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  1.  # 1

    Gostos...

    Vi há pouco uma entrevista ao Zé Pedro dos Xutos, em que ele disse uma coisa com a qual eu me identifiquei de imediato, “Detesto as pessoas que fazem má música mas depois acham-se muito bons e que são os outros que não compreendem a música que estão a fazer”.
    Pois, eu sou dos que acham que têm muito jeito para esta coisa das casas, e sou, lá está, dos que acham que os outros não entendem o que lhes estou a apresentar.
    Confesso.

    Por isso, acho que eu enveredar pela área de decoração por exemplo não ia angariar nem um trabalhinho, porque não compreendem o que faço, os meus gostos, e porque depois eu seria incapaz de ceder aos gostos dos outros.
    Já me estou a imaginar, “ah, queria aqui por favor aquele castanho chocolate nesta parede, e depois almofadas laranja nos sofás bege” e o meu coração a desmaiar de desgosto. Não seria capaz. Seria anti-natura para mim fazer algo aos gostos de outrem, especialmente porque provavelmente não teriam nada em comum com os meus.

    Assim, duas perguntitas para quem quiser debruçar-se sobre o assunto:

    1 – Aqui no Fórum tenho optado por não comentar quando os gostos absolutamente não condizem com os meus – porque já falámos tantas vezes sobre os gostos, e eu já me vi envolvida em tantas discussões (até desisti dos “feios”) e optei pelo “caminho mais fácil” (com a ajuda do, jcardoso que me ensinou “the easy way out”), mas fiquem a saber quando não digo nada é muito provavelmente porque não gosto mesmo de uma coisa. Como alguém que sugeriu fazer a divisão da sala para o hall com uma cortina. Na verdade, eu tive vontade de o matar à paulada, mas abstive-me e fui-me embora do tópico para não ver mais desgraças franciscanas (...). Tenho o feito acho que com algum sucesso aqui no Fórum, não discutir gostos. Vale-me o fantástico.
    Acham que devemos abster-nos ou antes que devemos mostrar o nosso verdadeiro “eu” e "correr o risco" na defesa dos nossos gostos?
    (Até porque se não...o que andamos aqui a fazer..?)

    2 – Depois, será que é uma dificuldade com que se deparam os profissionais da área – os que afinal “assinam” o belo trabalho que é tudo menos “deles” e a sua verdadeira essência, (a não ser obviamente que já tenham renome e qualquer coisa que o cliente possa sugerir, não sugere com vergonha (e isso é que deve ser bom!)) ? Como o arquitecto aqui do Fórum que teve que colocar uns pilares horrorosos na frente da casa contra a sua vontade mas de acordo com o gosto do cliente. Isto não é até estragar o portfolio ao profissional?

    Cumprimentos.
  2.  # 2

    1 – Aqui no Fórum tenho optado por não comentar quando os gostos absolutamente não condizem com os meus...
    Acham que devemos abster-nos ou antes que devemos mostrar o nosso verdadeiro “eu” e "correr o risco" na defesa dos nossos gostos?

    Qual é o problema de mostrar a nossa opinião? Qual o "risco" que se corre na defesa dos nossos gostos? Uma discussãozita mais acalorada, no máximo?

    2 – Depois, será que é uma dificuldade com que se deparam os profissionais da área – os que afinal “assinam” o belo trabalho que é tudo menos “deles” e a sua verdadeira essência, (a não ser obviamente que já tenham renome e qualquer coisa que o cliente possa sugerir, não sugere com vergonha (e isso é que deve ser bom!)) ? Como o arquitecto aqui do Fórum que teve que colocar uns pilares horrorosos na frente da casa contra a sua vontade mas de acordo com o gosto do cliente. Isto não é até estragar o portfolio ao profissional?

    Felizmente não me debato com esse problema, mas sou de opinião que o arquitecto tem, em primeiro lugar, de satisfazer os requisitos do cliente. Admito, e espero que seja assim, que os arquitectos - ou decoradores ou outros - tentem elucidar e aconselhar o cliente. Também acho que os resultados serão melhores se quem fizer o trabalho se identificar com ele e, de certa forma, com com cliente. Acho que a questão passa mais pela escolha do arquitecto - ou decorador, ou outros -, escolher aquele que mais se identifica com o cliente ou que melhor compreende o seu objectivo.
    Concordam com este comentário: MESC
  3.  # 3

    Eu consigo ter muitos gostos...por isso agradam-me estilos muito distintos. Outra coisa é o estilo que gosto de ter em minha casa...
    Acho útil e interessante discutir gostos...porque não?
    Concordam com este comentário: AnaT, CMartin, SG_arquitecto
  4.  # 4

    Gostos não se discutem, desde que sejam legais, é o meu lema.

    Paredes cor de chocolate e reposteiros de meia-tonelada, fazem-me comichão, mas gostos são gostos, não participo nessas discussões. Se a questão é de funcionalidade objectiva, então sim, dou sempre a minha colherada e defendo a minha dama.

    Outra coisa que respeito são os gostos alimentares das pessoas. Ser vegetariano, frugívoro, devorador de carne crua etc, são coisas que não me dizem respeito, tal como não me diz respeito as preferências sexuais de cada um, DESDE QUE SEJAM LEGAIS, obviamente!
    •  
      FD
    • 4 outubro 2011

     # 5

    Colocado por: CMartinah, queria aqui por favor aquele castanho chocolate nesta parede, e depois almofadas laranja nos sofás bege” e o meu coração a desmaiar de desgosto

    Olha, a minha sala.
  5.  # 6

    Colocado por: FD
    Olha, a minha sala.


    Está desgraçado, FD! LOL
  6.  # 7

    Colocado por: j cardoso Qual é o problema de mostrar a nossa opinião? Qual o "risco" que se corre na defesa dos nossos gostos? Uma discussãozita mais acalorada, no máximo?.


    Sim, no máximo, é verdade, é isso que acontece. Dito assim é tão simples ver que não vem nenhum mal ao mundo.

    Felizmente não me debato com esse problema, mas sou de opinião que o arquitecto tem, em primeiro lugar, de satisfazer os requisitos do cliente.

    Faz-me um pouco lembrar aquela questão de escrever um livro. Escrevemo-lo para nós próprios ou para o vendermos ? O que nos move, o nosso sonho, as qualidades que sabemos (achamos) que temos ou o mercado comercial? O que acontece ao nosso estilo se fazemos ao estilo dos outros? ..Na perspectiva de que se fazemos o que querem perdemos as nossas maiores qualidades, a nossa mais valia, deixamos de ter a nossa marca .
  7.  # 8

    Colocado por: FD
    Olha, a minha sala.


    Não tem mal nenhum. FD, será certamente a sala de mais pessoas. É uma combinação segura e sem riscos.
    Mas imagine que contrata um profissional..arriscaria algo mais, o seu sonho de sala, a sala que imagina que existe, uma verdadeira "loucura" mas que nunca viu e pediria isso..ou pediria a parede castanha, os sofás bege e as almofadas laranja?
    •  
      FD
    • 4 outubro 2011

     # 9

    Se contratasse alguém para me decorar a casa, dava-lhe um programa (não gosto desta cor, não gosto deste material, quero poder fazer isto, quero muito espaço de circulação, etc.) e deixava-o/a à vontade.
    Porque se for para me impor, fica mais barato e simples fazer eu próprio a decoração.
    Concordam com este comentário: Fernando Pladur
  8.  # 10

    Sim. Numa outra perspectiva, ... como sabe se esse alguem lhe entregaria algo com o qual se sentisse confortável? Teria antes pesquisado bem para encontrar um profissional ao "seu estilo"?
    •  
      FD
    • 4 outubro 2011

     # 11

    Colocado por: CMartincomo sabe se esse alguem lhe entregaria algo com o qual se sentisse confortável?

    Através da revisão do portefólio?
    •  
      FD
    • 4 outubro 2011

     # 12

    Colocado por: DOGMAporque em 90m2

    Isso foi em tempos, agora é um pouco menos.
  9.  # 13

    Colocado por: ParamonteGostos não se discutem, desde que sejam legais, é o meu lema.

    Paredes cor de chocolate e reposteiros de meia-tonelada, fazem-me comichão, mas gostos são gostos, não participo nessas discussões. Se a questão é de funcionalidade objectiva, então sim, dou sempre a minha colherada e defendo a minha dama.

    Outra coisa que respeito são os gostos alimentares das pessoas. Ser vegetariano, frugívoro, devorador de carne crua etc, são coisas que não me dizem respeito, tal como não me diz respeito as preferências sexuais de cada um, DESDE QUE SEJAM LEGAIS, obviamente!


    Paramonte..um pouco como o ditado "não se discute política, religião.." e outra coisa qualquer que não me lembro.

    Não se discutem gostos porque é incorrecto fazê-lo, mas sem duvida que há, na minha perspectiva (e não só, imagino que na de todos) bom e mau gosto.

    Há no entanto, e isto não tem nada de espantoso, pessoas que não têm ideia que não têm jeito nenhum para criação de ambientes.
    Não vejo porque não o sabem. Na mesma linha que eu sei que não tenho mão para fazer bolos, e admito-o, o gosto já é algo que mexe demasiado e ninguem quer admitir que não faz ideia o que é ter gosto.
    Porque será? Porque não se pensa "eu não tenho o mínimo de conhecimento ou de gosto para criar um espaço" com a mesma facilidade com que eu penso e digo "eu não percebo patavina de como se faz um bom bolo e então mais vale não me meter nisso" ?
  10.  # 14

    Eu gosto particularmente da sua comparação com a história dos bolos. Eu gosto mesmo muito de fazer doces e tenho algum jeito e gosto mesmo de fazer são aqueles doces que dão luta (técnica, ingredientes específicos, aspecto final, etc.). Lá em casa, o meu marido não gosta de doces e não é grande apreciador de comida. Se eu estiver horas na cozinha e lhe apresentar o produto final, não há muita reacção. Eu continuo a fazer doces, continuo a prová-los e depois, ofereço-os às minhas cobaias que os apreciam (os meus amigos, alguns colegas de trabalho).
    Resumindo, faço o que gosto, digo o que penso e procuro não ofender ninguém. Muitas vezes oiço o que bem dispensava, é verdade. Mas consigo pedir desculpa e dormir bem.
    Defenda a sua dama, diga e, sobretudo, mostre o que gosta. Pelo caminho, vai aprendendo umas coisas, que é o que interessa.
  11.  # 15

    Essa do marido da LiMatos não ser apreciador de comida, e a Limatos ser boa cozinheira faz-me pensar como às vezes os casais estão desencontrados em termos de gostos ( e por vezes ainda bem). Conheço um caso em que o marido é vegetariano restrito e a mulher do género comer bifes tártaros daqueles a correr sangue com ovo crú, e dão-se bem.

    Agora quanto a gostos, existe aquilo o q se chama sobriedade, q é o tipo de gosto inatacável seja por quem fôr. Mas é claro, fora do sóbrio existem coisas q acho maravilhosas, simplesmente podem ou não agradar a muitas pessoas.
  12.  # 16

    Como o arquitecto aqui do Fórum que teve que colocar uns pilares horrorosos na frente da casa contra a sua vontade mas de acordo com o gosto do cliente. Isto não é até estragar o portfolio ao profissional?

    A casa não é dele, não é ele que vai dormir nela e nem sabe o que o cliente tem na cabeça no futuro para aquele espaço.
  13.  # 17

    nunca como antes os profissionais, quer sejam arquitectos, decoradores, etç...tem por base os gostos e estilos de vida do cliente e fazem por respeitar essa mesma base.
    E normal no entanto que existem regras que estes profissionais utilizem de maneira a maximizar o potencial do espaço e as funções do mesmo.As alterações a qualquer projecto apresentado, quer seja por necessidade ou pedido do cliente não creio que estraguem o portfolio do profissional, pelo contrario, pois a minha crença e que aprendemos todos os dias e temos que ter a abertura necessária de aceitar outros "gostos" e ideias.
    por mim só assim se pode evoluir e fazer a diferença.
    Concordam com este comentário: MESC
  14.  # 18

    Sim, quem trabalha para o cliente tem como objectivo satisfazer o que o cliente pretende. Afinal, é quem contrata o serviço.

    Agora imaginemos uma outra perspectiva.

    Li um artigo interessantíssimo, de uma entitulada "guru do luxo", sobre Cordeiros e Águias.
    Supostamente, 95% da população mundial é composta por cordeiros, 5% são águias.
    Os cordeiros são as massas, o que não é bom nem mau, cumprem os requisitos. As aguais, muito menos que os cordeiros, são os que não se contentam com a mediocridade da vida dos cordeiros, seria insuportável para eles esta postura de vida. Ambos, os cordeiros e as aguais têm sonhos, mas os cordeiros ficam-se pelo sonhar, as águias, mesmo contra-corrente, concretizam os sonhos.

    Comparo-o muito aqui – os arquitectos e decoradores que são cordeiros ou águias, e como em todas as áreas, e todas as profissões, haverá muito poucos “rebeldes”, muito poucas águias.

    Neste fórum apareceu alguém que tendo tirado o curso de decoração de interiores e ainda não estaria a praticar questionava por onde e como começar, e a resposta que lhe deram foi “seja diferente”!!

    Seja diferente. Não ter medo de arriscar. De ser único. De brilhar.
    Os arquitectos e os designers e os decoradores têm esta oportunidade ? (Ou será demasiado arriscado deitar tudo a perder ou tudo a ganhar?)
  15.  # 19

    Por exemplo, os melhores designers do mundo quando começaram, fizeram-no com o cliente em mente, ou, com as suas próprias ideias e desejos do que queriam fazer em mente? (Estamos a falar de design e não de decoração).

    Em primeiro lugar da lista mundial, está Karim Rashid. São seus clientes por exemplo, Issey Miyake , Prada, Giorgio Armani, Umbra, Guzzini, Foscarini, Bozart Shiseido, e a Yahoo e "too many to mention".
    Pessoalmente, há trabalhos seus que eu acho horríveis, mas isso não interessa nada, ainda bem que ele não cede aos clientes, mas são os clientes que se cedem a ele. Digo eu.
    As cerâmicas da imagem são dele.
    Mas vejam os seus trabalhos ...http://www.karimrashid.com/index.html
      008.jpg
  16.  # 20

    E eu que inclusivamente tinha posto o Karim Rashid no "Feios" ..coitado.
    Aproveito para dizer que estou a pensar em reavivar o Feios.
    https://forumdacasa.com/discussion/12037/2/ha-coisas-assim-feiosas-nao-ha/#Comment_155710
 
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