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  1.  # 1

    Desejo iniciar novamente uma discussão que vai ao encontro de um tema fundamental e já muito comentado neste fórum - os honorários dos arquitectos - caros ou baratos? Eis a questão!...
    Fazendo algumas comparações e sem me alongar muito vejamos: 1- quando vamos a um médico/especialista pagamos em média 100 euros pela consulta (30 a 45minutos), esse médico e bem, atende aproximadamente 10 a 15 pessoas por dia, o que corresponde a +/- 1200 euros por dia, obviamente terá de pagar os impostos respectivos. Neste caso não discutimos preços com o médico, seria até ofensivo para o Sr. Dr. O mesmo acontece obviamente em caso de cirurgias, seria ridículo dizer: Sr. Dr. eu faço a cirurgia mas com um desconto de 20%, se não, não faço! 2 – Quando vamos a um mecânico fazer a revisão ao carrinho, pagamos em média 200 a 300 euros e nem uma palavra que ponha em causa o serviço do Sr. Mecânico, no que se refere aos seus honorários. 3 - Quando necessitamos de um advogado, pagamos os honorários respectivos mas na maioria das vezes não se anda com ciganices a discutir preços. 4- etc, etc, etc...
    Quando se pretende construir/remodelar um imóvel ou outra operação urbanística recorre-se a um arquitecto, a tendência é olhar sempre de lado e desconfiar dos valores apresentados. Pois bem para as pessoas que andam por ai a largar postas de pescada sem fundamento de causa, fiquem sabendo que os arquitectos portugueses são os mais mal pagos da Europa, têm que concorrer comercialmente com técnicos que não têm os mínimos conhecimentos de arquitectura, e o mais grave disto tudo é o facto de os arquitectos terem de competir frente a preços suicidas de outros técnicos. Os outros técnicos conseguem praticar esses preços porque os projectos que apresentam não são pensados, não requerem tempo intelectual, são cópias ininterruptamente encaixadas nos terrenos. Assim é fácil! Penso que cabe ao governo concretizar as suas promessas e revogar o famigerado 73/73 e devolver a arquitectura aos arquitectos. Penso que é óbvio! Se não imaginem um dia irem ao médico com uma banal constipação e serem atendidos por um veterinário, ou irem a um dentista e serem atendidos por um enfermeiro. Parece ser lógico necessitar um projecto de arquitectura e ser um arquitecto a fazê-lo. Pois é! Mas em Portugal mais uma vez no seu melhor toda a gente opina e se arma em Chico esperto, mesmo em matérias de grande complexidade e responsabilidade como é a arquitectura. Os arquitectos Portugueses possuem um curso superior e pertencem a uma Ordem profissional, respeitem este facto! Mais uma vez sou forçado a dizer para olharem para Espanha onde os arquitectos são respeitados e não têm de andar a negociar os seus honorários, em parte pelo facto de as pessoas andarem maioritariamente informadas e respeitarem as diferentes actividades profissionais. Infelizmente Portugal é e continuará a ser o país dos coitadinhos e de Chico espertismo. Todos percebem de tudo mas no fundo de nada...Respeitem o trabalho dos outros, neste caso dos arquitectos Portugueses, que alguns, mesmo que reconhecidos internacionalmente são forçados a irem-se embora desta república das bananas.
    Concordam com este comentário: bhp | arq
  2.  # 2

    Pelo comentário, presumo que seja arquitecto... Só pode...

    Eu não sou arquitecto. Sou casado com uma arquitecta... E sinceramente, são de facto uma classe mesmo muito menosprezada. Ainda por cima arquitectos com conehecimentos de estruturas, de execução, arquitectos que pensam na execução da obra, arquitectos que perdem horas e horas à procura de soluções arquitectónicas harmoniosas, que sejam exequíveis e estéticamente apetecíveis. Quantas e quantas vezes os clientes se esquecem que um arquitecto não faz apenas 3 ou 4 rabiscos num papel. Tem que se deslocar ao local para conhecer a envolvente, tem que estudar a estrutura de sustentação, tem que respeitar os PDM em vigor, tem que tratar do licenciamento, dos projectos de electricidade, água, esgotos, gás (ou pelo menos entregar os projectos a um técnico qualificado que também tem os seus honorários) tem que acompanhar a obra... Se contabilizarmos TODAS as horas que um projecto compreende, um arquitecto deve receber aí uns 5 a 10€ por hora... Numa qualquer oficina pagam 45€/hora, fora peças... Um arquitecto não cobra o papel, os tinteiros, a luz que gasta durante o projecto... Enfim, apenas um pequeno deabafo de alguém que está saturado de ver a exploração e o desprezo com que é tratada a arquitectura (e a engenharia...) em Portugal...
  3.  # 3

    Anónimo disse:
    coitadinhos... concorram ao rendimento minimo garantido!
    caro internauta... não se esqueça que até aqui à algum tempo atrás nem era necessário projecto de arquitectura!
    Recorriam a aquitectos a classe alta que podia pagar o que fosse pedido por um projecto...
    agora que é obrigatorio... continuam a cobrar fortunas! o lobbie funcionou... mas veio em má altura... a construção está a abrandar...
  4.  # 4

    Anonimo disse:
    Isto deve ser para rir...exploração na arquitectura em Portugal? Meu amigo, o ordenado minimo em Portugal sao 400 e tal euros e os explorados sao voces arquitectos que levam 4000 e 5000 Euros por projectos?
    Meu deus que egoismo
  5.  # 5

    Anónimo disse:
    Para a qualidade média dos projectos que são produzidos em Portugal, são bastante bem pagos, porque se as obras fossem feitas com as definições dos projectos, havia de ser bonito. Também aceito que o cliente não quer pagar e por isso leva aquilo que paga, mas se o cliente quiser pagar, dificilmente arranja um projecto de execução em condições e nem é preciso falar da compatibilização dos diferentes projectos de especialidades.
  6.  # 6

    Como em tudo na vida... existe o bem pago (justo), o subpago e sobrepago...
    Não se pode, de todo generalizar...
  7.  # 7

    Há pessoas que se conhecessem a realidade da arquitectura em Portugal, evitavam certos comentários menos felizes...

    Em termos estatísticos, cerca de 90% dos arquitectos trabalham pelo menos 8 meses sem receber um cêntimo. Os estágios têm destas coisas... Depois de terem angariado uma fortuna durante o estágio, começam a trabalhar a ganhar o ordenado mínimo para licenciados, ou seja, 2x ordenados mínimos nacionais, se tiverem sorte... Note-se que a este ordenado é necessário fazer retenção na fonte, descontos para a segurança social, visto por regra não se fazerem contratos laborais. No fim dos descontos, resta o ordenado mínimo nacional.

    Agora pergunto eu, é a isto que se chama "bem pago" ?

    Podem agora alegar "ah mas isso é nos ateliers", ao que eu respondo com uma pergunta. Qual a percentagem de arquitectos que NÃO trabalha num atelier?

    Vem agora outra questão, para além das já mencionadas... Uma pessoa leva o carro a uma oficina e paga 45€ por cada hora, em termos de mão de obra. Um arquitecto que cobre 5000€ por um projecto de atquitectura (ao qual será necessário descontar os projectos de especialidades, tais como água, luz, gás etc...) Leva depois, em termos práticos,mais de 200 horas, entre fazer o projecto, tratar do licenciamento e acompanhamento da obra, o que dá algo como 25€ por hora, ou seja, cerca de metade do que se paga numa oficina, por mão de obra NÃO especializada... Some-se a isto os descontos para segurança social, IRS e dá qualquer coisa como 15€ por hora. É a isto que se chama bem pago?

    Há gente sem um mínimo de bom censo para ver a realidade... Mas que para evitar represálias não se identificam, não vá o diabo tecê-las...
    • pagc
    • 25 fevereiro 2008

     # 8

    Em relação ao estágio, não são os únicos a não ganhar nada e falta pouco para que os estagiários comecem a pagar para que sejam aceites nas empresas.
    Se ao fim do estágio ganham 2x o ordenado minimo, estão estão bem pagos, porque um engenheiro civil só passará a barreira dos 2 ordenados mínimos (426€x2) ao fim de 2 anos.
    Em relação aos descontos é igual para todos, por isso, não estão prejudicados
    Quanto à questão do levar o carro à oficina, toda a gente têm bom remédio, é irem trabalhar para uma, até porque nesse preço estão incluídos muitos mais coisas que a simples mão de obra. Aquele equipamento tod, as instalações e as respectivas margens das empresas, saem de lá. Um mecânico não me parece que seja mão de obra NÂO especializada, bem pelo contrário.

    Disse ainda que para a qualidade dos projectos que se fazem neste pais, estão bem pagos, porque a grande maioria dos projectos neste santo pais, é uma miséria. Compatibilização de projectos, não há, memórias descritivas e justificativas, têm um página, caderno de encargos são um monte de generalidades que basta alterar o cabeçalho e são iguais para todos, programas de trabalhos têm 8 barras, CTE raramente aparecem, definições de materiais é o que se sabe, estimativas orçamentais ou não existem ou são feitas m2, articulado não há. Isto nas obras privadas, nas públicas estamos um pouco melhor.

    E não estou a falar mal por falar, já trabalhei fora e tenho termo de comparação. Quando os responsáveis pelos projectos forem responsáveis pelos trabalhos a mais, motivados pelas deficiências de projectos, bão comecara a trabalhar em condições.

    Mas como disse antes, aceito que os clientes têm pelo menos tanta culpa, porque não querem pagar um projecto em condições.

    Para terminar, lamento muito não ter a mesma opinião, mas esta é a minha e justifiquei-a. Dado ser um fórum, podemos ou não concordar com as opiniões expressas, mas não temos o direito de as menosprezar, apenas rebate-las. Quanto ao facto de estar anónimo, deve-se ao sistema peculiar deste fórum, que é diferente do habitual e como sou novo por cá, pensei que quando me identifica-se uma vez ficava identificado até fazer sair.

    Pelo facto as minhas desculpas.

    Paulo Correia
    • FLR
    • 25 fevereiro 2008

     # 9

    "Disse ainda que para a qualidade dos projectos que se fazem neste pais, estão bem pagos, porque a grande maioria dos projectos neste santo pais, é uma miséria. Compatibilização de projectos, não há, memórias descritivas e justificativas, têm um página, caderno de encargos são um monte de generalidades que basta alterar o cabeçalho e são iguais para todos, programas de trabalhos têm 8 barras, CTE raramente aparecem, definições de materiais é o que se sabe, estimativas orçamentais ou não existem ou são feitas m2, articulado não há. Isto nas obras privadas, nas públicas estamos um pouco melhor."

    Há um paradoxo nas suas palavras. Isto que descreve acontece porque 1. os arquitectos são preguiçosos; 2. os projectos são mal pagos. Agora, queixar-se em simultâneo da causa e da consequência, não pode ser. Das duas, uma: ou são bem pagos, e se fazem projectos decentes, ou são mal pagos, e se fazem assim como descreve.

    A comparação com a oficina não é famosa. Comparando com outras profissões para as quais é exigível o mesmo grau académico, temos os advogados a cobrar mais de 100 euros à hora, os médicos a cobrar 70 euros por consultas de 10 minutos, os tipos a trabalhar no mercado financeiro com ordenados de 5000 euros mensais, etc. Eu prefiro ser comparado com estes profissionais do que com os mecânicos de automóveis, não desfazendo, porque tenho o mesmo grau académico, faço o mesmo esforço intelectual (que ainda é mais bem pago que o trabalho manual em qualquer parte do mundo), e assumo perante os clientes e perante a lei a mesma responsabilidade legal e ética.

    Agora, os projectos não se cobram à hora. Eu cobraria 5000 euros por todas as fases, do primeiro risco ao último parafuso, de um projecto de uma casa de área X. Mas ninguém sabe quantas horas trabalhei. Nem ninguém sabe quantas despesas tive, a quanta gente paguei para colaborar comigo, etc. Eu, como me esforço bastante, durante muitas horas, não posso perder dinheiro. Não é por cobrar valores justos que tenho perdido trabalhos, e os projectos têm saído bem.

    Nem sei como poderia fazer o que faço (eu e muitos) cobrando os valores que de vez em quando se sugerem por aí. Podem talvez dizer que o cliente não exige assim muito, e uma porcaria qualquer chega. Tudo bem, mas o arquitecto não trabalha só para o cliente. Trabalha tambem para si, para ter obra construída que seja um cartão de visita, que o faça ganhar mais notoriedade e mais clientes. Como é que eu poderia entrar no mercado dos projectinhos a 1000 euros, sem perder dinheiro, dando cabo do bom nome que tento construir? É mau investimento. Nunca vi ninguém contratar um tipo que só tem porcarias para mostrar, apesar das questões da imagem e do gosto serem muito relativas.

    Projectos bons, completos, bem concebidos, licenciados sem problemas, pormenorizados e medidos para orçamentos exactos, com assistência em obra contínua, representam horas infindáveis de trabalho, e quem diz que os faz com uma perna as costas, ou faz sempre o mesmo (e lá vai o cartão de visita) ou está a enganar o cliente. O problema, como sempre, é o hábito, também culpa de sermos cada vez mais arquitectos, de ver o arquitecto como o tipo que desenrasca os desenhos para a câmara e deixa o resto ao deus-dará: daí a velha história de que o arquitecto é o gajo da "estética", e depois vem o engenheiro para dizer se dá ou não dá, e para ver a funcionalidade, e depois ainda o empreiteiro, que resolve a parte construtiva. Se fosse só para ter umas ideias de "estética", tinha ido para decorador, e, aí sim, não justificava grande pagamento.

    Mas a profissão é muito mais que isso. Mas como muitos arquitectos não se têm a si próprios em grande consideração, por vezes reduzem-se a papeis limitados. Por isso é que as pessoas tendem a compará-los com mecânicos de automóveis e não com médicos e advogados...
    • pagc
    • 25 fevereiro 2008

     # 10

    A comparação com o mecânico, não é obviamente a melhor, mas não é minha, mas é algo que se ouve muito. Por exemplo um encarregado é quem mais ganha em obra e os engenheiros estão sempre a protestar, mas não querem ir para lá.

    Quanto ao paradoxo, não o vejo como tal, porque muitos (e não só arquitectos, mas é o que estamos a discutir aqui), usam como desculpa o fraco pagamento e ao fim de algum tempo o nivel considerado aceitável. já desceu tanto que passa a ser considerado normal.

    Penso que mesmo mal pago, se podia e devia fazer melhor do que se faz e aos meus funcionários digo sempre: Bem ou mal pagos trabalhem o melhor possivel e se consideram que estão mal procurem outro lugar, mas não baixem a qualidade porque estão mal pagos. São vocês que se lixam no final, porque primeiro vem a qualidade de trabalho e depois o pagamento e não o contrário,

    Cumps
    • FLR
    • 25 fevereiro 2008

     # 11

    Concordo. Aliás, esforcei-me por trabalhar bem e mal pago durante alguns anos, no princípio. Agora, desde que me lançei por conta própria, tenho que ter uma visão mais abrangente. Não me mantinha se não ganhasse algum dinheiro, ainda que não fique rico com a Arquitectura, de certeza.

    Há muitos preguiçosos no mundo, mas, para a maioria, o trabalho não fica mal feito como represália ao pagamento- o pagamento é tão baixo que simplesmente não permite que se atribuam mais que X horas a um projecto. Não para quem trabalha por conta de outrém, que, mesmo mal pago, responde perante o chefe e tem que se esforçar ao máximo, senão vai para a rua, mas para quem está por conta própria. E a discussão que aqui vai correndo sobre honorários diz sempre respeito ao valor X pago ao arquitecto que angaria o projecto, e não o ordenado que este paga aos seus colaboradores. São esses os que não podem trabalhar mais para cada projecto, nem colocar mais funcionários, porque o pagamento não chega para isso.

    Agora, se trabalha da área da construção, dou-lhe razão. São tantos os maus projectos, mal concebidos, mal pormenorizados, mal medidos, que dá vontade de generalizar. Mas não paguemos todos por alguns, nem vamos considerar que pagar mal a todos está mais de acordo com o trabalho que fazem. O objectivo tem que ser o contrário: exigir muito mais, e pagar muito melhor. Pela lógica do nivelar por baixo, não vamos lá. Ou também vamos abolir o ensino superior enquanto existirem analfabetos? Ou vamos proibir clínicas privadas enquanto existirem listas de espera nos hospitais? Não. Há quem queira projectos bons, e há quem esteja consciente que estes são mais caros que projectos maus.
    • FLR
    • 25 fevereiro 2008

     # 12

    O que chateia é que haja tantos arquitectos que perguntam logo de início, por outras palavras: "quer o projecto bom, completo, concebido com cuidado, rigoroso nos pormenores, desenhado e medido até ao último pormenor, ou prefere a versão light, feito às três pancadas, sem rigor nenhum, só para desenrascar?" São esses tipos "flexíveis" que arranjam mais projectos, porque dão para tudo. Não percebo como é que um profissional com brio pode por ambas as hipóteses. É como o médico perguntar se quer o tratamento correcto ou um paliativo qualquer só para não morrer já. Não entendo é como é que assim se atinge alguma satisfação e credibilidade junto dos clientes. Até porque não quero ficar toda a vida no mercado das casinhas particulares, e, quando aumenta a escala, aumenta a exigência, e aí este raciocínio de "tanto faz" deixa de funcionar.
    • pagc
    • 25 fevereiro 2008

     # 13

    Caro FLR

    Não gosto especialmente de generalizar, porque estamos a meter tudo no mesmo saco, o que é especialmente injusto para quem se esforça por fazer um trabalho de qualidade, mas a pergunta do tópico é generalista,l ogo as respostas terão de ser generalistas, senão reformulem a pergunta para algo como:

    Os bons arquitectos são bem ou mal pagos? Penso que deveria ser esta a questão, e quanto aos recém licenciados, os arquitectos nem se podem queixar, porque há por ai situações bem piores.

    Tenho muitos cliente que recorrem directamente à minha empresa, fazendo o bypass aos arquitectos e engenheiros e por norma, faço bastante barulho quando me pedem orçamentos nessas condições e tento convencer as pessoas a contratarem alguém para lhes fazer um projecto, para nos defendermos todos, porque acho que é para isso que serve um bom projecto, para que toda a gente saiba o que está falar e não continuarmos a criar situações de quem vem atrás que feche a porta

    Há cerca de 4 anos convenci a empresa a largar o mercado das vivendas particulares, que considero o pior mercado para se trabalhar, é onde cai tudo o que não têm lugar em lado algum e não estou a falar só de arquitectos, mas de todos, especialmente os empreiteiros (trabalho para eles, como já trabalhei para os outros todos).

    No meu caso particular trabalho muito na reabilitação urbana e é ai que mais se nota a falta de formação dos nossos técnicos e nesta área acho que é onde os arquitectos mais falham. O projecto médio de reabilitação é mau, não tenho outra palavra para os descrever, assim como os empreiteiros que por lá andam, mas i se está-se a discutir arquitectos. E é pena porque é uma área onde existe uma falta enorme de técnicos e onde existe grandes possibilidades de trabalho, mas requer um esforço muito grande por parte das pessoas

    Vou muito a públicos (especialmente na 10ª subcategoria da 1ª) e como agora ando nos projecto de classe 3 (+/- 600.000€), nota-se claramente um aumento da qualidade média dos projectos neste nível e felizmente é uma nível onde a qualidade já é importante. Dos concurso que ganho, raramente fico em primeiro lugar no preço (aponto ao 3º), e vou buscá-los na qualidade técnica da proposta e esta tendência têm vindo a aumentar. Por isso concordo consigo quando diz que subindo, as coisas melhoram

    Quem por alguma razão ficou chateado com o que eu disse, são apenas opiniões e desde que devidamente fundamentadas, não temos de ter medo de sofrer represálias <(excepto se essa represália for um almoço :))

    Cumprimentos
    Paulo Correia
    • FLR
    • 26 fevereiro 2008

     # 14

    Paulo Correia

    Já deve ter reparado que, apesar de ser arquitecto, não ando a endeusar a minha classe. Ou seja, acho impossível que, em 17.000 pessoas, ou lá o que é, sejam todos óptimos, profissionais, sérios e criativos. Não são.

    Boa observação, essa de que é no mercado das casas particulares que cai tudo o que não tem lugar. É absolutamente verdade, e nunca tinha tomado consciência que é tão abrangente: arquitectos, engenheiros, empreiteiros, etc. Mais uma razão para sair de lá depressa!

    Reabilitação: falta de formação na área construtiva. Patologias de construção, tratamento de fachadas, recuperação de estruturas tradicionais, é aí que as coisas falham e que os projectos de execução são mais genéricos e inviáveis. Se, entretanto, aparecer o IPPAR com propostas impossíveis, como já me aconteceu, então é o fim.

    Ainda bem que trabalha com base na qualidade técnica das propostas e que exige bons projectos para não ter chatices. Havemos de almoçar- não por represália :))- para me explicar melhor o que faz...
    • pagc
    • 26 fevereiro 2008

     # 15

    O mercado das vivendas é aquilo a que eu chamo os "Sitting Duck". As finanças andam a afiar o dente para cair em cima daquilo e só as resistência das câmaras têm aguentado a coisa, mas não acredito que demore muito tempo. Quando eles pediram as licenças de habitação e começaram à procura das facturas do empreiteiro que levantou a licença, do IVA pago pelo Dono de obra, dos IVA pagos pelos projectista e dos restantes impostos, vai ser bonito, vai.

    Quanto ao IGESPAR, é melhor nem falar, que estando identificado, ainda me entalo com eles. O que faço? Sou responsável pelo serviço de orçamentos e controle de custos de uma empresa de construção civil (facturamos 5 milhões euros anuais). Quanto ao almoço terei todo o prazer. Sou de Lisboa.

    Cumps
    • NFMC
    • 26 fevereiro 2008

     # 16

    Caro Carlos Fontainhas.

    A sua argumentação, independentemente da justiça do que diz, não está devidamente fundamentada. Penso que vive no memso país que eu, e no meu país nunca pageui em nenhum médico de qualquer especialidade - em média, o que pressupõe que em alguns casos até se paga mais, segundo a sua tese - mais de 50 euros. NOs mecânicos só quem anda com os olhos cerrados é que se deixa enganar. Não sei se são bem pagos ou mal pagos, mas tudo desemboca na questão sacramental: Conhece algum cidadão que afirme que é bem pago pelo trabalho que faz? Se connhece. apresente-mo que teria todo o prazer em conhecer. Na verdade num país de fracos recursos, nenhuma profissão será remunerada de forma justa e generosa. eu também sou mal pago sabia? Mas já me resignei... embora indignado, mas resignado à realidade que é comum a 5 milhões de população activa no país (excluíndo os políticos e gestores públicos que são os únicos bem pagos deste rectângulo conquistado aos Muçulmanos).
  8.  # 17

    Não percebo o porquê de tanta relutância na comparação com mecânicos... Eu não comparei o esforço intelectual ou seja o que fôr, comparei apenas a remuneração.

    Sou engenheiro, a minha esposa é arquitecta e não tenho qualquer problema em sujar as mãos e ser eu a fazer o trabalho, quer seja no carro, quer seja em casa, ou então passar o dia a frente do PC a melhorar e a desenvolver software, ou a fazer debug em hardware. Para o trabalho que faço sou mal pago, sem dúvida. Assim como tantos outros...

    O grande problema da população deste país foi expresso aí atrás... "Ganho mal mas já me resignei". Das duas uma, ou não ganha assim tão mal como isso, porque só se resigna quem consegue ter uma vida desafogada, ou então é apenas mais um que desiste. Eu não desisto de lutar por uma vida melhor, não desisto de procurar um emprego onde tenha um ordenado mais digno das minhas habilitações e da minha capacidade.

    Comparam-se categorias profissionais... Comparam-se arquitectos com advogados... Tudo bem, então seja...

    Um advogado perde uma causa. O cliente vai preso. O advogado recebe o seu e segue para o próximo cliente.

    Um arquitecto projecta um edifício. O empreiteiro constrói de acordo com o projecto (pura utopia...). A casa acaba por cair. A responsabilidade está em cima do arquitecto que projectou. O arquitecto vai ter ás suas costas esse fardo e terá grandes problemas, tanto com a Ordem como com a sua vida profissional. Clientela que desaparece, outros que nem chegam a aparecer... O factor responsabilização digamos que é "altinho"...

    pagc, uma questão.
    Concorda que os estágios não sejam remunerados? Concorda que se crie riqueza para uma empresa, recebendo nada? e tendo custos de deslocamento, alimentação e afins? Eu não!
    • FLR
    • 28 fevereiro 2008

     # 18

    Olá

    A comparação, percebi eu, ia no sentido da natureza do trabalho, e aí, prefiro a comparação com outras profissões liberais, de esforço maioritariamente intelectual, com um corpo disciplinar constituído por uma História, por metodologias, tecnologias, ética, etc., inseridas na prestação de serviços, representadas por uma Ordem, e com exigência do mesmo grau académico. Foi por isso que me referi à escolha da profissão a comparar. Não que eu não goste de trabalho manual, de ir às obras, de me sujar todo, e de fazer de trolha quando é preciso demonstrar qualquer coisa... acho é que não é só isso.

    Casas propriamente a cair, não tenho sabido de muitas. Os problemas de responsabilidade que os Arquitectos enfrentam normalmente são outros. Raramente são responsabilizados por problemas construtivos, ou pela ausência de projecto de execução, ou pela sua má interpretação por parte do empreiteiro. Cálculos estruturais são da responsabilidade do engenheiro, etc.

    Os problemas desse género podem ter a ver com questões de obra muito particulares, que os potenciais clientes não detectam à vista desarmada. Por isso, penso que não é por aí, a não ser que a casa caia mesmo...
    • pagc
    • 28 fevereiro 2008

     # 19

    Caro Junglas

    Não concordo que os estágios não sejam remunerados, e nessa questão estou à vontade, porque ensino estagiários à mais de 10 anos e sou um dos que luta por eles. Para ter uma ideia fornecei esta semana orçamentos completos a 2 engenheiros estagiários que não conheço de parte nenhuma, porque estão abandonados na empresa e a menos que alguém os ajude, estarão condenados. Já passei por isso e no que puder evitar, contem comigo.

    Agora a questão dos estagiários nos últimos tempos, está bastante complicada porque com a formação que trazem, demoram demasiado tempo a produzirem algo de jeito,e isto não pode ser. Se as escolas andam a dormir ou a teorizar cada vez mais o ensino, se os alunos andam na escola a passar um bom bocado,uma empresa não têm de tapar os buracos todos.

    Tenho alguns engenheiros estagiarios (civis e bachareis) na empresa, e não me sabem fazer um orçamento, não me sabem fazer um programa de trabalhos, não sabem planear um estaleiro, não sabem fazer comparação de propostas, não me sabem analisar um projecto e procurar os erros ou omissões. Para que é que eles servem num empreiteiro? Quanto tempo demora a ensinara quilo que devia ser ensinado na escola? Os medidores orçamentistas saiem das escolas profissionais e nem o Excel sabem usar, continuam a fazer tudo em papel quando a partir de Setembro, os concursos passam a ser entregues online. Perante cenários destes, começasse a dizer: Sed eles andaram a pagar nas Universidades para tirar um curso e não sabem nada que se aproveite ese temos de ser nós a ensinar, então é justo que eles paguem.

    Uma empresa não é nenhuma instituição de caridade, ou produz ou vai ao chão.

    Se eu concordo? Não, mas ou se muda rapidamente de vida ou então vai acontecer. Na minha e em mais algumas, fecharam as portas a estagiários este ano

    Cumps
  9.  # 20

    Boa Noite,

    Sou Engenheiro e sempre fui da opinião que a actividade de projectar edifícios (arquitectura) deve ser executada por Arquitectos.
    Não julgo justo o facto de colegas Engenheiros se dedicarem a essa mesma actividade.
    Sem duvida que os Projectos de Arquitectura devem ser executados por Arquitectos e as Especialidades por Engenheiros.
    A concorrência deve ser restringida aos próprios Arquitectos.
    Enfim é o país que temos.

    Cumprimentos a todos
 
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