Colocado por: CMartinEssa sensibilidade estrutura-se em torno do modelo proposto por Orlando Ribeiro e baseado na distinção entre Portugal Mediterrânico, Portugal Atlântico e Portugal Transmontano. É justamente a justeza desse modelo que a investigação de Dias em torno dos arados parece confirmar. De facto, para além do arado radial, Dias identificou ainda no território português dois outros modelos de arado, que ele denominou de arado de garganta e de arado quadrangular.
Tal como o arado radial coincidiria, como vimos, com uma das áreas geográficas proposta por Orlando Ribeiro - o Portugal Transmontano - sucederia o mesmo com os dois outros tipos de arado. De facto o arado de garganta estaria ligado ao Portugal Mediterrânico, enquanto que o arado quadrangular se encontraria no Portugal Atlântico. Só que da mesma maneira que o arado radial, ligado a uma área geográfica precisa, seria também a expressão de uma corrente étnica determinada, o mesmo aconteceria com os restantes modelos de arados. Ligados a dois quadros geográficos distintos, eles seriam também os testemunhos de duas influências étnicas também elas diferenciadas: romanos e árabes, no caso do arado de garganta, e suevos, no caso do arado quadrangular.
E mister estudar de modo mais sério do que se tem feito até hoje o temperamento, o
tipo moral e o carácter do nosso povo nas suas variantes, o conjunto de sentimentos
que nele se revelam; as ideias que o agitam relativamente ao mundo sobrenatural, à
natureza e à sociedade; fazer um inquérito completo acerca do que ele sente, do que
ele sabe, do que ele pensa e do modo por que ele sente, sabe e pensa e apreciar ainda
sobre dados seguros o grau da sua energia volitiva, fazer enfim a sua psicologia étnica
(1993e [1896]: 704)
ele nos dá a impressão da sua tradicional penúria, da índole rude e violentamente utilitária,
da indigência mental de um povo absolutamente carecido de faculdades artísticas,
a um tempo amorudo e interesseiro, pagão irredutível ainda quando beato,
escravo por vício de origem, por hábito histórico e por eterno assentimento grato e
conformista (1967f [1904]: 160).
Arquitectura Popular em Portugal (2ª edição, 1980)
Introdução
Zona I - Minho
Zona II - Trás-os-Montes E Alto Douro
Zona III - Beiras
Zona IV - Estremadura E Ribatejo
Zona V - Alentejo
Zona VI - Algarve
Colocado por: Itsme
ontem, ali na rua, passavam homens harpejando, macilentos, queixa de peito, olho em
alvo, grenha ao vento, pró pagode. Um cantava (...) [um] conhecido mote dum fado
típico, com todo o temperamento dum povo lá dentro, imundo, vadio, hipócrita, malandro.
Miséria social, miséria orgânica, melopeia sem encanto, sem frescura, sem ingenuidade,
modismo de desespero, de conformação, de penitência e de perdão, atitude
e marcha, emprego de vida e ideal, tudo dá, ao contemplar destes grupos, uma noção:
É a pátria que passa! (id.: 302)
«a sina, o acaso, a sorte que preside ao nosso destino, que determina as nossas acções e que explica os mais vários aspectos da nossa existência, ou seja numa angústia colectiva, ou, individualmente, atirando-nos com o pé direito à ventura ou com o esquerdo à desgraça, eis o que define o povo português, eis o que num antropismo universal donde herdou ou recebeu a maioria dos seus mitos, se destaca como característica própria» (1897: 293).