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    • 3 agosto 2007

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    Aldeia da Pedralva renasce das ruínas para o turismo
    LEONOR MATIAS

    Aldeia da Pedralva abre em Maio do próximo ano
    A Aldeia da Pedralva, que vai emprestar o nome a uma nova marca de turismo, surgiu no caminho de António Ferreira quando andava à procura de uma casa de férias que, diz, "era quase impossível de encontrar." Porque devia reunir um elevado número de requisitos: ser um local tranquilo, perto de tudo mas ao mesmo tempo fora da confusão, perto da natureza e do mar, perto do maior número possível de praias, e com espaço para as crianças. A busca demorou vários anos, até que o amigo Luís Neiva sugeriu a Aldeia da Pedralva, onde possuía uma casa de férias.

    No dia em que António Ferreira visitou a aldeia, localizada no concelho de Vila do Bispo, diz que "não queria acreditar. Quando cheguei e olhei para toda aquela degradação e desertificação quis ficar". A escolha parecia difícil de compreender, mas "pensei que a aldeia recuperada podia dar origem a um produto turístico fabuloso".

    A partir desse dia, a vida pacata dos nove habitantes da Pedralva - dona Isilda e sr. João, dona Paula e sr. Arménio, sr. Fernando, dona Cesaltina e o seu filho Rui, o sr. Manuel e o sr. Casinhas - nunca mais foi a mesma. António Ferreira reuniu três amigos - Luís Neiva, Diogo Fonseca e Miguel Beja- e propôs-lhes um negócio: reconstruir a Aldeia da Pedralva e criar um produto turístico de qualidade. A ideia foi aprovada e os quatro formaram a Surf Hotels, empresa promotora do projecto. Os quatro sócios trabalhavam juntos numa agência de marketing e publicidade e, por acordo comum, António Ferreira foi eleito o líder do grupo. Na altura, recorda: "Tomei uma decisão radical, despedi-me , vendi tudo e fui morar para a Pedralva." Há um ano e meio que se dedica de "corpo de alma" ao projecto. Os outros três sócios mantêm o emprego e continuam a viver em Lisboa. "Estão no projecto de alma."

    A primeira missão foi encontrar os proprietários das casas e negociar a sua compra. "Os moradores foram os nossos guias para podermos encontrar os donos ", conta o líder do grupo. Na primeira fase, o projecto arranca com 27 casas recuperadas, podendo chegar às 30 numa fase posterior. Durante mais de um ano, o grupo procurou identificar os mais de 150 proprietários das cerca de 30 casas adquiridas. "Tivemos de negociar com muita gente", afirma. Houve um caso em que tiveram de negociar a compra de uma casa com 20 herdeiros e noutro "fomos à Alemanha ter com um alemão que já não visitava a Pedralva há mais de 18 anos". Havia ainda o caso de um inglês que comprou uma casa há 20 anos e não mais voltou.

    Com os nove habitante da aldeia existe uma boa relação de vizinhança. António Ferreira diz que de vez em quando pedem-lhe ajuda para conservar as suas casas, e "não dizemos que não". A ideia, afirma: "É que as casas fiquem todas iguais."

    Corte com o Algarve

    O projecto da Aldeia da Pedralva é apresentado com um novo produto turístico localizado na Costa Vicentina. "Queremos fazer parte de um Algarve de qualidade, preferimos a ligação à Costa Vicentina." O facto de a zona envolvente à aldeia manter um aspecto selvagem explica-se pelo facto de estar encravada entre o parque natural e uma zona integrada na Rede Natura. "A aldeia está rodeado de verde." A Surf Hotels pretende inaugurar as casas em Maio do próximo ano e prevê uma taxa de ocupação de 48% no primeiro ano, estimando-se uma subida gradual até aos 65% nos cinco anos seguintes. O investimento realizado na recuperação das casas ascende a três milhões de euros. O grupo estima um impacto de despesa turística na região da ordem dos 2,5 milhões de euros por ano. Em termos de emprego, a Aldeia da Pedralva contará com dez postos de trabalho directos e cerca de 30 indirectos. António Ferreira estima o retorno do investimento dentro de "sete anos num cenário optimista,e dez anos num menos optimista". A aldeia vai apostar no turismo por motivações: surf, BTT, passeios pedrestes, golfe, fins-de-semana e férias. Portugueses, espanhóis, alemães e holandeses são os turistas-alvo.

    Novos projectos só daqui a quatro ou cinco anos, refere o responsável.

    http://dn.sapo.pt/2007/08/03/dnbolsa/aldeia_pedralva_renasce_ruinas_para_.html
 
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