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      FD
    • 1 setembro 2007

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    Em cerca de sete anos, a aldeia de Vale de Algoso, uma anexa da freguesia de Algoso (Vimioso), tornou-se, em termos percentuais, uma das localidades com mais casas de habitação recuperadas do concelho.

    A maioria dos antigos edifícios, pequenas casas de habitação de granito, com varandas, janelas e portas de madeira, tipicamente transmontanas, encontravam-se em avançado estado de degradação. A localidade estava quase moribunda. Entretanto, em poucos anos o panorama alterou-se. Alguns forasteiros que visitaram a localidade, gostaram e acabaram por adquirir casas para as recuperar. A aldeia, com cerca de 50 fogos, tem actualmente oito casas completamente recuperadas, com manutenção da traça original. Segundo informações obtidas pelo INFORMATIVO estão mais cinco projectos em vias de começar. A maioria dos investidores são gente de fora, principalmente do Porto e de Aveiro, que conheceram a zona após estadias numa casa de turismo rural que existe em Vale de Algoso. No entanto, os emigrantes da segunda e terceira gerações, também são dos que mais investem. Nos últimos anos acabaram por redescobrir a terra dos avós e dos pais e têm optado pela reedificação das antigas casas. “Vêem que aqui também se está bem, antigamente havia a ideia que nestas aldeias não se estava bem, faltava tudo, não temos tudo, mas temos o essencial”, referiu Domingos Pimentel, o pioneiro da recuperação do património local, e proprietário da «Casa dos Pimentéis», um equipamento de turismo em espaço rural. Em Vale de Algoso, vivem em permanência 30 pessoas, um número que duplica ou triplica ao fim-de-semana ou nas férias do Verão e datas festivas.

    TURISMO RURAL JÁ SENTE A CRISE

    O início das recuperações começou com as obras na «Casa dos Pimentéis». O proprietário arrancou com as obras no ano 2000. Nessa altura a aldeia estava por um fio, o património estava degradado e pouca gente ainda restava. “O meu objectivo primeiro foi que a casa não caísse, era uma casa agrícola, passavam aqui muita gente, desde saltimbancos a agentes da GNR, houve uma altura em que por cá ficamos praticamente só eu e os meus pais, a casa era muito grande e era difícil de tratar, começou a cair, eu, devido ao sentimento, avancei para a recuperação”, contou ao INFORMATIVO Domingos Pimentel. O empresário candidatou- -se aos fundos existentes para o efeito. A candidatura que apresentou ao Turismo foi aprovada até 60 por cento a fundo perdido. Entretanto, quando já tinha 20 mil euros gastos, com o projecto e estudos de viabilidade, foi informado de que não haveria comparticipação financeira. “Parei uns anos e depois foi a «Corane – Associação de Desenvolvimento da Raia Nordestina» que me ajudou, com uma comparticipação financeira de cerca de 25 por cento do investimento, bem menos do que aquilo que me tinha sido prometido quando comecei a dar os primeiros passos do projecto”, referiu. Na recuperação do imóvel gastou mais de 70 mil contos (cerca de 350 mil euros em moeda actual), o que é considerado um investimento “enorme” para esta aldeia, de tão reduzida dimensão. A rentabilização do capital não tem sido fácil. Domingos Pimentel, diz mesmo que não tem conseguido rentabilizar o investimento, “devido à crise económica que o país atravessa”, diz. De ano para ano nota que tem muito menos clientes, “vou andando porque tenho clientes fiéis que se sentem aqui bem, e voltam”. A casa tem seis quartos, que, em alguns fins-de- -semana de Agosto enchem. Em 2005 a casa esteve quase sempre cheia, em 2006 já notou uma quebra, e este ano a situação piorou. O proprietário garante que as pessoas não se queixam do atendimento, mas dos baixos salários e de que o dinheiro não chega para tudo. “Falta poder de compra, as pessoas não têm dinheiro, mas já há um nicho de mercado específico para este tipo de empreendimentos”. Mas, o certo é que o número de visitantes não aumenta, apesar de oferecerem boas condições. “Aqui está tudo à disposição, temos um barril de finos no terraço, para o cliente se servir, assim como o presunto, tudo à disposição das pessoas”. O investimento no turismo em espaço rural tem aumentado no distrito de Bragança, mas os empresários do sector notam que há lacunas na divulgação, apesar de as Câmaras e a Região de Turismo fazerem alguma promoção. Domingos Pimentel nunca fez publicidade, “nem era preciso”, afiança, mas neste momento encara as coisas de forma um pouco diferente. No entanto, continua a acreditar que a informação transmitida ‘boca-a-boca’ é a que resulta melhor e dá garantias de maior fiabilidade. “É preciso ser teimoso para continuar a trabalhar”, disse. No caso da «Casa dos Pimentéis » os clientes podem usufruir da piscina, passeios a pé ou a cavalo. O empresário está convicto de que a maioria dos turistas que fazem este tipo de turismo procuram sossego, boa comida e ar puro. “Em Vale de Algoso há tudo isso”, referiu. No concelho de Vimioso ainda não se nota a concorrência neste tipo de turismo, só há mais duas casas do género. Quando Domingos Pimentel começou não havia nenhum projecto, nem no concelho de Vimioso nem nos vizinhos, nomeadamente, Miranda do Douro e Mogadouro.

    Glória Lopes

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    http://www.jornalregional.com/?p=cfcd208495d565ef66e7dff9f98764da&distrito=&concelho=&op=noticia&n=ff70cc0812c81570eb06315b8c345421
 
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