Maria José Salavisa tinha um singular carinho por Óbidos e em especial pela Casa do Arco, adquirida pelo casal, em 1962, quase em ruínas.
A sua recuperação foi trabalho de amor, melhor, de paixão, sendo o resultado da atracção que a vila sempre exerceu sobre Maria José Salavisa.
É sobejamente conhecido um pequeno texto de Maria José Salavisa relacionado com este espaço encantatório e intimista, intitulado "O objecto da minha vida". "Qual o objecto da minha vida? Não tive reposta, nenhum se me impôs... Mas se um 'cipreste' fosse um objecto? - o cipreste da minha casa de Óbidos, seria o objecto da minha vida. Entrou pequenino na minha vida. Há 35 anos era uma varinha com alguns ramos - mas havia já um projecto para ele, faria parte de uma cena: - "A casa e ele". Cumpriu, cresceu, e tornou-se majestoso. Quis mostrar-se a quem passava nas muralhas, elas seriam a sua plateia. Admiro-o pelo seu porte e altivez, assusta-me pela sua altivez e porte. É protagonista, ocupa-me a atenção: - coloquem-lhe esticadores à parede, não vá o vento derrubá-lo. Há visitas? - retirem-lhe os esticadores, porque o desfeiam e humilham. Cresceu demais, e usurpou o espaço da escada vizinha, há que desbastá-lo, mas cuidado não lhe alterem o "perfil", cuidado não magoem as suas raízes. De repente percebi, não será "o objecto da minha vida", mas é "objecto da minha vida". E ele, o cipreste, mudo e indiferente, testemunha a minha existência em Óbidos - Até quando? Quem desistirá, ele ou eu?"