Iniciar sessão ou registar-se
  1.  # 1

    Caros amigos,

    abro esta discussão depois de muito ler e analisar posts e discussões sobre esta questão... Isto porque acabo por ficar com algumas dúvidas que, face às evoluções dos materiais, não consigo esclarecer.

    Assim, pretendo renovar um anexo da minha casa de férias (cerca de 250 m2 interiores de parede e uns 80 m2 de área de parede exterior). A costrução é MUITO antiga (com uns 100 ou mais anos já), feita de pedra e terra (pedras pequenas e saibro?). O alinhamento é muito reduzido e apresenta já muitas irregularidades, alguns pontos de salitre e algumas pedras podres.

    Ideia original:
    1º) picar, limpar e lavar as paredes de modo a remover algum revestimeno que existia em algumas zonas (uma massa areada muito grossa branca - será cal?);
    2º) reforçar zona danificadas e/ou críticas;
    3º) chapiscar tudo com chapisco de cimento (cimento Portland);
    (Notem que o anexo será uma garagem e arrumo de lenha e pretendo deixar isto o mais tosco possível, sem ser pintado de preferência - para reduzir manutenção.)

    Ora é este 3º passo que me está a deixar meio maluco... Do que li, o cimento não é uma solução que deva ser adotada neste tipo de paredes... Além do mais, a área chapiscada a cimento cinzento escuro vai ficar muito escura e sombria (não há janelas)... Pelo que li, o ideal para este tipo de paredes são massas com cal (aérea (hidratada) ou hidráulica). Estarei correto? Descobri os seguintes produtos:

    A) SECIL Argamassas REABILITA CAL Consolidação -> Cal Hidráulica Natural -> BEGE
    B) CIMPOR Argamassa de Encasque AE -> argamassa bastarda cujo ligante predominante é cal hidráulica -> CINZENTO
    C) LENA 857 -> Cal hidráulica e aérea -> COR??
    D) WEBER weber.cal classic -> Cal hidratada -> TERRA
    E) WEBER weber.cal antique -> Cal hidráulica natural -> BEGE

    Ou seja, a ideia é rebocar as paredes, tapando a pedra e as juntas que lá estão, sem qualquer preocupação em que as paredes fiquem lisas e direitas. O que queremos é parar a desagregação que se tem verificado ao longo do tempo (pedras a apodrecer, as juntas a desfazer...). E ficariam ou neste reboco ou seriam, eventualmente, caiadas ou pintadas com uma tinta de silicato. No final, a ideia é ficar com a área com paredes sólidas, que não se desagreguem ao toque e que sejam funcionais durante muitos anos - e aqui, as argamassas com cimento serão superiores?

    Opiniões sobre as cinco soluções? Devo ficar afastado do sistema da Cimpor por ter cimento na mistura - e que com o tempo se irá desagregar da parede com maior facilidade que as restantes? Ou o contrário? Devo optar por uma argamassa com cal hidráulica pelo facto de aumentar a resistência do revestimento? Ou devo optar pela solução da weber por utilizar a cal aérea?

    Como é uma zona com muita humidade no inverno e muito quente no verão, devo usar o mesmo reboco para o interior/exterior? Ou no exterior devo optar por uma argamassa hidrofugada e no interior não - a hidrofugação das argamassas é outra coisa que não compreendi ainda muito bem...

    Obrigado a todos!
  2.  # 2

    Boas,

    sim o ideal é não usar cimento mas sim argamassa de cal.

    eu sei que parece um contra senso. mas é verdade. embora seja mt usado o cimento isso é um erro. o cimento e a cal têm propriedades muito diferentes, que fazem com que nestas aplicações seja melhor a cal. As principais no meu ponto de vista tem a ver com o conforto, garante um ambiente saudável pois é Bactericida, antisséptica e é também fungicida.

    Ao contrário do cimento a cal respira, e não cria condensações. Conheço muitos casos onde o cimento para além de ser frio (e por causa disso) acumula humidade no inverno ao ponto de escorrer agua. Com a argamassa de cal essa humidade é absorvida e dissipada. Eventualmente evapora.

    A cal aérea também endurecer enquanto retira CO2 da atmosfera. (ou seja, cada fez é mais dura, não é ao acaso a expressão 'como pedra e cal')

    outra vantagem que tem é que pode ser reutilizada. ou seja, um dia no futuro se for necessário, é só tirar, juntar, adicionar agua e aplicar. (se a existente for boa já vai uma dica para a camada inicial.)

    as pedras a desfazer é que será um outro problema.
    talvez possas incluir umas fotografias
  3.  # 3

    Para argamassas de cal sem cimento Portland conheci em tempos estas pessoas:

    http://www.ddlarg.com/

    Têm fama de trabalhar bem.
  4.  # 4

    Vejo aí algumas confusões Antonylemos...

    Usar reboco com argamassas de cal na reabilitação de paredes antigas em alvenaria de pedra não "parece contra senso". É como tem de ser.

    Colocado por: antonylemos Ao contrário do cimento a cal respira, e não cria condensações


    Um reboco à base de cimento respira perfeitamente. Tem porosidade suficiente para isso.

    O principal factor pelo qual se usa rebocos à base de cal nas paredes antigas não tem a ver com condensações, nem com os bonitos olhos da Cal. Tem unicamente a ver com adesão e compatibilidade. As paredes (antigas) foram feitas com argamassa de cal, então tem de se garantir a continuidade do sistema e a compatibilidade. E por isso usa-se reboco e eventual encasque com o mesmo ligante na sua base (cal)
  5.  # 5

    eu sei que é com deve ser. mas para muita gente parece um contra senso usar um material á partida mole nas juntas de pedra. pois a sua inclinação inicial será para o cimento portland.

    o problema não é o reboco mas sim o cimento que primeiro usam para encher as juntas. e como sabemos um cimento bem feito respira como um peixe fora de agua. se eu nao vivesse o ano todo numa casa onde cometeram esse erro, garanto que nao tem problemas de adesão. ... hei de tirar umas fotos da parede a respirar. só me faltam as guelras as condensações nas paredes são brutais. O que com cal nunca acontecia.

    mas sim, a compatibilidade com o sistema construtivo original também é um factor de relevância.
  6.  # 6

    E relativamente a massas bastardas? Isto porque a da Cimpor apresenta uma dada porcentagem de cimento... Mas já vi que a inclusão de cimento em argamassas de cal pode ser interessante para acelerar o tempo de presa...

    A Cimpor apresenta também a AC e a ACH, argamassas só de cal hidraulica (a com H é hidrofugada). Não sei se serão bem indicadas para aplicação diretas no suporte - pelo menos, nas fichas técnicas, falam no sistema da AE (encasque) + AC ou ACH... Mas isto irá aumentar muito os custos (material e mão de obra).

    As da Weber são interessantes (não consigo perceber bem a diferença da Classic para a Antique)... Mas não são hidrofugadas e não sei se as poderei aplicar no exterior (acho eu?) sem aplicar um acabamento?...

    Neste momento, onde irei comprar o material tenho acesso aos produtos da Cimpor e da Weber... Mas se uma das outras soluções for mais indicada, terei de ir à procura!...

    Alguém consegue confirmar que no exterior devemos aplicar argamassas hidrofugadas e no interior não? Ou é ao contrário? Ou não se devem usar as hidrofugadas nestas paredes?

    Obrigado, RP
  7.  # 7

    ao que tenho lido, a inclusão de cimento nas argamassas de cal têm pontos positivos mas também negativos.
    pode-se fazer o mesmo adicionando gesso por exemplo.

    aplicadas no exterior aconselho a serem caiadas.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Zé.Varela
  8.  # 8

    Colocado por: antonylemosao que tenho lido, a inclusão de cimento nas argamassas de cal têm pontos positivos mas também negativos.
    pode-se fazer o mesmo adicionando gesso por exemplo.

    aplicadas no exterior aconselho a serem caiadas.


    Sim, a caiação é um ac abamento que está identificado como hipótese. Ou, eventualmente, a pintura com tintas de silicatos. Mas a caiação sai mais em conta...

    Alguém me pode esclarecer a questão das massas hidrofugadas? Devem ser aplicadas no exterior/interior/nos dois?... Alguma ajuda?

    Obrigado, RP
  9.  # 9

    Pessoal, alguma ajuda com a minha questão das massas hidrofugadas?

    RP
    • AMCP
    • 30 março 2017

     # 10

    ponha umas fotos se possivel
  10.  # 11

    Coitada da cal aérea, que por ser barata ninguém a quer vender. Coitados dos bons profissionais da construção civil que têm o conhecimento mas não têm quem lhes venda os seus serviços a preço justo.

    Sorte a das argamassas prontas que por não darem trabalho a misturar fazem as empresas ganhar um monte de dinheiro sem que a solução seja melhor do que as que custam muito menos.

    Para quem vais fazer uma obra de reabilitação passar um par de horas a analisar o resultado de pesquisas cientificas pode ser um bom investimento. Visto que estou em fase de recuperação de um imóvel, com o mesmo tipo de construção que levou à criação da discussão inicial, fiz alguma pesquisa, e em vez de apresentar as minhas conclusões coloco alguns textos que me levam a crer que ainda há muito quem acredite em bruxas e na fada dos dentes (ou será nos vendedores de materiais de construção?)

    https://run.unl.pt/bitstream/10362/4097/1/Barreto_2010.pdf

    https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/563568428747271/Texto_Argamassa_6Dez07_2013.pdf
 
0.0164 seg. NEW