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  1.  # 121

    E em qual das duas não encaixa a "caverna"?

    O que é singular no poder do Estado é o facto de ser exercido em regime de monopólio num determinado território e logo não admitir a auto-exclusão voluntária. O facto de o Estado permitir a um individuo sair do território, perdendo o que é seu, não é prova de adesão voluntária - é na verdade sequestro.

    Não tenho? Então não tenho? Tal como o homem da "caverna" tenho sempre a opção de procurar outra "caverna"!

    Ok. Mas seguindo o seu exemplo nada é coacção. Se eu o encontrar na rua, e utilizar o meu impressionante porte físico para o intimidar e forçar a entregar-me uma nota de 5 euros, posso sempre concluir que não estou a coagi-lo, porquanto o oxelfer poderia ir embora tranquilamente se me entregasse a carteira.
  2.  # 122

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  3.  # 123

    Quem te deu o direito de propriedade? Em que regras te baseaste para dizer que és detentor de determinada propriedade? Quem fez as regras que te permitem dizer que és detentor da propriedade?

    Cada vez mais perto...

    Eu deduzo-o logicamente a partir do direito absoluto à propriedade do meu corpo. Há quem o deduza a partir de outros pontos, e há quem não o aceite sequer .

    Um ser supremo? É uma regra universal que não pode ser posta em causa? E se pela comunhão de interesses de que tanto falas, se decidir que afinal a propriedade não te pertence?


    Um individuo só pode abdicar do que é dele. Se abdicou em favor de outro(s), já foi proprietário. Se estabeleceu uma propriedade em comum com outros, houve necessariamente um momento em que esse bem não era propriedade de ninguém; ou pelo menos uma transmissão de proprietário.
    E a propriedade de determinado bem, ainda que colectiva, é de indivíduos, e não de entidades abstractas como "a comunidade".
  4.  # 124

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  5.  # 125

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  6.  # 126

    perspectiva liberal != perspectiva libertária. Mas vamos discutir propriedade privada.

    O que é a propriedade privada? Quando é que podemos dizer que algo é nosso?
  7.  # 127

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  8.  # 128

    Não é o segundo passo, é o primeiro...

    A teoria libertária (uma vertente) reivindica que a propriedade é de alguém se esse alguém foi o primeiro a tomar posse dela, ou se esse alguém adquiriu a propriedade de outro contratualmente. É tão simples quanto isto, e o direito à propriedade privada é um direito absoluto e fundamental para a teoria.

    Eu tenho uma ideia mais crítica e pragmática do tema. Primeiro convém entender que algo é nosso não porque nós achamos que é nosso mas porque a generalidade dos que nos rodeiam nos reconhecem esse direito. A partir daqui consigo criticar a teoria da propriedade privada como direito absoluto pelo que penso serem as suas falhas.

    Porque é que alguém que não tem nada deve reconhecer o direito a alguém próximo dele a uma quantidade desproporcional de propriedade? Parece-me ingénuo alguém pensar que os outros têm uma obrigação natural de lhe reconhecer o direito a tudo quando esses outros não têm nada. Penso que é simples de entender que para que exista este reconhecimento pacífico tem de haver duas coisas, e por ordem de relevância:

    1) Acesso a recursos suficientes por cada pessoa viver de forma a que não se revolte, ou na prática a uma maneira de os obter.
    2) Equilíbrio na distribuição da riqueza/propriedade.

    A distribuição da riqueza que existe nas sociedades modernas vem desta realidade. Não interessa nada pensarmos que temos um direito absoluto sobre algo se os outros não nos reconhecem esse direito. É, na minha opinião, mais seguro para alguém que tem mais que outro distribuir parte da sua riqueza do que não o fazer e arriscar-se a viver uma revolta que o faça sair de um sistema que claramente o favorece já que, como admitimos, tem mais propriedade que muitos outros. No entanto o contrário também é verdade, quanto se tenta distribuir demasiada riqueza as pessoas começam a revoltar-se.

    A teoria fundamentalista libertária sobre a propriedade peca por não entender esta realidade. E se é verdade que o sistema seria perto do perfeito se a distribuição da propriedade, principalmente da terra, fosse equilibrada, também é verdade que o sistema após algumas iterações se tornaria num sistema feudal onde alguns por via da sua capacidade superior de "jogar o jogo" iriam progressivamente adquirindo mais propriedade e passando-a aos seus filhos. Neste sistema, passaríamos a ter um "dead-lock" onde alguns apareceriam neste mundo sem nada e sem meio de obter o que fosse, e outros que nasceriam os senhores da terra.

    No entanto é preciso entender que a propriedade privada é fundamental para o desenvolvimento económico, e isso está provado na prática. O capitalismo puro (e não a embrulhada que existe hoje em dia) foi sem dúvida o sistema económico que mais prosperidade trouxe aos seres humanos. Existem uma resistência natural no ser humano em não investir em algo que não considere seu.

    Quanto às ruas em concreto, existem as públicas e as privadas. Se fores a um condomínio fechado as ruas são privadas. É possível haver os dois sistemas, no entanto do ponto de vista prático penso que é muito mais simples teres um sistema de "ruas" público, com todos os seus problemas e benefícios. Mas como em tudo, convinha haver um equilíbrio e descentralização da gestão da coisa ou resvala-se em situações como esta.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: oxelfeR (RIP)
  9.  # 129

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  10.  # 130

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  11.  # 131

    Colocado por: oxelfeR (RIP)Mesma partindo do princípio que eu as aceitei no início e estou deste modo vinculado a elas, posso voluntariamente recusar-me a respeitá-las sem perder direito à minha propriedade?
    Se as regras necessitarem de ser alteradas a meio do jogo, sou obrigado a cumpri-las ou se não as cumprir perco mais uma vez direito à minha propriedade?


    O que acontece quando quer desvincular-se do contrato, seja qual for a razão, pode estar no contrato. E tudo é possível, desde a perda total de propriedade até a restituição de um valor equivalente.

    A diferença essencial entre um grupo "teórico" desse tipo está na palavra voluntária, ou se preferir a inversa, coerção. Mas o que fica contratualizado pode ser equivalente, independentemente de se ver dentro do contrato de forma coerciva ou voluntária.
  12.  # 132

    Colocado por: oxelfeR (RIP)só me causa alguma impressão pela ligeira justificação do "medo" da revolta


    O medo e a ganância são sentimentos normais, é o que determina as nossas opções.

    Há uma experiência engraçada que me contaram, se bem que não tem muito a ver com o tema:

    1) Os ratos, não interessa porque razão, têm medo de um circulo com segmentos pretos e brancos a rodar.
    2) Os ratos gostam de queijo.

    Se colocar um rato a uma certa distância de um bocado de queijo ao pé de uma dessas rodas, o estimulo da fome é maior que o medo da roda. Então o rato desloca-se para apanhar o queijo. Acontece que o rato chega a uma certa distância e os estímulos equilibram-se. Ai o rato para e fica baralhado, sem saber se anda para trás ou para a frente. O curioso é o que o rato faz nesta situação:

    Para e coça a cabeça. Reconhecem este comportamento? ehehe :-)
  13.  # 133

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  14.  # 134

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  15.  # 135

    Colocado por: oxelfeR (RIP)Seria uma "sociedade" com a burocracia leva ao extremo porque:
    1 - Todas as relações teriam de ter um contrato voluntariamente aceite.
    2 - Cada contrato teria de prever todas as situações e mais algumas.


    Não necessariamente. A necessidade da existência de um contrato formal vem do risco da interacção em causa. Se for comprar uma laranja não vai estar a escrever um contrato para isso. Se o negócio envolver uma quantidade não desprezável de recursos, é do interesse das partes formalizarem a interacção.
  16.  # 136

    Colocado por: oxelfeR (RIP)Não me parece correcto: a ganância não é uma característica inacta ao ser humano.


    Isso é porque associa essa característica à sua conotação negativa. A ganância não é binária, não é algo que se tem ou não se tem. Tem-se em doses, e há uma dose moderada. Pelo menos é assim que eu interpreto a palavra.

    Se quiser troque a palavra ganância por "vontade de ter/adquirir" e medo por "vontade de não perder".
  17.  # 137

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  18.  # 138

    Colocado por: oxelfeR (RIP)Se eu chegar a casa e der conta que as laranjas estão podres por dentro , apesar de bonitas por fora, posso ir ou não reclamar com o merceeiro?


    Digamos que não podia, porque não havia lei nem contrato. De qualquer maneira o risco para si era desprezível. Já o risco para o comerciante era absoluto pois certamente nunca mais lá ia comprar laranjas.
  19.  # 139

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  20.  # 140

    Bom, talvez tenha usado o substantivo errado. Espero que me tenha feito entender. :P
 
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