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    • AMG1
    • 7 novembro 2024
    Colocado por: HAL_9000

    Na vossa opinião, que conhecem o EUA fruto de vivência real, quais foram as principais motivações dos eleitores que deram a vitória a Trump?

    Visto do lado de cá e via TV, parece-me que sejam fatores económicos. Ou seja os eleitores são muito mais sensíveis à perda real de poder de compra do que ao "discurso fofinho" de direitos humanos, democracia, decência, etc... Todos esses temas penetram muito melhor no eleitorado quando o mesmo se encontra financeiramenete bem.

    Falo aqui em discurso fofinho, porque estou a fazer um paralelo com a europa. Continua-se a descurar a perda de poder de compra dos europeus, e a Extrema direita lá vai fazendo o seu caminho.

    Porém posso ter uma perceção profundamente errada, daí perguntar, qual a vossa perceção in loco.
    Concordam com este comentário:N Miguel Oliveira


    Eu não conheço assim tão bem os USA, até porque apesar de cá vir duas ou três vezes por ano, isso pouco mais é do que um par de meses por aqui e apesar das ligações familiares, não creio conhecer assim tão bem a realidade americana.
    Depois se soubesse responder-lhe, isso queria dizer que eu sabia mais do que os estrategas do partido democrata que aparentemente foram completamente surpreendidos pela dimensão da derrota da sua candidata. Aliás, já hoje ouvi várias vezes esta ideia de que a vitoria do Trump só é surpreendente pela dimensão.
    De qualquer modo, sempre vou tentar responder-lhe.
    Primeiro, esta vitória parece ser mais surpreendente vista de fora do que de dentro. Para um americano médio (seja lá o que isso for para cada um), o Trump não é nenhum animal exótico, se lhe retirarmos a alarvisse discursiva, eu diria que uma grande fatia de americanos se revêm naquilo. A ideia da America grande e acima de tudo e de todos está muito mais disseminada do que nós pensamos na europa. Nem todos a verbalizam da mesma forma, mas...está quase sempre lá. Logo, o apelo a essa raiz é sempre correspondido.
    Depois, julgo que estas eleições foram disputadas em torno de um conjunto de causas, umas conjunturais, outras mais estruturais, mas a maioria delas são as causas do Trump, mérito da sua campanha e demérito da adversária.
    Eu diria que as duas causas mais abundantemente repetidas serão as questões económicas e imigração. Estas questões servem para tudo e nalguns estados até funcionam em conjunto e valha a verdade sendo temas dificeis, os democratas até podia responder-lhes, mas estranhamente optaram por não o fazer como podiam e deviam e fixarem-se nas questões circunstanciais como a questão do aborto ou do risco para a democracia decorrente da eleiçãodo Trump. Foi uma aposta falhada e agora aguentem.
    Claro que o tema da economia é relevante, mas em boa verdade, nenhum dos candidatos tinha um verdadeiro plano devidamente articulado para o futuro. Nem sequer o presente é tão sombrio como parece. A economia americana, se comparada com as restantes economias ocidentais, está longe de estar tão mal quanto a pintam. O problema dos americanos é de rendimentos e do impacto que os últimos anos de inflação, depois da pandemia que para eles foi péssima em termos de quebra de rendimentos. Agora o que é que a candidata derrotada e o presidente eleito lhes ofereceram: num caso um plano de ajuda a pequenos negócios e isencoes fiscais aos mais enrrascados. No outro uma recuperação industrial baseada em industrias tradicionais, cuja competitividade será suportadas por tarifas aduaneiras, ou até pela desvalorização da moeda. Tudo boas e muito inovadoras ideias.
    Mesmo o tema da imigração, que muito sinceramente está longe de ser um verdadeiro problema, as propostas são na mesma pouco mais do que nada. A Kamala queria finalmente implementar um pacote legislativo, que os trumpistas bloqueram no congresso, mas que era mais do mesmo, salvo no reforço do controlo da fronteira sul, coisa em que até coincide com o Trump e a que este junta ainda a famosa deportação em massa de imigrantes e ilegais e que de tão idiota até faz sorrir alguns republicanos.
    A verdade é que o slogan "MAGA" ganhou as eleições e isso não é assim tão surpreendente, até porque o mesmo está presente na política americana há muito. a diferença é agora estar na boca de um alarve.
    Os eleitores não querem saber da complexidade dos problemas, preferem quem lhes prometa soluções simples e milagrosas e os politicos com menos escrúpulos fazem-lhes a vontade e evidentente recolhem os louros.
    • Soliva
    • 7 novembro 2024 editado
    Colocado por: AMG1Os eleitores não querem saber da complexidade dos problemas, preferem quem lhes prometa soluções simples e milagrosas e os politicos com menos escrúpulos fazem-lhes a vontade e evidentente recolhem os louros.


    I support this message …
    Infelizmente a estratégia já se espalha por vários países do globo …
  1. Colocado por: euÉ uma coisa completamente absurda, indigna em democracia representativa.

    É equivalente, em escala superior, a ter círculos uninominais que tanta gente anseia para Portugal.
    Mas como é nos EUA fica sempre bem dizer que é um sistema antiquado, arcaico e pouco representativo, já se for no R.U. ou na França, em que o partido mais votado nas legislativas (F. N.) é apenas terceiro em número de deputados, aí já é um bom sistema.
  2. Colocado por: AMG1Os eleitores não querem saber da complexidade dos problemas, preferem quem lhes prometa soluções simples e milagrosas e os politicos com menos escrúpulos fazem-lhes a vontade e evidentente recolhem os louros.

    Mas os eleitores (ou grande parte deles) também não querem que perante problemas reais que os preocupam, como por exemplo a imigração, os partidos ditos frequentáveis, sistematicamente, despachem a questão, rotulando quem a quer discutir, como xenófobo, racista, fascista e radical de direita.
    Concordam com este comentário: diouf_matos, 21papaleguas
    • reg
    • 7 novembro 2024
    Vou apenas responder muito resumidamente, Trump apenas ganhou porque a campanha de Kamala foi um falhanço total, apostaram em voto de mulheres com a cena de aborto, acontece que as mesmas mulheres vão mais vezes ao supermercado do que fazem aborto. Acrescentando à isto o facto de a sociedade americana ser muito religiosa, principalmente os latinos e até alguns afro descendentes, fez com que seria praticamente impossível ganhar.
  3. Colocado por: J.FernandesÉ equivalente, em escala superior, a ter círculos uninominais que tanta gente anseia para Portugal.


    Quem é que anseia por círculos uninominais??
    Concordam com este comentário: eu
  4. Já eu acabava com a parvoíce dos círculos e fazia a distribuição dos deputados por percentagem dos votos do país inteiro.
    Concordam com este comentário: Dias12, eu
  5. Colocado por: ClioIIJá eu acabava com a parvoíce dos círculos e fazia a distribuição dos deputados por percentagem dos votos do país inteiro.

    Se se usam os métodos de Hondt e outros tipos de regras eleitorais é para tentar que a representatividade de diferentes regiões seja minimamente garantida. Ter o país como apenas um círculo eleitoral significaria que os eleitores das regiões mais populosas como Lisboa e Porto teriam mais peso do que atualmente têm; significaria por exemplo, que seria muito mais fácil para um partido regional de Lisboa que apenas defendesse políticas para a cidade de Lisboa, ter mais representação que o Partido Comunista que está, razoavelmente, implantado no país todo.
    • eu
    • 7 novembro 2024
    Colocado por: J.FernandesSe se usam os métodos de Hondt e outros tipos de regras eleitorais é para tentar que a representatividade de diferentes regiões seja minimamente garantida.


    Representatividade de regiões? Quando existe disciplina de voto na assembleia da república? Quando os candidatos por determinadas regiões não são de lá e só lá poem os pés na campanha eleitoral? Representatividade de regiões? Tretas !!!!

    Os deputados estão na assembleia a representar o partido, ponto final.
  6. Colocado por: euRepresentatividade de regiões? Quando existe disciplina de voto na assembleia da república? Quando os candidatos por determinadas regiões não são de lá e só lá poem os pés na campanha eleitoral? Representatividade de regiões? Tretas !!!!

    Os deputados estão na assembleia a representar o partido, ponto final.

    E a culpa é da lei eleitoral?! Acabar com os círculos eleitorais atuais e criar apenas um, melhoria a situação em que aspeto?
    • AMG1
    • 7 novembro 2024
    Colocado por: J.Fernandes
    Mas os eleitores (ou grande parte deles) também não querem que perante problemas reais que os preocupam, como por exemplo a imigração, os partidos ditos frequentáveis, sistematicamente, despachem a questão, rotulando quem a quer discutir, como xenófobo, racista, fascista e radical de direita.
    Concordam com este comentário:diouf_matos


    Parece-me que está a transpor o que se passa nos Estados Unidos, com outras geografias que também têm outras realidades.
    O Partido Republicano está muito longe de não ser aquilo a que chama "partidos frequentaveis", pelo contrário é um dos dois partidos que sustenta o sistema, governa inumeros estados vai ter a maioria no senado federal e ainda tem a maioria na camara dos representantes. Portanto é aquilo a que podemos chamar um verdadeiro partido do sistema.
    A questão é que mesmo nesses partidos, por vezes e em função da liderança podem tentar colocar-se mais à margem do sistema para chegar melhor aos eleitorado, isso pode acontecer e há aconteceu tanto num como noutro.
    Eu acho genuinamente que a maioria dos eleitores que votaram no Trump não são "racistas, xenofobos, ou facistas radical de direira", mas ele é isso tudo e mais ainda um grandessimo aldrabão que vai usar a presidência para tirar o maior proveito pessoal disso.
    A questão não é trazer para a agenda politica temas que interessem aos eleitores, isso até é louvável, a questão são as soluções que se propõem.
    Mesmo o facto do Trump colocar sistematicamente na agenda o tema da imigração e por essa via o tema ganhar muita tracção nos média, isso não significa que esse tema seja um problema fulcral para a generalidade dos americanos. Mas admitindo mesmo que esse seja um tema central na sociedade americana, acha mesmo que a solução vai passar pela deportação em massa de dezenas de milhoes de pessoas?
    Quanto a mim o grande problema da campanha democrata foi deixar-se enrolar na discussão dos temas que interessavam ao Trump e não ter sido capaz de sair daquela agenda. A razão pela qual penso isso é porque enquanto o Trump diz qualquer coisa que as massas queiram ouvir, a candidata democrata não o podia fazer, tal como também não o faria qualquer outro candidato republicano que não tivesse o perfil do Trump, porque sabe que são problemas complexos, para os quais não existem soluções milagrosas. Basta ver a dificuldade que teve o JD Vance* em andar a explicar e a amenizar os disparates que o Trump disparava todos os dias.
    * Pode ser que eu me engane, mas ainda vamos ouvir falar muito deste vice presidente. O Trump que se cuide!
    Concordam com este comentário: desofiapedro, HAL_9000, N Miguel Oliveira
    • eu
    • 7 novembro 2024 editado
    Colocado por: J.FernandesE a culpa é da lei eleitoral?! Acabar com os círculos eleitorais atuais e criar apenas um, melhoria a situação em que aspeto?


    Nos Distritos pequenos já poderias votar IL ou BE com a certeza que o teu voto teria impacto no resultado nacional.

    Atualmente, nos distritos pequenos, votar num partido que não seja PS ou PSD é o mesmo que ficar em casa.
    Concordam com este comentário: Dias12, N Miguel Oliveira, 21papaleguas
  7. Colocado por: AMG1Pode ser que eu me engane, mas ainda vamos ouvir falar muito deste vice presidente. O Trump que se cuide!
    Por acaso ontem encomendei o livro dele. Parece-me alguém bem mais inteligente que o Trump (e talvez por isso bem mais perigoso).
  8. Colocado por: euNos Distritos pequenos já poderias votar IL ou BE com a certeza que o teu voto teria impacto no resultado nacional.

    Pura ilusão. Qualquer voto tem sempre impacto no resultado nacional (percentagem), não se traduz obrigatoriamente é em mandatos.
    O sistema atual é que permite, isso sim, que eleitores em distritos pequenos como em Beja, possam eleger deputados. Num só círculo nacional, a possibilidade de não haver comunistas no parlamento, por exemplo, era maior.
    Não é por acaso que os pequenos partidos são os maiores defensores do sistema atual, são eles que não lhes interessa que haja alterações.
  9. Colocado por: AMG1Parece-me que está a transpor o que se passa nos Estados Unidos, com outras geografias que também têm outras realidades.

    Não estava a pensar nos EUA, estava a pensar em Portugal e outros da europa.
    • eu
    • 7 novembro 2024
    Colocado por: J.FernandesPura ilusão. Qualquer voto tem sempre impacto no resultado nacional (percentagem), não se traduz obrigatoriamente é em mandatos.
    O sistema atual é que permite, isso sim, que eleitores em distritos pequenos como em Beja, possam eleger deputados. Num só círculo nacional, a possibilidade de não haver comunistas no parlamento, por exemplo, era maior.
    Não é por acaso que os pequenos partidos são os maiores defensores do sistema atual, são eles que não lhes interessa que haja alterações.


    Só asneiras atrás de asneiras, nem sei por onde começar.

    Até sei, podemos começar com esta delícia: "Qualquer voto tem sempre impacto no resultado nacional (percentagem), não se traduz obrigatoriamente é em mandatos."

    Portanto, os votos aparecem nas folhas excel, mas não se traduzem em representatividade na assembleia da república. Ou seja, votos para o lixo. Que bom!
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Dias12
    • eu
    • 7 novembro 2024 editado
    Colocado por: J.FernandesNum só círculo nacional, a possibilidade de não haver comunistas no parlamento, por exemplo, era maior.


    Está completamente enganado. Quanto mais pequenos forem os círculos eleitorais, pior é para os pequenos partidos.

    Quer a prova? Veja em que círculos eleitorais é que IL, BE e PCP elegem deputados.

    Ou melhor: onde é que o PAN elegeu a única deputada.



    https://cnnportugal.iol.pt/eleicoes/legislativas2024/deputadoseleitos?distrito=Bragan%25C3%25A7a
    Concordam com este comentário: N Miguel Oliveira
  10. Colocado por: J.FernandesPura ilusão.


    Onde é que você vota?

    Acho que a Democracia Representativa é o melhor sistema que podemos ter.
    É perfeito? Não... os circulos eleitorais criam uma injustiça.
    Tal como está, faz com que certos votos se percam, ou pior ainda, que condicionem o seu voto em função do local onde vive.

    Exemplo, já votei em 4 circulos eleitorais diferentes:
    - Porto, que elege 40
    - Braga, que elege 19
    - Europa, que elege 2
    - Fora da Europa, que elege 2

    Nos dois primeiros voto nos que quero, porque sei que há bastantes probabilidades de eleger alguém por serem circulos grandes. Já nos outros dois círculos eleitorais, o meu voto ou vai para um partido grande, ou é para o lixo, literalmente.

    Soluções:
    - Um círculo de compensação, que vá dar algum sentido aos milhares de votos que se perdem pelo caminho, sobretudo nos círculos mais pequenos.
    - Um único circulo eleitoral. Pode criar um problema de representatividade? Pode, como resolver... Que a lista única de cada partido seja ordenada em função do mapa do país e tamanho dos actuais círculos. Ou seja, se a CDU sabe que é no Alentejo que tem a sua força de apoio... na sua lista, os deputados seriam sobretudo dali... senão, seria algo estúpido para eles, meter um tipo de Bragança, sabendo que a população não se revê muito naquilo que dizem...
    - Menos círculos... tipo 7 ou 8 como as regiões... ou menos ainda, tipo 5... Norte, Centro Norte, Centro Sul, Sul, Ilhas+Mundo... algo assim... ou dividir em 5 circulos todos com o mesmo numero de deputados... e habitantes.


    Porque como está (imagem), acho demasiado segmentado. Será que as preocupações de Viana, Braga, Vila Real, Bragança, Porto... são assim tão diferentes? Não podiam ser um grupo só? Para que, se vivo em Trás-os-montes e quissesse votar na IL ou PAN, soubesse que haveria alguém desse partido a representar-me, mesmo que o deputado fosse do Algarve...
    Concordam com este comentário: eu
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