Onde estão as gorduras do Estado? Em todas as rubricas da despesa pública. Como poucos conhecem a estrutura desta e ninguém quer ser atingido por cortes, é fácil e é barato diabolizar uns quantos “vilões”, os únicos e exclusivos culpados pela crise, e apontar alguns items em que eles delapidam quase todo o nosso dinheiro. As viaturas em que todos gostaríamos de andar estão sempre à cabeça. Mas também as viagens, o cartão de crédito, o número de deputados e respectivo salário e agora também as PPP e as rendas excessivas, às quais todos bateram palmas nos tempos gloriosos dos “investimentos estratégicos” no betão e nas energias renováveis. Corte-se nestas odiosas rubricas e evitaríamos o sofrimento do povo, o corte nas pensões e nos salários da função pública, só possíveis de equacionar por quem não denota a mínima réstea de sensibilidade social.
Pois bem, tudo aquilo soma à despesa total, tudo deve ser sujeito a cortes – e tem sido – mas reduzam-se todas aquelas rubricas a zero e nem 10% do défice se cobriria. Os grandes números são incontornáveis e estão concentrados nas prestações sociais e nos salários que, por si só, representam 70% do total da despesa pública, peso que tem vindo paulatinamente a crescer. Junte-se-lhe 9% de juros, cuja factura crescerá fatalmente, pelo duplo efeito do volume e da taxa (que nunca foi tão baixa e só pode subir), quase 10% de consumos intermédios, dos quais mais de 3/4 são despesas do SNS que Paulo Macedo já tem comprimido fortemente, e sobram cerca de 11% para fazer cortes. Mas destes, 4,5% são despesas de capital, que incluem as famigeradas rendas das PPP e que também só poderão subir. Mesmo que o governo seja implacável e faça a melhor negociação possível no corte das margens dos concessionários, o volume global de rendas subirá inexoravelmente, pela própria lógica das PPP (inaugura-se agora, paga-se depois) à medida que entrarem a pagamento os contratos mais recentes.
Com juros e rendas das PPP a subirem, sobram pouco mais que clips e agrafes. Não resta outra escolha ao governo – a este ou a qualquer outro que lhe suceda – senão mandar às malvas a “sensibilidade social” e cortar em salários e pensões. Coisa que não tem ciência nenhuma, diga-se. É dos livros que quando é necessário reduzir a despesa, atacam-se de imediato as maiores rubricas, não se vai à procura de agrafes, cuja quantificação ficaria mais cara que a poupança que neles se obtivesse. Sobra sempre a alternativa de nova subida de impostos. Para além de ter maior impacto recessivo que o corte na despesa, é de longe a solução de maior iniquidade, pois acentuará a desigualdade entre pagadores e receptores de impostos, mais uma vez a favor destes. Questões mais “sofisticadas” de equidade que o TC ainda não atingiu.
mais vale sairmos do Euro. Os Alemães concerteza estão interessados em que isto continue. A financiarem-se a 0% de juros.
Colocado por: luisvvOs grandes números são incontornáveis e estão concentrados nas prestações sociais e nos salários que, por si só, representam 70% do total da despesa pública
Isto de somar rúbricas é falacioso. Porque continuam a insistir nesta soma? Para dar a ideia que se gasta muito dinheiro em salários?
A verdade é esta:
-50% do OE é gasto em prestações sociais;
-20% do OE é gasto nos salários;
Sim, os Funcionários Públicos tão odiados, só representam 1/5 da despesa pública.
Colocado por: euIsto de somar rúbricas é falacioso. Porque continuam a insistir nesta soma? Para dar a ideia que se gasta muito dinheiro em salários?
Colocado por: danobregaPortanto se o desvio orçamental actual for, por exemplo, 10%, o normal é haver medidas para cortar 10% em todo o lado
O engraçado é que se fosse um dos "PIGS", os especuladores e empresas de rating caiam todos em cima!
O limite para evitar uma suspensão de serviços federais não essenciais - o que é designado por shutdown - já na próxima terça-feira é a meia-noite de dia 30 de setembro. Os investidores vão estar de olhos postos no que se passar em Washington hoje, durante o fim de semana e na segunda-feira.
Colocado por: euOs FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos... mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...
Portanto se o desvio orçamental actual for, por exemplo, 10%, o normal é haver medidas para cortar 10% em todo o lado, ou aumentar a receita em 10%, ou uma mistura das duas. Isto é tão válido para pensões, como salários da função pública, como salários de trabalhadores com contrato individual de trabalho mas que trabalhem para a função pública, como em despesas de operação, como em despesas de capital.
Estas últimas, as despesas de capital, já são cortadas via negociações com os nossos credores. A troika pede-nos à volta de 4% de juros, o mercado pede 7%. De 4 para 7 vai bem mais que 10%.
Suspeito que os cortes nas PPPs também andem nessa ordem.
Colocado por: euOs FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos... mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...
Colocado por: J.Fernandes
Se a igualdade fosse realmente um objectivo a perseguir, então teriam de se despedir vários milhares de f.p., para em proporção "igualar" o quase milhão de desempregados que antes de o ser era trabalhador no privado.
Os FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos...
mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...
Colocado por: J.FernandesSe a igualdade fosse realmente um objectivo a perseguir, então teriam de se despedir vários milhares de f.p., para em proporção "igualar" o quase milhão de desempregados que antes de o ser era trabalhador no privado.
Colocado por: luisvvMas quem são "todos os outros" ?
Colocado por: luisvvSão funcionários de uma empresa falida, é natural que sejam os mais afectados pela necessidade da empresa se ajustar.
Todas as outras pessoas e instituições que recebem, direta ou indiretamente, do Estado. No fundo, se os FPs representam 20% da despesa, os outros são os 80% restantes. Sim, eu sei que não é possível cortar em todas as rúbricas.
As despesas da empresa com esses funcionários é de apenas 20%. E os restantes 80% da despesa da empresa falida?
Colocado por: luisvvQuem tem zippers nos bolsos, é fechá-los, antes que alguém venha lá enfiar a mão: