Pagar para entrar em casa. Parece estranho, mas é o que acontece aos moradores da rua do Pé da Costa de Cima, em Tomar. Um parque de estacionamento, construído nas traseiras da Câmara, barrou o acesso à artéria, o que obriga os residentes que possuem automóvel a pagar para que a cancela se levante e possam passar. A situação é confirmada pela autarquia, que atira as culpas para a empresa concessionária do espaço, a Parque T, pertencente à Bragaparques.
Beatriz António levanta a voz contra esta situação "insólita". "Os meus dois filhos têm carro e tentam evitar passar por esta rua. Optam por vir por outro lado e estacionar a viatura num sítio proibido e mais longe da habitação. Já apanharam multas", conta, considerando "inadmissível que se tenha de pagar para se entrar na rua onde se mora". "Podiam resolver isto. Disseram-nos que íamos ter um cartão para estacionar o carro, já que moramos no centro histórico, mas até agora nada", contesta.
Uma vizinha, que prefere não revelar a identidade, afirma temer que alguma desgraça aconteça "Se há aqui algum acidente ou incêndio, vão cobrar às ambulâncias e aos carros de bombeiros?", questiona, indignada. Mas os funcionários do parque de estacionamento desmentem e garantem que já houve necessidade de deixar passar viaturas dos bombeiros. Em caso de emergência, referem, a cancela é levantada e os veículos têm luz verde para seguir caminho.
O vice-presidente da Câmara, Corvelo de Sousa, admite o problema, que espera ver resolvido dentro de dois meses, tanto quanto demorará o tribunal arbitral, entretanto criado para solucionar o conflito que se arrasta entre a autarquia e a Parque T, a decidir quem tem razão no litígio. O autarca lembra que já há muitos anos existia na base dessa rua um parque de estacionamento de superfície, o que possibilitava a passagem dos carros.
Quando foi acordado com a concessionária o estacionamento da cidade, explica, a situação destes moradores estava prevista. "Terão um estatuto especial para não serem taxados", resume. A construção do parque originou divergências, há três anos, e ainda por resolver, relacionadas com o montante da concessão.