Resolvi criar este tópico porque me parece que para além de muito curioso que por um motivo ou outro, que todos os dias por aqui passam, existem muitos profissionais relacionados com a construção civil, como construtores, engenheiros, arquitectos, etc., que de forma mais ou menos explicita também costumam por aqui dar uma espreitadela.
Um dos temas menos consensual nesta coisa dos tectos falsos e divisórias em SCPGL (Sistemas Construtivos em Placas de Gesso Laminado), vulgo Pladur®, é o nível ou a qualidade do acabamento.
Umas vezes, por ser executado por pessoas menos qualificadas, outras porque se criam expectativas acima do nível de qualidade executado, outras ainda porque se aplicam tipos de tratamento superficial para as quais os sistemas não foram acabados, e muitas vezes vemos grandes disparates em termos de acabamento.
Geralmente atribui-se a culpa ao material, quando este, se bem acabado, para o fim e local a que se destinam, não tem culpa nenhuma.
Assim, as três grandes marcas de gessos laminados europeias encetaram esforços e através das associações de construtores em conjunto com uma das associações de produtores, elaboraram um documento que visa estabelecer normas de exigência de acabamentos, classificando-os de forma a uniformizar critérios de prescrição em fase de projecto ou de contratação.
Com vista a uniformizar o tipo de acabamento nos SCPGL, a UEEP (União Europeia de Empreiteiros de Gesso, Instaladores a seco e Actividades relacionadas) em conjunto com a Eurogypsum, elaboraram um documento, denominado "Classificação dos diferentes níveis de qualidade no acabamento de superfícies". Este documento descreve quatro níveis de acabamento das superfícies de PGL: Q1, Q2, Q3 e Q4. - Qualidade de nível Q1: Juntas betumadas, apenas com juntas coladas e cheias. - Qualidade de nível Q2: Superfícies lisas para os requisitos visuais normais com camadas de acabamento. - Qualidade de nível Q3: Superfície lisa de maior qualidade que a requerida para Q2, normalmente obtida após lixagem das e rectificação das superfícies Q2 - Qualidade de nível Q4: Acabamento ideal para elevados requisitos visuais, normalmente obtido pelo barramento superficial total
estive a ler este tópico que criou e gostava de colocar uma questão, apenas por curiosidade.
Os tectos e paredes da minha habitação são em Pladur (mesmo pladur - uralita) hidrofugo, as juntas foram tapadas com fita e massa, e de seguida levou barramento total com massa de enchimento (Semin, acho que é assim que se escreve) saco verde castanho (massa de 4 horas) e de seguida levou uma massa da Semin também ( um saco azul), para acabamento.
A questão é seguinte, em que nivel se encontra segundo a tabela que mostrou em cima?
e já agora a sua opinião acerca da forma como foi efectuado o serviço?
Sou novo neste forum, mas espectador assíduo do mesmo, e posso dizer que na minha ainda curta carreira na área da construção civil, já consegui aqui tirar bastantes dúvidas, por isso estou em dúvida com muitos membros deste forum. Um obrigado a todos!!
Este tópico despertou em mim certa curiosidade, até por que a área forte da empresa em que trabalhos dedica-se maioritariamente à remodelação de interiores, no qual o revestimento por gesso cartonado é prato forte de quase todas as obras.
Realmente esta classificação é muito interessante mas penso que apenas se cinge apenas aos materiais usados. Mais ou menos barramentos. Quero só frisar que o nível de acabamento começa por um bom barrador. Passa por lixar (sempre) com foco de luz direccionado em que o lixador está constantemente com um foco de luz a verificar a planaridade do barramento. Se todo este cuidado for executado o pintor, normalmente só têm mesmo que pintar e não andar a reparar "buracos" nos tectos e paredes. O nível de acabamento verifica-se, como é dito no documento, aquando do ligar das luzes em que se pode verificar se existem ou não sombras nos tectos/paredes, se o barramento está bem feito, se o lixar está bem executado.
Bom tópico ALV...
Caro speedster
O nivel de acabamento é subjectivo, eu tenho por norma um nível elevado com o máximo de planaridade possível nos tectos e paredes. O que lhe posso dizer é que, pelo que diz, os barramentos foram efectuados de acordo com o normal executado, sendo que o barramento integral (que fez) é sempre uma mais valia para o nível de acabamento ser superior, pois normalmente utiliza-se só o barramento de juntas e das cabeças de parafusos.
Se estiver bem executado será acima de Q3, de acordo com esta tabela claro.
Na realidade é para acabar com a subjectividade na qualificação dos acabamentos que foi criado este tipo de classificação. Como diz, e bem, o "barrador" que nas empresas que me rodeiam chamamos de acabadores, é a chave de tudo. Repare que é comum que as empresas recorram a serviços externos de "montadores ao metro", mas as boas empresas têm os seus próprios acabadores e não subcontratam o acabamento "ao metro". Agora quanto ao ligar da luz para que o trabalhador verifique se o trabalho está bem feito, isso não concordo, porque como percebem a Luz é usada exactamente para descobrir todos os defeitos, que em determinadas circunstâncias poderão até existir. É o caso de um tecto corrente, sem iluminação tangencial que um "simples" acabamento Q2 depois de lixado (operação normalmente efectuada pelo pintor) passa automaticamente a Q3 e pode ser pintado com qualquer tinta plástica, muitas vezes até ligeiramente acetinada; Depende tudo do uso e é mesmo para isso que se criou este tipo de classificação. Ligando as Luzes, normalmente, temos o caldo entornado, porque elas por muito profissional que seja o instalador e o acabador hão-de revelar sempre as emendas e os defeitos e é para isso que serve a luz. Esta da luz, faz-me lembrar as primeiras peritagens em que participei e em que os "técnicos" levavam o inevitável projector, e claro estava tudo mal à luz, mas como aquilo era para uma utilização normal, já estava tudo correcto.
Bom eu alongo-me, mas caro speedster, se o seu tecto foi barrado na totalidade, então à "luz" desta tabela terá um acabamento de nível Q4. Só que isso não lhe garante nada, porque o que interessa mesmo é a qualidade de quem o fez e se nota ou não na utilização corrente algum tipo de defeito.
Reparem que esta tabela foi criada um pouco para garantir níveis de qualidade em projecto que têm de ser transmitidas depois para a obra, mas que como entendem, lá por ter todas as demãos necessárias para cumprir a qualificação, pode por não terem sido aplicadas por gente competente, não cumprir o desempenho. Não é raro encontrara aquelas obras que deveriam ser de referencia, e que se olhadas à "luz" de um especialista olheiro e treinado, seriam reprovadas. Lembro-me do Guggenheim que só pelas fotos e pelo documentário da National Geografic se via que aqueles acabamentos, vistos à "luz" de um acabador, seriam de fugir, mas cumprem perfeitamente a sua função porque ninguém vai a Bilbau ver o museu para ver se o pladur está ou não bem acabado. No entanto no tecto da minha sala, quando acendo a sanca de iluminação de luz indirecta, até os meus amigos reparam e foi feita por "especialistas".
Resumindo: Tudo tem a ver com a função. Uma superfície para pintura corrente, sem nenhuma referência especial ficará sempre acabada com um nível de qualidade Q2. Um bom pintor, antes de pintar, vai lixar a superfície e se encontrar algum pequeno defeito, como um risco, uma cova que passou despercebida, etc, com ou sem recurso à luz, vai transformar essa superfície num nível de acabamento Q4; Se o acabador tiver barrado a totalidade da superfície, certamente que ficará com um nível de acabamento Q4 que poderá ser sujeita a pinturas com tintas acetinadas ou sujeita à incidência de luz das sancas de iluminação indirecta ou forte iluminação tangencial como uma janela rasante.
Nada disso. As pastas para PGL são pastas fornecidas pelos fabricantes desses sistemas e nada têm a ver com as pastas tradicionais de rebocos pré fabricados de alvenarias de tijolo como a mecafino ou mesmo gesso tradicional. São absolutamente incompatíveis. Todas as marcas de placa têm as suas pastas especiais para as diferentes fases e qualidades de acabamento. Muitas vezes, dependendo da "mão" do acabador, este pode usar indistintamente cada uma delas, desde que conheça as suas características. Mais existem marcas de pastas para os SCPGL que nada têm a ver com as marcas dos sistemas, como é o caso da Semin que referiu, a Aguaplac, ambas muito boas por sinal, a portuguesa Gil Mendes. A questão de fundo é que nenhuma marca faz garantia do seu sistema se não se usarem todos os componentes da mesma marca, e esse é o bresilius da questão. Quando se tratar de dar garantia, se não for tudo do sistema ninguém se atravessa, como é óbvio. Imagine-se no seu Mercedes a ir reclamar uma avaria e eles detectam que tem usado peças de substituição da concorrência; É o mesmo caso.
Quanto às pastas para o barramento total, dentro das gamas de pastas, normalmente é uma pasta fina sem capacidade de enchimento de secagem lenta, pelo que se o trabalho de colagem e enchimento de bandas não estiver perfeito, o barramento não vai ajudar muito.