Colocado por: Jorge RochaPortugal não tinha outra alternativa que cooperar com os naziz e com os ingleses...
Colocado por: danobregaHá sempre alternativas, nem que seja morrer com honra.
Eu não quero viver à custa dos alemães. Vocês querem? - Esta foi a pergunta que fiz hoje no Público:
Cada doente tratado num hospital da zona de Lisboa custa ao Estado - ou seja, a todos nós - sensivelmente mais 50 por cento do que custaria se fosse tratado num hospital do Grande Porto. Que se saiba, não se é melhor tratado na capital do que na Invicta, mas isso não impede que os custos por doente e por acto médico de dois hospitais muito semelhantes, até fisicamente - o Santa Maria em Lisboa e o São João no Porto -, sejam substancialmente diferentes. Isto não acontece porque nos hospitais do Porto estão uns génios da gestão e nos de Lisboa gente desqualificada. Isto sucede sobretudo por causa de decisões políticas tomadas ao longo das últimas décadas que resultaram numa estrutura hospitalar muito mais ineficiente e cara em Lisboa.
Basta pensar no seguinte. Até há sensivelmente 20 anos todos os doentes da Grande Lisboa e uma boa parte dos do Sul do país convergiam para os hospitais da capital. Nestas duas décadas abriram em redor da capital os hospitais de Almada (Garcia da Horta), Amadora-Sintra, Cascais e Loures, e deverá abrir em breve o de Vila Franca de Xira. Isto sem contar com o Hospital do Barreiro, inaugurado um pouco antes, em 1985. A abertura destas novas unidades hospitalares correspondeu à perda de população do concelho de Lisboa e ao aumento do número de habitantes nos concelhos limítrofes, o que significa que teve toda a lógica. Perguntar-se-á agora: tendo aberto todos estes novos hospitais, quantos fecharam em Lisboa? Apenas um, o do Desterro. Era interessante perceber em detalhe por que é que isto sucedeu, mas a actual discussão em torno do futuro da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) dá-nos algumas pistas.
Em Portugal, e sobretudo para quem está instalado na máquina do Estado e circula junto do poder político, há sempre bons argumentos para manter estruturas desnecessárias e realizar investimentos supérfluos com o dinheiro público. Agora, por exemplo, dizem-nos que só se pode fechar a MAC depois de abrir o futuro Hospital de Todos-os-Santos. Até lá, depreende-se, devem manter-se estruturas redundantes, desnecessárias e caras. Parece que a ordem é rica e os frades são poucos...
Sempre que me confronto com situações como esta fico sem qualquer tolerância para o jogo de culpas a que gostamos tanto de nos entregar e a que esta semana já se referiu, nestas páginas, Pedro Lomba. O pretexto foi uma intervenção, mais ou menos exaltada, de Durão Barroso na abertura da Cimeira do G20 no México. Irritado, disse aos jornalistas que "esta crise não foi originada na Europa" mas sim na América do Norte, tendo "boa parte do sector financeiro europeu sido contaminado". Não quero reabrir a discussão sobre as origens da crise, mas não deixa de ser curioso que se olhe só para o outro lado do Atlântico e para os problemas derivados do crédito imobiliário de alto risco quando sabemos que foram também empréstimos imobiliários irresponsáveis de bancos europeus que alimentaram as "bolhas" na Irlanda e em Espanha. E que não foram bancos americanos que financiaram os milhares e milhares de casas desocupadas na Costa do Sol espanhola, as auto-estradas sem trânsito em Portugal ou o megalómano novo aeroporto de Atenas.
A razão porque não discuto culpas é a mesma porque penso ser inútil saber quem tomou as decisões erradas relativas à carta hospitalar de Lisboa para que se tomem hoje as medidas correctivas. Da mesma forma me é indiferente saber se o maior responsável pelo estado das nossas contas públicas é Cavaco, Guterres ou Sócrates para defender que, hoje por hoje, o que temos de fazer é arrumar a casa.
Infelizmente instalou-se em importantes sectores da opinião pública a convicção de que não temos de fazer os trabalhos de casa - temos é de conseguir que a Alemanha mude de política, ou seja, que se mostre disposta a pagar as nossas contas, mais as dos gregos, dos espanhóis e até, porventura, dos italianos. Esta convicção manifesta-se de muitas formas. Uma delas é que não se devem tomar decisões "economicistas", apenas se devem ter em consideração "as pessoas". É uma falácia extraordinária, pois parte do princípio que a racionalidade económica é contrária aos interesses das pessoas, algo que qualquer dona de casa sabe ser mentira, pois está consciente do que lhe acontece se gastar o orçamento do mês em apenas uma semana.
Um pequeníssimo exemplo desta irracionalidade. Entre os hospitais de Lisboa que há muito deviam ter fechado portas conta-se o de São Lázaro, integrado no Centro Hospitalar Lisboa Central. Instalado num edifício impróprio, que em tempos foi leprosaria, tem enfermarias que lembram as do século XIX. Contudo a única iniciativa política recente a propósito deste hospital foi um requerimento de "Os Verdes" que, entre outras coisas, manifestava indignação por só haver manteiga para pôr no pão distribuído aos doentes. Está tudo dito.
Verdade seja dita que a ideia de fazer os alemães pagarem todas as facturas não é um exclusivo português ou grego. Como se viu na Cimeira do G20, é também um desígnio de chineses e norte-americanos. O que não deixa de ser extraordinário. Em 2009, quando chegou ao poder, Obama alinhou com Gordon Brown na corrida a uma política dita keynesiana de "estímulos" que fez saltar os défices e as dívidas de quem alinhou nela (como Portugal) e não trouxe os benefícios económicos que se esperavam (a recuperação norte-americana continua anémica, o que pode comprometer a reeleição de Obama). Já nessa altura Merkel fez frente ao Presidente dos Estados Unidos, e a Alemanha não se pôs a gastar à maluca, para bem da sua economia, dos seus empresários e dos seus cidadãos. Como notou Joseph Joffe, editor do Die Zeit, num artigo no Financial Times, o paradoxo é que todos olham para a Alemanha "como se esta tivesse de salvar o mundo ocidental, porventura até o planeta", e poucos notam que os Estados Unidos e o Reino Unido têm "défices gargantuanos" sem que com isso tenham, sequer, conseguido contrariar os seus níveis de desemprego.
Em Portugal ainda se pede mais e se vai mais longe. Mário Soares, por exemplo, quer pôr as rotativas do Banco Central Europeu a imprimir euros, como se não tivesse um custo inventar dinheiro que não corresponde à economia real. "Bastaria que a senhora Merkel abdicasse de um artigozinho que há no chamado Tratado de Lisboa, que diz que o BCE não pode fabricar moeda", disse o ex-Presidente esta semana no Porto, considerando normalíssima a subversão das leis da União Europeia desde que isso favoreça as suas propostas iluminadas.
Se as coisas fossem assim tão simples, não faltariam banqueiros centrais com vontade de imprimir notas, mas a verdade é que, com mais ou menos euros a circular, os países do Sul da Europa ficarão sempre na mesma se não fizerem os seus trabalhos de casa. Na década do euro, os custos unitários do trabalho, em termos relativos, subiram em Portugal e em França 30 por cento quando comparados com os da Alemanha. Em Itália subiram 35 por cento, na Grécia 42 por cento. Isto aconteceu porque a Alemanha fez as reformas que os países do Sul não fizeram - reformas como algumas das previstas no nosso novo Código do Trabalho, que tantos protestos suscita e que nem o Presidente da República soube apoiar devidamente. Isto também aconteceu porque houve muitos anos de dinheiro fácil no Sul da Europa, e essa abundância não trouxe mais desenvolvimento, trouxe sim mais consumo e mais investimentos inúteis.
Podemos eternizar a discussão sobre a ajuda mais ou menos generosa da Alemanha (e ela já é bastante generosa, ao contrário do que se diz). Mas a não ser que desejemos ser sustentados pelos alemães, o que terminará sempre a sermos meros criados dos alemães, só nos resta fazer o nosso trabalho de casa. Como está a fazer com inegável sucesso um outro país ainda mais pequeno, a Estónia: em 2011 já cresceu 7,6 por cento, saindo de uma dura recessão.
PÚBLICO, 22 Junho 2012
Hoje, no Público: Ainda bem que nos saiu Pedro Passos Coelho
Vamos imaginar, por um momento, que nas eleições de há um ano tinha saído vencedor o PS. E que este tinha governado de acordo com os seus instintos e as sugestões de António José Seguro. É, reconheçamos, um exercício difícil. Por exemplo: como é que o PS que tinha dado à EDP e aos outros produtores de electricidade as rendas que são conhecidas as teria negociado? Ou como é que o mesmo PS que escondera do próprio Tribunal de Contas contratos adicionais nas PPP rodoviárias seria capaz de as sequer questionar? Mas adiante, pois o mais natural é que as obras do TGV não tivessem parado, que já estivéssemos a lançar a primeira pedra do novo aeroporto e as auto-estradas do "lá vem um" continuassem a ser construídas em nome.
Mas fiquemo-nos por aspectos mais factuais. Em 2011, por exemplo, talvez não tivesse ocorrido o corte de meio subsídio de Natal e, em 2012, os funcionários talvez tivessem conservado parte dos seus subsídios. Foi isso que o PS de Seguro sugeriu quando jurou que havia "folgas" no Orçamento, apesar de elas não se verem. A lei laboral e a lei das rendas teriam sido alteradas de acordo com as propostas feitas no Parlamento pelo PS, o que significaria que teríamos tido alterações cosméticas. E há meses que Portugal andaria, como a Grécia andou, a dizer que não era possível cumprir o acordo - e, de facto, não teria sido. Em 2011 teríamos falhado as metas do défice e em 2012 iríamos pelo mesmo caminho. Estaríamos hoje na mesma situação que a Grécia estava um ano depois de ter assinado o seu memorando, ou seja, de novo de mão estendida e ainda em piores condições para ter qualquer política de "crescimento e emprego".
Dir-se-á: mas como o aperto era menor teríamos menos desemprego. É pouco provável. Na recessão de 2008/2009 houve quase 200 mil novos desempregados com o Governo de então a aplicar "estímulos" por todo o lado e a fazer saltar o défice para 10,2 por cento do PIB. Agora, sem esses "estímulos" e com o défice a diminuir, tivemos mais 130 mil novos desempregados. A comparação destes dois números mostra-nos que não é por o Estado se pôr a gastar desalmadamente que evita o desemprego, pelo que era bem possível estarmos hoje exactamente com o mesmo desemprego, mas com o défice de novo descontrolado, se tivéssemos seguido pelo caminho de mais do mesmo.
Este exercício de imaginação é quase um exercício de pesadelo, pelo que não surpreende que todas as sondagens continuem a dar à actual maioria a vitória em hipotéticas eleições e que os eleitores continuem sem vislumbrar qualquer alternativa. O que não ilude o problema principal: avaliar este Governo em função dos critérios por que foi eleito. Vamos a isso.
Quando, há um ano, Pedro Passos Coelho ganhou as eleições, notei nesta coluna que os eleitores tinham preferido "trocar um modelo em ruínas pela incerteza de uma alternativa em construção" e que esperava que o novo primeiro-ministro, para além de cumprir o acordo com a troika, honrasse a sua promessa eleitoral de "libertar a sociedade do Estado". Nessa altura estava céptico, apenas dava o benefício da dúvida. Hoje estou aliviado: ainda bem que nos saiu Passos Coelho.
Comecemos pelo acordo com a troika. Quando ele foi conhecido defendi que, não sendo perfeito em algumas das reformas que preconizava, ia no sentido certo e tinha metas realistas, pois dera a Portugal mais um ano para o reajustamento do que o previsto, por exemplo, no PEC IV (é espantoso como há pessoas que ainda hoje têm saudades dessa mentira irrealista e cínica). Já passou um ano, já passaram quatro avaliações, já passaram muitas previsões de que seria da próxima que Portugal ia ficar mal, e tudo continua a correr conforme o previsto. Ainda bem. Parece pouco, mas é muito: é o que nos aproxima da Irlanda e afasta da Grécia.
Tudo tem corrido, no essencial, bem porque este Governo acredita nas metas que tem de cumprir e nas reformas que tem de fazer. É isso que o diferencia do anterior executivo, que preferia tentar não cumprir mascarando as contas. E é isso que o diferencia dos sucessivos governos gregos.
Temos depois as reformas. Na campanha eleitoral - e não depois dela, como alguns sugerem - Passos Coelho prometera "ir além da troika" nas reformas (não nas metas do défice). Por enquanto não o fez. Houve muitos passos importantes - legislação laboral, lei das rendas, falências, lei da concorrência -, mas nenhum ainda decisivo. Há boas medidas de gestão nos ministérios da Saúde e da Educação (neste, a legislação publicada nos últimos dias vai no bom sentido), mas falta fazer quase tudo no que toca a encolher as estruturas mastodônticas do Estado. O que quer dizer que estamos, na melhor das hipóteses, a meio da ponte: a qualquer altura é ainda possível voltar para trás e assistir, de novo, ao inchar descontrolado dos gastos públicos. Para que isso não aconteça é preciso tomar a única medida que limita de facto o crescimento do Estado: diminuir os impostos (e a taxa social única). Esta também é a única medida que, pela experiência empírica de outras economias, ajuda mesmo ao relançamento do crescimento e do emprego. Eu sei que é difícil chegar lá por causa das metas do défice, mas gostava que esse objectivo estivesse mais presente no discurso do Governo.
Claro que há áreas onde as coisas têm corrido pior. Não consigo ver, por exemplo, mudanças substantivas na Justiça. Estou cansado das tentações intervencionistas da ministra da Agricultura. É impossível perceber o que se quer fazer com a RTP, onde se adivinha o desastre. E mais haveria a dizer. Mas isso não muda o meu balanço: mesmo havendo ministérios fraquinhos, o primeiro-ministro tem mostrado ter os instintos certos e querer levar a barca na direcção correcta.
Hoje muita gente está esquecida, mas quando Passos Coelho ganhou as eleições foi dito que o tinha feito sem esconder o seu programa de liberalizar a sociedade portuguesa. Muitas das ideias que o PSD assumiu, contra ventos e marés, no seu programa são as que estão a ser aplicadas e representam uma viragem profunda na forma como em Portugal sempre se colocou a dependência do Estado, do subsídio e da cunha, no centro de tudo. Há séculos que é assim e Passos Coelho quis e quer mudar isso. Não é hiperliberalismo, é apenas um bocadinho de liberalismo numa sociedade asfixiada que sempre se virou para o Estado como solução de todos os problemas.
Há muitos anos que venho defendendo que Portugal necessita de fazer esta viragem (a primeira vez que defendi uma mudança radical na lei das rendas foi em 1984, na desaparecida revista Risco). Agora que finalmente há um governo que, como nenhum outro antes, quer diminuir o peso do Estado na economia, no fundo quer fazer diferente do que fizemos, com os resultados que estão à vista, nos últimos 20 ou 30 anos, só posso saudar a sua coragem face à choradeira quase unânime dos comentadores de sempre, com as ideias e os preconceitos ideológicos de sempre.
Gostava que o Governo não estivesse a falhar, ou a andar demasiado devagar em áreas importantes - e não me cansarei de o criticar por isso, como já fiz e farei. Mas, na hora do balanço, tenho de ser justo: o mais importante era tentar um novo caminho para Portugal, com tudo o que implica de dor e de risco, e isso está a ser feito. Por isso repito: ainda bem que nos saiu Pedro Passos Coelho. Algo de realmente diferente e novo, até para o PSD. Do que não teríamos precisado de forma alguma era de mais do mesmo, apenas com um toque "laranja sobre rosa" aqui ou acolá.
Tendo em conta este cenário, a Deco veio defender, na revista Dinheiro & Direitos de Julho, a necessidade de ser imposta uma taxa de usura- ou seja, um limite na taxa de juro cobrada pelos bancos no crédito à habitação- alegando que os valores excessivos que estão a ser actualmente praticados por alguns bancos inviabilizam a concessão de empréstimos para a compra de casa. A associação de consumidores alerta ainda para o risco da actual situação poder contribuir para novos casos de sobreendividamento. "No dia em que a Euribor, hoje em mínimos históricos, voltar a subir, as taxas de juro vão disparar e mais famílias terão dificuldade em pagar os seus empréstimos", alega a associação de defesa dos consumidores.
A Deco dá o exemplo de uma família que, em meados de 2008, pedisse um empréstimo de 144 mil euros. Com um ‘spread' entre 0,7% e 1,7%, esse agregado pagaria uma prestação entre 850 e 950 euros. Quem contratar o mesmo empréstimo hoje obterá uma prestação semelhante, mas com um ‘spread' muito superior. Isto significa que quando aumentar o valor do indexante, a prestação subirá algumas centenas de euros.
Contudo, segundo a Deco, a avançar com uma taxa de usura para o crédito à habitação, o modelo a implementar- da responsabilidade do Governo ou da Assembleia da República- não deve seguir os mesmos moldes do que se verifica no caso do crédito aos consumidores. "A taxa de usura criada para efeitos do crédito ao consumo não teve o efeito esperado porque existiu uma excessiva segmentação de produtos. Ou seja, os produtos com taxas mais elevadas, como os cartões de crédito ou as linhas de crédito não beneficiaram das taxas mais baixas praticadas noutros segmentos. E a verdade é que esta taxa acabou por surtir o efeito contrário, de subida mais ou menos consistente em todo o mercado", explicou ao Diário Económico o economista da Deco, João Fernandes.
O único motivo que este menino se apanhou la é devido precisamente à pouca cultura e educação da maioria do povo...
onde enfermeiros ganham 2 ou 3 euros à hora onde se trabalha 18 horas num fim de semana num hipermercado para ganhar 200 euros por mês...num ambiente onde a motivação e o aumento da produtividade será sobre o estigma e o medo do desemprego..porque ate aqui éramos malandros.
Colocado por: luisvv
Está enganado. Nos hipermercados pagam em malgas de arroz, e sobras dos produtos danificados, mas só para os que se portam bem. Os que se portam mal nem chegam a receber.
Colocado por: Paramonteeles vão lá ver so os submarinos têm fugas