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  1.  # 981

    Colocado por: HAL_9000Era estágio para ser aceite na ordem, ou coisa que o valha (uma m***a qualquer esquisita que a ordem dos advogados obriga), fez os 9 meses desse estágio após 15 meses de borla (totalizando 2 anos de estágio). Se isto é parte dos estudos.....vou ali e já venho. Parecia-me exploração pura e dura

    Eu fiz o mesmo estágio também a receber os 690 euros, até me chatear com aquilo, após ter feito 700 horas de borla que essas sim faziam parte dos estudos. O estágio do IEFP era feito em contexto de trabalho, não era estágio curricular.


    Depende. O meu foi depois de 5 anos na universidade, não era do IEFP nem curricular. Era (e creio que ainda é), o estágio obrigatório para quem quer ser membro da ordem, pagar cotas todos os meses, e ter o privilégio de assinar projectos. Imagino que foi algo parecido com o da sua amiga advogada e nada, depois disso, a impede de abrir negócio e ser concorrente do patrão que tanto despreza.
  2.  # 982

    Colocado por: HAL_9000Onde é que me viu defender isso? O que eu disse é que quando se fala de autoresponsabilização, o ponto de partida não é um mero pormenor. Leia lá outra vez o que escrevi.



    Óbvio que a vida é uma maratona, contudo essa maratona para alguns tem barreiras recorrentes que atrasam eventuais ganhos de velociadade. Diria até que a vida é uma corrida de barreiras em que uns têm a pista livre, outros barreiras de 50 cm e outros barreiras de 1m, de forma recorrentem. A cada nova barreira os ganhos de velocidade podem ser copmprometidos.
    Vejamos
    -A familia onde nasceu:existe um ambiente calmo, existem rotinas, existe comida e conforto, existe cultura disponível, existe incentivo ao pensamento crítico e promoção da autoconfiançavsexiste gritaria, desorganização, fome, "abandono".
    - A escola onde estuda: estuda numa colégio privado onde se fomenta a criatividade, a rotina, o compromisso, e onde o estudo é apoiadovsestuda numa escola pública que apesar de a sua turma ter 25 alunos, consegue até transmitir a matéria e acompanhar decentemente os alunosvsestuda numa escola pública numa zona problemática em que anda a repetir de forma recorrente a mesma matéria porque há alunos que nunca percebem, e outros tantos que só lá estão para destabilizar?
    - Conseguiu chegar à faculdade com uma boa média e tirar um curso promissor, e agora? Tem os conhecimentos nos lugares certos para ter as oportunidades que lhe permitem explanar todo o seu potencial, ou tem de fazer trabalho de fundo e procurar as oportunidades a pulso, perdendo no processo alguns anos.
    - Quer ir morar com a sua esposa e constituir família: a sua familia consegue-lhe dar algum suporte quer financeiro quer de apoio pessoal, ou está por sua conta e não conseguiu grande margem de poupança porque desde os 18 anos que está por sua conta?

    Como disse antes ao Miguel, eu não discordo da autoresponsabilização, simplesmente não acho que seja tão líquido considerar a autoresponsabilização como o factor determinante para medir o sucesso ou insucesso de alguém a uma determinada altura da sua vida.

    Como escreve pararece,
    Compreendo isso tudo que menciona mas a verdade é que mesmo assim vindo de uma situação desfavorável as pessoas conseguem vencer e ultrapassar, reconheço que agora está pior mas é universal a todas as gerações que tudo custa.
    Todos os negócios são bons, conheço Fisioterapeutas a ganhar 1000 euros e outros a ganhar 3k ou 4k mas estudam é difereciaram ou abriram o negócio deles...
  3.  # 983

    Colocado por: HAL_9000Eu defendo que os serviços com valor, tendem a impor-se. Se um arquiteto conseguir melhores valores de construção para os seus clientes, estes tenderão a contrarar esses serviços. Ninguém é burro que queira gastar dinheiro por gosto.

    Quanto à planta do barracão, nada mais simples, é amplo. É um retângulo de 7x5 amplo, 2 águas, abas feitas com telha de beirado, parede simples rebocado.
    Deveria ser simples orçamentar isto... Vamos ver.
    A minha experiência é somente o que vou vendo e lendo...


    Depende. Chegou a perguntar-lhe se gerem isso eles?
    Pois, talvez a sua experiência seja menor que a deles...
  4.  # 984

    Colocado por: HAL_9000É vivem pior que os pais em idades comparáveis, pelo menos em termos de independência financeira.


    Bem... os meus pais ou qualquer tio meu ao ler isso "esbardalhava-se" de riso :P
    Chega quase a ser insultuoso...

    É que com a 4ª classe, a perspetiva de futuro era de facto muito baixa.
    Sem meios ou ferramentas para poderem sair da cepa torta... e mesmo assim, e com muito suor e lágrimas lá se levantaram para poder dar aos filhos uma oportunidade que eles próprios não tiveram.
    O que os filhos fazem com essa oportunidade, é com eles.
    Daí queixarem-se que as condições do país são piores hoje... vai lá vai.
    Ditadura, guerra colonial, fora da UE, iliteracia...

    Ainda estou para conhecer alguém da minha geração a viver pior que os pais à mesma idade...
    Claro que hoje se começa a trabalhar e a procriar mais tarde, mas até isso é sinal de progresso de certo modo.
    Concordam com este comentário: RCF
  5.  # 985

    Colocado por: RCFO meu pai saiu de casa aos 13 anos de idade, e a partir daí, não só já era independente financeiramente, como ainda contribuía para a economia do meu avô... mas, eu, mesmo apenas tendo alcançado a minha independência financeira bem mais tarde, aos 13 tinha uma qualidade de vida muito superior ao meu pai...
    No tempo do Pleistoceno Médio um individuo com 10 anos já tinha de ir ajudar a caçar um veado para comer à noite e aos 13 anos já se reproduzia com uma fêmera e era totalmente independente.

    Se vamos comparar situações extremas, nunca chegamos a lado nenhum. Não sei que idade terá o seu pai, mas não me parece que há 30 anos fosse hábito colocar os filhos todos fora de casa aos 13 anos.



    Colocado por: N Miguel OliveiraEra (e creio que ainda é), o estágio obrigatório para quem quer ser membro da ordem, pagar cotas todos os meses, e ter o privilégio de assinar projectos.
    Exploração ditada pela ordem portanto? Como as empresas sabem disso, nem precisam de pagar esses estágios.
    Olhe eu tive um estágico curricular obrigatório de 700 horas, para ter o privilégio de pagar 200 euro de cotas ano, e durante essas 700 horas fiz mais de 500 a trabalhar sozinho num posto farmacêtico porque era muito "responsável, proativo e dinâmico". Foi este o ótimo ensinamento que tive da empresa que me acolheu supostamente para me ensinar a profissão em contexto prático.



    Colocado por: N Miguel Oliveiraepois disso, a impede de abrir negócio e ser concorrente do patrão que tanto despreza.
    Então mas não é precisamente isto que temos estado a discutir? Acha que um advogado abrir um negócio hoje encontra extamente o mesmo ambiente fiscal e económico que encontrava no incio dos anos 90? Mas estamos a discutir o quê afinal.

    O miguel é que devia ir para PM, aparentemente tem s solução para tudo. Está descontente com a sua empresa? Torne-se empresário.
    É FP e o estado paga-lhe mal? despeça-se e abra a sua própria empresa e prove ao estado que é fácil pagar mais.
    Em 2 anos eramos um país de empresários, ou profissionais liberais...não sei é se a economia funcionaria dessa maneira, mas acho que valeria a pena tentar.
  6.  # 986

    Colocado por: spvaleCompreendo isso tudo que menciona mas a verdade é que mesmo assim vindo de uma situação desfavorável as pessoas conseguem vencer e ultrapassar, reconheço que agora está pior mas é universal a todas as gerações que tudo custa.
    Eu não digo que não. A questão é que é factual que "as pessoas conseguem vencer e ultrapassar" vindo de uma situação desfavorável, são geralmente a exeção e não a regra.

    Se vamos estar a discutir um tema com base nas exeções, então ficamos na mesma, porque você arranja-me exemplos de um extremo e eu do outro.



    Colocado por: spvaleonheço Fisioterapeutas a ganhar 1000 euros e outros a ganhar 3k ou 4k mas estudam
    E quais destes 2 grupos é que são os mais representativos da maioria?

    Conheço muitos empresários, mas conheço poucos rui nabeiro, belmiro de azevedo, etc..
  7.  # 987

    Colocado por: N Miguel OliveiraDepende. Chegou a perguntar-lhe se gerem isso eles?
    Pedi-lhes um cotação, até porque o engenheiro trabalha com uma empresa de construção. Disse que só vendo, mas que não conseguia adiantar valores. Mas para a minha casa, o valor que ele me deu, foi cerca de 15% mais elevado do que aquele que consegui negociar com outra empresa. Apesar do orçamento dele ser muito mais previsiveel, a verdade é que me orçamentou tudo com o material mais rasca que conseguiu encontrar (acabei por aplicar material de melhor qualidade com a outra empresa) pois sabia bem para que valores estava eu a apontar.

    Por isso agora também não insisti muito mais para ele me dar cotação.

    Agora obviamente que ele tem muito mais experiência, e provavelmente até me tinha feito a casa bastante mais rápido.
    • RCF
    • 15 junho 2023 editado

     # 988

    Colocado por: HAL_9000No tempo do Pleistoceno Médio um individuo com 10 anos já tinha de ir ajudar a caçar um veado para comer à noite e aos 13 anos já se reproduzia com uma fêmera e era totalmente independente.

    Se vamos comparar situações extremas, nunca chegamos a lado nenhum. Não sei que idade terá o seu pai, mas não me parece que há 30 anos fosse hábito colocar os filhos todos fora de casa aos 13 anos.

    O meu pai tem 69. Fará 70 ainda este ano. E o caso dele não é ou foi extremo. Era perfeitamente banal na sua geração.
    Faziam a 4.ª classe e começavam a trabalhar aos 10 anos. Se o trabalho fosse um pouco mais distante (como aconteceu com o meu pai) saíam de casa... sem prejuízo de, no final do mês, enviarem parte do ordenado aos pais. Depois, aos 19/20 iam para a tropa e de seguida para a guerra em África, onde alguns ficaram e outros voltaram dentro de urnas... depois, ou arranjavam um trabalhito melhor ou emigravam para a França, Alemanha, Suíça ou outro país... e depois, depois de muito sofrimento e esforço, aos 50 (já com Portugal na CEE/UE), finalmente, tinham uma qualidade e nível de vida interessantes.
    E apesar de lhe poder parecer, nada disto ocorreu na idade média, mas na segunda metade do séc. XX
    Concordam com este comentário: lpetinga, N Miguel Oliveira, Carvai, Casa da Horta, NTORION
  8.  # 989

    Colocado por: HAL_9000Então mas não é precisamente isto que temos estado a discutir? Acha que um advogado abrir um negócio hoje encontra extamente o mesmo ambiente fiscal e económico que encontrava no incio dos anos 90? Mas estamos a discutir o quê afinal.


    Hal, um advogado nos início dos 90 era um peixe solitário num aquário.
    Hoje, o aquário é o mesmo, mas além de sí, tem outros 20 peixes consigo.

    Se espera fazer tudo igual hoje como fazia há 30 anos, vai ter uma má surpresa.
    Por um lado você quer toda a gente formada mesmo que tenham que emigrar tal é a quantidade de peixe... por outro não aceita que se procure trabalhar para um "aquário" maior. Afinal você quer o quê mesmo?
  9.  # 990

    Colocado por: N Miguel OliveiraBem... os meus pais ou qualquer tio meu ao ler isso "esbardalhava-se" de riso :P
    Chega quase a ser insultuoso...

    É que com a 4ª classe, a perspetiva de futuro era de facto muito baixa.


    Depende sempre do termo de comparação de onde parte. Se eu for a comparar com os meus pais obviamente que eles tiveram piores perspectivas de progressão que as minhas. Mas os meus pais vinham de uma origem muito humilde mesmo. Felizmente conseguiram sair de lá. Hoje com a mesma origem, conseguiriam?
    Não podemos é comparar coisas diferentes. Eu graças aos meus pais, apesar de ter uma origem humilde, está longe de ser equiparável à deles.

    Felizmente os meus pais conseguriam proporcionar-me a possibilidade de estudar (eles nem consideraram essa possibilidade).

    Acho lógico que um jovem de classe média hoje compare as suas perspectivas com a classe média de há 30 anos. Da mesma maneira que alguém que vive hoje com carências económicas graves (como os meus pais viviam) terá de comparar com o correspondente há 30 anos.

    Óbvio que se for a comparar as minhas perpectivas com a dos meus pais, eu não tenho problema nenhum em reconhecer que eu tenho muito melhores perspetivas do que aquelas que eles tiveram. Já se um recem licenciado comparar as suas perspetivas com algum com competências técnicas equivalentes há 30 anos (que na altura podia ser um curso técnico ou mesmo o 12 ano), eu acho sinceramente que tem piores perspectivas.

    No fundo é uma questão de analisar médias e tendências. No geral eu acho que a juventude tem piores perspectivas, até tendo em conta o ponto de partida. Sobretudo piores perspectivas de atingir os factores mais essenciaias à gestão pessoal: Bom poder de compra, habitação, estabilidade profissional, e constituição de familia.
    Por outro lado têm os bens de consumo e conforto muito mais acessíveis.

    As estatísticas mostram isso mesmo. Porque carga de agua ficam em casa dos pais até aos 33, e têm filhos quase aos 40?
  10.  # 991

    Colocado por: HAL_9000O miguel é que devia ir para PM, aparentemente tem s solução para tudo. Está descontente com a sua empresa? Torne-se empresário.
    É FP e o estado paga-lhe mal? despeça-se e abra a sua própria empresa e prove ao estado que é fácil pagar mais.
    Em 2 anos eramos um país de empresários, ou profissionais liberais...não sei é se a economia funcionaria dessa maneira, mas acho que valeria a pena tentar.


    Claro, é assim que as coisas funcionam Hal. Quando uma câmara abre concurso para empreitada e dá um valor limite e não responde ninguém, o que acontece Hal? Ou se sobe, ou o Estado que faça ele a obra...

    Já você fica muito surpreendido pelos doutores emigrarem (tal é a quantidade de peixe) ou pela chegada de estrangeiros nos sectores sem mão de obra.
  11.  # 992

    Colocado por: N Miguel Oliveira
    Já você fica muito surpreendido pelos doutores emigrarem (tal é a quantidade de peixe) ou pela chegada de estrangeiros nos sectores sem mão de obra.
    Eu não fico surprendido, só acho uma estratégia desastrosa para o país.
    Se queremos ser um país de 3º mundo está tudo ok.
    Se queremos aspirar a ser mais como a Alemanha, então está tudo mal.~

    Eu falo do ponto de vista de gestão do país, e da sociedade portuguesa como um todo. O Miguel responde-me sempre como se eu estivesse à procura de uma solução individual para este ou para aquele.
    • RCF
    • 15 junho 2023

     # 993

    Colocado por: HAL_9000Mas os meus pais vinham de uma origem muito humilde mesmo.
    Felizmente os meus pais conseguriam proporcionar-me a possibilidade de estudar, para eu aspirar a pertencer à classe média.

    será que os seus pais, mesmo tendo essas origens humildes, não integravam a classe média desse tempo...?
    Os meus pais também têm origens humildes, apenas tendo feito a 4.ª classe e passado por muito mais dificuldades e restrições que eu. Ainda assim, esse era o padrão dos seus tempos. Essa era, creio, a classe média desses tempos... Alguém com curso superior ou até mesmo com o 7.º ano (antigo, a que agora corresponderá o 12.º), até meados da década de 80 do séc. XX, tenderia mais a estar na classe alta que na média
    Concordam com este comentário: N Miguel Oliveira
  12.  # 994

    Colocado por: N Miguel Oliveira

    Bem... os meus pais ou qualquer tio meu ao ler isso "esbardalhava-se" de riso :P
    Chega quase a ser insultuoso...

    É que com a 4ª classe, a perspetiva de futuro era de facto muito baixa.
    Sem meios ou ferramentas para poderem sair da cepa torta... e mesmo assim, e com muito suor e lágrimas lá se levantaram para poder dar aos filhos uma oportunidade que eles próprios não tiveram.
    O que os filhos fazem com essa oportunidade, é com eles.
    Daí queixarem-se que as condições do país são piores hoje... vai lá vai.
    Ditadura, guerra colonial, fora da UE, iliteracia...

    Ainda estou para conhecer alguém da minha geração a viver pior que os pais à mesma idade...
    Claro que hoje se começa a trabalhar e a procriar mais tarde, mas até isso é sinal de progresso de certo modo.
    Concordam com este comentário:RCF


    Acho que grande parte da confusão nesta discussão tem a ver com dizerem "geração dos pais / avós" quando podem estar a referir-se a gerações diferentes.

    Diria que a geração dos anos 70 e 80 apanhou algumas oportunidades.

    O mundo hoje em dia está melhor em muitos aspetos, mas também está muito, mas muito mais, competitivo.

    Conheço imensas pessoas nos seus 50 que sem estudos nenhuns, abriram negocios simples, e tiveram uma vida bastante desafogada.

    A esmagadora maioria desses negocios, se fossem abertos hoje em dia, nunca vingariam.

    Depois há a questão dos estudos. Quem teve a oportunidade de estudar teve muitas portas abertas e não é por acaso que haja tanta insistencia dos pais em que os filhos vão para a universidade. No entanto esses estudos já não abrem portas como abriam antigamente.

    Por fim, a questão das casas. Antigamente quem tinha algum dinheiro podia facilmente comprar casas. Havia gente que emigrava, sem estudos, e depois comprava predios inteiros em Lisboa. Hoje vais para fora, com estudos, e ao fim duns anos consegues juntar o dinheiro necessario para a entrada.

    Também há que fazer comparações contextualizadas com a epoca. Há 500 anos até os reis cagavam numa latrina, e não eram pobres. O mundo evoluiu e muito mal era que ainda tivessemos crianças de 13 anos a irem trabalhar...

    Quando se diz que os jovens estão piores é dentro do contexto da nossa epoca atual.

    Se antes poderias ser ambicioso e emigrar, estudar, abrir um pequeno negocio, para ter uma vida melhor, hoje essas coisas são quase o essencial para ter uma vida mediana.

    No fundo a frustração advém de não haver um caminho a seguir para se ter uma vida com um conforto acima da media. Não basta estudar, não basta trabalhar, não basta abrir um negocio qualquer, não basta emigrar.

    Eu pergunto: um jovem que tenha agora 17 anos, com o 12.º feito, que sacrificios tem de fazer para conseguir ser classe media/alta? Qual é o caminho a trilhar?
    Concordam com este comentário: N Miguel Oliveira, HAL_9000, desofiapedro
    Estas pessoas agradeceram este comentário: desofiapedro
  13.  # 995

    Colocado por: RCFO meu pai tem 69. Fará 70 ainda este ano. E o caso dele não é ou foi extremo. Era perfeitamente banal na sua geração.
    Faziam a 4.ª classe e começavam a trabalhar aos 10 anos. Se o trabalho fosse um pouco mais distante (como aconteceu com o meu pai) saíam de casa... sem prejuízo de, no final do mês, enviarem parte do ordenado aos pais. Depois, aos 19/20 iam para a tropa e de seguida para a guerra em África, onde alguns ficaram e outros voltaram dentro de urnas... depois, ou arranjavam um trabalhito melhor ou emigravam para a França, Alemanha, Suíça ou outro país... e depois, depois de muito sofrimento e esforço, aos 50 (já com Portugal na CEE/UE), finalmente, tinham uma qualidade e nível de vida interessantes.
    E apesar de lhe poder parecer, nada disto ocorreu na idade média, mas na segunda metade do séc. XX


    Este é o retrato dos meus ascendentes também, mais virgula, menos virgula, não foge muito.

    ... 4ª classe a correr, pois havia que tratar da vaca e do porco, o pai começou a trabalhar fora aos 13, a mãe aos 10, guerra na Guiné, Angola, a família da mãe emigrada na Alemanha até 74... casa alugada de 42m2 brutos, finalmente ergueram o barraco aos 45, tinha eu 11 já. Algo muito parecido ao que aconteceu aos meus tios, e praticamente 80% da gente da freguesia. Hoje o pai já tem 70 e ainda não pensa na reforma... não faz ideia o que é a netflix ou um smartphone.
    Concordam com este comentário: Casa da Horta
  14.  # 996

    Colocado por: RCFO meu pai tem 69. Fará 70 ainda este ano.
    O seu pai foi um jovem no tempo da ditadura, não no tempo da república. Não era bem essa geração a que me estava a referir, tire aí 10 anos e vai ver que a perspectiva é algo diferente.

    Não faz grande sentido estar a comprar o protugal actual com o portugal do Salazar.

    Ainda assim, conheço imensa gente com a mesma idade do seu pai e com um percurso de vida bastante mais abonado. Simplesmente faziam parte da classe nédia, e não parte de uma classe com fortes carências económicas. O RCF, não pode comparar as sus perspectivas com as do seu pai, tem de comparar as suas perspectivas com quem tinha uma origem semelhante à sua.

    Obviamente que se formos a pensar em todos os nossos familiares que tiveram a sua origem em pequenas aldeias perdidas no meio do nada, e na mais completa miséria e no tempo da ditadura, então sim, somos uns sortudos. Mas acho que não estamos a comparar o comparável.


    Mas também, a menos que o RCF tenha menos de 35, não espero que algum dia consiga perceber o meu ponto de vista, porque entrou no mercado de trabalho antes da crise de 2008, e esse simples facto muda tudo em termos de perceção dos problemas que as gerações subsequentes experimentaram sobretudo com a troica.

    Para ter uma noção, quando iniciei o meu curso, o ordenado médio da minha profissão (na função mais representativa: farmácia comunitária) andava a rondar os 2000 euros (em 2005), e o ordenado de entrada na profissão eram cerca de 1300 eur. Hoje o ordenado de entrada são 1000 euros, e o ordenado médio nem deve chegar aos 1500. E os preços das coisas não diminuiram de 2005 para cá.
    Eu considero que as perspectivas pioraram.
    Agora se o RCF quer que eu compare a minha perspectiva com a do meu avô que era lavrador com a minha idade, ok, a minha é melhor.
  15.  # 997

    Colocado por: N Miguel Oliveira... 4ª classe a correr, pois havia que tratar da vaca e do porco, o pai começou a trabalhar fora aos 13, a mãe aos 10, guerra na Guiné, Angola, a família da mãe emigrada na Alemanha até 74... casa alugada de 42m2 brutos, finalmente ergueram o barraco aos 45, tinha eu 11 já.
    Os meus pais são bastente mais novos, o que me faz considerar os jovens em 1989 alguém com 20 anos, e não 35-36.

    Os vossos pais estão mais próximos da idade dos meus avós que dos meus pais, e por isso eu percebo exatamente o que estão a dizer. Só acho que a comparação feita não é correta.

    A realidade dos vossos pais era essa, mas a realidade da classe média da altura seria outra.
    Eu tenho de comparar a classe média actual com a classe média dos anos 80, quando a república estava consolidada e não com a miséria da ditadura. Foi precisamente por causa dessa miséria que ela caiu. ´

    mas ok, nem adianta argumentar mais, que estamos em capítulos históricos distintos.
    Vejam só as estatísticas e digam-me se um jovem de 18 anos em 2023 tem as mesmas perpectivas que um jovem de 20 anos em 1993.

    Obvio que se me falarem de um jovem em 1973, digo já que vocês têm razão, agora estamos melhores independentemente da classe a que pertencemos.
  16.  # 998

    Colocado por: HAL_9000O seu pai foi um jovem no tempo da ditadura, não no tempo da república. Não era bem essa geração a que me estava a referir, tire aí 10 anos e vai ver que a perspectiva é algo diferente.

    Não faz grande sentido estar a comprar o protugal actual com o portugal do Salazar.

    Ainda assim, conheço imensa gente com a mesma idade do seu pai e com um percurso de vida bastante mais abonado. Simplesmente faziam parte da classe nédia, e não parte de uma classe com fortes carências económicas. O RCF, não pode comparar as sus perspectivas com as do seu pai, tem de comparar as suas perspectivas com quem tinha uma origem semelhante à sua.

    Obviamente que se formos a pensar em todos os nossos familiares que tiveram a sua origem em pequenas aldeias perdidas no meio do nada, e na mais completa miséria e no tempo da ditadura, então sim, somos uns sortudos. Mas acho que não estamos a comparar o comparável.


    Mas também, a menos que o RCF tenha menos de 35, não espero que algum dia consiga perceber o meu ponto de vista, porque entrou no mercado de trabalho antes da crise de 2008, e esse simples facto muda tudo em termos de perceção dos problemas que as gerações subsequentes experimentaram.


    Os meus pais devem ser da mesma geração dos teus e apesar de terem tido uma vida de classe baixa, em retrospetiva dá para ver que tiveram oportunidades que poderiam ter aproveitado. Obviamente, agora é facil ver isso, mas a verdade é que existiram.

    Os meus avós tinham um negocio simples e viviam confortavelmente, tinham dinheiro para comprar casas a pronto e infelizmente só compraram 2. Os filhos puderam tirar curso superior, mas o meu pai foi o unico que não tirou. Sempre ganhou proximo do salario minimo.

    Nos anos 90 podiam ter comprado um apartamento por 30 000 € que hoje em dia valeria uns 180 000 € e acabaram por desistir do negocio, passaram a vida toda a pagar rendas até irem viver para uma casa dos meus avós.

    Já eu tirei um curso, emigrei, juntei trocos, hoje ganho bastante bem em Portugal, e mesmo assim para comprar uma casa vou ter de abdicar de 1/3 do meu rendimento durante os proximos 40 anos.

    Eu nem me queixo da minha situação. O que mais me choca é a quantidade de pessoas que tem de viver com salarios bem mais baixos que os meus. Mas depois olho para o preço das rendas e das casas e penso... F*da-se, tanta coisa, e afinal sou pobre. O que é fiz de mal?
    Concordam com este comentário: HAL_9000, desofiapedro
  17.  # 999

    Colocado por: HAL_9000Os meus pais são bastente mais novos,


    Pois, talvez seja esse o ponto de discordância.
    Eu tenho 36, eles 69 e 70 em vez de 55...
    E apesar de tudo, eram a classe média da minha terra naquela altura.

    O que não posso comparar é ser licenciado/mestre/doutor agora, ou sou um de muitos fregueses da minha aldeia, com sê-lo em 1970 ou 90, onde era o único num raio de 4 ou 5 freguesias... "Em terra de cegos, quem tem olho é rei."

    Agora eu também tenho outra abertura e conhecimento, outras ferramentas e meios, que esse licenciado/mestre/doutor nem sonhava que existissem... Se continuamos a ver o mundo de modo igual, com 30 ou 40 anos de diferença, estamos aqui a discutir coisas sem nenhum sentido.
  18. Colocado por: RCFserá que os seus pais, mesmo tendo essas origens humildes, não integravam a classe média desse tempo...?
    Não tenho esses dados para o afirmar com certeza, mas penso que não.

    A minha mãe teve de começar a trabalhar aos 9 anos, porque era orfã de pai, e não havia dinheiro para nada em casa. Eles até estariam dentro do padrão da aldeia. Mas viviam pior do que se vivia nas aldeias mais abonadas lá da zona (com melhores terras e melhores ligações à civilização), e muito pior do que se vivia nas vilas.

    Por isso eu diria que eles não eram classe média, nem tão pouco mais ou menos.
 
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