Iniciar sessão ou registar-se
  1.  # 1

    “A solução para a arquitetura portuguesa é emigrar” – Souto de Moura


    O arquiteto Eduardo Souto de Moura, Prémio Pritzker 2011, afirmou hoje que “a solução para a arquitetura portuguesa é emigrar”, face à crise social e económica no país, e que as oportunidades estão agora nos países emergentes.

    “Com dez séculos de história, Portugal encontra-se hoje numa crise social e económica, como já aconteceu em vários períodos anteriores. Hoje como ontem, a solução para a arquitetura portuguesa é emigrar”, disse o arquiteto, na cerimónia em que recebeu o “Nobel da Arquitetura” deste ano em Washington DC.

    Souto de Moura citou o intelectual francês Paul Claudel para dizer que “Portugal é um país em viagem” e que os conceitos de mudança e a oportunidade fazem parte da etimologia da palavra “crise” em grego e chinês, respetivamente.

    “Em África e noutras economias emergentes não nos faltarão essas oportunidades. O futuro é já aí”, adiantou.

    O arquiteto português foi aplaudido de pé pela audiência de perto de 400 pessoas, em que estavam o secretário da Educação norte-americano, além de muitos colegas de profissão como Frank Ghery, também um prémio Pritzker.

    Souto de Moura evocou as suas raízes na arquitetura, ao lado de Siza Vieira, o primeiro Pritzker português, no pós-25 de Abril, e a forma como a realidade do país de então acabou por ditar o seu trabalho e de outros colegas de profissão.

    “Depois da revolução e restabelecida a democracia abriu-se a oportunidade de redesenhar um país onde faltavam escolas, hospitais, outros equipamentos e sobretudo meio milhão de casas”, disse Souto de Moura.

    “Seria uma perda de energia” construir em tão grande quantidade “com frontões e colunas”, como ditavam os moldes do pós-modernismo, que já tinha exemplares em Portugal, portanto foi preciso ir beber ao estilo modernista, que pouco tinha passado pelo país.

    “Precisávamos de uma linguagem clara, simples e pragmática para reconstruir um país, uma cultura, e ninguém melhor do que o proibido movimento moderno poderia responder a esse desafio”, defendeu.

    Mais do que a ideologia, era preciso “coerência entre matéria, sistema construtivo e linguagem” e foi o holandês Mies van der Rohe quem abriu à sua geração “as portas na redefinição da disciplina até aí tão massacrada pela linguística, semiótica, semiologia e outras ciências afins”.

    “O importante era que a arquitetura fosse construção. Assim nos pedia com urgência o país”, adiantou.

    Souto de Moura evocou também as suas raízes no Porto e ao lado de Siza Vieira, de onde saiu para criar o seu próprio atelier e linguagem para que não houvesse “traição”.

    “Mesmo que o quisesse fazer, não conseguia [imitá-lo] por pudor”, afirmou.

    “Não só pela arquitetura, mas sobretudo pela pessoa [de Siza] em si, foi uma experiencia excecional, que ainda hoje continuo a fazer com prazer”, adiantou o arquiteto portuense.

    Souto de Moura recuou mesmo às suas origens no Porto, revelando que decidiu ser arquiteto no liceu, no meio de uma crise de fé.

    “Não é que tivesse alguma paixão especial pela disciplina, mas na crise agnóstica dos quinze anos duvidei se Deus devia ter descansado ao sétimo dia”, gracejou.

    Com o Pritzker, o arquiteto figura agora ao lado de grandes nomes como Frank Gehry, Óscar Niemayer ou Jean Nouvel.

    Bibliografia: agencia Lusa,03 de Junho de 2011.
  2.  # 2

    não creio que se resuma somente à arquitectura, mas a muitas actividades, principalmente ligadas à construção civil.
  3.  # 3

    ?

    no entanto, o rigor, o equilibrio, o refinamento de cada pormenor das suas obras, é notável. O homem é um "designer" que merece ficar na história.
  4.  # 4

    acho engraçado um souto moura aconselhar a emigração
  5.  # 5

    engraçado, como se pode dar interpretações diversas a uma ideia.

    reparem que dizer que a solução para arquitectura portuguesa é emigrar, pode não querer dizer que os arquitectos portugueses devam emigrar.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Lucilio
    •  
      MRui
    • 4 junho 2011

     # 6

    Colocado por: jorgealvesnão creio que se resuma somente à arquitectura, mas a muitas actividades

    Olhe que não, olhe que não. Resume-se a TODAS as actividades.


    Colocado por: marco1O homem é um "designer" que merece ficar na história.

    Sem dúvida.


    Colocado por: fernando gabrielacho engraçado um souto moura aconselhar a emigração

    Eu também. Apesar de ele ter toda a razão.
  6.  # 7

    apesar de na arquitectura se poder emigrar o serviço sem emigrar os arquitectos

    (parte chata na óptica de alguns) ironia faz falta QB,

    para uma grande faixa da população que sempre trabalhou na construção civil, parece não existir mesmo outra solução, ou então morre-se de fome, prefiro de longe a 1ª opção.
  7.  # 8

    Colocado por: marco1engraçado, como se pode dar interpretações diversas a uma ideia.

    reparem que dizer que a solução para arquitectura portuguesa é emigrar, pode não querer dizer que os arquitectos portugueses devam emigrar.
    Estas pessoas agradeceram ou concordaram com este comentário:Lucilio


    eu por acaso vi o video onde ele falava disso, e pareceu-me bem explicito que falava em arquitectos/gabinetes de arquitectura e não em arquitectura
    por essa questão achei graça, se ele emigrar, antes de partir que reparta por vários arquitectos o trabalho que tenha entre mãos
    não encontrei o video mas está aqui em palavras http://porto24.pt/vida/03062011/barack-obama-souto-de-moura-desafia-os-limites-da-sua-arte-e-serve-o-bem-publico/
  8.  # 9

    Talvez...

    no entanto acho uma pena haver tão poucos recursos neste pais onde havia tanto para fazer até do ponto de vista de ordenamento ( qualificado) para já não falar da requalificação do que existe construido.
 
0.0158 seg. NEW