Iniciar sessão ou registar-se
  1.  # 601

    Colocado por: PalhavaMuitos dos que terminaram o curso em Portugal vão para o estrangeiro trabalhar.
    Ganham muito mais.

    A maior parte dos médicos em Portugal no SNS é mal paga.


    Há um número expressivo que vai exercer fora.

    Mas há número muito maior que prefere não ter vínculo. Fica só no privado ou como tarefeiro. Muitos dos colegas acima dos 40 anos de idade também se vão desvinculando.

    A remuneração base do SNS é ridícula. Claro que é possível ganhar mais que o base, mas como já mencionei, a taxa de esforço vs benefício é incomparável ao privado.
  2.  # 602

    A minha melhor amiga da faculdade desvinculou-se este mês.

    É de outra especialidade.

    Passou a estar no privado, tarefeira de VMER (viatura médica de emergência e reanimação) e presta serviço num estabelecimento prisional feminino.

    Dedica:
    -12h ao privado por semana;
    -12h à VMER;
    -3h à prisao.

    Total 27h semana.

    Ganha 60% mais que com 40h semana + 24h extra semana + sigic mensal esporádico no SNS.

    E agora vai levar os filhos aos treinos e vê os jogos.

    Durante as décadas que esteve vinculada, o SNS deu-lhe cabo do primeiro do namoro, depois de um casamento, engordou 28kg que conseguiu perder há uns anos com muita luta, perdeu várias amizades, possibilidades de relacionamentos, episódios de vida familiar, teve uma depressão e burnout que superou...
    Estas pessoas agradeceram este comentário: pribeiro, Palhava
  3.  # 603

    Se calhar se houvesse mais fiscalização (ou controlo, para usar um sinónimo mais "moderno" e mais do agrado aqui de alguns)o dinheiro dos alpalhoes mais bem distribuído já dava para pagar melhor aos outros médicos do SNS.. mas a igas é como a erc..supervisores(outro sinónimo fofinho) de fachada, que convém a muitos que assim seja!

    Colocado por: PalhavaMuitos dos que terminaram o curso em Portugal vão para o estrangeiro trabalhar.
    Ganham muito mais.

    A maior parte dos médicos em Portugal no SNS é mal paga.
  4.  # 604

    Colocado por: Sandra_ccengordou 28kg


    Acha que a sociedade exige dos médicos que sejam perfeitos, do ponto de vista de hábitos de saúde?

    Fez-me lembrar que uma Nutricionista obesa, não é o melhor cartão de visita.

    ------
    Eu simpatizo com a Médica que foi presa após o 25 Abril, é Endocrinologista.
    Isabel.
    O namorado morreu com COVID.
    Do Barreiro.
    (Não é contextualizado...)

    ------


    Dra.Sandra, ainda hoje há médicos e gente letrada que diz que não houve COVID!
  5.  # 605

    Colocado por: Sandra_ccÉ de outra especialidade.


    Qual é a sua?
    May I ask?
  6.  # 606

    Colocado por: Palhava

    Acha que a sociedade exige dos médicos que sejam perfeitos, do ponto de vista de hábitos de saúde?

    Fez-me lembrar que uma Nutricionista obesa, não é o melhor cartão de visita.

    ------
    Eu simpatizo com a Médica que foi presa após o 25 Abril, é Endocrinologista.
    Isabel.
    O namorado morreu com COVID.
    Do Barreiro.
    (Não é contextualizado...)

    ------


    Dra.Sandra, ainda hoje há médicos e gente letrada que diz que não houve COVID!


    Não se tratar de exigência de ninguém.

    Trata-se de saúde.

    Sou especialista numa área em que não me parece que o possa ajudar no seu problema.
  7.  # 607

    Colocado por: CarvaiUma coisa que me faz confusão é que os maiores problemas no SNS - fecho de urgências, atrasos enormes em cirurgias, etc- acontecem maioritariamente a sul de Leiria. Será que de Coimbra para norte os profissionais de saúde estão mais motivados.


    Os serviços hospitalares e a rede dos cuidados de saúde primários (CSP) estão "mais compostos". Aqui vai a fórmula habitual:
    CSP bem organizados, com USF-B em pleno funcionamento há vários anos com uma boa resposta na doença aguda e na gestão da doença crónica = urgência menos caóticas = menos stress nos colegas hospitalares (e por consequência menos colegas a sair do SNS) = mais atividade programada e organizada = aumento satisfação dos profissionais (e por consequência menos vontade/beneficio em sair do SNS).

    Se apenas atirarmos dinheiro para cima da mesa sem corrigir esta cadeia desde o seu inicio então nunca vamos conseguir resolver o problema no hospital. Neste momento, e posso falar pela experiência da minha esposa (que pertence a uma dessas especialidades que as urgências fecham no Verão), aquilo que está a empurrar as colegas dela para fora do SNS não é tanto o dinheiro mas as urgências caóticas, a correr riscos desnecessários, com um desgaste físico e psicológico brutal.

    Os privados não são parvos. Onde o SNS funciona mal, eles ganham mais. A procura é imensa (a tender para o infinito) logo há que aumentar a oferta. A mão de obra médica para todos os efeitos é barata para o lucro que gera.
    Concordam com este comentário: Sandra_cc
  8.  # 608

    Colocado por: Sandra_ccnão me parece que o possa ajudar no seu problema.


    Deve ser mesmo boa a diagnosticar.
    Nem me queixei de nada e já tem uma sentença.

    🙈
  9.  # 609

    Colocado por: Sandra_ccSou especialista numa área em que não me parece que o possa ajudar


    Ginecologista-Obstetra.
    Must BE!
  10.  # 610

    Colocado por: PalhavaGinecologista-Obstetra.
    Must BE!


    Agora fiquei curioso...

    Se me pedissem para adivinhar diria que é de uma especialidade um pouco mais cirúrgica (Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Urologia), ou eventualmente de Anestesiologia. Mas o que é que isso interessa?

    Eu no meio disto tudo não discordo do que a Sandra_cc escreve. É moldada pela realidade que ela viveu no SNS e pelo que vai vendo à sua volta. Claramente foi maltratada no SNS, não foi valorizada, não lhe permitiram ter os seus projetos dentro do serviço. Provavelmente teve chefias desleixadas e que não davam o exemplo. Saiu do SNS e está mais feliz. Ótimo!
    Cada um tem a sua realidade. Na minha USF os vencimentos têm em cima suplementos de produtividade e aumento de lista de utentes que duplicam o vencimento base (para médicos, enfermeiros e administrativos). Para entrar na equipa o escrutínio é completo. O nível de exigência é alto. E quem cá está sabe que é para trabalhar. Temos o poder de votar a saída de um elemento e isso aplica-se a todos, sem excepção. Não há lugares à sombra da bananeira. E o índice de satisfação dos profissionais é muito alto.
    Concordam com este comentário: Sandra_cc
  11.  # 611

    Colocado por: ivreis

    Os serviços hospitalares e a rede dos cuidados de saúde primários (CSP) estão "mais compostos". Aqui vai a fórmula habitual:
    CSP bem organizados, com USF-B em pleno funcionamento há vários anos com uma boa resposta na doença aguda e na gestão da doença crónica = urgência menos caóticas = menos stress nos colegas hospitalares (e por consequência menos colegas a sair do SNS) = mais atividade programada e organizada = aumento satisfação dos profissionais (e por consequência menos vontade/beneficio em sair do SNS).

    Se apenas atirarmos dinheiro para cima da mesa sem corrigir esta cadeia desde o seu inicio então nunca vamos conseguir resolver o problema no hospital. Neste momento, e posso falar pela experiência da minha esposa (que pertence a uma dessas especialidades que as urgências fecham no Verão), aquilo que está a empurrar as colegas dela para fora do SNS não é tanto o dinheiro mas as urgências caóticas, a correr riscos desnecessários, com um desgaste físico e psicológico brutal.

    Os privados não são parvos. Onde o SNS funciona mal, eles ganham mais. A procura é imensa (a tender para o infinito) logo há que aumentar a oferta. A mão de obra médica para todos os efeitos é barata para o lucro que gera.
    Concordam com este comentário:Sandra_cc


    Concordo absolutamente.

    O mais caricato de tudo é que os sucessivos governos convenceram e deixaram-se convencer pela opinião pública que havia falta de médicos e que havendo mais médicos tudo se resolvia.

    Além de Portugal ter um dos melhores racios do mundo de médicos vs habitantes, a formação médica apenas tem servido para os privados terem uma capacidade crescente de resposta e investimento.

    Pese embora os privados paguem incomparavelmente melhor que o SNS, é contudo uma gota de água em relação ao retorno e mercado crescentes que têm. Chega ao ponto que os privados quase nem se vêm como concorrência, quem vêm como concorrência é o SNS e como é uma concorrência tão fraca, dao-se ao luxo deles próprios também não serem mesmo eficientes.
    Concordam com este comentário: pribeiro, ivreis
  12.  # 612

    Colocado por: ivreis

    Agora fiquei curioso...

    Se me pedissem para adivinhar diria que é de uma especialidade um pouco mais cirúrgica (Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Urologia), ou eventualmente de Anestesiologia. Mas o que é que isso interessa?

    Eu no meio disto tudo não discordo do que a Sandra_cc escreve. É moldada pela realidade que ela viveu no SNS e pelo que vai vendo à sua volta. Claramente foi maltratada no SNS, não foi valorizada, não lhe permitiram ter os seus projetos dentro do serviço. Provavelmente teve chefias desleixadas e que não davam o exemplo. Saiu do SNS e está mais feliz. Ótimo!
    Cada um tem a sua realidade. Na minha USF os vencimentos têm em cima suplementos de produtividade e aumento de lista de utentes que duplicam o vencimento base (para médicos, enfermeiros e administrativos). Para entrar na equipa o escrutínio é completo. O nível de exigência é alto. E quem cá está sabe que é para trabalhar. Temos o poder de votar a saída de um elemento e isso aplica-se a todos, sem excepção. Não há lugares à sombra da bananeira. E o índice de satisfação dos profissionais é muito alto.
    Concordam com este comentário:Sandra_cc


    A minha especialidade nem às paredes confesso. Mas posso dizer que ginecologia e então urologia...não, obrigado!

    As usfs efectivamente com alguns modelos de gestão que adoptaram vivem realidades distintas. O problema? São excepções. E os hospitais não têm esses modelos.
  13.  # 613

    Até posso dizer as especialidades que não sou.


    Se trabalhei em hospitais do SNS não sou:
    -MGF.

    Se deixei o SNS não sou:
    -medicina interna;
    -patologista;
    -imunohemoteraptia;
    -Saúde pública;
    -oncologista.


    Confessei não ser
    urologista;
    Gineco/obstr.

    Se sou de uma especialidade cirúrgica não sou
    Cardiologista;
    Neurologista;
    Gastroenterologista;
    Endocrinologista;
    Radiologista/imagiologia;
    Pneumologista;
    Pediatra;
    Imuno-alergologista;
    Psiquiatra.
  14.  # 614

    Colocado por: CarvaiUma coisa que me faz confusão é que os maiores problemas no SNS - fecho de urgências, atrasos enormes em cirurgias, etc- acontecem maioritariamente a sul de Leiria. Será que de Coimbra para norte os profissionais de saúde estão mais motivados.
    Tal como as grandes estruturas privadas de saúde estão todas em Lisboa - CUF, Luz, Lusíadas.
    O fim das PPP foram exclusivamente feitas por motivos ideológicos, será que também as mesmas razões para o mau funcionamento no sul.
    Demasiada coincidência com a selvajaria das greves nos transporte públicos em Lisboa instrumentalizados por partidos que representam menos de 6% da população.


    A meu ver a questão das PPP está diretamente associada com o tratamento dos utentes, sendo que os utentes do serviço publico são tratados e até por vezes discriminados (eram) face aos utentes do privado que tinham outro nível de tratamento. Presenciei isso diversas vezes, portanto infelizmente é triste ter presenciado essas situações.

    Mas acho que os PPP como serviço global geravam uma mais-valia á sociedade, mas acho que o cerne da questão tem a ver com o facto da gestão pública deixa muito a desejar em virtude de ser muito ineficiente, por 1001 razões que nem vou abordar neste tópico.
  15.  # 615

    Colocado por: PalhavaMuitos dos que terminaram o curso em Portugal vão para o estrangeiro trabalhar.
    Ganham muito mais.

    A maior parte dos médicos em Portugal no SNS é mal paga.
    Concordam com este comentário:pribeiro


    Concordo com tudo. Acrescento que infelizmente o governo como um todo não tem capacidade financeira para oferecer salários e evolução de carreira que consiga concorrer com os privados e muito menos com outros países como por exemplo UK ou Alemanha.
  16.  # 616

    Colocado por: Sandra_ccA minha melhor amiga da faculdade desvinculou-se este mês.

    É de outra especialidade.

    Passou a estar no privado, tarefeira de VMER (viatura médica de emergência e reanimação) e presta serviço num estabelecimento prisional feminino.

    Dedica:
    -12h ao privado por semana;
    -12h à VMER;
    -3h à prisao.

    Total 27h semana.

    Ganha 60% mais que com 40h semana + 24h extra semana + sigic mensal esporádico no SNS.

    E agora vai levar os filhos aos treinos e vê os jogos.

    Durante as décadas que esteve vinculada, o SNS deu-lhe cabo do primeiro do namoro, depois de um casamento, engordou 28kg que conseguiu perder há uns anos com muita luta, perdeu várias amizades, possibilidades de relacionamentos, episódios de vida familiar, teve uma depressão e burnout que superou...
    Estas pessoas agradeceram este comentário:Palhava


    Eu na situação da sua amiga faria literalmente o mesmo, e acredito que a maioria das pessoas que estão a responder a este post também seguiriam o mesmo caminho. Muito honestamente acho que a classe médica no SNS está num estado de escravidão laboral e olhe que sou não médico.

    Mas também sei que o país como um todo não tem capacidade económica para concorrer diretamente com o setor privado, seja na saúde, seja em muito outros setores de atividade. talvez eventualmente pudesse melhorar se a "máquina" fosse mais eficiente e menos "corrupta", mas é o que temos.
    Concordam com este comentário: Sandra_cc
  17.  # 617

    Colocado por: pribeiro

    Eu na situação da sua amiga faria literalmente o mesmo, e acredito que a maioria das pessoas que estão a responder a este post também seguiriam o mesmo caminho. Muito honestamente acho que a classe médica no SNS está num estado de escravidão laboral e olhe que sou não médico.

    Mas também sei que o país como um todo não tem capacidade económica para concorrer diretamente com o setor privado, seja na saúde, seja em muito outros setores de atividade. talvez eventualmente pudesse melhorar se a "máquina" fosse mais eficiente e menos "corrupta", mas é o que temos.
    Concordam com este comentário:Sandra_cc


    Ela fez bem. Obviamente inspirou-se noutras colegas e amigos/as, como eu, que já deixaram o SNS há anos e estão bem confortáveis. Claro que demorou a fazê-lo mais, porque cada um tem o seu ritmo e a sua vida.
  18.  # 618

    O Chat GPT respondeu:ORL
    Não deve estar correto pois tenho aparelho fonador e ouvido.

    Deve ser necrologista.

    Por que foi tão taxativa, que não me pode ajudar?
    Não foi nada simpático.
    Se fosse ginecologista eu compreendia.
  19.  # 619

    Formou-se aonde?

    Gomes-Pedro
    Gonçalves-Ferreira
    E Martim Martins foram seus professores?
    No início dos anos 2000?
  20.  # 620

    Colocado por: Sandra_cc

    Ela fez bem. Obviamente inspirou-se noutras colegas e amigos/as, como eu, que já deixaram o SNS há anos e estão bem confortáveis. Claro que demorou a fazê-lo mais, porque cada um tem o seu ritmo e a sua vida.


    O tempo de mudança que a sua amiga demorou deve-se unica e exclusivamente ter pensado estar numa zona de conforto e quando assim é, conseguimos no sub-consciente acreditar que nada é melhor do que o local onde estamos ou então pensar que as coisas vão correr mal, e que o risco é muito elevado.

    Já tive amigos meus nessa situação e olhe que muitos continuam onde estão a ganhar 1/3 do que poderiam estar a ganhar, são escolhas individuais que nunca censurarei, pois também já estive nessa posição.
    Concordam com este comentário: Sandra_cc
 
0.0271 seg. NEW