Numa ilha remota vivia uma pequena comunidade em que todos se conheciam. Rapazes e raparigas cresciam juntos, pelo que quando chegavam à idade de casar todos tinham um bom sentido das oportunidades disponíveis. Para alguns era importante que o cônjuge tivesse dinheiro; para outros, que fosse um companheiro fiável; e para outros, era a paixão o elemento chave. Com as cartas na mesa, quase todos se casavam aos 18 anos após namoros curtos.
Os anos passaram e a população cresceu e espalhou-se pela ilha. Passou a valer a pena passar algum tempo a namorar à procura do parceiro ideal. Se uns tinham sucesso rapidamente, outros demoravam uns anos. Uma seita protestava contra este desperdício: milhares de jovens prontos a casar e sem parceiro. Eles não percebiam que estar uns anos solteiro era o preço a pagar na busca de melhores relações.
A proliferação de namoros levou a desgostos dolorosos. Frequentemente, uma das partes acabava o namoro e partia em busca de nova relação, deixando a outra parte destroçada. A seita propôs que se proibissem os namoros: se um rapaz e uma rapariga namorassem mais de uma semana, tinham de casar para sempre. Para sua surpresa, quando se adoptou esta proposta, o número de solteiros disparou. Os jovens tinham medo de começar qualquer relação, sabendo que iam ficar agarrados para sempre.
Uns anos depois, uma guerra dizimou os rapazes solteiros. Com dez raparigas por cada rapaz, alguns rapazes pouco desejáveis, que uns anos antes teriam dificuldade em arranjar mulher, começaram a conseguir casar--se. Mas nos seus casamentos eles não ajudavam na lide doméstica. A seita, enfurecida com a injustiça, ordenou que cada rapaz tivesse pelo menos de limpar um quarto. Os rapazes preguiçosos preferiram não se casar. As raparigas, que preferiam ter marido mesmo que tivessem de limpar tudo, ficaram condenadas a ser solteiras.
Um dia as mulheres partiram em viagem para outra ilha, onde conheceram um novo mundo e ficaram uns anos deliciadas. Quando voltaram encontraram um grupo de rapazes solteiros há muitos anos. Desanimados, eles já não se esforçavam a cortejá-las. Desactualizados, não davam resposta às novas expectativas que elas tinham para as suas relações. Os solteiros de longa duração, apesar de serem bons rapazes, ficavam solteiros para sempre.
No mercado de trabalho, empresas e trabalhadores procuram-se mutuamente na esperança de formar relações. Isso envolve alguns empregos breves e algum desemprego temporário. As políticas que proíbem os despedimentos ou impõem salários mínimos generosos levam ao desemprego. O combate ao desemprego de longa duração tem de ser vigoroso, para evitar que se instale um desemprego crónico de pessoas desiludidas e desactualizadas. Foi a estas ideias que foi atribuído o prémio Nobel da Economia de 2010.