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  1. http://blasfemias.net/2013/09/27/relembrando-os-grandes-numeros/
    Onde estão as gorduras do Estado? Em todas as rubricas da despesa pública. Como poucos conhecem a estrutura desta e ninguém quer ser atingido por cortes, é fácil e é barato diabolizar uns quantos “vilões”, os únicos e exclusivos culpados pela crise, e apontar alguns items em que eles delapidam quase todo o nosso dinheiro. As viaturas em que todos gostaríamos de andar estão sempre à cabeça. Mas também as viagens, o cartão de crédito, o número de deputados e respectivo salário e agora também as PPP e as rendas excessivas, às quais todos bateram palmas nos tempos gloriosos dos “investimentos estratégicos” no betão e nas energias renováveis. Corte-se nestas odiosas rubricas e evitaríamos o sofrimento do povo, o corte nas pensões e nos salários da função pública, só possíveis de equacionar por quem não denota a mínima réstea de sensibilidade social.

    Pois bem, tudo aquilo soma à despesa total, tudo deve ser sujeito a cortes – e tem sido – mas reduzam-se todas aquelas rubricas a zero e nem 10% do défice se cobriria. Os grandes números são incontornáveis e estão concentrados nas prestações sociais e nos salários que, por si só, representam 70% do total da despesa pública, peso que tem vindo paulatinamente a crescer. Junte-se-lhe 9% de juros, cuja factura crescerá fatalmente, pelo duplo efeito do volume e da taxa (que nunca foi tão baixa e só pode subir), quase 10% de consumos intermédios, dos quais mais de 3/4 são despesas do SNS que Paulo Macedo já tem comprimido fortemente, e sobram cerca de 11% para fazer cortes. Mas destes, 4,5% são despesas de capital, que incluem as famigeradas rendas das PPP e que também só poderão subir. Mesmo que o governo seja implacável e faça a melhor negociação possível no corte das margens dos concessionários, o volume global de rendas subirá inexoravelmente, pela própria lógica das PPP (inaugura-se agora, paga-se depois) à medida que entrarem a pagamento os contratos mais recentes.

    Com juros e rendas das PPP a subirem, sobram pouco mais que clips e agrafes. Não resta outra escolha ao governo – a este ou a qualquer outro que lhe suceda – senão mandar às malvas a “sensibilidade social” e cortar em salários e pensões. Coisa que não tem ciência nenhuma, diga-se. É dos livros que quando é necessário reduzir a despesa, atacam-se de imediato as maiores rubricas, não se vai à procura de agrafes, cuja quantificação ficaria mais cara que a poupança que neles se obtivesse. Sobra sempre a alternativa de nova subida de impostos. Para além de ter maior impacto recessivo que o corte na despesa, é de longe a solução de maior iniquidade, pois acentuará a desigualdade entre pagadores e receptores de impostos, mais uma vez a favor destes. Questões mais “sofisticadas” de equidade que o TC ainda não atingiu.
    Concordam com este comentário: two-rok
  2. mais vale sairmos do Euro. Os Alemães concerteza estão interessados em que isto continue. A financiarem-se a 0% de juros.


    Isso, sair do Euro era mesmo fixe. Como é que ainda ninguém pensou nisso ?
    Concordam com este comentário: two-rok
    • eu
    • 27 setembro 2013
    Colocado por: luisvvOs grandes números são incontornáveis e estão concentrados nas prestações sociais e nos salários que, por si só, representam 70% do total da despesa pública

    Isto de somar rúbricas é falacioso. Porque continuam a insistir nesta soma? Para dar a ideia que se gasta muito dinheiro em salários?

    A verdade é esta:

    -50% do OE é gasto em prestações sociais;
    -20% do OE é gasto nos salários;

    Sim, os Funcionários Públicos tão odiados, só representam 1/5 da despesa pública.

  3. Isto de somar rúbricas é falacioso. Porque continuam a insistir nesta soma? Para dar a ideia que se gasta muito dinheiro em salários?
    A verdade é esta:
    -50% do OE é gasto em prestações sociais;
    -20% do OE é gasto nos salários;
    Sim, os Funcionários Públicos tão odiados, só representam 1/5 da despesa pública.


    Porque representam a contrapartida de rendimento dos cidadãos, e é nessa perspectiva que são vistas eventuais reduções dessas rubricas.
  4. O engraçado é que se fosse um dos "PIGS", os especuladores e empresas de rating caiam todos em cima!

    http://expresso.sapo.pt/estados-unidos-em-risco-de-bancarrota=f832427
  5. Colocado por: euIsto de somar rúbricas é falacioso. Porque continuam a insistir nesta soma? Para dar a ideia que se gasta muito dinheiro em salários?


    Tipicamente quem fala das 2 rubricas tem apenas a intenção de anular os argumentos do estilo: Cortem antes nas PPPs, BPNs, corrupção, "gorduras", seja o que for, afirmando assim a inevitabilidade dos cortes também nestas rubricas. Daí não sai que a opinião é "só se deve cortar nessas rubricas porque são elas as maiores". Alias, outra observação tipicamente feita pelas pessoas que pensam desta maneira é o da universalidade do argumento "corta antes na casa ao lado", como se isso fizesse sentido.

    Assumindo que não se consegue cortar facilmente cortar no desperdício e corrupção, porque esse é um corte com que todos os partidos concordam (assumir o contrário parece-me um bocado teoria da conspiração) os ajustes que serão feitos vão ser, como é normal, ajustes macro económicos. O governo central não tem capacidade de andar a escolher com precisão onde fazer cortes individualmente maiores em menos rubricas.

    Portanto se o desvio orçamental actual for, por exemplo, 10%, o normal é haver medidas para cortar 10% em todo o lado, ou aumentar a receita em 10%, ou uma mistura das duas. Isto é tão válido para pensões, como salários da função pública, como salários de trabalhadores com contrato individual de trabalho mas que trabalhem para a função pública, como em despesas de operação, como em despesas de capital. Estas últimas, as despesas de capital, já são cortadas via negociações com os nossos credores. A troika pede-nos à volta de 4% de juros, o mercado pede 7%. De 4 para 7 vai bem mais que 10%. Suspeito que os cortes nas PPPs também andem nessa ordem.

    Mas repetindo-me, o normal é que quem seja visado pelos cortes ficar com a ideia que o corte é injusto, e que deviam era cortar ao lado. Assim como a maioria fica aborrecida com os aumentos de impostos, e preferia que tivessem cortado noutras coisas, ou aumentado os impostos a outras pessoas como "os ricos".
    Concordam com este comentário: eu, two-rok
    • eu
    • 27 setembro 2013 editado
    Colocado por: danobregaPortanto se o desvio orçamental actual for, por exemplo, 10%, o normal é haver medidas para cortar 10% em todo o lado

    Exactamente. Corte-se a mesma percentagem em todo o lado (sempre que for possível). Contrariamente ao que possam pensar pelas minhas intervenções, eu sou a favor do corte de despesa com os salários dos FPs, o que eu não suporto são falácias e bodes expiatórios...

    Os FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos... mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...
  6. O engraçado é que se fosse um dos "PIGS", os especuladores e empresas de rating caiam todos em cima!


    Diferenças, pequenas:
    1) É um filme já visto, várias vezes, a última das quais já com Obama. O final é, em princípio, conhecido. Trata-se de, vejam só, uma disputa sobre autorização para o Governo se endividar.

    2) Ao contrário do que transparece do título, o expectável é que o Estado passe a funcionar numa espécie de modo de serviços mínimos.
    O limite para evitar uma suspensão de serviços federais não essenciais - o que é designado por shutdown - já na próxima terça-feira é a meia-noite de dia 30 de setembro. Os investidores vão estar de olhos postos no que se passar em Washington hoje, durante o fim de semana e na segunda-feira
    .


    PS - Ah, e os especuladores também lhes caem em cima.
  7. Colocado por: euOs FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos... mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...


    Parece que alguns se estão a esquecer que uma parte dos FP já sofreu uma redução salarial...no meu caso, por ex., foram 7%. Para além de tudo o resto. Enfim.
  8. Portanto se o desvio orçamental actual for, por exemplo, 10%, o normal é haver medidas para cortar 10% em todo o lado, ou aumentar a receita em 10%, ou uma mistura das duas. Isto é tão válido para pensões, como salários da função pública, como salários de trabalhadores com contrato individual de trabalho mas que trabalhem para a função pública, como em despesas de operação, como em despesas de capital.

    Isso seria verdade se o corte dependesse de vontade política e não tivesse consequências indesejadas e imprevistas, se tudo fosse passível de cortes, e se não houvesse dinâmicas de aumento de despesa, por exemplo. Há despesas que aumentam inevitavelmente em tempo de contracção económica, há outras constitucionalmente protegidas, e outras como os juros que decorrem da necessidade de financiamento externo.

    Estas últimas, as despesas de capital, já são cortadas via negociações com os nossos credores. A troika pede-nos à volta de 4% de juros, o mercado pede 7%. De 4 para 7 vai bem mais que 10%.

    Parece-me que há aí um salto de lógica. O mercado pede 7% para a nova dívida, mas o stock existente tem taxas mais baixas, pelo que o simples vencimento e substituição de dívida geraria aumento de juros. Verdade que a taxa média é superior à taxa da troika, mas convém não esquecer que o stock está a aumentar.

    Suspeito que os cortes nas PPPs também andem nessa ordem.

    Aqui, outro salto de lógica. Os encargos com as PPP não eram fixos, nem distribuídos uniformemente ao longo do tempo, pelo que cortar genericamente 10% nos encargos previstos não significa que os encargos diminuam em relação ao ano anterior.
  9. Colocado por: euOs FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos... mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...

    Se a igualdade fosse realmente um objectivo a perseguir, então teriam de se despedir vários milhares de f.p., para em proporção "igualar" o quase milhão de desempregados que antes de o ser era trabalhador no privado.
  10. Colocado por: J.Fernandes
    Se a igualdade fosse realmente um objectivo a perseguir, então teriam de se despedir vários milhares de f.p., para em proporção "igualar" o quase milhão de desempregados que antes de o ser era trabalhador no privado.


    Os milhares de professores contratados que este ano ficaram no desemprego não contam?
  11. O que eu gosto é ter que trabalhar mais uma hora e receber exactamente a mesma coisa. Ou seja, basicamente estão a cortar-me o salário, para além dos cortes de regalias, sobretaxas, etc.
  12. Os FPs devem ter uma redução igual a todos os outros, nem mais nem menos...

    Mas quem são "todos os outros" ?


    mas o que tem acontecido é que eles têm sido o principal alvo da austeridade e da ira dos contribuintes...


    São funcionários de uma empresa falida, é natural que sejam os mais afectados pela necessidade da empresa se ajustar.
    Concordam com este comentário: two-rok
    • eu
    • 27 setembro 2013
    Colocado por: J.FernandesSe a igualdade fosse realmente um objectivo a perseguir, então teriam de se despedir vários milhares de f.p., para em proporção "igualar" o quase milhão de desempregados que antes de o ser era trabalhador no privado.

    Outra realidade muito ignorada é que nos últimos anos o número de FPs tem de facto diminuído de forma substancial.
    • eu
    • 27 setembro 2013
    Colocado por: luisvvMas quem são "todos os outros" ?

    Todas as outras pessoas e instituições que recebem, direta ou indiretamente, do Estado. No fundo, se os FPs representam 20% da despesa, os outros são os 80% restantes. Sim, eu sei que não é possível cortar em todas as rúbricas.

    Colocado por: luisvvSão funcionários de uma empresa falida, é natural que sejam os mais afectados pela necessidade da empresa se ajustar.

    As despesas da empresa com esses funcionários é de apenas 20%. E os restantes 80% da despesa da empresa falida?
  13. Todas as outras pessoas e instituições que recebem, direta ou indiretamente, do Estado. No fundo, se os FPs representam 20% da despesa, os outros são os 80% restantes. Sim, eu sei que não é possível cortar em todas as rúbricas.


    Bom, desses 80, 50 são contrapartida de receitas. Resta à D.Branca , ups... empresa, embarrilar mais uns quantos, e reformular as promessas de pagamento de juros.
    Quanto aos restantes 30, pouco mais de 10 são juros e o seu incumprimento desencadeia de forma mais ou menos inevitável o corte do financiamento que permite pagar algo entre 12 a 18 do restante.


    As despesas da empresa com esses funcionários é de apenas 20%. E os restantes 80% da despesa da empresa falida?
  14. Quem tem zippers nos bolsos, é fechá-los, antes que alguém venha lá enfiar a mão:

    http://expresso.sapo.pt/governo-aprova-medidas-muito-duras=f833718
  15. Colocado por: luisvvQuem tem zippers nos bolsos, é fechá-los, antes que alguém venha lá enfiar a mão:


    É desta que sai o guião?
 
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