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  1.  # 1

    Saudações a todos os membros deste fórum.

    Antes de mais gostaria de felicitar os membros que fazem deste fórum um local de referência no que toca aos assuntos da construção, engenharia e arquitectura – tem sido uma leitura bastante interessante e informativa.
    Encontro-me neste momento na recta final do curso de arquitectura, a desenvolver a tese de mestrado que há de finalmente fechar um capítulo que se iniciou em 1995... as voltas que a vida dá :-)

    Por ainda não ser arquitecto, estou a ajudar uns familiares meus a tomar uma escolha informada num momento importante das suas vidas.

    Confesso que me tenho divertido com todo o processo já que adoro arquitectura e adoro resolver problemas, mas também tenho reparado que a academia nos prepara muito mal para o mundo real.

    Gostaria de criar aqui um diário de evolução do projecto já que tenho imensas dúvidas que gostaria de colocar aos sábios membros do fórum.

    De acordo?

    Um abraço
    Concordam com este comentário: casaAG
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Pedro Barradas, CMartin, Alexluxx
  2.  # 2

    Tudo começou com o desejo destes meus familiares de se mudarem para VRSA - um dos membros é de lá e ambos por lá passaram um período importante das suas vidas.

    A somar a isso, toda a família tem uma grande afinidade com este tesouro do Algarve.

    De referir que de momento há duas opções sobre a mesa: comprar um apartamento ou construir a casa.

    Eu encontro-me a aferir a viabilidade da construção, motivado pela fraca oferta de apartamentos e pelo desejo de ter um espaço criado à medida.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
  3.  # 3

    Como qualquer bom projetista, saltei para o Revi… comecei a rabiscar conceitos em tudo o que era papel – nesta fase inicial a possibilidade de construção era super remota – para aí uns 20% de hipótese.

    Por isso rabisquei sem grande esperança.

    Foi só depois da primeira incursão pelos apartamentos de VRSA que a hipótese de construir começou a ganhar tração.

    O EDIFÍCIO

    O edifício em vista está inserido num quarteirão típico de VRSA – Na zona envolvente do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António.

    É composto por um piso térreo, construído na primeira metade do século XX, em alvenaria de pedra, cobertura de telha em duas águas rematada na frente por uma platibanda.

    A área do lote ronda os 12,0 por 4,7 metros.

    Apenas tive a oportunidade de o visitar uma vez e como seria de esperar tenho mais dúvidas em relação à sua construção do que certezas…
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
  4.  # 4

    As seguintes imagens foram extraídas do Google Street View e representam um edifício com uma tipologia idêntica, em condições muito semelhantes.

    De reparar nas fotos de pormenor da cobertura (ou o que resta dela...)

    Disclaimer: Não é este o edifício a intervencionar, apresento-o apenas como exemplo, de modo a proteger a privacidade dos intervenientes.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
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  5.  # 5

    O PROGRAMA

    Estes meus familiares valorizam a presença dos amigos, cozinhar e comer (don’t we all?), pelo que o espaço social tem grande importância no programa, assim como a articulação entre o espaço de estar, o espaço exterior e o espaço de cozinhar.

    Também estão zelosos que eventuais dificuldades de mobilidade lhes afetem a qualidade de vida, pelo que terá de haver um programa mínimo no piso térreo.

    Já referi que querem um piso extra?

    Um piso extra para os filhos e netos que tornam esta casa mais completa com as suas visitas.

    Em resumo, este é o programa que trabalhámos:

    Piso térreo
    - Quarto
    - Arrumação
    - Casa de banho com poliban
    - Sala
    - Cozinha ou kitchenette
    - Pátio

    Primeiro piso
    - Quarto convencional
    - Casa de banho
    - Divisão multifuncional (escritório/quarto/apoio à varanda)
    - Varanda
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
  6.  # 6

    O CONCEITO

    O conceito surge de uma análise SWOT… sweat, sven, simples que considerou, entre muitas outras, as seguintes diretrizes:

    Sala na frente
    - O acesso direto à sala reduz a área de circulação necessária, mas também reduz a privacidade do espaço.
    - A única origem de luz seria uma janela diminuta que tem acesso/está exposta aos movimentos na rua.
    Sala nas traseiras
    - Sendo o pátio traseiro obrigatório, anexar-lhe a sala criando um continuo espacial que ajuda a minimizar o facto de o espaço ser tão pequeno.
    - Obriga a criar um espaço de circulação de acesso à sala.
    Quarto na frente
    - Fica exposto ao ruído proveniente da rua.
    Quarto nas traseiras
    - Fica associado ao pátio traseiro, partilhando-o com a cozinha.
    - Fica resguardado do ruído proveniente da rua.
    Cozinha/Kitchenette nas traseiras
    - Este foi dos itens mais imutáveis – sempre associado ao pátio das traseiras, quer em forma de divisão, ou de forma linear.

    Enfim, testei as mais diversas composições pesando os prós e os contras de cada uma. No fim acabei com o conceito que irei ilustrar no próximo post.
    Concordam com este comentário: casaAG
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
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  7.  # 7

    É ainda um "Work In Progress", mas esta prova de conceito serviu para dar alento à opção da construção, já que agradou a toda a família.

    As escadas de acesso ao primeiro piso dobram como arrumação sobre a sua estrutura e na continuidade desta surgem os módulos convencionais de cozinha, criando uma estrutura longitudinal multifunções.

    O espaço de circulação serve assim essa arrumação.

    A sala aproveita toda a largura do espaço (à exceção dos módulos da kitchenette…) e estende-se para o pátio conseguindo um somatório agradável.
    Atenção que estes não são os últimos desenhos, eram os que tinha à mão com ar mais arrumadinho.

    Ainda há muito detalhe por resolver (tipo de estrutura, tipo de laje…), muitas questões por responder (como se intervenciona em paredes meeiras) – e é aí que entram os membros deste fórum ;-)

    Me thinks.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
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  8.  # 8

    Boas... boa sorte.
    Acho o saguão somente com 2.00m é pouco, deveria ser 3m, no minimo.
    Falta a exaustão de fumos da cozinha...
    No piso +1, a varanda, se não tem vita acho-a desproporcionada, as laminas não irão fazer quase nada , já que a fachada é orientada a Poente. é uma solução cara e poderias aligeirar mais a intervenção em termos de volumetria... e tentar ver se respeitas os 45º no tardoz...
    Volumetricamente, não sei como opinar, desconheço a envolvente em concreto... se calhar um telhado inclinado mimetizava-se melhor com a envolvente urbana... e talvez não perdesse nada em termos arquitectónicos.
    Espero que tenhas tido em consideração as restrições urbanísticas para essa zona.

    A intervenção em paredes meeiras, é sempre chato... qual o tipo de alvenaria que o actual edificio tem?
    Não tens uns desenhos de sobreposição?
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Goncalo D.
  9.  # 9

    Colocado por: Pedro Barradas
    Acho o saguão somente com 2.00m é pouco, deveria ser 3m, no minimo.

    Obrigado Pedro.

    De facto, tomei recentemente conhecimento pelo Regulamento do “Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António”, que sou obrigado a ter um afastamento de três metros do tardoz ao eixo longitudinal do quarteirão (Aviso n.º 29326/2008 - Art. 50 - 3).

    No entanto não sei se esta regra se aplica ao acrescento de um segundo piso (Aviso n.º 29326/2008 - Art. 53 - 5).

    Colocado por: Pedro Barradas
    Falta a exaustão de fumos da cozinha...

    Tenho lá uma indicação de onde será, por cima do terceiro módulo de cozinha.

    Colocado por: Pedro Barradas
    No piso +1, a varanda, se não tem vita acho-a desproporcionada, as laminas não irão fazer quase nada , já que a fachada é orientada a Poente. é uma solução cara e poderias aligeirar mais a intervenção em termos de volumetria... e tentar ver se respeitas os 45º no tardoz...

    De facto não tem vista, mas valorizo os espaços exteriores. De qualquer modo vou ter em consideração a sua opinião.
    As laminas funcionariam a meio do dia, no período de maior força. Mas estou aberto a soluções mais realistas/funcionais.

    Colocado por: Pedro Barradas
    Volumetricamente, não sei como opinar, desconheço a envolvente em concreto... se calhar um telhado inclinado mimetizava-se melhor com a envolvente urbana... e talvez não perdesse nada em termos arquitectónicos.

    Considero a envolvente da Zona Envolvente do PPSNP de VRSA como uma zona em evolução, e a tendência será o acrescento de um ou mais pisos aos edifícios vizinhos. De qualquer modo, o Plano de Pormenor obriga que todas as coberturas de edifícios novos sejam planas (Aviso n.º 29326/2008 - Art. 54 - 2b) - a ideia é (me thinks) distinguir esta envolvente do típico edifício pombalino, evitar os "pastiches" estilísticos para dar relevo ao material original.

    Colocado por: Pedro Barradas
    A intervenção em paredes meeiras, é sempre chato... qual o tipo de alvenaria que o actual edificio tem?
    Não tens uns desenhos de sobreposição?

    Não tenho nada, infelizmente. Tenho andado à procura de indícios através do street view pois este tipo de intervenção é "peanuts" em VRSA- vêem-se muitos edifícios de dois ou mais pisos ao lado de edifícios de piso térreo. Seguem sempre a linha desenhada na fachada mas não sei se criam estruturas autónomas ou constroem sobre a alvenaria de pedra existente (medo, é uma zona vulnerável sismicamente...)
  10.  # 10

    Desenhos de sobreposição = amarelos/ vermelhos
    Para ver o que vais manter/ demolir...
    No entanto terás de efectuar uma estrutura, nova. Sendo em betão do meio da parede para dentro do teu terreno, sapatas excentricas, etc... eu depois forrava isso tudo com SGPL.

    então ainda não sabes se podes meter mais um piso?
    Uma cobertura inlcinada não tem de ser conotada automaticamtne com qq pastiche.... antes pelo contrário... Se formos todo por esses caminho da "ruptura", teremos as cidades, mais uma vez desgraadas, com elementos dissonantes.... Uma solução que respeite o lugar e respeite o seu tempo é sempre melhor... não precisa sobressair sobre os outros...
    Concordam com este comentário: CMartin, Mk Pt
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Goncalo D.
  11.  # 11

    Colocado por: Pedro Barradas
    então ainda não sabes se podes meter mais um piso?

    A minha interpretação do Plano de Pormenor revela que este é bastante liberal quanto à nova construção na Zona Envolvente, permitindo construir até ao 12 metros desde que uma série de parâmetros seja respeitada, nomeadamente os tais 3 metros do tardoz ao eixo longitudinal do quarteirão.

    Colocado por: Pedro Barradas
    Uma cobertura inlcinada não tem de ser conotada automaticamtne com qq pastiche.... antes pelo contrário... Se formos todo por esses caminho da "ruptura", teremos as cidades, mais uma vez desgraadas, com elementos dissonantes.... Uma solução que respeite o lugar e respeite o seu tempo é sempre melhor... não precisa sobressair sobre os outros...

    Atenção que não disse nada contra a cobertura inclinada.

    Percebo que coberturas inclinadas que sejam tabus modernistas, mas eu não me rejo por dogmas.

    Valorizo o prático e o funcional e depois de uma adolescência arquitectónica aprendi a respeitar o que comprovadamente funciona – nomeadamente coberturas inclinadas.

    Limitei-me a tentar interpretar o que consta no Plano de Pormenor e porque razão este proíbe coberturas inclinadas.
      VRSA_08.jpg
  12.  # 12

    Colocado por: Pedro Barradas
    Desenhos de sobreposição = amarelos/ vermelhos
    Para ver o que vais manter/ demolir...

    Obrigado Pedro,

    Tenho pouca informação para conseguir um desenho de sobreposição realista.
    Tenho apenas um levantamento dos anos 80 que é omisso nas paredes laterais, e as minhas medições no interior da casa e na fachada.
    Só quando estava no exterior a medir a fachada é que me apercebi que o diferencial entre a largura exterior e a largura interior era muito pequena.
    Ao olhar para algumas imagens de ruínas no Street View vemos com frequência esta utilização da parede meeira.

    Colocado por: Pedro Barradas
    No entanto terás de efectuar uma estrutura, nova. Sendo em betão do meio da parede para dentro do teu terreno, sapatas excentricas, etc... eu depois forrava isso tudo com SGPL.

    Pilares sobre sapatas excentricas e paredes de betão? Como no croquis?
    Já agora, o que é SGPL? :-/
    Concordam com este comentário: Pedro Barradas
      VRSA_04.jpg
  13.  # 13

    sistema placas de gesso laminado, era SPGL que queria dizer... troquei...
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Goncalo D.
  14.  # 14

    Update

    A configuração que coloquei inicialmente sofreu entretanto algumas alterações: inclusão da estrutura, observância das regras do PPSNP de VRSA, novo layout, etc…

    A opção de construção foi entretanto posta de lado, este é agora um daqueles projetos nas nuvens.

    Vou continuar a desenvolvê-lo para exercitar os neurónios arquitetónicos e a adoção mais avançada do BIM.

    Tenho aprendido bastante com este fórum, com os diários de projeto e os contributos dos doutos membros do fórum.

    Um abraço!
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Alexluxx
  15.  # 15

    Olha que estava a gostar de ver...
    Concordam com este comentário: Alexluxx
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Goncalo D.
  16.  # 16

    Colocado por: riscosOlha que estava a gostar de ver...


    Obrigado, Riscos.
    Mas como disse, houve alterações para aproximar o projeto da viabilidade, baixar o preço de algumas soluções e permitir o faseamento do recheio.

    Do que me ocorre de momento, estas são as alterações:
    - A escada passou para a sala e seria de madeira ou outra combinação de materiais que reduzisse a sua massa, sem gastar muita massa (da outra…)
    - Todos os armários/módulos de cozinha são agora off-the-shelf (Ikea, Leroy Merlin, …) usando módulos standard de 60cm e 40cm.
    - Proto-estrutura
    - Adeus varanda no primeiro piso
    - O saguão respeita agora o afastamento de 3 metros
    - Etc…

    Aqui ficam as plantas
      VRSA2017_v8 Primeiro Piso.jpg
      VRSA2017_v8 Piso Térreo.jpg
  17.  # 17

    LoL, as referências aos móveis do Ikea eram um "auxiliar de avaliação" para os meus familiares, eu gosto das coisas assim - simples ;-)
    •  
      Mk Pt
    • 30 agosto 2017 editado

     # 18

    O futuro colega necessita de ler o decreto lei 163/2006.
    Não digo o porquê, porque é bom que leia tudo. :)

    E laje entre piso térreo e segundo piso, habitável, nunca tem apenas 26 cm no total, ainda para mais com i.s. no piso superior. Isto para dizer que mesmo com pé direito de 2.40m no piso térreo, na prática deve necessitar de 16 degraus/'alturas' para cumprir com espelho de 18cm ou menos.

    Estas são aquelas pequenas coisas que é necessário prática/estágio para ir ganhando noção.
  18.  # 19

    E laje entre piso térreo e segundo piso, habitável, nunca tem apenas 26 cm no total, ainda para mais com i.s. no piso superior.

    Os primeiros esboços tinham muita asneira, é verdade.
    Mas eu não tenho ainda tarimba para "do pé para a mão" ter tudo correcto (ou aproximadamente correcto..) - mas lá chegarei.

    Colocado por: Mk PtEstas são aquelas pequenas coisas que é necessário prática/estágio para ir ganhando noção.

    Precisamente ;-)
  19.  # 20

    Colocado por: Goncalo D.Os primeiros esboços tinham muita asneira, é verdade.

    Começa mal!
    Um arquiteto nunca se engana e raramente tem duvida.
    Atão agora não se pode fazer uma laje com 26 cm?
    A engenheirada que puxe pela mona, se é para fazer aquilo com 40 até um arquiteto é capaz.
    Concordam com este comentário: riscos
 
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