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  1.  # 1

    Vivo nos arredores do Porto e vejo com tristeza o verde dos poucos campos que restam a ser substituído por casas e mais casas que se vêm juntar ao rol de outras tantas que estão vazias, novas ou usadas e que ninguém tem dinheiro para comprar ou alugar.

    Acho piada que quando vemos as maquetes dos projectos de novas urbanizações estas têm sempre o desejável jardim ou árvores a circundar os ditos, e nas frases promocionais até se ouvem os passarinhos a cantar.
    No período pós construção, invariavelmente, temos mais uma selva de betão, sem jardins, sem árvores ou sítio (sequer) para as plantar....

    Arrepia-me olhar para estas selvas de cimento, sem vida, assépticas, sem historia, vazias, cruas.

    PORTO



    Definitivamente não me enquadro nestes tempos.
    Prefiro, e desculpem se vos choco, as histórias desalinhadas que esta imagem conta:

    PORTO



    Exposto ou não, o que deve ou não se deve, há histórias a ser contadas por gente que vive e marca presença nos dias! A vida formatada ao exagero, asfixia-me!

    Na Holanda, contou-me uma amiga que por lá viveu uns tempos, todos os edifícios são carinhosamente circundados por árvores e lá a luminosidade até não abunda. Aqui, quando as temos, prescindimos da sua sombra, DECEPANDO-AS, o que é manifestamente diferente de poda...

    http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://i142.photobucket.com/albums/r111/pvaraujo/Tilias-decepadas-02.jpg&imgrefurl=http://dias-sem-arvores.blogspot.com/2007/03/jardins-do-palcio-de-cristal-um.html&usg=__Sd9oBro1IcnuRGnBXvZ1tXb2IZI=&h=800&w=531&sz=235&hl=pt-PT&start=6&um=1&tbnid=l2M3YlcUv7pJrM:&tbnh=143&tbnw=95&prev=/images%3Fq%3Darvores%2Bdecepadas%26hl%3Dpt-PT%26client%3Dfirefox-a%26rls%3Dorg.mozilla:pt-PT:official%26hs%3DPL6%26sa%3DG%26um%3D1

    E como cereja no topo do bolo do meu pessimismo, ainda achamos que a Primavera, o Verão ( e até já o Inverno) são alturas óptimas para dar existência e vazão, ao que os "responsáveis" pomposamente chamam "época dos incêndios"!


    Um bom domingo para todos
    •  
      FD
    • 24 junho 2009

     # 2

    Colocado por: woodhouseUm bom domingo para todos

    Domingo?

    Partilho a mesma opinião, mas culpo-me a mim também. Não saio da minha casa para a minha rua, não planto, não exijo, não falo e resigno-me.
    Estamos cada vez mais fechados sobre nós mesmos e isso vê-se.

    Que vai ser da cusca da rua? Dos miúdos que jogam à bola? Dos ardinas que nos contam tudo o que se passa na zona? Do café central...
    Não sei para que cidades caminhamos, mas parecem-me também, cada vez mais impessoais.

    O planeamento pode ser benéfico mas acho que nunca conseguirá reproduzir o crescer orgânico.
  2.  # 3

    Felizmente que vivo no campo, onde ainda se pode brincar na rua...
  3.  # 4

    Boas

    Domingo?

    Não é domingo, é ainda melhor: S. João no Porto

    Prefiro, e desculpem se vos choco, as histórias desalinhadas que esta imagem conta:

    caro woodhouse

    Compreendo-o e estou de acordo com o que disse mas, pese embora a beleza da imagem e o castiço do local, preferia mesmo viver ali? nas condições que actualmente se verificam? Não me parece

    cumps
    José Cardoso
  4.  # 5

    Colocado por: FD
    Colocado por: woodhouseUm bom domingo para todos

    Domingo?


    LOOOOOOOOOOOL Depois do ultra-pessimista post inicial, o FD conseguiu pôr-me a rir às gargalhadas! Hoje é feriado no Porto e como ando cansada, "alapanço" descontraído na cadeira é sinónimo de Domingo... ;)

    Não sei que memória ficará para as novas gerações, as minhas melhores recordações estão na infância.....
    O calor do forno e da boroa de milho surripiada ao lavrador, numa cozinha, em terra batida (e que bom que era senti-la com os pés descalços); das cenouras arrancadas e sujas de terra e comidas, depois de lavadas à pressa num dos muitos regatos, ou das árvores que eram cenário dos Tarzans e Janes que julgávamos ser e das pernas partidas por acções mais destemidas, etc...etc...

    A rua e a envolvente eram um mundo rico e sempre cheio de coisas a descobrir e a nossa imaginação esticava até ao infinito. A tudo isso devo (também) o melhor do que sou hoje! :)


    Hoje, o vazio das coisas penetra-nos e embota-nos a alma e as acções! Urge uma nova consciência e defesa de um património humano/natural que deveríamos perseverar

    Um bom almoço!
  5.  # 6

    woodhouse tem razão e percebo o que diz, a mim impressiona-me e assusta-me mesmo, o número de urbanizações que já por si são feias e mal feitas, feitas sem qualquer trato em espaços verdes.
    no caso da boavista é diferente apesar de não apreciar a maior parte dos edificios ai construidos, a boavista é uma zona para expansão de edificios comerciais e de escritorios, agora todo resto do Porto arrepia-me mesmo, e os arredores, a "pato bravice" como se costuma chamar, ainda não acabou infelizmente, um caso menos mau é a Maia, a percentagem de espaços verdes comparado com urbanização é maior que nos outros concelhos todos, e as urbanizações são bastante cuidadas a nivel de exteriores e vias.
    Portugal faz-me lembrar muito a antiga jugoslavia Sarajevo, com raizes europeias de arquitectura e depois monstros desnecessários que nasceram pelo meio,



    continue com esse espirito critico woodhouse
    obrigado
  6.  # 7

    Woodhouse,
    Eu vivia num apartamento suburbano depressivo, "enfaixada" entre outros tantos, sem espaços verdes. Sentia-me mais um entre milhares, e acabei com isso.
    Há dois anos comprei aquela casinha que sabe e...mudei de vida!
    E será que a casa onde vivemos tem essa força, de nos mudar a vida? Se tem, Woodhouse!
    Agora vivo ainda nos subúrbios de Lisboa, mas numa aldeia, numa casa de aldeia e com vizinhos à medida, que chegam a tomar conta da minha casa (podia contar-lhe mil histórias, todas elas boas sobre os meus vizinhos da aldeia e o que eles já fizeram por mim, sem eu dar nada em troca, sem qualquer tipo de interesse sem ser o da amizade e bem-estar..mas isso demoraria muito tempo e seria chato ler-se tanto).
    Sabe, eu acho que a questão fulcral aqui é que os assépticos em que nos tornámos criaram redomas de protecção, práticos, limpos e impessoais, para condizer connosco.
  7.  # 8

    Colocado por: j cardosoBoas

    Compreendo-a e estou de acordo com o que disse mas, pese embora a beleza da imagem e o castiço do local, preferia mesmo viver ali? nas condições que actualmente se verificam? Não me parece
    José Cardoso


    Entendeu mal o que quis dizer. É evidente que se as condições a que se refere são: conviver com drogados e passadores de droga, ou gritaria a qualquer hora do dia ou casas com N problemas em termos de salubridade, a minha resposta é NÃO (não sou masoquista, o meu idealismo é forçado a ter os pés bem assentes na terra)!

    Aquela zona e aquelas casas são de uma beleza extraordinária e valia a pena investir a sério nelas. Claro que como em tudo o resto acho que as pessoas teriam de ser mais responsáveis e mais responsabilizadas.

    Para lhe transmitir melhor a minha ideia: se lhe disser que entre uma casa de pernas para o ar, com brinquedos espalhados, o pelito do cão, a louça meia lavada (etc) e uma outra impecavelmente limpa (daquelas imperturbavelmente cleans e brilhantes, onde o algodão não engana) , embora eu não me sentisse confortável em nenhuma delas, preferiria a primeira. Tem traço, tem "história", gente viva que pelo menos usa o espaço, não é serva dele.
    Relativamente à segunda, a última frase da CMartin, exprime o que penso!
  8.  # 9

    Boas

    Aquelas casas e aquela zona são de uma beleza extraordinária e valia a pena investir a sério nela. Claro que como em tudo o resto acho que as pessoas teriam de ser mais responsáveis e mais responsabilizadas.

    Não podia estar mais de acordo

    cumps
    José Cardoso
  9.  # 10

    Woodhouse,
    Está a falar de casas com alma.
  10.  # 11

    CMartin,

    o meu sonho é, um dia, reabilitar uma velha e feia casa (provavelmente não vai dar para mais LOL) e torná-la bonita e única, com os conselhos que por aqui e acoli vou assimilando. E a única condição é que terá de ter uma pequeno jardim/quintal para eu reproduzir a uma infinitésima escala, o que defendi nos posts anteriores.
  11.  # 12

    Eu sei disso, tenho lido os seus comentários, Woodhouse, e sei quanto nos move ter um sonho assim.
    A casa é o espelho de quem nela vive, portanto se vai fazer dela uma casa bonita e única isso dirá tudo sobre si.
    (E ao invês, uma casa sem alma, também reflecte quem nela vive, mas, também não quero entrar em exageros!)
 
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