Um casal meu amigo, na zona de Lisboa, que vivia num quarto alugado acabou de alugar um apartamento e não tem dinheiro nem para comprar uma cadeira porque a renda já lhe leva mais de metade do ordenado dos dois.
Se possui moveis que não lhe servem para nada e que ainda estejam em bom estado porque não oferece-los a este casal ?
pois, mas sem qualquer dado geografico ou contacto é um pouco dificil, ate que por exemplo aki na zona de braga ha sempre gente a deitar moveis para o lixo, é questao de estar atento
Ainda hoje vi umas cadeiras no lixo mas estavam todas partidas. Realmente nem me passa pela cabeça andar a vasculhar caixotes do lixo. Eu jamais ofereceria qualquer coisa que estivesse a ponto de jogar fora. O apartamento do casal meu amigo não é um caixote do lixo. Eu pessoalmente nunca dou nada que não preste ou não queira, quando dou é porque posso dar e isso deixa-me contente. Há tempos esvaziei o meu guarda roupa e dei todas as peças novas que gostava mas nunca tinha tido vontade de usar porque não me sentia bem com elas... E algumas dessas peças custaram caras, como blusões de marca... E as peças velhas ou que não gostava joguei-as para o lixo.
Neste caso, vou-lhes dar 2 cadeiras em muito bom estado que não estão sendo usadas por falta de espaço ...
Já ouvi várias pessoas que dizem isso, que não dão a ninguém aquilo de que não gostam, preferem deitar fora. Nunca percebi essa lógica. Muitas vezes fiquei com coisas, roupa, móveis, etc em bom estado, cujos donos não gostavam delas e eu gostava porque gostos não se discutem. E não me caíram os parentes na lama!
Onde vivo é muito vulgar as pessoas porem na rua coisas absolutamente impecáveis, que desaparecem num ápice. A mim aconteceu-me uma vez em Lisboa ver uma pessoa a deitar sacos e sacos de livros num contentor de obras (ai ai!) e eu voltei para trás e enchi o meu carro com eles, com a ajuda de um rapagão que passou e ficou com um deles para ler no comboio. Uns são bons, outros maus, alguns tenho repetidos, mas lá estão na minha estante.
A mim aconteceu-me uma vez em Lisboa ver uma pessoa a deitar sacos e sacos de livros num contentor de obras
Eu tive mais sorte! Em Outubro de 2008 quando fui ver uma moradia antiga numa zona nobre do Porto que ia ser demolida para reconstrução encontrei uma biblioteca com cerca de 1100 volumes entre os quais antigas edições (algumas do Séc XVII e XVIII) de vários autores portugueses e franceses. Convenci o empreiteiro a adiar a demolição por 24 h a troco de parte dos livros: nem queria acreditar quando ele apenas escolheu livros do Conan Doyle, Agatha Christie e uma colecção de policiais de bolso. Quando o dono da obra se apercebeu, exigiu um pagamento que dividi com o empreiteiro: 200 € meus e 50 € do empreiteiro :-)
Em Portugal, pelo menos em Lisboa, as pessoas só jogam fora coisas que não prestam e quando dão alguma coisa costumam dar quase sempre só aquilo que já não presta e ainda acham que estão sendo generosas. Para mim isso não tem nada a ver com generosidade. É egoísmo puro e simples, isso sim. Generosidade é partilhar com os outros aquilo que temos a mais.
Muitas vezes guardamos coisas boas que gostamos mas que por algum motivo sabemos que nunca iremos usar, mas preferimos guarda-las para sempre numa despensa em lugar de as dar a alguém que precise delas.
Eu não consigo perceber isso, porque acho que é muito mais gratificante e agradável saber que essas coisas estão fazendo alguém mais feliz. Mas se calhar muitas pessoas estão tão desconfiadas de tudo e todos que perderam a capacidade de acreditar no outros e acham que se calhar ninguém merece...
Mas é errado generalizar. Nem todas as pessoas são iguais e devemos continuar a acreditar que ainda existem pessoas em quem podemos confiar e que merecem a nossa generosidade e confiança... Pessoas que fariam o mesmo por nós se precisássemos delas...
Um mundo sem partilha, sem confiança nos outros, sem bondade... Seria intolerável e dificilmente aguentaríamos sobreviver num mundo assim
Bom, eu achava que estávamos a falar da necessidade que A e B têm de uns moveis e não da generosidade ou egoísmo de X , Y ou Z.
Para mim são duas coisas diferentes: posso ficar extremamente tocada com o facto de alguém se desfazer de uma coisa de que gosta para me dar, ou ter um enorme respeito por alguém que partilha com outros coisas que lhe fazem falta; mas a ideia de que alguém pode não receber uma coisa de que precisa só porque o hipotético dador tem problemas com a sua consciência, a sua auto-estima ou o que seja... Isso acho que passa a ser amor próprio e não amor ao próximo.
Estamos a falar de um jovem casal que acabou de se mudar para um apartamento alugado que lhes come mais de metade dos ordenados e não têm sequer dinheiro para comprarem uma cadeira onde se sentar...
Bem, as cadeiras até já nem precisam porque tenho 2 cadeiras em casa que não uso e vou-lhas dar. Mas só as cadeiras não chegam...
Resta acrescentar, que este jovem casal é brasileiro e estão cá ilegais, o que complica tudo. Inclusive, estavam a pagar 500 euros (250 cada um) num quarto onde eram explorados, porque ninguém queria alugar-lhes uma casa. E só foi possível alugar a casa porque eu aluguei a casa em meu nome como se fosse para mim.
Enfim, só vou ficar descansado quando eles deixarem de dormir no chão e tiverem uma mesa para fazer as refeições, mas está muito difícil...
Talvez consiga arranjar alguma coisa, mas o problema é que será só depois da Pascoa porque não estou em Portugal. Foi pena porque que, no Natal, tive que despejar uma casa que tinha ainda bastantes moveis em bom estado, mas agora ja quase tudo saiu das minhas mãos.
Caro lobito, seja o que for que ainda puder arranjar será sempre muito bem vindo. Caso isso venha a acontecer peça-me, por favor, que lhe dê o contacto telefónico do casal em questão. Eles ainda nem sequer sabem de nada...
Bom, Pedro Vamos por partes.E espero sinceramente que não leve a mal o que vou dizer. Eu sou de Lisboa. Os meus móveis fui eu que os comprei. Todinhos. Trabalhamos lá em casa de manhã à noite para comprarmos a qualidade de vida que temos. Começámos os dois a fazê-lo há dez anos, ainda não tínhamos filhos. Começámos com menos e hoje temos mais, o que tem alguma lógica também porque não fomos, felizmente, confrontados com nenhum azar portanto, temos trabalho, estamos relativamente estabilizados e temos imensos projectos a concretizar. Um dia de cada vez. Entretanto tivemos um filho, e agora temos uma responsabilidade ainda maior, porque ter um filho é assumir as suas necessidades e o seu bem estar também. Agora se me custa dar algo a alguém, e sendo de Lisboa, não me custa absolutamente nada. Não sou egoísta, e tenho compaixão para com quem precise, mas tal como eu não espero que os outros assumam as minhas responsabilidades,(...). As pessoas não são exploradas pelo aluguer que pagam (...) nem é o aluguer que lhes "come" metade do ordenado, mal de nós que somos "comidos" por todos os lados! Dou coisas de bom grado, especialmente roupa, quase todos os meses tenho uma pessoa certa a quem dar, e dou com gosto mas não dou porque me faz sentir melhor pessoa, dou porque realmente tenho para dar algo que alguém necessite e não espero recompensa nenhuma, nem a pessoa me fica a dever nada. Acho de mérito o Pedro ter colocado esta discussão, mas não vejo porque usa esses argumentos de as pessoas de Lisboa e ninguém queria alugar-lhes casa. Pode perfeitamente imaginar porque ninguem lhes queria alugar casa, até a portugueses, nossos compatriotas alugar casa apresenta-se como um risco (porque as pessoas por alguma razão acham que os senhorios têm algum tipo de dever para com a sociedade e as suas dificuldades financeiras) quanto mais a pessoas que estão ilegais. Não me interprete mal, todos precisamos de uma mão, mas há limites para as mãos que ás vezes podemos dar.
Caro, CMartin, eu entendo o que fala e garanto-lhe que vejo todos os lados, até porque, infelizmente, os meus pais possuem um apartamento em São Pedro do Estoril que cometeram a asneira de alugar sem contrato e a pessoa nunca mais vai sair de lá e paga uma mixaria.
Quando eu disse que o casal estava a ser explorado não me referia só á renda que eles pagavam pelo quarto (minúsculo e cheio de humidade) e também ao facto da dona do quarto (uma senhora viúva) explorar o casal fazendo deles criados e ainda os ameaçava de pôr no olho da rua se eles não fizessem o que ela queria. Infelizmente, este não é um caso isolado, muito pelo contrário. E muitas pessoas reclamam dos emigrantes, sobretudo dos brasileiros, mas esquecem-se (ou nem sequer sabem) que na maioria dos casos as maiores vitimas sãos os emigrantes elegais...
A maioria vivem em situação precaria, são explorados, muitas vezes os patrões não lhes pagam e eles não se podem queixar porque têm medo de ser expulsos...
Pedro, "Em Portugal", pelo menos "em Lisboa", "as pessoas só jogam fora coisas que não prestam" e quando dão alguma coisa costumam dar quase sempre só aquilo que já não presta e ainda acham que estão sendo generosas. Para mim isso não tem nada a ver com generosidade. É egoísmo puro e simples, isso sim. Generosidade é partilhar com os outros aquilo que temos a mais. Já pensou que se calhar "em Portugal" e "pelo menos em Lisboa", mais do que uma questão de egoísmo, as pessoas não dão porque não podem nem têm para dar?! e por isso jogam fora o que não presta porque as usaram uma vida inteira?! Que tal ver o Pedro tentar ver as coisas de uma forma mais correcta?
É um facto que, em todo o lado, os emigrantes ilegais são uma presa fácil de gente gananciosa e sem escrúpulos. Ainda bem que pôde ajudar esse casal a arranjar um arrendamento normal com um senhorio decente, espera-se.
A maioria vivem em situação precaria, são explorados, muitas vezes os patrões não lhes pagam e eles não se podem queixar porque têm medo de ser expulsos
Pedro, poupe-me, já pensou nos portugueses nessa mesma situação?
"Já pensou que se calhar "em Portugal" e "pelo menos em Lisboa", mais do que uma questão de egoísmo, as pessoas não dão porque não podem nem têm para dar?!"
Sim, é verdade que muita gente não dá porque não tem para dar. Mas eu olho á minha volta e vejo demasiadas pessoas fechadas no seu egoísmo que não aceitam partilhar nada com ninguém...
CMartin, por amor de Deus, é óbvio que a ilegalidade aumenta, e não é pouco, a precaridade e a probabilidade de ser explorado! Depois, pode-se discutir, se quiser, o problema da imigração ilegal, porquê, para quê, a quem serve, a quem não serve, etc. Mas isso são contas de outro rosário.
concentre-se na sua boa intenção e no seu apelo, basta isso e vai ver que se calhar os bons exemplos até são mais que os maus. Não faça juizos de valor a par de um apelo á generosidade dos outros. é apenas a minha opinião.