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  1.  # 1

    Repare-se que, para mim, todo este tipo de disputas entre as competências dos vários técnicos, me parece sempre um território pouco fértil: é, antes de mais, espelho de um problema de desenvolvimento. Ainda não fizeram cinco anos que foi revogado o 73/73 e ainda há muita gente chateada com isso, muitas disputas, etc, em torno de algo que deveria ser consensual. Por exemplo, peritos no desempenho energético dos edifícios (não estou a falar da porcaria do RCTE) e pessoas que saibam muito acerca do ciclo de vida dos materiais vão ser cada vez mais necessários à medida que vão subindo os custos e forem escasseando os combustíveis e houver mais consciência ecológica com a consequente subida de "standards" de exigência.
  2.  # 2

    Boas,

    Não creio que estejamos esclarecidos de todo... convém estar a par da legislação, por isso mesmo acho que seria útil conferir a Portaria 1379/2009 de 30 de Outubro que diz basicamente o seguinte:

    Projectos de arquitectura
    Artigo 5.º A elaboração e subscrição de projectos de arquitectura incumbe aos arquitectos.
    Projectos de paisagismo
    Artigo 6.º A elaboração e subscrição de projectos de paisagismo incumbe aos arquitectos paisagistas.

    2 notas apenas:

    Nota 1 - Já sei que vamos entrar na discussão semântica se os arranjos exteriores de uma habitação correspondem a um projecto de paisagismo, mas pronto... cada um terá uma opinião diferente nem que seja para continuara a defender o que dizia...
    Nota 2 - Não é por os projectos serem deferidos ou indeferidos numa câmara que passam automaticamente a fazer lei, porém pelos vistos Error communis facit ius

    Cumpr.
    P.S. apesar do que atrás escrevi sou arquitecto mas defendo cada macaco no seu galho...
    Concordam com este comentário: Luis K. W., jraulcaires, raulschone
  3.  # 3

    Andam a discutir batatas eu queria discutir cebolas.

    Do ponto de vista de cliente pouco me interessa se a Ordem ou a Lei diz que A ou B está habilitado a cumprir a tarefa. Isso são apenas burocracias... Eu apenas queria uma opinião "honesta" sobre a real competência de um arquitecto para projectar um exterior de uma moradia com algum terreno.

    A ideia que tenho dos projectos que vejo, alguns com uma área de jardim já considerável, é que o projecto é feito apenas pelo arquitecto. Gostava de saber se estas situações são desejáveis para o cliente.

    Penso que a resposta do Sr. jraulcaires é a mais coerente, depende da complexidade e/ou tamanho do que se queira projectar.
  4.  # 4

    Colocado por: danobrega Eu apenas queria uma opinião "honesta" sobre a real competência de um arquitecto para projectar um exterior de uma moradia com algum terreno.

    Que eu saiba, os arquitectos não têm qualquer formação sobre tipos de árvores e arbustos, rega, tipos de terra, áreas necessárias para caldeiras de árvores e arbustos, cautelas a ter com raízes de determinadas plantas, etc.
    Portanto, à partida, são tão incompetentes nesta área como qualquer cirurgião cardiovascular.

    Sobre esta matéria, a minha companheira - que é Arquitecta - partilha da opinião de adarq: geralmente os clientes não querem é pagar os serviços de um "Arquitecto Paisagista".

    Também concordo com o jraulcaires. Depende da dimensão/complexidade do projecto.
    Como já disse em cima, se quer fazer um jardim, há empresas de jardinagem (conheci duas que pertenciam a eng.º agrónomos) que estão suficientemente habilitadas.
    Se for uma área razoável, talvez devesse mesmo contactar um Arquitecto Paisagista.
    Mas se o que pretende é calcetar todo o terreno em volta da moradia não precisa de Arquitecto Paisagista nem «jardineiro». Basta-lhe um calceteiro. :-)
    Concordam com este comentário: danobrega
  5.  # 5

    Acho um piadão a certas considerações que aqui se fazem.

    1 - Adarq: a Ordem dos Arquitectos ainda não legisla. Uma chatice, eu sei, mas as leis ainda são feitas noutros locais.
    2 - Por outro lado é melhor não darem muito valor ao que a Ordem diz – como aliás fazem quando não cumprem as recomendações da Ordem relativamente às incompatibilidades (fiscalizar obras de que são autores, por exemlo). Ou será que o que a Ordem diz só vale quando é conveniente?

    Não vou discutir se um arquitecto sabe ou não calcular uma escada metálica (na minha opinião a esmagadora maioria não sabe), mas vou dizer o seguinte:
    A generalidade dos arquitectos tem em relação a isto uma posição hipócrita: relativamente à arquitectura passam a vida a exigir “cada macaco no seu galho”, mas em relação a outras áreas para as quais não têm formação reclamam o direito de subir ao “galho” dos outros. No fundo apenas defendem a sua quota de mercado, não tem nada a ver com habilitações e quejandos. É por estas e por outras que olho com um sorriso nos lábios o que acontece neste mercado: debaixo da cada pedra há um arquitecto disposto trabalhar por preços que nem ao diabo lembraria e o preço dos projectos de arquitectura estão pelas ruas da amargura.
    Concordam com este comentário: DOGMA
    Estas pessoas agradeceram este comentário: DOGMA
  6.  # 6

    Gostava de saber quem pode então elaborar planeamentos urbanos.

    Já sei um urbanista que é um ..........!

    Cada macaco no seu galho, é óbvio.
    Mas a questão aqui é se um arquitecto estaria habilitado ou não para elaborar projectos de arranjos exteriores. Continuo a dizer, está. Afinal de contas é um projecto ao qual o arquitecto poderá inconscientemente elaborar em conjunto com outras premissas que surjam no projecto. As relações exteriores, luz/sombra, etc. Tudo isso pode ser jogado com os arranjos exteriores.
    E mais, quando hoje em dia cada vez mais se trata de sustentabilidade, cada vez mais o arquitecto aborda esse tipo de relação e abordagem com a natureza.

    Cumprimentos,
    adarq
    [email protected]
  7.  # 7

    danobrega

    posso contar um caso pessoal, ou seja participei um projecto para uma moradia e até tinha uma considerável área de arranjos exteriores e com alguns desniveis em face do terreno em si e de tambem ter necessitado de o moldar por motivo do acesso á cave. Acontece que desenhei as áreas ajardinadas os tais desniveis e forma dos percursos, etc e os clientes fizeram questão perante o coordenador do projecto, que uma arquitecta paisagista fizesse o projecto de arranjos exteriores. Assim "atrasou-se" o processo em cerca de dois meses e o que a srª arq. fez foi escrever sobre o "meu" projecto o nome das "couves". Resumindo, cada caso é um caso e quando o projecto dominante numa intervenção for o paisagismo, nem me arrisco a não ter um arquitecto paisagista a coordenar, mas nos arranjos exteriores de uma moradia, sinto-me com "autoridade" mais que suficiente para o fazer tanto mais que o meu projecto só é completo se tiver essa interacção forte com o exterior. Como é evidente quanto mais saberes estiverem presentes melhor agora uma coisa é trabalhar em equipa outra é, em prol de um titulo, demitir-me da minha sensibilidade perante uma intervenção.
    Concordam com este comentário: DOGMA
    Estas pessoas agradeceram este comentário: danobrega
  8.  # 8

    Marco1: existem pessoas competentes e pessoas incompetentes com todas as formações. Não me parece justo é partir daí para generalizações.
  9.  # 9

    Colocado por: adarqGostava de saber quem pode então elaborar planeamentos urbanos.

    Já sei um urbanista que é um ..........!


    O planeamento é feito por equipas pluridisplinares que, consoante os casos, podem incluir até sociólogos, geógrafas, historiadores... - Se calhar o que é triste é o planeamento cá se cingir a uma determinada escala e daí para baixo o instrumento por excelência do ordenamento do território ser o "loteamento". Que dá pano para mangas e azo às maiores "candonguices". Um exemplo simples: aqui, perto de onde moro, há um recinto que era um lamaçal. Tomaram a decisão de fazer lá um parque de estacionamento, quando é fácil de "ler" que no que foi planeado originalmente, aquilo será um espaço público, um jardim. acontece, porém que quando isto foi construído ainda não era obrigatório alocar lugares de estacionamento em cave ou não por fogo. Então, já não há onde meter os carros. Resolveram, então asfaltar aquilo. Mesmo eu que não sou paisagista, acho que para minorar o impacto deveriam ter colocado um pavimento daqueles que são compatíveis com relva e plantado árvores entre os lugares de estacionamento. E isso, sou eu. Um paisagista, porventura, poderia ter uma ideia melhor ou saber que árvores a colocar e como, etc... - se as obras que são da responsabilidade municipal são feitas assim, não me espanta que, em geral, o nível de exigência seja tão baixo.
    Concordam com este comentário: nddarquitecto
  10.  # 10

    Vou só dizer mais uma coisa, e sei que me vai tudo cair em cima: somos um país de clima ameno, temperado, tipo mediterrânico, com uma paisagem natural privilegiada, com uma grande diversidade de micro climas, espécies vegetais, etc. Temos parques naturais magníficos. E, sistematicamente, estragamos a paisagem, andamos há quarenta anos a betonar tudo de forma selvática, de modo as sistemático e a destruir o nosso legado e o nosso património. A incultura junta com a ganância do lucro fácil - e o nosso aparelho legislativo permite isso, pode tornar o nosso país inabitável ou quase. Já não falo dos assuntos que são domínio de especialistas, como por exemplo a substituição das espécies autóctones por eucaliptos. Falo de um problema civilizacional. Atenas, capital da Grécia, que foi um dos berços da nossa cultura ocidental, para quem percorre, mais parece uma gigantesca Almirante Reis e arredores do que qualquer outra coisa. Quando é que os portugueses vão deixar as lutas intestinas, de família, de corporação, para cada um aceitar o seu papel propor coisas e a mudança e trabalhar de acordo com isso... - tanta coisa para fazer. Para engenheiros, arquitectos, paisagistas... - evidentemente, há pessoas incompetentes, mas para essas temos os call centers, aliás abundam... (sem menossprezo nenhum para todas as pessoas que saem das escolas e não arranjam lugar senão num call center).

    Enquanto não nos entendermos nem soubermos o queremos, não vamos a lado nenhum.
    Concordam com este comentário: raulschone
  11.  # 11

    Colocado por: jraulcairesEnquanto não nos entendermos nem soubermos o queremos, não vamos a lado nenhum.

    Isto já tem a ver com política.
  12.  # 12

    Tudo tem a ver, também, com política.. É um bocado esse o problema.
    Concordam com este comentário: Jorge Rocha
  13.  # 13

    aliás, caro Jorge Rocha, acerca da "política" existem várias opiniões. desde os que continuam a dizer que a sua política é o trabalho, até aos que os usam para fazer a política deles. Eu, consigo chegar a consensos e conversar com pessoas de todos os quadrantes políticos, desde que tenham valores e discernimento. Que são coisas, que infelizmente, não abundam.

    Cumprimentos
  14.  # 14

    mas parece que nos estamos a afastar do assunto deste fórum: parece que aqui o assunto é casas e parece que toda a gente anda esganada para fazer casas de uma maneira ou outra...
  15.  # 15

    raul

    é tão rapido a tocar no gatilho...eheheh

    vai-me dizer onde é que eu generalizei, francamente, limitei-me a contar um caso mais nada, e repare bem no que eu disse, cada caso é um caso.

    passe bem
  16.  # 16

    Colocado por: marco1participei um projecto para uma moradia e até tinha uma considerável área de arranjos exteriores e com alguns desniveis

    Concordo que numa área exterior pequena deverá prevalecer a relação com a Arquitectura da casa (interior e exterior), pelo que a intervenção do arquitecto-paisagista deverá ser menor quando comparada com a do Arquitecto.

    Mas, como já aqui se disse, se pensarmos em áreas do tipo das do jardim da Gulbenkian (António Salvação Barreto e Gonçalo Ribeiro Telles - a estes conheço, ambos, pessoalmente), do Jardim Zoológico, do Palácio de Belém do Palácio de Queluz, do Hospital Sta Maria, etc., a situação é diferente.

    Concordo que, para isto, é preciso uma equipa pluridisciplinar incluindo desde Eng.º Civis a Eng.º Electrotécnicos, passando por Eng.º Agrónomos/arquitectos paisagistas, talvez Sociólogos, Historiadores, Geólogos, Geógrafos, ou Gestores de Empresa (peritos em Marquetingue,...), etc.
    Estou a esquecer alguém?
    Ah, pois! ok... ok... e Arquitectos.
    :-)
    Concordam com este comentário: Carlos M Silva
  17.  # 17

    Ah, pois! ok... ok... e Arquitectos.
    :-)


    Obrigado. veja lá o o modo como crescia a cidade no Estado Novo: Alvalade, Olivais... a ver se não fazem falta. O que é pena é passados tantos anos neste país os técnicos só se se imporem à porrada e andarem à porrada. A Gulbenkian também é um belíssimo edifício, e no caso de não saber e de ser porventura engenheiro, fica a saber que foi o primeiro edifício no país a ser calculado com o auxílio de computadores: é que o que aparenta ser simples, por vezes é complexo...
  18.  # 18

    Olhem, por falar em casos pessoais: mesmo para um pátio com poucos m2, que veio com a remodelação de um rc, era no saguão de um prédio, precisei e muito da paisagista para responder a uma solicitação "sui géneris" do cliente, que não vou dizer o que é porque o segredo é a alma do negócio.

    O Luis K. W. falou da Gulbenkian, do palácio de Belém.. a verdade é que temos um clima ameno, mas mesmo nos países mais frios (se não quiserem ir ao Japão) há toda uma tradição, que tem a ver com os próprios modos de habitar, que se prende com os jardins, etc... - e fomos durante muito tempo um país rural, o que significava que cada casa tinha o seu jardim, a sua hortazinha...

    depois, as pessoas passaram a viver em "células habitacionais", sem no entanto se descurar a existência dos espaços públicos, os espaços verdes, etc. foi nos últimos 40 anos que introduzimos este "urbanismo" que decorre de prédios e lotes à beira das redes viárias, como rotundas, etc... que é mau e nefasto para o território como conjunto e para as pessoas que vivem nesses locais. Não quero fazer a apologia do estado novo: era um estado autoritário, sem plebiscito e, no modo como fazia cidade, também necessitava de assegurar o mínimo de coesão social. A forma como posteriormente se passaram a fazer as coisas, ao sabor de um poder local completamente refém dos interesses dos construtores, etc, também não me parece um bom modelo.
    Concordam com este comentário: raulschone
  19.  # 19

    Colocado por: jraulcairesObrigado. veja lá o o modo como crescia a cidade no Estado Novo: Alvalade, Olivais... a ver se não fazem falta.
    Claro que os Arquitectos fazem falta.

    O que é pena é passados tantos anos neste país os técnicos só se se imporem à porrada e andarem à porrada.
    Se calhar o problema (actual) é que as Câmaras os têm em excesso.

    A Gulbenkian também é um belíssimo edifício, e no caso de não saber e de ser porventura engenheiro, fica a saber que foi o primeiro edifício no país a ser calculado com o auxílio de computadores: é que o que aparenta ser simples, por vezes é complexo...
    Tenho o Arq Ruy Jervis d'Athoughia atravessado, mas OK.. concordo que é um magnífico edifício.

    Quanto ao cálculo da estrutura por computador (em 1960?) desconhecia... e custa-me a crer. Tem mais dados sobre isso?
    Em Portugal só em 1962 se começou a falar da utilização de computadores na Engenharia Civil. Repito: «a falar».

    Por isso, não estou a ver o GRANDE Eng.º Luís Guimarães Lobato a utilizar um labtop... :-)

    Uma dúzia de anos mais tarde ainda se usavam cartões perfurados, pelo que a introdução dos dados deveria ser mais complicada que fazer os cálculos à unha.

    Além disso, eu lembro-me perfeitamente de, por essa altura, o meu pai - que também é Engenheiro Civil - ter comprado uma caríssima máquina de calcular (tinha o tamanho de um PAR de sapatos, fazia as 4 operações e... tinha UMA-memória-UMA!) e da festa que foi lá em casa!

    A não ser que esses cálculos tenham sido feitos «lá fora».
  20.  # 20

    luis K. W.

    A minha fonte para dizer que o edifício da Gulbenkian foi calculada por computador é uma monografia que eu possuo sobre o edifício e os jardins editada pela própria fundação. É evidente que não foi utilizado um laptop. Nos anos sessenta já havia computadores gigantescos (se calhar faziam menos do que faz hoje em dia um laptop) que funcionavam justamente com cartões perfurados, como referiu - no LNEC. E o projecto da Gulbenkian teve consultores ingleses. No entanto, não posso afirmar isto peremptoriamente, é algo que li, mas como é evidente não tenho a certeza. eles referiam que foi preciso resolver sistemas de 8 equações a 8 incógnitas e por isso recorreram aos computadores. Mais não sei.

    Cumprimentos.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Luis K. W.
 
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