Estou em mais uma infelizmente vulgar situação de sobreendividamento. Comprámos casa em Agosto de 2008, eu e a minha mulher. Ela ganha a rondar os 1500 euros e eu ganhava cerca de 8000 a 10.000, pelo que gozávamos de uma boa situação financeira. Acontece que como trabalho em área ligada aos combustiveis e dada a recente crise perdi o emprego em Outubro de 2008. Até à data encontro-me desempregado e vivemos até hoje de poupanças. O problema é que as mesmas estão a acabar e possivelmente para o proximo mês já nao teremos condições de manter os compromissos com as entidades credoras - O banco, ao qual pagamos cerca de 800 euros de prestação (mais 200 de seguros), e outras entidades financiadoras (creditos pessoais, cartoes credito), pelos quais pagamos cerca de 1300 euros por mês, no total de creditos pagamos à volta de 2200 euros por mês, o que comigo empregado nao constituía qualquer dificuldade.
So que agora dado a situação ter-se invertido e ja nao sermos os dois propriamente novos (50 anos), estamos desesperados sem saber o que fazer. Este mês vou avançar com negociações para todas as entidades atraves da DECO, mas como não andam propriamente com pouco trabalho, fiquei em parte encarregado de encontrar propostas de soluções para depois por eles ser representado nas negociações.
Como rendimentos apenas temos o ordenado da minha esposa e a renda de uma outra habitação própria, no total 1850 euros por mês, o que subtraido dos 2200 euros é claramente impossivel de suportar, contando que comemos como as outras pessoas, passo a ironia.
Que soluções me aconselhariam. Já pensei:
- Consolidação de creditos (mas visto o valor do imovel nao cobrir a totalidade do valor dos creditos penso que ninguem mo fará). - Alargamento de prazos e consequentemente prestações (aos 50 anos ninguem me dará outros 50 para pagar) - Venda da casa a fundo de investimento imobiliário do Estado (é a opção menos explorada por mim visto o banco em causa do crédito habitação não ter essa possibilidade, penso que só a CGD e o BES é possuem) - Entrega da casa ao banco e consolidação dos restantes créditos com hipoteca sobre a nossa outra casa (que por sua vez esta hipotecada ao banco e estamos a pagar, sem grande esforço, mas nao sei acerca da viabilidade de uma sub-hipoteca)(foi um 2 em 1 que me ocorreu mas nao sei quanto às consequencias de entregar a casa ao banco).
Se me puderem ajudar agradeço-lhes imenso, visto que cada dia que passa estamos com um pé mais de fora do precipicio
Até percebo umas coisas de cálculo financeiro, mas para o ajudar precisaria de muitos mais dados (e de TEMPO para os mastigar). Tem a ver, não com o valor que paga mensalmente, mas com os totais em dívida e as taxas que lhe estão a cobrar.
Creio que, perante um banco, a melhor atitude é sempre a de nunca evitar o contacto, e nunca admitir que está insolvente. Eles não querem os seus apartamentos, querem é que você lhes pague. Se você mantiver a postura de quem (só) precisa de ajuda para PAGAR o que deve, é o que eles querem ouvir.
A consolidação de créditos com taxa de juro mais favorável (que a de créditos pessoais e do cartão crédito) é um passo (se não for com o aumento do valor da hipoteca da sua casa, que seja com a de outros bens, por exemplo da outra casa que está arrendada).
Outro passo importante, e que eu não o ouvi mencionar, é a redução drástica de despesas (carros, comer fora, etc.).
Agora um "áparte". Aflige-me um bocado que uma pessoa com rendimentos tão elevados se tenha apressado em endividar-se em vez de assegurar o futuro. Como é possível que não tenha, por exemplo, direito a subsídio de desemprego?
Caro Eros, O seu problema é o de muita gente neste momento. Se há quem compreenda, prepare-se para ouvir coisas desagradáveis de quem tem a felicidade de estar bem. Este fórum não é propriamente o lugar mais convivial para “gritar a sua dor”. Há também por aqui quem fale de barriga cheia e se preocupe mais em criticar (sem conhecer bem as situações) do que dar alguma ajuda. Todos os casos como o seu, para poderem ser correctamente ajudados, carecem de muita informação pessoal que compreensivelmente não pode ser posta na praça pública (fórum). Por outro lado, certamente está num estado de “pânico” que aconselha ajuda de quem, estando fora do problema, lhe possa analisar a situação com frieza. Por alguns detalhes do seu texto, parece-me haver possibilidade de alguma engenharia financeira. O meu conselho é de que peça ajuda, não a juristas mas a economistas. Você ainda está na fase de poder resolver um problema e não na fase de tentar minorar uma inevitável catástrofe. Vou-lhe sussurrar um dos meus endereços electrónicos. Se desejar e me indicar um endereço para onde eu lhe possa colocar algumas questões e “perceber” em profundidade o seu problema, tentarei lhe dar, se possível, algum aconselhamento, em total anonimato e gratuitidade. O meu pouco tempo disponível, poderá ser um óbice a uma resposta rápida. Ascot
A primeira coisa que se faz quando se vê uma pessoa ferida é estancar o sangramento. Nestes casos é, também, o que se deve fazer imediatamente. Não existem complacências. O que se pode cortar agora, evita-se cortar amanhã. E começa-se sempre pela ferida que mais sangra, ou seja, aquela que mais mossa faz no orçamento.
Colocado por: erose outras entidades financiadoras (creditos pessoais, cartoes credito), pelos quais pagamos cerca de 1300 euros por mês
Destes créditos, devem analisar imediatamente qual o que mais peso tem no orçamento e eliminá-lo. Se for o carro, vende-se, compra-se um carro que ande e liquida-se o crédito. Liquida-se imediatamente a dívida do cartão de crédito pois é, em princípio, aquele que apresenta a taxa de juro mais elevada. Tudo o que apresente um peso significativo no orçamento, deve ser imediatamente liquidado.
Colocado por: erosO banco, ao qual pagamos cerca de 800 euros de prestação (mais 200 de seguros)
Estes 200€ de seguros, respeitam a quê? Pelo menos dois seguros de vida, não? Se a poupança for considerável, aconselho eliminar um deles, aquele da pessoa que apresente menos risco. Se no futuro as coisas correrem melhor, volta-se a fazer o seguro. Por outro lado, começar a procurar seguros mais baratos, de forma a baixar esse valor.
Não sabendo como será o futuro a nível de emprego, qual a possibilidade de trocarem de casa? Duas hipóteses: -> pelo que percebo, recebem 350€ da renda da outra casa. E se vendessem a actual e se mudassem para aquela? -> coloquem já a casa dos 800€ à venda, seja ou não vendida, se não arranjar um emprego a ganhar pelo menos 1.000€~1.500€ essa prestação é incomportável a curto prazo
A consolidação dos créditos é uma boa hipótese e devem sempre pedir mais do que uma proposta.
Com os dados fornecidos, a estratégia será: -> estancar (baixar imediatamente o peso dos créditos no orçamento mensal) -> reduzir (eliminar tudo o que é supérfluo/dispensável) -> negociar (propor alargamentos de prazos, negociar taxas) -> manter (repetindo os passos iniciais e mantendo o nível de vida no mínimo possível)
Entretanto, qualquer emprego é um emprego! Não há que esperar por isto ou por aquilo! Cá em Portugal não se faz muito, mas em muitos países um segundo emprego é algo perfeitamente normal, pelo menos até estabilizarem a situação.
Recorra, se possível, à família. Peça-lhes o dinheiro que está agora a pagar a financiadoras e bancos - se possível, sem juros. Reduza o peso dos créditos no orçamento mensal, pelo menos até arranjar um emprego e estabilizar. Faça tudo direitinho, por escrito, e não tenha vergonha de o pedir - é preferível dever-lhes a eles do que pagar juros a outros.
Boa sorte! E lembre-se que mesmo o mais ricos, em muitos momentos da sua vida perderam tudo e recuperaram... ;)