Nada incomum, são telhdos de aguas multiplas.... Temos tradição de construir em, designam-se "telhado de tesouro", e podem como vai ver ter até mais aguas... . Veja este exemplo em Tavira.
Tecnicas herdadas/ que ficaram de edificios pré-pombalinos.
Já agora um pouco de história Multiplicam-se sobre as habitações como 'cogumelos'. Pequenos ou maiores, quadrados ou retangulares têm todos quatro faces. São os telhados de tesouro, também conhecidos por telhados múltiplos, que ainda resistem a pautar a paisagem urbanística.
Os telhados de tesouro surgem pela primeira vez datados em plantas do século XVI, quando a sua implementação sobre as casas algarvias ainda é uma inovação recente. Foi a inspiração dos telhados orientais, em particular de Goa, na Índia, que levou os algarvios a construírem as novas coberturas das habitações, como explica o geógrafo Orlando Ribeiro na obra 'Geografia e Civilização'. A anterior malha islâmica era substituída por normas urbanísticas modernas para a época.
Era a época áurea dos Descobrimentos em que as influências culturais se conjugavam com modos de vida locais. Os originais telhados de tesouro ganharam no Algarve a cobertura de telha, que não havia no Oriente. Eram construídos, sobretudo, nas habitações das principais ruas por onde circulava a maioria das pessoas, para serem vistos e apreciados como sinal de grandeza e nobreza.
Os telhados de tesouro eram construídos sobre cada divisão da casa, que normalmente era principiada pela torre e depois ia ganhando novas divisões à sua volta. O facto de cada telhado estar associado individualmente a casa divisão, permitia o aumento da habitação, sem a necessidade de obras estruturais, como explica a arquiteta Ana Isabel Santos, na tese de Mestrado "Tavira, Patrimónios do Mar - da Ribeira à Casa Nobre de Quinhentos - o caso dos 'telhados de tesouro'", pela Universidade de Évora.
Apesar das inúmeras semelhanças, principalmente estéticas, os telhados de tesouro distinguem-se dos telhados de tesoura pelas caraterísticas de construção. As vigas do telhado assentam diretamente sobre as paredes-metras da casa e possuem uma viga a 2/3 de altura desde a sua base até ao topo.
A adaptação destes telhados às habitações algarvias não é mero acaso. Além das vantagens de construção e dos sinais de riqueza que emitiam, proporcionavam também conforto térmico aos habitantes, uma vez que, conjugados com as portas de reixa, permitiam a fácil circulação de ar e as casas ficavam muito mais frescas.
Apesar dos telhados de tesouro se terem difundido pelas cidades e localidades algarvias, é em Tavira que se encontram atualmente em número mais representativo. A resistência aos séculos prende-se com o facto da cidade, por se encontrar mais afastada da costa e estar protegida pela Ria Formosa, ter sofrido menos danos com terramoto de 1755, que provocou a destruição em muitas localidades algarvias e as consequentes alterações urbanísticas.