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    • LuB
    • 22 maio 2011 editado

     # 1

    A propósito do programa "novas oportunidades", que do meu ponto de vista se tem revelado mais uma variante do laxismo que vai correndo na atribuição de diplomas e equivalências, gostaria que comentassem o seguinte:

    O que é que o país ganha com estes "programas especiais" elaborados com o objectivo de ajudar quem não teve oportunidade de conseguir os almejados diplomas a seu tempo, e deles precisa mais tarde para singrar na vida.
    Será legítimo facilitar, como se facilita, em nome de uma melhoria no do grau académico da população?

    Confesso que não consigo libertar-me de alguns melindres pessoais, relacionados com este tema, porque assisti durante a minha vida adulta a grandes atropelos nesta área. Talvez por isso gostasse de ver aqui o tema debatido...

    A título de exemplo das injustiças que estes sistemas atabalhoados de qualificação podem criar, já aqui referi o caso dos professores (em que estive envolvida e que conheço bem porque sou fui professora). É sabido que a classe alberga cidadãos com níveis de formação muito variados...

    Hoje, infelizmente, na classe dos professores, o nível de formação não tem nada a ver com os ordenados, nem com as reformas que se obtém no fim da carreira... Como já aqui referi, noutro post, uma licenciatura (ou equivalência a ela) foi concedida a profissionais que tiveram:

    O bónus de 3 de faculdade: (já que lhes foi dado de mão beijada equivalência ao bacharelato, tendo eles apenas habilitações equivalentes ao actual 12.º ano ... )

    Com + 1 ano apenas podiam passar a licenciados (equivalência) num curto programa ministrado muma escola de ensino superior privado, das muitas que por aí há, que dão facilidades...

    Portanto, somando as parcelas, temos o bonito resultado de "licenciados" e "srs doutores" feitos à pressa que nem chouriças, com resultados catastróficos para o país (que os vai ter de pagar sabe-se lá até quando...) mas excelentes resultados, para quem deles beneficiou (muitos milhares... talvez metade da classe..,)
    Alguns iam ufanamente comprar anéis de curso... Enfim...

    Se nos professores foi assim, noutros casos tenho mais dificuldade em apontar as consequências dos "diplomas manhosos" que vão sendo atribuídos em situações que me parecem semelhantes... apenas porque não acompanho as consequências tão de perto...
    Mas pelo que vou ouvindo de alunos que foram ultrapassados na sua entrada na faculdade, ou no seu acesso aos lugares na função pública, por gente que obteve diplomas nos saldos vejo a confusão que entretanto se instalou...

    Qual a garantia de competência que dá uma pessoa das "novas oportunidades" que obtendo o diploma do 12,º ano ingresse num curso superior?
    Se se tornar, por exemplo, engenheiro e mais tarde não souber calcular devidamente o prédio e a malta ficar soterrada será que achamos legítima a desculpa que vai dar: ah, sabem, não pude ir à escola... e depos..., lá, lá, lá, lá...
  1.  # 2

    Colocado por: LuBO que é que o país ganha com estes "programas especiais" elaborados com o objectivo de ajudar quem não teve oportunidade de conseguir os almejados diplomas a seu tempo, e deles precisa mais tarde para singrar na vida.

    Ganha peso nas estatísticas quando disserem que X % da população portuguesa tem o 12º ano de escolaridade.
    Podem não ter as qualificações, mas desde que tenham um diploma qualquer a dizer que tem o 12º ano, é isso o que conta.

    Colocado por: LuBSerá legítimo facilitar, como se facilita, em nome de uma melhoria no do grau académico da população?

    Desde que esteja na legislação, é legítimo.
    Mas o bom senso, de qualquer pessoa com um dedo de testa, diz que não é legítimo.

    Colocado por: LuBMas pelo que vou ouvindo de alunos que foram ultrapassados na sua entrada na faculdade, ou no seu acesso ao emprego na função pública, por gente que obteve diplomas em saldos vejo a que confusão vai alastrando.

    Quando se faz uma politica dessas, por mais podre que possa parecer, é preciso depois arranjar situações que a ajude a justificar.
    É preciso abrir vagas especificas para esses alunos, tipo sistema por quotas, ou seja, não é preciso ser bom, é sim preciso ser bom dentro da sua quota.

    Colocado por: LuBQual a garantia de competência que dá uma pessoa das "novas oportunidades" que obtendo o diploma do 12,º ano ingresse num curso superior?

    Garantias para que?
    Desde que paguem as propinas para financiar o sistema de ensino superior, é o que interessa.
  2.  # 3

    Não estou bem ao corrente desses programas especiais e só agora é que comecei a ouvir falar.
    Não me parece normal que alguém consiga num ano obter um diploma que os outros levaram anos para obter.
    Porém, se o nível de dificuldade dos exames for idêntico, não vejo aonde está o mal.
    Desde há muito que pessoas com um grau de inteligência superior à média conseguem acabar cursos em metade do tempo que os outros e ainda por cima, trabalhando.
    Conheci alguém que trabalhava de dia e à noite seguia um curso superior e terminou com uma média bastante alta.
    Também há muitos anos havia uma espécie de exame “ad hoc” para entrada directa nas universidades.
    Era um exame destinado a maiores de 18 anos que estudaram, mas não tinham um diploma que lhes permitisse entrar directamente na universidade.
    Pouca gente passava, mas muitos conseguiram entrar e acabaram os cursos.
    Também conheci alguém que passou nesse exame e que conseguiu entrar num curso universitário, mas que infelizmente, teve que desistir a meio do curso, por ser muito trabalhoso e não conseguir seguir o ritmo que lhe impunham.
    Agora se o nível de dificuldade dos exames não for idêntico, estamos muito mal.
    No que diz respeito ao acesso ao emprego na função pública por gente que obteve diplomas “em saldo”, se tiver havido concurso geral e se essas pessoas conseguiram obter melhor classificação, melhor para eles, é porque têm mais capacidade.
  3.  # 4

    Colocado por: nielskyQual a garantia de competência que dá uma pessoa das "novas oportunidades" que obtendo o diploma do 12,º ano ingresse num curso superior?


    mas está enganada\o, para aceder ao ensino superior académico e perfeitamente no cumprimento da lei, NÃO PRECISA de ter o 12º ano, basta entrar pela porta do acesso maior de 23 anos e fazer um "exame" de entrada.
    • LuB
    • 22 maio 2011 editado

     # 5

    Porém, se o nível de dificuldade dos exames for idêntico, não vejo aonde está o mal.
    Desde há muito que pessoas com um grau de inteligência superior à média conseguem acabar cursos em metade do tempo que os outros e ainda por cima, trabalhando.


    Jacinta, o problema não é esse.
    Claro que há pessoas que conseguem resultados excepcionais, á custa de uma dedicação aos estudos e uma inteligência particular e não o fazem indo à escola. Não me refiro a esses.
    Também não me refiro aos que vão à escola, e tantas vezes à custa do seu tempo de descanso vão avançando e atingindo os objectivos a que se propõem. Mas fazem-no prestando provas credíveis de acordo com o grau de ensino que pretendem certificar. Esses são muitas vezes heróis e sempre os houve.
    O problema é quando se força todo um sistema e, se encurtam demasiado as metas facilitando provas, para que todos lá cheguem. Fecham-se os olhos a uma preparação deficiente, à ausência de conhecimentos do aluno, que nunca os chegou a adquirir nem na escola nem fora dela...

    Se o aluno avança impreparado, irão aparecer obrigatoriamente consequências nefastas, e mais cedo ou mais tarde todo o sistema rompe...
  4.  # 6

    O problema é quando se força todo um sistema e, se encurtam demasiado as metas facilitando provas, para que todos lá cheguem. Fecham-se os olhos a uma preparação deficiente, e à ausência de conhecimentos, que o aluno nunca adquiriu nem na escola nem fora dela...

    Sem ironia:
    Estou de acordo com o que diz e sou de opinião que as Novas Oportunidades ou lá como se chamam têm um objectivo essencialmente estatístico, isto é, mais que aumentar os conhecimentos e a escolaridade de uma franja da população visa compor as estatísticas de forma a apresentar ao mundo um retrato que em nada corresponde à realidade. Nada de novo, acho que isto já foi dito muitas vezes por muita gente em diferentes ocasiões. Acho bem? Não, claro. Preocupa-me? Sim, claro. Mas mais que isso preocupa-me outra coisa que, curiosamente, não vejo ninguém aflorar sequer: isto só é possível porque há professores que prazenteiramente se prestam a estes fantochadas colaborando nas "acções de formação" e "avaliações", caucionando desta forma - e a troco de uns euros - este faz de conta.
    Está à vista de todos que o poder, esteja na mão de quem estiver, não tem escrúpulos em deitar mão destes expedientes para apresentar serviço; mas os professores ou formadores ou lá o que são não têm um pingo de brio profissional? Não têm vergonha de fazer parte de um esquema destes? É esta gente que está encarregada de ensinar os nossos filhos? E os sindicatos dos professores não dizem nada?
    Não quero com isto manchar a classe dos professores - a quem muito devo e sem os quais eu nunca seria o que sou -, mas que me incomoda muito, lá isso incomoda. Não posso deixar de recordar, entre outros, a Drº. Ema Huett, o Prof.Olívio de Carvalho ou o Engº Paulo Pombo, de quem tive a sorte e o privilégio de ser aluno e imagino a vergonha que teriam se conhecessem esta situação; pena é que na devida altura eu não me tenha apercebido de quão grandes eles eram e acima de tudo que não lhes tenha dito. Em face do que vejo hoje bem o mereciam.
  5.  # 7

    boas
    pessoalmente gosto de falar do que conheço.
    1º o meu irmão pedreiro de profissão, ingressou no programa novas oportunidades para concluir o 9 ano, objectivos pessoais - ser pedreiro e condutor de maquinaria pesada.
    está quase a cumprir com os objectivos do programa e sente e obterá o diploma para a sua concretização profissional, programa eficaz.
    2º esposa de um bom amigo, operária fabril, ingressou no programa novas oportunidades ainda desempregada no curso de ajudante de infantário, concluiu o curso e depois de alguma procura, três meses, arranjou emprego num infantário, portanto programa eficaz.
    dois casos de sucesso do programa. ainda que tenha sérias duvidas dos conteúdos leccionados.
    um abraço
    • LuB
    • 22 maio 2011 editado

     # 8

    1º o meu irmão pedreiro de profissão, ingressou no programa novas oportunidades para concluir o 9 ano, objectivos pessoais - ser pedreiro e condutor de maquinaria pesada.
    está quase a cumprir com os objectivos do programa e sente e obterá o diploma para a sua concretização profissional, programa eficaz.


    O programa resolveu o problema do seu irmão? Acredito!
    Mas, podiam ter-lhe resolvido o problema de outra forma, sem fazer batota... (É que não me parece que lhe tenham transmitido, num curto espaço de tempo, e ainda por cima com ele a trabalhar, os conhecimentos de Matemática, Física, Línguas, C. Naturais... que todo o aluno do 9.º ano deve ter).
    Nesse caso deveriam ter dado ao seu irmão um diploma de formação profissional, de pedreiro, área onde ele certamente é competente, mas não um diploma de 9.º ano!

    Entretanto, se o seu irmão e outros alunos das novas oportunidades, desejarem fazer valer o seu diploma para outros efeitos legais, que não o de adquirir a habilitação de pedreiro, vão poder faze-lo à vontade...
    Entram por exemplo, numa turma do 10.º ano. Vão certamente provocar na turma onde se inscrevem uma coisa que os professores que estão em campo muito temem: - A presença nas suas turmas de alunos, completamente desfasados, que não conseguem acompanhar os programas por falta de bases. Eles vão conseguir não só atrasar outros alunos, como deixar o prof esgotado, pela impossibilidade que sente em os preparar devidamente e os fazer progredir. Pode haver uma tendência generalizada para ir baixando o nível...
    Mas é isso que o "patrão estado" pretende, ao cozinhar estas caldeiradas, quando coloca o peixe todo no mesmo tacho: " o tacho das equivalências" ... ou não não será?

    Estatística oblige... E o parvo do professor que se vire, se lixe, ou mude de profissão...
    Que tal avaliar depois um professor de mat, pelo sucesso destes alunos na sua turma do 10.º ano, se eles não sabem nadinha daquilo?
    Ja os vi no 10.º ano, (aprovadinhos no 9.º por este tipo de estratégias) que depois não não somavam fracções... e para quem calcular 3 metros cúbicos, era somar 3m + 3m + 3m
    LOLOLOLO
  6.  # 9

    Vou relatar a minha passagem pelas Novas Oportunidades.
    Pertenço a uma geração que viveu a longa noite da ditadura, vulgo fascismo.
    Nesse tempo havia duas espécies de ensino; para os ricos um, para os pobres outro.
    Eu fazia parte dos últimos...
    Em face disso, fiquei apenas com o Diploma da 4ª Classe do Ensino Primário.
    Para poder sobreviver comecei a trabalhar com 14 anos e, já lá vão 44 anos que o faço.
    Fui, como muitos o fizeram - após ficar desempregado - inscrever-me nas Novas Oportunidades.
    Fiz com muito orgulho o exame do 6º ano e no ano seguinte concluí o 9º ano.
    Se há muito facilitismo, há! Mas, acreditem, valeu a pena ter frequentado estas aulas, aprendi muito, recordei muito que tinha aprendido - e esquecido - na 4ª classe, conheci magníficos professores que me apoiaram e incentivaram a continuar os estudos, convivi com pessoas menos jovens que, por vários motivos não poderam continuar os estudos, partilhei os meus conhecimentos adquiridos ao longo de uma vida de trabalho com pessoas que percorreram um caminho de vida idêntico ao meu, por tudo isto valeu a pena ter voltado à escola passados 40 e tantos anos...
    E, meus amigos leitores, graças ao Nova Oportunidades aprendi a estar em contacto com esta maravilha das TIC!
    Profissionalmente de nada me valeu ter o Certificado do 9ª Ano, mas interiormente, estou realizado por poder ter voltado à escola e, poder provar que, os pobres também podem realizar os sonhos em que acreditam.
    A. Madeira
    Estas pessoas agradeceram este comentário: FD, j cardoso, becas, Luis K. W., nbastos, moraisdd, sonhos, ncarvalho74, Picareta, Tavares Miguel, antonio almeida
    • LuB
    • 22 maio 2011 editado

     # 10

    Sem ironia:

    Ainda bem que é sem ironia

    Mas mais que isso preocupa-me outra coisa que, curiosamente, não vejo ninguém aflorar sequer: isto só é possível porque há professores que prazenteiramente se prestam a estes fantochadas colaborando nas "acções de formação" e "avaliações", caucionando desta forma - e a troco de uns euros - este faz de conta.

    Está à vista de todos que o poder, esteja na mão de quem estiver, não tem escrúpulos em deitar mão destes expedientes para apresentar serviço; mas os professores ou formadores ou lá o que são não têm um pingo de brio profissional? Não têm vergonha de fazer parte de um esquema destes? É esta gente que está encarregada de ensinar os nossos filhos? E os sindicatos dos professores não dizem nada?


    Com ironia...

    Os professores podem então:
    - fugir do sistema: logo que lhes apareçam alunos das "novas oportunidades", que pretendem fazer três anos em 1,
    mantendo-se a trabalhar ao mesmo tempo...
    e que já não vão à escola desde o tempo dos afonsinhos, recusam o
    trabalho e o programa, mandam o ME à fava, e depois compram um bilhete de avião e fogem para a Conchichina.

    - se forem professores novitos, daqueles que mal ganham para comer (não deram a golpada das habilitações, nem
    tiveram oprtunidade de subir na carreira...) não poderão comprar o tal bilhete para a Conchichina. Mas podem
    comprar raticida, ora!!

    Gente sem estratégia, estes professores!
  7.  # 11

    Os diplomas, certificados e afins, deveriam traduzir-se em capacidade produtiva o que não é o caso.
    É uma boa maneira de se protegerem interesses corporativos e de classe.
    É maquilhagem para nos babarmos em nós próprios e tentarmos enganar a UE e OCDE.


    O golpe de misericórdia foi dado com o fim das verdadeiras Escolas Industriais...
    Vieram as escolas profissionais, mas nem dão o conhecimento que as antigas davam como tambem foram uma boa chulisse de fundos europeus...
    Continuan-se a formar pessoas que nunca terão trabalho nas suas areas de educação, apenas pq o mercado já não absorve (no entanto medicina)...


    Que tugaria... que parvos que somos...
  8.  # 12

    Não quero nem posso generalizar ou meter todos no mesmo saco mas há coisas que são evidentes:
    - Se, com dizem e muitos de nós conhecemos, há casos em que os trabalhos são feitos por outrem que não o formando, não consigo conceber que todos os casos passem sem que o formador disso se aperceba. Foi professora, sabe melhor que eu do que estou a falar.
    - O(s) sindicato dos professores devia ser a primeira entidade a denunciar e a lutar contra esta situação, assim o exigia a dignificação da classe e do ensino.
    - Os professores / formadores terão decerto imaginação suficiente para renunciar a um embuste - se acaso lhes for exigido - e arranjar outras alternativas para a vida; ou podem pura e simplesmente esquecer tudo isso e tratar da ... vidinha.
    • LuB
    • 22 maio 2011 editado

     # 13

    O golpe de misericórdia foi dado com o fim das verdadeiras Escolas Industriais...

    Sim, até o Salazar viu o que estes agora se recusam a ver...
    Que para se adquirirem "conhecimentos sólidos" tem de haver um "ensino sólido", seguido de uma boa avaliação...
    Eu abominava Salazar...
    Mas as escolas industriais e comerciais do tempo da outra senhora bem podiam ser ressuscitadas e melhoradas. Porque não havia o tal sistema cinco em 1, naquele tempo!
    Ou se estava preparado ou azarucho... não havia diploma!
    • LuB
    • 22 maio 2011 editado

     # 14

    há casos em que os trabalhos são feitos por outrem que não o formando

    Podem muito bem ser feitos pelo formando... que isso não vai ao fundo da questão!
    Os formandos não são desonestos (ou são-no muito raramente).
    O sistema é que é vigarista!

    Imagine que a pessoa que pretende o diploma do 9.º ou o 12 º ano sabe montar andaimes e rebocar paredes. Coloca azulejos que é um primor... Entretanto não sabe nada de Matemática, nem de inglês... saber física não é necessário e a Biologia coisa de garotos.
    Faz um belo trabalho em que diz o que faz no seu dia-a dia, na obra... O trabalho está bem feito, e é classificado com 15 valores... Depois tem umas aulas de informática, e aprende a utilizar alguns programas básicos muito úteis no dia- a dia... Tudo ok, no fim do ano cumpriu...

    Será que isso lhe dá direito a usufruir de um diploma de equivalência a uma coisa que implica (ou devia implicar) um grau de conhecimentos muito mais vasto?
    Afinal para que lhe chamam diploma de 9.º /12.º ano e não outra coisa qualquer?
    Só pode ser para contentar quem o recebe (o sonho...) e ganhar alguns direitos, (que em certos casos podem colidir com os de outrem...). E, sempre, sempre, melhorar as estatisticas...
  9.  # 15

    Colocado por: LuB Imagine que a pessoa que pretende o diploma do 9.º ou o 12 º ano sabe montar andaimes e rebocar paredes. Coloca azulejos que é um primor... Entretanto não sabe nada de Matemática, nem de inglês... saber física não é necessário e a Biologia coisa de garotos.
    Faz um belo trabalho em que diz o que faz no seu dia-a dia, na obra... O trabalho está bem feito, e é classificado com 15 valores... Depois tem umas aulas de informática, e aprende a utilizar alguns programas básicos muito úteis no dia- a dia... Tudo ok, no fim do ano cumpriu...
    Será que isso lhe dá direito a usufruir de um diploma de equivalência a uma coisa que implica (ou devia implicar) um grau de conhecimentos muito mais vasto?
    Pois... vou ter de pensar melhor nisso .
    Se se souber que se trata inequivocamente de uma *equivalência*, eu nem vejo grande mal nisso.

    É mais útil para a sociedade uma pessoa que monta andaimes, reboca e assenta azulejos que é um primor, ou uma pessoa com conhecimentos básicos de física, biologia e de resolução de equações do 2.º grau ... os quais, profissionalmente, não lhe servem para nada ?

    A propósito: tirando as pessoas que seguiram profissões na área, quem é que por aí da minha geração se lembra de alguma coisa do que estudou há mais 30 anos em zoologia ou botânica?

    Bem mais grave é a equivalência universitária a bacharel aos profs da primária , de que você falou em cima- que permitiu a esses professores, com mais um aninho numa universidade manhosa, ter o título de licenciado e reclamar um vencimento mensal acima da maioria dos outros (verdadeiros) licenciados da função pública!
  10.  # 16

    Esta coisa das "novas oportunidades" até que não me incomoda. O que me incomoda mesmo é esta coisa das "grandes oportunidades"
    Tenho um familiar que aos 60 e muitos anos e já em pleno gozo da sua merecida reforma foi incentivado a inscrever-se nesse programa das "Novas oportunidades"
    Foi uma pessoa que bastante novo foi obrigado a emigrar da sua aldeia perdida no meio da serra em busca de uma vida melhor. Venceu a pulso com muito suor e certamente com algumas lágrimas. A escola foi coisa que teve que ficar pela quarta classes com tudo o gosto por aprender nunca o abandonou. As novas oportunidades foram isso mesmo. Uma nova oportunidade. Hoje tem um diploma de equivalência ao nono ano, mas o seu maior orgulho é mesmo poder dizer que esta coisa da informática já não lhe mete medo. Descobriu a internet e os emails. Hoje fala com os filhos em tempo real e descobriu amigos que já não via hà uma série de anos. Para ele este programa foi mesmo uma "Nova oportunidade"
    Por outro lado tenho um antigo colega de escola que a abandonou lá pelo 7º ou 8º ano. Conseguiu na altura um emprego na função publica. Sempre que o encontrava e trocávamos aquela conversa de circunstância lá me queixava eu das dificuldades que era andar trabalhar de dia estudar á noite e não ter tempo algum para a família.
    Ainda me lembro uma das ultimas vezes já eu tinha ingressado numa licenciatura e me queixava de que não sabia se a conseguiria concluir que ele me dizia:
    - Nã isso não é para mim. Prefiro o meu empregozinho das 9 às 5.30 e ir para casa descansadinho. Tenho tempo para tudo não me chateio e ainda sou promovido de vez enquando.
    Encontrei-o recentemente e afinal segundo ele em 2 anos conseguiu o diploma do 12º ano. Parece que as aulas eram fazer uns trabalhos sobre a sua experiência de vida e profissional e aprender como ele dizia a trabalhar com o computador. Esse diploma já lhe tinha proporcionado a hipótese de ser chefe de secção e agora já se tinha inscrito num curso superior não sei de quê porque assim daqui a 3 anos era chefe de divisão.
    • LuB
    • 23 maio 2011 editado

     # 17

    Ainda me lembro uma das ultimas vezes já eu tinha ingressado numa licenciatura e me queixava de que não sabia se a conseguiria concluir que ele me dizia:
    - Nã isso não é para mim. Prefiro o meu empregozinho das 9 às 5.30 e ir para casa descansadinho. Tenho tempo para tudo não me chateio e ainda sou promovido de vez enquando.
    Encontrei-o recentemente e afinal segundo ele em 2 anos conseguiu o diploma do 12º ano. Parece que as aulas eram fazer uns trabalhos sobre a sua experiência de vida e profissional e aprender como ele dizia a trabalhar com o computador. Esse diploma já lhe tinha proporcionado a hipótese de ser chefe de secção e agora já se tinha inscrito num curso superior não sei de quê porque assim daqui a 3 anos era chefe de divisão.


    Pois... pelos vistos a situação dele melhorou muito!
    Ele deve estar maravilhado com o prenda que recebeu...
    Mas nem sempre um bem particular coincide com o interesse da comunidade!

    Ninguém me convence que estas promoções e avanços na carreira baseadas em "cursinhos fáceis", que certamente servem para resolver casos pessoais, sejam eticamente e económicamente correctas. As pessoas preparadas à pressa dificilmente farão um bom trabalho... E no fim serão sempre pagas pela mesma bitola que outros cidadãos a quem foi exigido mais currículo e melhor preparação, para atingir os mesmo lugar... quiçá até ultrapassarão outros melhor qualificados!

    (Já aqui falei do caso dos professores, e no fundo isto é mais do mesmo....)

    Tenho um familiar que aos 60 e muitos anos e já em pleno gozo da sua merecida reforma foi incentivado a inscrever-se nesse programa das "Novas oportunidades"
    Foi uma pessoa que bastante novo foi obrigado a emigrar da sua aldeia perdida no meio da serra em busca de uma vida melhor. Venceu a pulso com muito suor e certamente com algumas lágrimas. A escola foi coisa que teve que ficar pela quarta classes com tudo o gosto por aprender nunca o abandonou. As novas oportunidades foram isso mesmo. Uma nova oportunidade. Hoje tem um diploma de equivalência ao nono ano, mas o seu maior orgulho é mesmo poder dizer que esta coisa da informática já não lhe mete medo. Descobriu a internet e os emails. Hoje fala com os filhos em tempo real e descobriu amigos que já não via hà uma série de anos.


    O caso do seu familiar é diferente... A vida dele melhorou, a da família também e ao fim ao cabo toda a sociedade ganha com isso. Como ele não vai tentar seguir estudos, nem candidatar-se a qq lugar público, nada a apontar, só vantagens.

    Mas, nesse caso, diga-me?
    Ele precisava de uma "equivalência ao 9.º ano"? Decerto que não...
    O que ele precisava era de conhecimentos, de uma oportunidade de voltar à escola e aprender coisas práticas para a vida.
    Se o programa novas oportunidades qualificasse e certificasse correctamente o que lá é ensinado e avaliado, nada a opor. O problema é que ele certifica muito acima do que qualifica. Dá uma garantia que não é real...
    • LuB
    • 23 maio 2011 editado

     # 18

    É mais útil para a sociedade uma pessoa que monta andaimes, reboca e assenta azulejos que é um primor, ou uma pessoa com conhecimentos básicos de física, biologia e de resolução de equações do 2.º grau ... os quais, profissionalmente, não lhe servem para nada ?


    Percebo onde quer chegar, e até lhe dou toda a razão se essa pessoa ficar por aí... e usar esse diploma "apenas" para somar vantagens na sua profisssão, onde aliás se sente como peixe na água.
    Mas nesse caso para quê uma equivalência a outra coisa?

    Nesse caso ele frequentava um curso chamado de XXXXX, que dava um diploma particular, que o identificava. Não era melhor nem pior, era outro! Seria distinto do chamado 9.º ano, (ou 12.º ano) níveis de escolaridade que pressupõem um currículo "normal" dos alunos das escolas secundárias.
    O seu a seu dono!
    O problema destas "misturadas" é que muitos destes alunos pretendem continuar a estudar, não ficam agarrados à sua profissão, (o que será de louvar...) convenhamos que não se vão "encaixar" no sistema... Se ele desejar continuar, que bloqueios/confusões esta decisão provocará no futuro?


    A
    propósito: tirando as pessoas que seguiram profissões na área, quem é que por aí da minha geração se lembra de alguma coisa do que estudou há mais 30 anos em zoologia ou botânica?

    Ahhhh,
    Ó Luis como é que é isso????
    (Confesso que me surpreendeu a sua resposta!)

    Agora imaginem o Sr Engenheiro, sem conhecimentos nessas áreas.
    Para já nunca o Luis teria tirado o seu curso, que exige uma preparação abrangente. A ciência não é estanque... Sem biologia não há química... e vice versa.. etc, etc...
    Corrosão, alterações nas estruturas provocada por organismos vivos, por exemplo, como se safava?

    Depois, sabe muito bem que embora não se lembre exactamente de muita coisa que estudou nas escolas por onde passou, e nas muitas que gastou a fazer consultas, isso não quer dizer que não precise desses conhecimentos que entretanto estão "arquivados" mas não omissos... Eles são mesmo o substrato fundamental que hoje apoia todo o seu raciocínio.
  11.  # 19

    Colocado por: LuB.
    Para já nunca o Luis teria tirado o seu curso, que exige uma preparação abrangente. A ciência não é estanque... Sem biologia não há química... e vice versa.. etc etc.
    Pois.
    Talvez tenha razão.

    De qualquer maneira eu, creio que tal como a LuB, estávamos a falar de pessoas (montador de andaime/ pedreiro /e etc.) que - depois deste diploma das Novas Oportunidades - não tentariam esmagar o princípio de Peter, isto é, não tentariam dar um passo maior que a perna, e tentassem avançar para licenciaturas complicadas (como as das áreas das ciências técnicas) sem terem as mínimas qualificações para o fazer.

    De qualquer maneira, creio que quase tudo o que se aprende até ao 12º ano é relativamente acessível a muitos adultos com dois dedos de testa e a devida motivação...
    • LuB
    • 23 maio 2011 editado

     # 20

    De qualquer maneira, creio que quase tudo o que se aprende até ao 12º ano é relativamente acessível a muitos adultos com dois dedos de testa e a devida motivação...

    Acessível é...
    Mas sabe que o ser acessível é uma coisa, o ser feito é outra... Se o indivíduo se submeter a uma prova e mostrar que domina os assuntos que são exigidos (pelo currículo vigente, e sobretudo bom senso...) a um aluno de determinado nível (9.º/ 12.º de escolaride) nada a opor...
    Mas o problema é outro.
    É a confusão criada pela tentação de fazer as coisas (neste caso trata-se de conceder diplomas...) precipitadamente, e sem qq rigor, sem medir as consequências, pese o quanto tais procedimentos nos vão custando, a vários níveis, nomeadamente ao erário público!

    - Diplomas "de acordo com o que se adquiriu..." (na escola ou fora dela...) porque confusões nesta área têm consequencias nefastas!

    - Boa avaliação, sempre! (de alunos e funcionários! E não fantochadas malparidas, para inglês ver...)

    - Promoções? - só por mérito.


    O resto é tanga que ainda nos vai afundar!!!
 
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