Por acaso sempre que vejo fotos de decoração fico sempre a pensar na quantidade de livros e revistas que aparecem em cima de mesas. Fico com a ideia que quem faz tanto uso dos livros para decoração não deve gostar muito de os ler - mas se calhar estou apenas a ser preconceituoso.
.....After all..estas imagens ainda não me conhecem! (Obviamente que não me conhecem, nem eu teria tal presunção..), mas penso que chegada a esta altura não terão duvidas: a minha paixão são as casas antigas.
Detesto (palavra demasiado forte) a arquitectura contemporânea. Acho-a agressiva, antipática e faz-me, sentir-me, doente.
(Ainda por cima, passei, na minha vida profissional, de um edifício com 60 anos (não suficientemente velho, mas “servia-me”) para um de um arquitecto actual de renome, o Valsassina. O Valsassina que assassina (inventei agora, não resisti!). Ficam maravilhados com este rectângulo em vidro com uma fachada onde se projecta o logo da empresa, qual filme de drive-in. Eu não partilho deste entusiasmo, de todo, estas grandes paredes brancas, que não sei onde começam e nem sei onde acabam, que parecem infinitas na sua falsidade funcional, o chão antracite que parece que serve de âncora pesada ao branco; enquanto que o branco parece querer aflitivamente subir, o antracite prende-o puxando-o para baixo, e eu rasgada entre os dois, o corpo no branco, os pés no antracite, ao redor, vidro e o aço, materiais tão frios. Sinto-me um xadrez, uma peça de xadrez, num fundo branco e antracite, a ser movimentada apenas em ângulos rectos, um para a direita, ou dois para a esquerda, ou na diagonal, ou na horizontal, ou dois para a esquerda, um para a direita).
Não há redondos, nem nichos, neste prédio e onde não há redondos, nada é sexy. O meu edifício de 60 anos era sexy. A minha casa de 100 anos então, não trocaria por nenhuma mais jovem. Nunca.)
A arquitectura para mim torna-se cada vez mais importante – a base de tudo, para depois, a decoração, que leva a arquitectura.
(Se calhar por esta razão, de me ter mudado de um edifício cheio de charme para um cheio de ângulos na minha vida profissional…sinto cada vez mais imensa falta de respirar o antigo das paredes).
Partindo do elemento imprescindível para o meu bem-estar que é para mim ter uma casa antiga, a tal arquitectura de eleição, vejo-me cada vez mais interessada em imagens que tenho visto ultimamente, de uma decoração - obrigatoriamente: - rica, sempre opulenta, chique, que encha o olho, brilho (brilho velho mais do que o brilho do novo, tem que ser brilho com “cachet”), textura, dourados, trabalhados - mas menos cheia para me deixar respirar a arquitectura, a traça antiga tão bela e que eu tanto amo.
(Mas isto nem é novo, repararão em algumas imagens do fantástico, menos peças de decoração mas em ambientes sempre preferencialmente antigos).
Para si ?, (ponto de interrogação), saberá, claro, pelas imagens do fantástico, que gosto de espaços cheios….mas, cada vez mais, gosto de espaços cheios de arquitectura e um pouco menos cheios de almofadas, revestimentos, tecidos. A minha casa é cheia de ambas as coisas, a minha arquitectura de eleição e as minhas imensas peças de decoração e de mobília; quando gosto de algo não resisto em tê-lo para mim – daí esta casa, daí eu ter tantas peças. Nada foi ao acaso. Neste momento, apetece-me despi-la um pouco para poder respirar melhor esta traça antiga que se esconde por detrás dos meus drapeados.
Uma sala com chão em tábua corrida e tecto em madeira, com arco em pedra do antigo forno de lenha, fica tão bem apenas com um sofá, uma cadeira, um veado empalhado, um espelho pendurado do tecto a encostar no chão, em talha dourada...Why not, tudo é possível, afinal, a casa é minha.
..Ainda, estou com uma grande apetência para misturadas eclécticas, do género do apartamento da Lauren Santo Domingo (colaboradora na Vogue), na imagem a própria, em Nova Iorque. Mas talvez lhe acrescentasse uma jarrão de uma das dinastias ming ao lado do crânio seco.
(engraçado como alguns dos estilos aqui apresentados, no APT with LSD, me fazem lembrar um pouco o estilo da DVF - Dianne von Furstenberg, que já coloquei por aqui, e de que tanto gosto).