo usual transportar a legislação das Obras Públicas - Regime Jurídico das Obras Públicas - para enquadrar estes trabalhos.

    Pedido de propostas

    Após definir o tipo de modalidade contratual que irá implementar na sua obra é necessário reunir elementos para pedir propostas a um ou vários empreiteiros.
    É importante referir que a proposta abarca não somente o preço, mas ainda o prazo de execução da obra, condições de pagamento, garantia dos trabalhos, etc.
    Antes de iniciar o pedido de proposta, tem de definir o que pretende executar, a marca e a qualidade dos materiais, o prazo da obra, etc. Se tiver dúvidas, peça conselho a um especialista.

    Análise das propostas

    Depois de receber as propostas é necessário efectuar uma apreciação e análise das mesmas.
    Não analise somente o preço, mas tenha em atenção o prazo, condições de pagamento, garantias, etc.

    Adjudicação

    Depois de analisar as propostas, está em condições de adjudicar os trabalhos, e celebrar um acordo com a empresa escolhida.

    Consignação dos trabalhos

    A consignação é o acto pelo qual se dá início dos trabalhos e começa a contar o prazo da obra.

    Recepção provisória dos trabalhos

    Quando a obra é concluída, é necessário que se proceda à recepção dos trabalhos, aferindo se os trabalhos estão bem executados.
    Quando encontrar defeitos eles devem ser comu-nicados por escrito indicando o prazo para a sua correcção, findo o qual deve accionar as garantias bancárias ou outros meios acordados para garantir o cumprimento contratual.
    Após a aceitação dos trabalhos, inicia-se a contagem da garantia da obra, normalmente cinco anos, ou outro, acordado entre as partes.
    Quando a obra assim o exigir, é imprescindível que salvaguarde a garantia de boa execução dos trabalhos, por meio de retenção de algum valor (aproximadamente 10% do valor da obra) ou por meio de garantia bancária.

    Recepção definitiva dos trabalhos

    Passado o período de garantia, procede-se à recepção definitiva dos trabalhos, e a obra deixa de estar abrangida pelo periodo de garantia.
  1.  # 2

    Boas dicas. ;)
  2.  # 3

    Muito bem!
    A matéria foi toda estudada, na cadeira de orçamentação e concursos privados a nota seria de 20 valores.
    No entanto em Portugal a maior parte das empresas de construção civil não funcionam assim! Já tentou perguntar a um empreiteiro o que é uma recepção provisória de trabalhos?
    Pois é! A verdade nua e crua! A culpa não é do Estado, nem das Leis, que estão bem fundamentadas, nem da Policia Municipal, nem de ninguém de obrigação, a culpa é mesmo nossa quando queremos remodelar a nossa cozinha e procuramos o mais baratinho da região. E lá diz o velho ditado "O barato sai caro!".
    Temos de compreender que se compramos umas calças por 100 €uros de uma marca conhecida podemos comprar um modelo igual por 30 €uros, e a qualidade ser a mesma, é uma questão de pagar a marca. Mas no que se refere à construção, já não é bem assim, a qualidade dos materiais é certificada, e se procurarmos com atenção também há empreiteiros certificados. É uma questão de não olhar a dinheiro sem fazer uma pré avaliação da qualidade. Compensa entregar os trabalhos a quem sabe o que faz e que tem intenção de manter a empresa por longos anos, assim temos sempre a certeza que vamos ter sempre um apoio para o futuro.
    Certifiquem se sempre se o empreiteiro tem seguro de acidentes de trabalho e de responsabilidade civil, se tem dívidas ao estado, se tem os trabalhadores inscritos na segurança social, etc.
    O Dono de obra, nós no caso , somos os responsáveis pela verificação de tudo isto, sabia? Gostei do Fórum, parabéns! Vou indicar a amigos. Até breve,
  3.  # 4

  4.  # 5

    Um dos grandes problemas da construção nacional, reside exactamente no fosso que existe entre o conhecimento científico e o nível de conhecimento da generalidade dos operadores na obra.
    Já desde há muitos anos que todos sabem do baixíssimo nível académico dos operadores nas obras, devido à falta de ensino técnico, os conhecimentos têm sido transmitidos na obra... de geração em geração, sendo que de vez em quando, alguns desses, um pouco mais inteligentes e ambiciosos que a maioria, têm a sorte de encontrar um bom mestre, estar numa ou outra obra de qualidade, e lá se começa a destacar e normalmente lá se forma um bom mestre de obras.... ocasião rara, diga-se... no entanto, e devido à já referida falta de conhecimentos básicos (física, química, comportamento dos materiais, raciocínio matemático, etc) prevalece sempre o conhecimento empírico... aquele que é apreendido pelos sentidos... e que por vezes nos enganam.... mas adiante, estava a dizer que assim se formam bons mestres, que acabam por ter um conhecimento geral das obras que estão habituados a realizar, e ao fim de uns anos, o conhecimento (empírico) lá está e deve ser aproveitado...
    No entanto e devido às nossas raízes latinas... o Ego de alguns por vezes leva-os a considerarem-se semi-deuses... sabedores de tudo e mais alguma coisa... do que já viram e do que não viram... mas que acham (lá está o empirismo a trabalhar) que deve ser assim... e depois caem no ridículo de falar do que não compreendem e cometerem as maiores barbaridades na complexa actividade da construção!

    Um outro grande problema na construção em Portugal é basicamente o seguinte:
    Não temos maus empreiteiros, temos é maus clientes. Para mim a capacidade de gerar dinheiro dos empreiteiros e a má construção que se conhece tem 2 culpados:
    - O cliente que só quer aparências e gastar o mínimo possível;
    - O projectista que não se quer esforçar em melhorar conhecimentos e em aconselhar bem o cliente.

    Cumprimentos a todos.
 
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