Iniciar sessão ou registar-se
  1.  # 1

    É lamentável que os Estados Unidos estão passando por uma enorme crise financeira, a tão comentada crise econômica dos EUA. O que começou com uma crise no mercado imobiliário americano evoluiu ao ponto de tornar-se uma das maiores da história, perdendo apenas para a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929-30.

    A crise americana trata-se de uma turbulência no mercado financeiro, ou seja, representa a incapacidade dos americanos de honrar empréstimos imobiliários. Esse fato trouxe consigo algumas conseqüências: demissão de mais de 90 mil pessoas; fortes baixas nas Bolsas de Valores do país, queda no valor dos imóveis, entre outros.

    Como a crise americana provoca aversão ao risco, os investidores em ações preferem sair das Bolsas, sujeitas as oscilações sempre, e aplicar em investimentos mais seguros. Além disso, os estrangeiros que aplicam em mercados emergentes, como o Brasil, vendem seus papéis para cobrir perdas lá fora. Com muita gente querendo vender, ou seja, oferta elevada, os preços dos papéis caem.

    Os mercados ao redor do mundo estão preocupados com o setor imobiliário nos Estados Unidos, que atravessou um "boom" nos últimos anos. O medo principal é sobre a oferta de crédito disponível, devido ao aumento na inadimplência do segmento, envolvendo pessoas com histórico de inadimplência e que, por conseqüência, podem oferecer menos garantia de pagamento. É o chamado crédito "subprime" (de segunda linha).

    Justamente por causa do alto volume de dinheiro disponível ultimamente, o "subprime" foi um setor que ganhou força e cresceu muito. A atual crise, assim, é proporcional à sua expansão.

    Como os empréstimos "subprime" embutem maior risco, eles têm juros maiores, o que os torna mais atraentes para gestores de fundos e bancos em busca de retornos melhores. Estes gestores, assim, ao comprar tais títulos das instituições que fizeram o primeiro empréstimo, permitem que um novo montante de dinheiro seja novamente emprestado, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago.

    Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.

    Porém, se a ponta (o tomador) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. Resultado: todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito). Foi justamnete o que está ocorrendo nos Estados Unidos.

    Isso fez com que a quantidade de empréstimos aumentasse, principalmente para clientes de baixa renda e com histórico de inadimplência - os chamados clientes subprime. Esse tipo de empréstimo é considerado de alto risco, pois as chances de não ser pago são maiores, mas em compensação oferecem uma taxa de retorno maior aos bancos.

    Desde 2001, o mercado imobiliário americano vinha crescendo de forma acelerada. A causa disso foi a queda dos juros do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que diminuíram para recuperar a economia, chegando até a 1% ao ano. Com isso a demanda por imóveis cresceu, incentivada pelos baixos juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. Em 2005, isso se tornou um ótimo negócio. Muitas pessoas compravam até mais de uma casa, com a intenção de revendê-las quando valorizassem.

    Entretanto, após 2006, o preço dos imóveis começou a cair, enquanto os juros do Fed aumentavam. Com isso a oferta de casas começou a superar a procura, resultando na atual crise imobiliária dos EUA. Mas não foi só o mercado imobiliário que foi afetado. Com os juros altos, a taxa de inadimplência aumentou, provocando um prejuízo para os bancos e desaquecendo a economia americana. O valor total das hipotecas ultrapassa US$ 12 trilhões.

    Com menos dinheiro nas mãos, as pessoas compram menos, o que não gera lucro para as empresas. Por sua vez, estas não podem mais contratar novos funcionários. Vários bancos e seguradoras faliram. Isso fez com que a crise tomasse as proporções atuais, a ponto de chegar a afetar outros países que dependem economicamente dos EUA. Várias medidas para resolver a crise econômica dos EUA foram adotadas. O governo aprovou a utilização de bilhões de dólares dos cofres públicos para recuperar os bancos. A mais recente foi destinar US$ 700 bilhões para comprar títulos hipotecários de risco.

    Felizmente, o Brasil possui condições de enfrentar a crise do mercado mundial em função dos avanços macroeconômicos, tais como: balança comercial positiva e inflação sobre controle. O Brasil devido a uma moeda segura e estável, a um valor confortável de reservas internacionais em dólares, está preparado, mas não imune a turbulências internacionais.

    Não podemos ter mais uma visão clássica de que num mercado global cada país é uma ilha. Uma crise numa grande economia como a americana afeta à todos, a questão não é torcer ou não torcer para que tal situação seja superada, e sim criar mecanismos que nos dêem uma estabilidade econômica para o que possa vir de pior ainda nessa tempestade.
 
0.0089 seg. NEW