Iniciar sessão ou registar-se
  1.  # 1

    só fui uma vez à madeira, e qual foi o meu pensamento ao sair do aeroporto e olhar para a encosta sul?
    "pensei que Portugal continental era o reduto máximo do caos urbanístico afinal enganei-me..."
    ao ver aquele aqueduto na parte mais baixa, outro pensamento
    " nunca vi isto na vida, uma torrente artificial com aquela dimensão ladeada de prédios de 5 6 pisos..."

    depois juntei as duas coisas e percebi a razão de tal torrente artificial...

    a tal ribeira artificial:
      ng1257783.jpg
      ng1257796.jpg
      ng1257720.jpg
  2.  # 2

    Temos der ter em consideração que chuveu mais das 00:00h ás 11:00h do que durante um mês normal de chuva, isto foi a informação dita pelo responsável pelo I. de Meteorologia. Sendo uma situação fora do normal, e como os terrenos não conseguem absolver mais água por estarem saturados, logo aquilo, pode acontecer em qualquer parte do mundo...

    E existe várias ribeiras dessas na ilha da madeira...
  3.  # 3

    sim choveu muito, agora tem de se ter também em atenção o mau planeamento urbano na encosta do funchal, qualquer arquitecto, engenheiro florestal, agricola, geografo com olhos de ver consegue ver a sub-carga do terreno, por si o terreno é já como é, é uma ilha onde chove bastante no cume, depois constroem sem mais nem menos fazendo barreiras por onde a água antes corria para o mar, acumulando-se nessas barreiras e quando atinge o ponto de saturação vaza tudo, por isso se vê esta ribeira alargada feita em betão, para minorar a situação, e como se vê não chega para os disparates que se foram fazendo, sem falar na obstrução total de pequenas correntes de água.

    não se brinca com a natureza já basta ela dar-nos surpresas muitas vezes.
    • macal
    • 21 fevereiro 2010

     # 4

    Colocado por: Fernando Gabrielpor isso se vê esta ribeira alargada feita em betão

    O que eu vi foram ribeiras estranguladas não alargadas. Ribeiras que passaram dos 40 a 50 metros de largura para 20 metros de largura. fizeram estradas e edificram roubando leito às ribeiras. Ocuparam-se terrenos instáveis e ultradeclivosos, relembro que 60% do território da madeira tem um declive superior a 25%.
  4.  # 5

    Colocado por: macalO que eu vi foram ribeiras estranguladas não alargadas. Ribeiras que passaram dos 40 a 50 metros de largura para 20 metros de largura

    falo de que antes estas ribeiras não eram de betão eram naturais, claro que o pensamento foi desviar águas para estas ribeiras, mas por vezes esqueciam-se que teriam de desviar muitos cursos de água e não só os principais, está não sei se foi alargada a mim parece-me. não sei, parece-me a nivel construtivo pelo menos mais funda será, agora talvez antes fosse mais expandida como disse em pequenos ramais.
  5.  # 6

    Eu não conheço o Funchal, portanto não sei do que estão a falar, mas li isto no Público:

    "A Avenida de Arriaga, entre a Sé Catedral e a Rotunda do Infante, ficou completamente inundada pela água que transbordou da ribeira, estrangulada junto ao edifício Funchal Centrum e ao embargado prédio das Minas Gerais. "Andaram a brincar com a ribeira, vejam em que deu", criticava o taxista António Freitas, apontando para os estragos que também atingiram a marina."
    • macal
    • 22 fevereiro 2010

     # 7

    No Diário de Notícias da Madeira de 22/02/2010:

    Quem busca a ribeira...

    Trabalho científico mostra os perigos das ribeiras do Funchal
    Data: 22-02-2010

    "Quem busca a ribeira, a ribeira vai buscar", foi o título de um artigo da Revista do DIÁRIO, publicado em Novembro de 2005 e da autoria de João Baptista Silva, Fernando Almeida e Celso Gomes, o primeiro com um doutoramento em Geociência e os outros dois docentes universitários. Um artigo que resumia um trabalho científico, apresentado num congresso de geologia e que abordava a situação das ribeiras do Funchal.

    O texto, baseado em estudos técnicos destes investigadores da Universidade de Aveiro, alertava para os perigos que estavam a aumentar, na capital madeirense, devido à construção de vários edifícios e outras infra-estruturas.

    João Baptista, dos três autores do trabalho o único madeirense, escusou-se a tecer comentários sobre a tragédia que se abateu sobre o Funchal, sobretudo porque há a lamentar um número muito elevado de mortos e feridos.

    No entanto, o DIÁRIO recorda um trabalho que chegou a ser alvo de muitas críticas do Governo, mas que apontava várias das situações que se verificaram no passado sábado.

    O estudo alertava para a crescente construção na baixa e o estreitamento e ocupação dos leitos das ribeiras. Factores que criaram uma impermeabilização dos solos o que, pode ler-se no artigo, "representa um perigo crescente face à possível ocorrência de cheias".

    Doze anos depois das cheias de 1993, garantiam os técnicos, o Funchal estava "ainda mais vulnerável às ameaças da Natureza".

    A grande construção abaixo do solo, como era o caso do edifício 'Funchal Centrum', agora 'Dolce Vita', era apontada como um dos principais perigos.

    As freguesias de Santa Luzia, Santa Maria Maior e São Pedro eram apontadas como tendo várias situações de ocupação do subsolo.

    Parques de estacionamento, com vários andares abaixo do nível da estrada, eram referidos como algumas das situações mais perigosas.

    No artigo da Revista do Diário eram mostradas imagens da construção do 'Dolce Vita' e a situação em que se encontrava o Centro Comercial Anadia, mais precisamente o parque de estacionamento.

    Raimundo quintal considera que a tragédia "era expectável"

    O geógrafo e antigo vereador do ambiente da Câmara Municipal do Funchal, Raimundo Quintal, afirmou ontem que a tragédia era "expectável".

    "Não é altura de procurar razões ou responsáveis. O que aconteceu, aconteceu e não há dúvidas de que era expectável, embora com uma cumplicidade alargada, pois choveu imenso, do mar à serra", disse.

    "Pelo que vi hoje e sábado, infelizmente leva-me a temer que o número de mortos vai subir muito e o apelo que faço é que todos sejamos capazes de ter ânimo para recuperar esta nossa linda cidade e ilha, que têm uma paisagem soberba mas em que, por vezes, a Natureza se enraivece", sublinhou.

    O geógrafo e especialista em questões ambientais, que na década de 90 iniciou um plano de reflorestação das serras funchalenses, com a criação do Parque Ecológico do Funchal, concluiu: "espero que todos saibamos aprender com os erros cometidos".

    Ao longo de vários anos, foi uma das vozes mais críticas em relação às obras feitas no leito das ribeiras e á impermeabilização dos solos, sobretudo no Funchal. Quintal criticou a obstrução de várias ribeiras, ainda antes da tragédia de Outubro de 1993.

    Jorge Freitas Sousa
    •  
      FD
    • 22 fevereiro 2010

     # 8

    A memória é curta. Gonçalo Ribeiro Telles também terá o seu tempo de antena no Contenente, se calhar ainda antes de morrer.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Fernando Gabriel
  6.  # 9

    http://ambio.blogspot.com/2010/02/eu-tive-um-sonho.html

    Por Cecílio Gomes da Silva* (1923-2005)
    Artigo publicado no dia 13 de Janeiro de 1985 no jornal “Diário de Notícias” do Funchal:

    Traumatizado pelo estado de desertificação das serras do interior da Ilha da Madeira, muito especialmente da região a Norte do Funchal e que constitui as bacias hidrográficas das três ribeiras que confluem para o Funchal, dando-lhe aquela fisiografia de perfeito anfiteatro, aliado a recordações da infância passada junto à margem de uma das mais torrenciais dessas ribeiras – a de Santa Luzia – o mundo dos meus sonhos é frequentemente tomado por pesadelos sempre ligados às enxurradas invernais e infernais dessa ribeira. Tive um sonho.

    Adormecendo ao som do vento e da chuva fustigando o arvoredo do exemplar Bairro dos Olivais Sul onde resido, subia a escadaria do Pico das Pedras, sobranceiro ao Funchal. Nuvens negras apareceram a Sudoeste da cidade, fazendo desaparecer o largo e profundo horizonte, ligando o mar ao céu.

    Acompanhavam-me dois dos meus irmãos – memórias do tempo da Juventude – em que nós, depois do almoço, íamos a pé, subindo a Ribeira de Santa Luzia e trepando até à Alegria por alturas da Fundoa, até ao Pico das Pedras, Esteias e Pico Escalvado. Mas no sonho, a meio da escadaria de lascas de pedra, o vento fez-nos parar, obrigando-nos a agarrarmo-nos a uns pinheiros que ladeavam a pequena levada que corria ao lado da escadaria. Lembro-me que corria água em supetões, devido ao grande declive, como nesses velhos tempos. De repente, tudo escureceu. Cordas de água desabaram sobre toda a paisagem que desaparecia rapidamente à nossa volta. O tempo passava e um ruído ensurdecedor, semelhante a uma trovoada, enchia todo o espaço. Quanto durou, é difícil calcular em sonhos. Repentinamente, como começou, tudo parou; as nuvens dissiparam-se, o vento amainou e a luz voltou. Só o ruído continuava cada vez mais cavo e assustador. Olhei para o Sul e qualquer coisa de terrível, dantesco e caótico se me deparou. A Ribeira de Santa Luzia, a Ribeira de S. João e a Ribeira de João Gomes eram três grandes rios, monstruosamente caudalosos e arrasadores. De onde me encontrava via-os transformarem-se numa só torrente de lama, pedras e detritos de toda a ordem. A Ribeira de Santa Luzia, bloqueada por alturas da Ponte Nova – um elevado monturo de pedras, plantas, arames e toda a ordem de entulho fez de tampão ao reduzido canal formado pelas muralhas da Rua 31 de Janeiro e da Rua 5 de Outubro – galgou para um e outro lado em ondas alterosas vermelho acastanhadas, arrasando todos os quarteirões entre a Rua dos Ferreiros na margem direita e a Rua das Hortas na margem esquerda. As águas efervescentes, engrossando cada vez mais em montanhas de vagas espessas, tudo cobriram até à Sé – único edifício de pé. Toda a velha baixa tinha desaparecido debaixo de um fervedouro de água e lama. A Ribeira de João Gomes quase não saiu do seu leito até alturas do Campo da Barca; aí, porém, chocando com as águas vindas da Ribeira de Santa Luzia, soltou pela margem esquerda formando um vasto leito que ia desaguar no Campo Almirante Reis junto ao Forte de S. Tiago. A Ribeira de S. João, interrompida por alturas da Cabouqueira fez da Rua da Carreira o seu novo leito que, transbordando, tudo arrasou até à Avenida Arriaga. Um tumultuoso lençol espumante de lama ia dos pés do Infante D. Henrique à muralha do Forte de S. Tiago. O mar em fúria disputava a terra com as ribeiras. Recordo-me de ver três ilhas no meio daquele turbilhão imenso: o Palácio de S. Lourenço, A torre da Sé e a fortaleza de S. Tiago. Tudo o mais tinha desaparecido – só água lamacenta em turbilhões devastadores.

    Acordei encharcado. Não era água, mas suor. Não consegui voltar a adormecer. Acordado o resto da noite por tremenda insónia, resolvi arborizar toda a serra que forma as bacias dessas ribeiras. Continuei a sonhar, desta vez acordado. Quase materializei a imaginação; via-me por aquelas chapas nuas e erosionadas, com batalhões de homens, mulheres e máquinas, semeando urze e louro, plantando castanheiros, nogueiras, pau-branco e vinháticos; corrigindo as barrocas com pequenas barragens de correcção torrencial, canalizando talvegues, desobstruindo canais. E vi a serra verdejante; a água cristalina deslizar lentamente pelos relvados, saltitando pelos córregos enchendo levadas. Voltei a ouvir os cantares dolentes dos regantes pelos socalcos ubérrimos das vertentes. Foram dois sonhos. Nenhum deles era real; felizmente para o primeiro; infelizmente para o segundo.

    Oxalá que nunca se diga que sou profeta. Mas as condições para a concretização do pesadelo existem em grau mais do que suficiente.

    Os grandes aluviões são cíclicos na Madeira. Basta lembrar o da Ribeira da Madalena e mais recentemente o da Ribeira de Machico. Aqui, porém, já não é uma ribeira, mas três, qualquer delas com bacias hidrográficas mais amplas e totalmente desarborizadas. Os canais de dejecção praticamente não existem nestas ribeiras e os cones de dejecção etão a níveis mais elevados do que a baixa da cidade. As margens estão obstruídas por vegetação e nalguns troços estão cobertas por arames e trepadeiras. Agradável à vista mas preocupante se as águas as atingirem. Estão criadas todas as condições, a montante e a jusante para uma tragédia de dimensões imprevisíveis (só em sonhos).

    Não sei como me classificaria Freud se ouvisse este sonho. Apenas posso afirmar sem necessidade de demonstrações matemáticas que 1 mais 1 são 2, com ou sem computador. O que me deprime, porém, é pensar que o segundo sonho é menos provável de acontecer do que o primeiro.

    Dei o alarme – pensem nele

    Lisboa, 11 de Dezembro de 1984
    *Engenheiro Silvicultor
  7.  # 10

    Colocado por: FDA memória é curta. Gonçalo Ribeiro Telles também terá o seu tempo de antena no Contenente, se calhar ainda antes de morrer.

    ele e muitos outros que são apelidados de loucos, de imaginários""...
  8.  # 11

    aqui está uma das muitas provas de reflexão que já se tinham feito

    2008 - programa biosfera

 
0.0173 seg. NEW