Colocado por: maria rodriguesNesta altura já não é preciso fazer grandes dissertações sobre o que por aí vem neste2014. A situação geral é tão espinhosa e inquietante, que mesmo "dourando a pílula", muito poucos acreditam no futuro.
Um texto do Professor universitário, José Gil
O roubo do presente
José Gil
Há pelo menos uma década e meia está a ser planeada e experimentada quer a nível do nosso país, quer na Europa e no mundo uma nova ditadura- não tem armas, não tem aparência de assalto, não tem bombas, mas tem terror e opressão e domesticação social e se deixarmos andar, é também um golpe de estado e terá um só partido e um só governo- ditadura psicológica.
O ROUBO DO PRESENTE, José Gil
"Nunca uma situação se desenhou assim para o povo português: não ter futuro, não ter perspectivas de vida social, cultural, económica, e não ter passado porque nem as competências nem a experiência adquiridas contam já para construir uma vida. Se perdemos o tempo da formação e o da esperança foi porque fomos desapossados do nosso presente. Temos apenas, em nós e diante de nós, um buraco negro. O «empobrecimento» significa não ter aonde construir um fio de vida, porque se nos tirou o solo do presente que sustenta a existência. O passado de nada serve e o futuro entupiu. O poder destrói o presente individual e coletivo de duas maneiras: sobrecarregando o sujeito de trabalho, de tarefas inadiáveis, preenchendo totalmente o tempo diário com obrigações laborais; ou retirando-lhe todo o trabalho, a capacidade de iniciativa, a possibilidade de investir, empreender, criar. Esmagando-o com horários de trabalho sobre-humanos ou reduzindo a zero o seu trabalho. O Governo utiliza as duas maneiras com a sua política de austeridade obsessiva: por exemplo, mata os professores com horas suplementares, imperativos burocráticos excessivos e incessantes: stress, depressões, patologias border-/ine enchem os gabinetes dos psiquiatras que os acolhem. É o massacre dos professores. Em exemplo contrário, com os aumentos de impostos, do desemprego, das falências, a política do Governo rouba o presente de trabalho (e de vida) aos portugueses (sobretudo jovens). O presente não é uma dimensão abstracta do tempo, mas o que permite a consistência do movimento no fluir da vida. O que permite o encontro e a intensificação das forças vivas do passado e do futuro - para que possam irradiar no presente em múltiplas direcções. Tiraram-nos os meios desse encontro, desapossaram-nos do que torna possível a afirmação da nossa presença no presente do espaço público. Actualmente, as pessoas escondem-se, exilam-se, desaparecem enquanto seres sociais. O empobrecimento sistemático da sociedade está a produzir uma estranha atomização da população: não é já o «cada um por si», porque nada existe no horizonte do «por si». A sociabilidade esboroa-se aceleradamente, as famílias dispersam-se, fecham-se em si, e para o português o «outro» deixou de povoar os seus sonhos - porque a textura de que são feitos os sonhos está a esfarrapar-se. Não há tempo (real e mental) para o convivio. A solidariedade efectiva não chega para retecer o laço social perdido. O Governo não só está a desmantelar o Estado social, como está a destruir a sociedade civil. Um fenómeno, propriamente terrível, está a formar-se: enquanto o buraco negro do presente engole vidas e se quebram os laços que nos ligam às coisas e aos seres, estes continuam lá, os prédios, os carros, as instituições, a sociedade. Apenas as correntes de vida que a eles nos uniam se romperam. Não pertenço já a esse mundo que permanece, mas sem uma parte de mim. O português foi expulso do seu próprio espaço continuando, paradoxalmente, a ocupá-lo. Como um zombie: deixei de ter substância, vida, estou no limite das minhas forças - em vias de me transformar num ser espectral. Sou dois: o que cumpre as ordens automaticamente e o que busca ainda uma réstia de vida para os seus, para os filhos, para si. Sem presente, os portugueses estão a tornar-se os fantasmas de si mesmos, à procura de reaver a pura vida biológica ameaçada, de que se ausentou toda a dimensão espiritual. É a maior humilhação, a fantomatização em massa do povo português. Este Governo transforma-nos em espantalhos, humilha-nos, paralisa-nos, desapropria-nos do nosso poder de acção. É este que devemos, antes de tudo, recuperar, se queremos conquistar a nossa potência própria e o nosso país."
com os cortes do salário ou da pensão. Não é o único a perder a cabeça todos os fins de mês, ao receber um vencimento cada vez menor.
Porém entendeu promulgar o OE para 2014, decidiu não pedir a sua fiscalização sucessiva, ao TC, quando há tantas vozes discordantes, a clamar a inconstitucionalidade deste OE. Estamos »fritos«!!
Qual o problema? As vozes discordantes podem pedir a fiscalização sucessiva. Há tanta gente com poder para isso...
E qual é o ganho, se as vozes discordantes pedirem a fiscalização sucessiva? Qual é o prazo para o TC responder? Ali pelas calendas...não??!
Nenhum PM e o seu governo conseguiu, tão palacianamente, alterar e, ou, anular a Constituição Portuguesa como o actual primeiro ministro.
A coberto de exigências(?) dos "credores externos", cometem-se os maiores atropelos à democracia (igual a ditadura consentida pelo voto e pelo P.R.?).
Cerceando os direitos adquiridos, este governo aumentou, e continua a aumentar, o fosso entre os muito ricos e os muito pobres. Este regime é deplorável!
Colocado por: J.FernandesNos quarenta anos em que se andou a viver a crédito e a acumular uma dívida pública colossal, onde andava o TC e aqueles que agora tanto clamam pela sua intervenção?
Colocado por: luisvv
O mesmo que seria se fosse o PR a pedi-la.
Em quê?
Como por exemplo?
Os direitos adquiridos são uma muleta verbal, apenas. Os direitos existem apenas na medida em que alguém os pague.
Entretanto, sobre algumas ideias que de tão marteladas parecem indiscutíveis..
http://www.pedro-magalhaes.org/duvidas/
Colocado por: J.FernandesComo diria o Medina Carreira, num país falido como o nosso, a realidade não se compadece com constituições, tribunais constitucionais e direitos garantidos.
Colocado por: eu
Curto e grosso é isto mesmo.
Anda muita gente iludida neste País: ainda não se aperceberam que o Estado não tem dinheiro para pagar os "direitos adquiridos".
Com este link quer demonstrar o quê? A tendência? Que as medidas são as correctas porque há piores?
Ricardo Reis diz que se as pensões são uma "dívida" não se podem tocar "unilateralmente". E como se propõe a saber se o são? se estiver escrito ("unilateralmente" digo eu) em algum lado (tipo, digo eu, declaração política como o é uma Constituição) que o são. Mas isso altera alguma coisa? Vamos fazer assim, são "dívidas" se for possível executá-as por venda de activos em caso de incumprimento. São? Claro que não. De resto se o próprio Estado português está em situação de incumprimento, como exigir que existam dívidas não in-cumpríveis (isto é, mesmo que no próprio critério do Ricardo Reis o fossem)? O que implicitamente muitos querem dizer, é que as gerações actuais não podem incumprir mesmo que tenham para o mesmo efeito que contribuir desmesuradamente muito mais que os próprios contribuíram durante a sua carreira activa, já que as contribuições actuais da TSU e CGA pouco mais cobrem que 50% da despesa tendo assim os restantes impostos do OE de "contribuírem" para o não incumprimento. Ora eu diria que essa contribuição do OE é em si um incumprimento - o sistema que era suposto manter-se com as contribuições dadas por essas "taxas" e não com os "impostos"