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  1.  # 921

    Exercício Dragão 2013, as Pandur na aldeia de Curros.
      2013-07-29 11.44.29.jpg
      2013-07-29 11.46.06(1).jpg
  2.  # 922

    Coisas da tropa


    Este tópico é quase, ou é mesmo, um exclusivo de comentadores masculinos.
    Vou abrir uma excepção para comentar uma piada de caserna.
    O meu relato é autêntico e foi vivenciado por um familiar que cumpria o serviço militar na Guiné.

    Este familiar tinha um companheiro de armas, que deixou de dar notícias à família.
    Preocupados, esforçaram-se junto da Marinha (estavam nos fuzileiros) para saber
    informes dele. Foi verbalmente repreendido por não escrever aos familiares.
    Não teve quaisquer hesitações, escreveu à família apenas isto: "agora não digam que eu não vos escrevo"
    Na volta do correio recebeu a resposta de uma das irmãs: "agora não digas que não te respondo"!
    Esta não é uma anedota. Era o alvo de troça dos companheiros, naturalmente!
  3.  # 923

    Colocado por: rjmsilvaExercício Dragão 2013, as Pandur na aldeia de Curros.
      2013-07-29 11.44.29.jpg
      2013-07-29 11.46.06(1).jpg


    Alguma avariou? É que cá baixo dizem que elas são meio para o fraquitas na fiablidade. As Pandur ali se tiverem algum condutor mais destemido mandam abaixo uma casa ou duas. LOL
    Concordam com este comentário: Dj_C
  4.  # 924

    Colocado por: maria rodrigues

    Este tópico é quase, ou é mesmo, um exclusivo de comentadores masculinos.
    Vou abrir uma excepção para comentar uma piada de caserna.
    O meu relato é autêntico e foi vivenciado por um familiar que cumpria o serviço militar na Guiné.

    Este familiar tinha um companheiro de armas, que deixou de dar notícias à família.
    Preocupados, esforçaram-se junto da Marinha (estavam nos fuzileiros) para saber
    informes dele. Foi verbalmente repreendido por não escrever aos familiares.
    Não teve quaisquer hesitações, escreveu à família apenas isto: "agora não digam que eu não vos escrevo"
    Na volta do correio recebeu a resposta de uma das irmãs: "agora não digas que não te respondo"!
    Esta não é uma anedota. Era o alvo de troça dos companheiros, naturalmente!


    Na tropa apanha-se de tudo!
  5.  # 925

    Colocado por: branco.valter

    Alguma avariou? É que cá baixo dizem que elas são meio para o fraquitas na fiablidade. As Pandur ali se tiverem algum condutor mais destemido mandam abaixo uma casa ou duas. LOL


    São 17 toneladas de aço a rolar, têm potencial para mandar muita coisa abaixo.

    Quanto à fiabilidade não me posso pronunciar, mas segundo consta o grande problema delas é ter uma eletronica muito avançada e qualquer colisita dá erro e há indicações para as encostar e aguardar assistencia de pessoal especializado por causa das garantias e tudo mais, daqui a meia duzia de anos começa-se a tirar fusiveis e a cortar fios e é sempre a andar...
  6.  # 926

    Se fosse assim tão fácil...

    Não sei se sabem mas o Exército queria uma outra viatura, mas o Paulinho das Feiras quis este... o outro já estava a rolar à anos e é uma máquina com provas dadas, já este a maior parte das versões ainda nem sequer existiam de facto, eram só projectos de computador. Um exemplo disso é a versão anti-carro que ficou por fazer. Os tipos já tinham uma Pandur preparada, mas o indivíduo que deveria disparar o missil (que era funcionário da Steyr) recusou-se porque segundo ele se dispara-se provavelmente iria morrer! É só rir...
  7.  # 927

  8.  # 928

    Quando fui à inspeção havia excesso de contingente, pelo que não queriam ninguém com 12º ano feito. Houve quem se tivesse voluntariado (pelo menos um colega do secundário que também lá estava) para as tropas especiais e outros ramos e mesmo assim nada.

    Eu não queria ir. Bem, na realidade queria, mas era para piloto-aviador e de jatos de combate. Achava que o resto era para meninas. Como a FAP na altura acho que já nem tinha jatos (lembram-se dos A7 que cairam - e isto foi antes de chegarem os F16) não havia vagas para a FAP. Eu estava a estudar e já estava a trabalhar em part-time para pagar o curso e queria terminar, pelo que na altura achei que ter que fazer tropa era uma chatice e uma perda de tempo.

    E tive algum receio, porque em Coimbra, onde fui fazer a inspeção, houve um Tenente-Coronel das BAI que me "marcou" para ingresso, quer quisesse, quer não. Lembro-me dele me aparecer várias vezes de surpresa, estávamos nós numa qualquer fila, me dar uma grande palmada nas costas - até caia para cima do tipo à frente - e dizer que eu tinha "bom cabedal" e que estava à minha espera para "fazer de ti um homem". Ainda hoje me lembro dele.

    Também me lembro-me que havia um Capitão ou Major da FAP que era o responsável pelo nosso grupo e que nos passou os dois dias - sim, a minha inspeção foram dois dias, num frio de rachar e quase nús (às vezes mesmo nús), no convento de Santa Clara - a avisar-nos para termos cuidado e não nos encostarmos ao muro que poderiamos cair e que ainda na semana passada tinham ido buscar dois ao Mondego. Mas o Capitão/Major falava de um modo particular e a sua preocupação com o nosso bem-estar punha-nos, putos, era a rir. Isto foi ao mesmo tempo que a queima das fitas. Podem ver o estado em que o pessoal estava. Foram dois dias com n peripécias. E eu só pensava "ai que estes tipos dão cabo da minha vida".

    Hoje, com o distanciamento e espero maturidade da idade, considero que estava errado. Tenho pena de não ter tido a experiência, mesmo que não fosse piloto-aviador e o Tenente-Coronel tivesse conseguido engajar-me. Certamente se fazem lá bons amigos para a vida e se aprendem/reforçam - espero que ainda se aprendam/reforcem - valores essenciais à sociedade.

    Acredito que as Forças Armadas podiam ser uma daquelas muitas "coisas" em que Portugal, se quisesse, podia ser o melhor do mundo.
  9.  # 929

    Na tropa apanha-se de tudo!

    Isso é verdade. Certo dia da minha vida militar passei uns dias num regimento de infantaria onde fui dar um curso e vim a saber que o comandante era um fanático das obras que punha o sargento-mor com a cabeça em água. Contaram-me que certo dia ao passar por uma zona do quartel onde tinham sido feitas escavações para instalação de 2 pistas de obstáculo, não ficou contente ao ver um monte de terras que tinham sido sobrado da escavação e logo interpelou o pobre do sargento-mor sobre o mau aspecto que aquilo dava. O sargento lá disse de sua justiça, que era muita terra e não tinha meios para a transportar. Resposta do senhor coronel: pois se não pode levá-las abra um buraco enterre-as!!!
    Deve ter sido por esta e outras do género que quando chegou ao fim da sua comissão de serviço naquele quartel foi promovido a brigadeiro e nomeado comandante da brigada territorial da Guarda Fiscal
    Estas pessoas agradeceram este comentário: two-rok
  10.  # 930

    Colocado por: utvptrcaQuando fui à inspeção havia excesso de contingente, pelo que não queriam ninguém com 12º ano feito. Houve quem se tivesse voluntariado (pelo menos um colega do secundário que também lá estava) para as tropas especiais e outros ramos e mesmo assim nada.

    Eu não queria ir. Bem, na realidade queria, mas era para piloto-aviador e de jatos de combate. Achava que o resto era para meninas. Como a FAP na altura acho que já nem tinha jatos (lembram-se dos A7 que cairam - e isto foi antes de chegarem os F16) não havia vagas para a FAP. Eu estava a estudar e já estava a trabalhar em part-time para pagar o curso e queria terminar, pelo que na altura achei que ter que fazer tropa era uma chatice e uma perda de tempo.


    Tinha os A-7 P Corsair, mas pilotos nesse tempo era algo que não faltava.

    E tive algum receio, porque em Coimbra, onde fui fazer a inspeção, houve um Tenente-Coronel das BAI que me "marcou" para ingresso, quer quisesse, quer não. Lembro-me dele me aparecer várias vezes de surpresa, estávamos nós numa qualquer fila, me dar uma grande palmada nas costas - até caia para cima do tipo à frente - e dizer que eu tinha "bom cabedal" e que estava à minha espera para "fazer de ti um homem". Ainda hoje me lembro dele.


    Ora uma história muito sui generis, o que raio estava um Tenente-Coronel da BAI estava a fazer por essas bandas? E em nome do quê é que ele queria que o tipo X ou Y entra-se para a sua tropa?! Isso é trabalho para Alferes e para Sargentos.


    Hoje, com o distanciamento e espero maturidade da idade, considero que estava errado. Tenho pena de não ter tido a experiência, mesmo que não fosse piloto-aviador e o Tenente-Coronel tivesse conseguido engajar-me. Certamente se fazem lá bons amigos para a vida e se aprendem/reforçam - espero que ainda se aprendam/reforcem - valores essenciais à sociedade.


    Isso depende da pessoa, tive camaradas que entraram brutos sairam parvos e outros que a tropa abriu-lhes e muito a pestana (eu incluindo).

    Acredito que as Forças Armadas podiam ser uma daquelas muitas "coisas" em que Portugal, se quisesse, podia ser o melhor do mundo.


    Desde que haja dinheiro, tudo é possível, mas as Forças Armadas estão tão desorçamentadas que é um milagre ainda estarem a funcionar.
  11.  # 931

    Colocado por: branco.valterTinha os A-7 P Corsair, mas pilotos nesse tempo era algo que não faltava.

    Se bem me lembro os A-7 (que tinham vindo da aviação naval dos EUA) tinham registado alguns acidentes, infelizmente com a morte dos pilotos que se despenharam com os aviões para evitar que caíssem sobre localidades. Lembro-me vagamento das notícias no telejornal.
    Quando estava a fazer o secundário via os A-7 a passar aos pares, não muito alto. E sim, quando fui à inspeção já tinha perguntado à FAP e havia demasiados pilotos nos quadros. Não abriam concursos. Qualquer coisa assim, já foi há muito tempo.

    Também não sei o que é que o homem andava lá a fazer, mas que me marcou bem os costados, marcou. Disso lembro-me bem. Não achei nada estranho porque tinhamos o da FAP e andava para lá muito pessoal dos diversos ramos das Forças Armadas, incluindo pessoal da Marinha em uniforme de gala (penso que é assim que se diz - aquele todos branco). Também não me tinha importado de passar uns tempos no NRP Sagres.

    A propósito da Marinha (alguém me explica porque é que é Marinha Portuguesa, mas por vezes se referem à Armada? Os Fuzileiros por exemplo não têm no ombro um distico "ARMADA"?)

    E ainda outro episódio engraçado. Há uns tempos - já não me lembro - durante um dos exercícios da NATO em que os navios atracam em Lisboa e deixam os civis visitar, quis levar o meu míudo mais novo a ver um ou dois. Desisti porque as filas eram enormes, mas andámos a ver os navios que por ali estavam atracados. Passámos por uma lancha da Marinha, daquelas que só têm a cabine pequena (ou casa do leme, não sei a designação correta) e a metralhadora na proa. Estavam pelo menos dois militares da Marinha a bordo a conversar. À nossa frente ia outro pai e os filhos. Um dos miúdos quis saber o nome da embarcação e o pai chega-se à embarcação e diz qualquer coisa assim "pode dizer-me o nome deste barco?". O militar sorriu, olhou para o senhor de alto a baixo e disse-lhe alto e bom som "isto não é um barco. É um navio de guerra". O homem ficou tão embasbacado que já não insistiu :-)
  12.  # 932

    Barcos só os de pesca, a Armada tem é navios de guerra (desde Fragatas até à simples Lancha).

    Armada...por uma questão de tradição (presumo).

    Tem a certeza da patente desse senhor? tem a certeza que não era um Sargento dos antigos? Na minha inspecção havia lá pessoal de todos os Ramos e de todas as Tropas. Dos Pára-quedistas estavam presentes um Alferes e um Sargento-Ajudante. Por norma coloca-se um Oficial subalterno e um Sargento dos velhos a picar a malta mais jovem.
  13.  # 933

    Acções especiais. A força de elite dos fuzileiros não é só músculo

    Os militares do Destacamento de Acções Especiais (DAE) são chamados quando mais nenhuma força pode intervir

    São a versão portuguesa dos Navy Seal, a força de elite que Barack Obama chamou para encerrar o capítulo “Bin Laden”. O treino a que assistimos, tal como todas as acções do Destacamento de Acções Especiais (DAE), está pensado ao pormenor e desenrola-se como se de uma missão real se tratasse. A noção de que se corre risco de vida é permanente, daí que os primeiros momentos da operação aconteçam em poucos segundos – o efeito de surpresa é vital. É uma pequena amostra daquilo que esta força especial é convocada para fazer. A identidade é secundária – são ossos do ofício.

    A MISSÃO No “navio-alvo” viajam meia dúzia de piratas dos tempos modernos. Podíamos estar ao largo da Somália, noite cerrada – cenário em que decorreria uma abordagem real do DAE dos Fuzileiros –, mas a simulação faz-se com vista para Lisboa, no Tejo, em plena luz do dia. Numa operação real, a bordo do navio, para além do estrondo das ondas a rebentar contra o casco e o rugido contínuo dos motores, pouco se conseguiria ouvir.

    E mesmo aqui, quase sem ondulação, só com um ouvido atento se torna perceptível o som de hélices de um helicóptero. À luz do dia, é visível a sua aproximação, mas de noite passaria completamente despercebido. Desde o momento em que é ouvido pela primeira vez, e até que o helicóptero esteja a sobrevoar o navio, não passam mais de 12 segundos. Depois da aproximação relâmpago, o piloto imita o balancear do navio para conseguir uma posição estável, a uns sete metros de altura. Cá em baixo, duas embarcações semi-rígidas com cinco militares cada, equipados com o fato escuro das operações de abordagem, já se posicionaram de um e do outro lado do alvo, armas apontadas ao interior da embarcação para garantir a protecção de quem se aproxima pelo ar.

    Passaram pouco mais de 30 segundos e a aeronave ganhou posição. Do helicóptero é lançada uma corda negra, por onde descem cinco homens para o convés do navio. Logo a seguir sobem os que se aproximaram de lancha. “No momento em que estamos a abordar a embarcação é quando estamos mais vulneráveis. Para quem vem na lancha, o momento em que nos agarramos à embarcação para subir é aquele em que sentimos o pico máximo de tensão”, conta um dos elementos do DAE, com oito anos de experiência na unidade, 11 de operações especiais. “O tipo de missões que aqui se fazem tem uma natureza diferente. Acredito que qualquer militar queira chegar ao topo na carreira, e este, para mim, é o ponto mais alto”.

    Com toda a equipa a bordo, a progressão no interior do navio é feita metro a metro, ao ritmo a que vão sendo “anulados” os “objectivos” que aqui se encontrem, e até que esteja garantida a segurança de cada recanto, uma tarefa que pode prolongar-se por horas. “Num navio de grandes dimensões, com três ou mais andares e a carregar todo o peso do equipamento, é uma acção que se torna desgastante”, admite um dos elementos de topo do DAE. Quinze militares a bordo, a concentração é total, a margem de tolerância para erros, mínima. 15 minutos e o navio está tomado. Seis piratas foram dominados e houve uma baixa militar registada, com um ferimento de bala na perna.

    Esta abordagem é apenas um entre os múltiplos e sempre imprevisíveis cenários em que o grupo opera. Nas acções de combate ao narcotráfico, na costa portuguesa, são uma presença frequente, ainda que em missão paralela e de apoio a investigações da Polícia Judiciária. A inactivação de explosivos, o resgate de altas individualidades ou de meros civis num país em plena convulsão social, ou as missões humanitárias – nestes e em muitos outros cenários, o DAE é chamado a intervir, porque faz o que nenhuma outra força do país consegue fazer.

    A ENTRADA “Quem entra tem de treinar bastante para passar na selecção, e quem concorre já está acima da média. Mas quando chega cá dentro, quando encontra o nível de desempenho interno, é nesse momento que vê como é difícil chegar ao nível médio de performance da unidade. Só aí nos apercebemos do valor” do grupo, confessa o comandante da unidade, há alguns meses à frente do grupo.

    A base de recrutamento de novos elementos é – regra de ouro – o grupo de homens que integram o corpo de fuzileiros, uma força só por si considerada a elite da Marinha. A abertura de concurso depende directamente da “gestão da carreira do número de efectivos da unidade”, explica o comandante. “Quando há necessidade de formar mais elementos para o DAE, abre-se o concurso para as operações especiais da Marinha e decorre depois um curso interno”.

    Testes médicos, avaliações psicotécnicas e uma prova de aptidão – etapas com passagem obrigatória para os candidatos a integrar a força de elite. Seguem-se dois anos de formação intensiva, durante os quais os militares frequentam, entre outros, os cursos de mergulho de combate e o curso de pára-quedismo militar. Ao mesmo tempo, vão sendo integrados na unidade do DAE. Esta “formação de entrada no DAE”, o primeiro passo na carreira, permite interiorizar duas coisas: uma, a garantia de que um militar desta unidade não vai nunca poder fazer planos para amanhã; e outra, a consciência de que chegou onde muitos poucos conseguiram chegar.

    “Para cada curso que abrimos tem havido uma média de 50 candidatos”, refere o comandante do DAE. Desses, apenas 20 - os melhores do grupo - vão ser seleccionados para frequentar o curso. “A taxa global de selecção, desde 1985, é de cerca de 10-15%”, e em cerca de 700 candidatos, menos de 100 alcançaram o objectivo final. O fim do serviço militar obrigatório não teve consequências no número de candidatos, nem levou a que o nível de exigência nos testes de admissão tivesse baixado: “As missões, lá fora, também não foram ficando mais fáceis”, resume o responsável.

    Quem entra “tem de demonstrar um equilíbrio entre a capacidade intelectual, ou seja, o desempenho cognitivo, e a capacidade física, porque vai ter sempre um índice físico de base muito elevado”. A unir estes dois elementos surge a capacidade de resistir, a resiliência: “Como qualquer actividade profissional complexa, ela não vai correr sempre de feição. Surgem imprevistos, a incerteza é permanente e vai ser sempre preciso mostrar uma capacidade de adaptação sob stress e cansaço, resolver tarefas em simultâneo. O desempenho de muito elevado nível vai-lhes ser exigido em qualquer momento, e tem de continuar a ser apresentado, mesmo sob todos esses stressores”, explica o comandante do DAE.

    O TREINO De duas pequenas colunas, colocadas provisoriamente a um canto e ligadas a um leitor MP3, saem acordes de guitarra eléctrica de um metal que preenche o ambiente e que dá ânimo para mais uma série de elevações de barra. Num espaço em cimento de cerca de 90 metros quadrados, na base dos Fuzileiros, que integra a base naval do Alfeite, em Almada, está montado um circuito de treino. Cinco pneus negros, de várias dimensões – os maiores, de tractor, a pesarem largas dezenas de quilos. A barra de elevações. Uma correia grossa de ferro entrançado com mais de dois metros de comprimento e uma corda para colocar à cintura, arrastada ao longo de uns 10 metros com algum esforço. E também uma barra de ferro com pesos montados.

    Os exercícios são feitos individualmente, mas o treino é realizado em equipa. Hoje treinam juntos cinco colegas, com idades entre os 25 e os 35 anos. A passagem de testemunho dos militares mais experientes para os elementos que vão chegando à unidade é valorizada no grupo, tanto para minimizar erros como para reforçar o espírito de equipa. “Há alturas em que não consigo acompanhar os mais novos numa corrida, e nessa altura são eles que me agarram e puxam por mim”, diz um militar com quase duas décadas de DAE, que hoje se dedica à planificação de missões de treino. “Mas é importante quando intervenho e sinto que ouvem aquilo que digo, quando valorizam o que tenho para lhes transmitir”.

    Finalizada a série num dos exercícios, passa-se ao ponto seguinte. A vertente de treino físico é complementada com a prática de desportos como o Jiu-Jitsu brasileiro, o boxe, a corrida ou natação. “Desenvolvemos sempre um treino funcional, para que cada exercício possa ter uma aplicação prática no âmbito de missões em que participamos”, explica o comandante. “Estão todos preparados para nadar pelo menos três milhas (quase cinco quilómetros)”. 50 metros de apneia fazem-se sem qualquer problema e não há operacional que faça menos de 20 elevações de braços (o recorde da unidade está nas 67 seguidas). São máquinas de performance físico exemplar e em constante aperfeiçoamento, que dispõem de força explosiva, resistência em velocidade (1000 metros em menos de três minutos) e “endurance” (natação ininterrupta durante quatro horas).

    Noutro âmbito treina-se a teoria. Saber inactivar explosivos, planificar a abordagem de uma missão, usar tecnologia de comunicações ou calcular a influência do vento num tiro de longa distância. “De nada me serve um operacional que não saiba usar um computador e um telefone satélite”, diz o comandante. O atirador de longa distância (ou sniper) mais experiente trabalha com as mesmas armas há mais de oito anos. No capítulo de valências técnicas do currículo pessoal poderia constar a capacidade de destruir, por exemplo, o motor de uma embarcação a 1000 metros do objectivo. A 2 km, uma antena radar ou uma viatura são alvo fácil, e sobre um corpo humano, a precisão do disparo teria as mais elevadas probabilidades de sucesso a 600 metros do alvo.

    “Não há exercício ou missão em que não sintamos que a nossa segurança física está nas mãos de algum colega de equipa”, refere o comandante. Para que se desenvolva essa confiança é preciso muito treino, com uma repetição exaustiva dos exercícios. E tempo. Os militares do DAE integram a unidade, por norma, depois dos 25 anos. A partir desse momento, a dedicação é absoluta, sem que haja grande margem para fazer planos a longo prazo, porque a incerteza sobre quando vai surgir uma missão é absoluta e permanente.

    OS HOMENS “Há alguns anos, estive durante vários meses seguidos a saltar de missão em missão, com intervalos de poucas semanas para regressar ao país”, recorda um dos elementos mais experientes do unidade, actualmente encarregue de funções de planeamento. A isto, somam-se semanas e semanas a fio de treino para, por vezes durante largos meses, responder a uma única missão onde não há margem para erros. “Faz parte da rotina, passamos um ano inteiro a treinar e uma vez por ano talvez ponhamos em prática aquilo que estamos a treinar. Mas habituamo-nos a aceitar essa realidade. É óbvio que gostaríamos de poder fazer mais missões de âmbito internacional, mas é a realidade que temos”, diz um saltador operacional de grande altitude (um tipo de salto feito a partir de aviões acima dos 10 mil pés, a altitudes ditas não fisiológicas).

    O modo como se deslocam na base é reflexo daquilo que transportam para a vida pessoal. Discrição, sem referências na farda que envergam que permita distingui-los dos restantes fuzileiros – mais que um traço de personalidade, é uma filosofia que aceitaram respeitar a partir do momento em que integraram o Destacamento de Acções Especiais. “A principal ideia é a de realização profissional. Tenho uma unidade só de líderes que é difícil de comandar, mas que oferece uma realização profissional difícil de encontrar noutro lugar”, assume o comandante.

    http://www.ionline.pt/artigos/portugal/accoes-especiais-forca-elite-dos-fuzileiros-nao-so-musculo
  14.  # 934

    Colocado por: DOGMA
    e os botes?


    Os botes? Chamam de bote? Não sei, não sou nem nunca fui Fuzo.

    Já agora:

    http://fuzileiros.marinha.pt/PT/noticias/Pages/BoteFUZOS.aspx
  15.  # 935

    Eu sei, em Tancos (ETP e EPE) usam-nos com alguma frequência. Mas eu nunca trabalhei com esses bichos, por isso remeto-me ao silêncio.

    http://www.youtube.com/watch?v=rkKcUT2Osvk
  16.  # 936

    Já agora, já tinhas visto estes "Fuzos"?

    http://www.youtube.com/watch?v=8c6kOlXKNV4
  17.  # 937

    Colocado por: branco.valterTem a certeza da patente desse senhor?


    Não tenho a certeza. Lembro-me vagamente de me terem dito isso. Qualquer coisa tipo "tás lixado pá... o tenente-coronel engraçou contigo". Sargento não devia ser porque o distico (não sei se é assim que se chama) de patente eram barras e não os "^" dos sargentos. Mas não tenho certeza da patente. Lembro-me que tinha o mesmo tipo de constituição que eu e era mais ou menos da minha altura. E lembro-me que tinha cabelo e bigode grisalho. E da voz "vou fazer de ti um homem" :-).
    Sempre que o vi estava com uma farda camuflada. Não me recordo da cor da bóina.

    Enfim foi à muito tempo. Se pudesse, tinha ido, nem que fosse pela experiência. Agora só me resta ir fazer um curso de páraquedismo. Fica a faltar o armamento :-)
  18.  # 938

    Colocado por: DOGMAe os botes?

    Pela lógica a Marinha (ou Armada como preferirem) não terá botes. Terá quanto muito botes de guerra, definidos como veículos marítimos de pequena dimensão para transporte dos gloriosos Fuzileiros. E às vezes de um presidente e sua corte, até uns afloramentos rochosos. Apesar de os Fuzileiros terem de fato um Grupo de Botes na Unidade de Meios de Desembarque :-)
  19.  # 939

    Colocado por: utvptrca

    Não tenho a certeza. Lembro-me vagamente de me terem dito isso. Qualquer coisa tipo "tás lixado pá... o tenente-coronel engraçou contigo". Sargento não devia ser porque o distico (não sei se é assim que se chama) de patente eram barras e não os "^" dos sargentos. Mas não tenho certeza da patente. Lembro-me que tinha o mesmo tipo de constituição que eu e era mais ou menos da minha altura. E lembro-me que tinha cabelo e bigode grisalho. E da voz "vou fazer de ti um homem" :-).
    Sempre que o vi estava com uma farda camuflada. Não me recordo da cor da bóina.

    Enfim foi à muito tempo. Se pudesse, tinha ido, nem que fosse pela experiência. Agora só me resta ir fazer um curso de páraquedismo. Fica a faltar o armamento :-)


    Acredita em mim, não é a mesma coisa! No Curso de Pára-quedismo militar tu arranhas 2 semanas de adaptação, depois tens 3 semanas em terra e duas no ar. O "nosso" curso de Pára-quedismo militar é provavelmente o curso mais demorado e onde se arranha mais a nível da OTAN. Em Espanha por exemplo tens uma semana em terra e outra para fazer os saltos e é essa a norma.

    Por cá:

    http://www.youtube.com/watch?v=uan3A047oKU
  20.  # 940

    Já agora, a primeira, e até hoje única, instrutora de pára-quedismo militar (Rosa), foi promovida a Sargento-Ajudante.

    Infelizmente não temos muitas mulheres de frada com a garra que essa militar tem, poucas têm a capacidade fisica e psicológica de aguentar horas e horas de instrução como ela.
 
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