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    • Giba
    • 25 setembro 2009

     # 21

    NO APERTO DO CRÉDITO

    Se não fossem os malvados bancos, a crise já quase se teria desvanecido, a contento de todos. Assim, o Ministro das Finanças Steinbrück reage com ar zangado, alegando que as instituições de crédito não teriam cumprido o seu dever para com a economia nacional. Só concedem créditos às empresas mediante condições muito difíceis, ou então não concedem mesmo, embora eles próprios se possam refinanciar junto do banco central a taxas de juros historicamente baixas. O que Steinbrück esconde deliberadamente é que, segundo a versão oficial, foram os empréstimos feitos frivolamente pelos bancos sem base de capital adequada que, não em último lugar, levaram à crise financeira. Requisitos mais rigorosos no que respeita a capitais próprios obrigam os bancos a restringir a concessão de empréstimos ou a aumentar o seu custo. Nesta situação de nada adianta o nível extremamente baixo dos juros.

    Como as empresas também têm obviamente falta de capitais próprios e estão agora ameaçadas pelo famoso aperto do crédito, os reguladores estatais, que ainda há pouco tempo se apresentavam cheios de força nas suas declarações de intenções, já se encolheram outra vez. Regras mais rígidas para os capitais próprios dos bancos, como acabam de assegurar os ministros das Finanças do G20 em Londres, "provavelmente" só lá para 2012, se vierem a acontecer. Esta discreta marcha-atrás na tão apregoada reforma do mercado financeiro não vai certamente tornar os bancos mais generosos. Pois, independentemente das exigências do Estado, a partir do Outono eles vão ter de se ajustar às perdas de créditos numa magnitude sem precedentes. Está em curso a maior onda de falências desde a guerra. Devido ao plano de cortes dos conglomerados empresariais, alguns dos quais estão numa situação periclitante, não demorará muito tempo até que caiam as encomendas em toda a gama de indústrias fornecedoras. Será o fim de muitas delas. E o mesmo se aplica ao sector dos transportes. Ora, se em breve terão de ser abatidos ao activo créditos comerciais malparados em larga escala, por que hão-de os bancos continuar a conceder de mãos cheias créditos baratos a candidatos à morte potencial?

    Contrariamente a toda a propaganda do optimismo, esta é a situação real, não só na Alemanha, mas em todo o mundo. A concessão de crédito global pelo sistema bancário caiu desde 2007 de 3 biliões para 1,1 bilião de dólares. Durante o mesmo período, a emissão de obrigações de empresas também cresceu rapidamente; até Julho do ano em curso foi alcançado neste sector, pela primeira vez na história do mercado de capitais, o volume recorde de mais de 1 bilião de dólares. Porém, esta mudança das necessidades de financiamento, de créditos bancários para a emissão de obrigações, apenas está ao alcance de empresas relativamente grandes, que no mercado do crédito entram em concorrência com as emissões de dívida pública também drasticamente expandidas, aumentando os custos das emissões.

    O facto de os fundos e investidores privados em geral estarem dispostos a comprar tais papéis de crédito deve-se à grande massa de activos líquidos que não podem ficar sem aplicação. Mas, se a onda global de falências se desencadear, naturalmente também o mercado de obrigações das empresas entrará em colapso, pois aumentará drasticamente o risco de perda total. Uma vez que as necessidades de financiamento de cada vez mais empresas já não têm a ver com investimentos e produção corrente, mas com a renegociação de créditos vencidos em situação precária, as empresas não receberão de qualquer forma mais dinheiro do sistema financeiro. O aperto do crédito é assim um mecanismo que se auto-reforça. Seria realmente maravilhoso se a crise se despedisse antes mesmo de se ter tornado realidade.

    Original IN DER KREDITKLEMME em www.exit-online.org. Publicado em Neues Deutschland, 11.09.2009
    • eu
    • 25 setembro 2009 editado

     # 22

    Toda a gente pode especular sobre essa tendência, mas a realidade nua e crua é que... ninguém sabe o que vai acontecer às taxas de juro. Tudo pode acontecer, desde taxas zero a taxas de 10%.

    O que esta crise veio revelar é que a economia é cada vez mais instável e imprevisível.
  1.  # 23

    e já agora quem me conseguir acertar na chave do euromilhões, também agradecia...

    Qualquer pessoa que tente adivinhar como se vão comportar as taxas nos próximo 2 a 5 anos já está a arriscar muito....

    e depois não venham para cá dizer que à e tal as nossas estimativas são a melhores... pois porque se assim fosse, os bancos não teriam tido a crise financeira que tiveram.

    Foi como em tempos o que disse o presidente do Brasil, quando era o Brasil que estava em crise financeira todo o mundo )países desenvolvidos) sabiam e tinham a chave certa para resolver a crise brasileira, mas quando a crise foi na casa deles, afinal já não tinham a chave certa... enfim, quando é para mandar opiniões e criticas todos estão cá, mas quando acontece na horta dos mesmos... a coisa já muda de figura
    •  
      FD
    • 25 setembro 2009

     # 24

    Aliás, qualquer expectativa que se crie sobre a subida/descida das taxas de juro vai influenciá-las directamente, confeccionando a chamada pescadinha de rabo na boca...
    • Giba
    • 25 setembro 2009

     # 25

    Espero que o BCE não nos faça isso!
      images.jpg
  2.  # 26

    E apesar de toda esta euforia com as baixas de juros, é bom não esquecer o reverso da medalha - a remuneração da poupança está cada vez mais baixa.
 
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