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  1.  # 301

    Deve? Estavamos desgraçados. Tinhamos pena de morte para homicidas e castração para violadores...
    • LuB
    • 13 março 2012 editado

     # 302

    A propósito do artigo do pai de uma jovem com Sindroma de Down, que parece ter impressionado o Oxelfer entre outros
    A minha opinião:

    (...)
    Eu me lembro das propagandas curtinhas que se fizeram na televisão, no ano da criança deficiente, para provar que ainda havia alguma esperança, para dizer que alguma coisa estava sendo feita. E apareciam lá, na tela, crianças e adolescentes, cada um excepcional a seu modo, desde síndrome de Down até cegueira, e aquilo que nós estávamos fazendo com eles... Ensinando, com muito amor, muita paciência. E tudo ia bem até que aparecia o ideólogo da educação especial para explicar que, daquela forma, esperava-se que as crianças viessem a ser úteis socialmente... E fiquei a perguntar-me se não havia uma pessoa sequer que dissesse coisa diferente, que aquelas escolas não eram para transformar cegos em fazedores de vassouras nem para automatizar os portadores de síndrome de Down para que aprendessem a pregar botões sem fazer confusão...

    Claro que os profissionais se preocupam em dar uma "utilidade social" ao jovem deficiente sempre que isso é possivel. Não pela grande contribuição que ele possa dar para a comunidade, mas para que a criança se sinta "normal" e autónoma. É o que tentamos fazer com todas as crianças. Ela afinal é uma criança como as outras, diferente apenas nas suas características, e no seu potencial.
    Seria muito injusto que a deixassemos como uma pessoa inútil, figura decorativa, a quem nada é pedido do ponto de vista profissional, só porque vai desempenhar uma profissão que o pai acha "pouco importante" (daí o reclamar "porque eles, professores, estão preocupados em ensinar a "fazer vassouras ou a pregar botões"... E se ensinassem a criança "a ser médica" já era bom?
    Parece-me haver aqui nitidamente uma desistência, um não aproveitamento das capacidades da criança ridicularizando até certas profissões, que são tão dignas como outra qualquer.


    Será que é isto? Sou o que faço? Ali estavam crianças com necessidades especiais, não-seres que virariam seres sociais e receberiam o reconhecimento público se, e somente se, fossem transformados em meios de produção. Não encontrei nem um só que dissesse:
    «Com esta coisa toda que estamos fazendo, esperamos que as crianças sejam felizes, dêem muitas risadas, descubram que a vida é boa...


    Não, não somos o que fazemos, mas sentimo-nos felizes a fazer alguma coisa... Somos transformados, todos, em meios de produção, e porque não? A busca dura pelo sustento e pela autonomia não nos tira qq dignidade, bem pelo contrario.
    Claro que temos de ter a parte lúdica da vida, temos, de fazer muitas outras coisas "não úteis" que dão colorido á vida, mas ninguem quer viver apenas disso. E as risadas que damos pressupõem que estamos preenchidos em todas as vertentes... Ninguem quer ser apenas, alegre e decorativo...

    Mesmo uma criança especial pode ser feliz. Se uma borboleta, se um pardal e se uma ignorada rãzinha podem encontrar alegria na vida, por que não estas crianças, só porque nasceram um pouco diferentes...?»Voltamos ao pai e ao seu filhinho. Que temos a lhes dizer?


    E a borboleta, não procura alimento? Só brinca?

    Que tudo está perdido? Que o seu filho é um não-ser porque nunca chegará a ser útil socialmente? E ele nos responderá:
    «Mas não pode ser... Sabe? Ele dá risadas. Adora o jardim zoológico. E está mesmo criando uns peixes, num aquário. Você não imagina a alegria que ele tem, quando nascem os filhotinhos. De noite nós nos sentamos e conversamos. Lemos estórias, vemos figuras de arte, ouvimos música, rezamos... Você acha que tudo isto é inútil? Que tudo isto não faz uma pessoa? Que uma criança não é, que ela só será depois que crescer, que ela só será depois de transformada em meio de produção?

    Tudo bem... Ninguem é importante, apenas, quando é útil socialmente. Algumas destas crianças "especiais" nunca se tornarão úteis e apenas poderão dar prazer aos pais (por existirem e serem capazes de brincar e dar risadas felizes... Outros têm potencial, que até corre o risco de vir a ser "desprezado" por ser pouco e não estar à altura das espectactivas parentais.
    A verdade é que as pessoas, (excepto os deficiente graves...) tendem a sentir-se importantes quando se sentem úteis. E o que está aqui em causa é a necessidade de normalizar a criança deficiente, preparando-a para a vida (sempre de acordo com o potencial que apresenta) a fim de que se sinta igual às outras pessoas.

    (...)

    LuB
    Concordam com este comentário: system32
    • LuB
    • 13 março 2012 editado

     # 303

    ...
  2.  # 304

    Somos transformados todos em meios de produção e porque não? A busca dura pelo sustento pela autonomia não nos tira qq dignidade, bem pelo contrario.

    Não só a busca pelo sustento não nos tira a dignidade como considero indigno todo aquele que, mesmo podendo, não assegura o seu próprio sustento, mas sou de opinião que se dá demasiado valor ao “sustento”. No fundo acabou por se estabelecer como dominante uma cultura que sobrevaloriza a posse de bens materiais levando ao que vemos hoje: muitas das coisas que são consideradas imprescindíveis e praticamente um direito adquirido podiam ser suprimidas sem que daí viesse mal a quem quer que fosse - pode ser defeito meu mas não consigo compreender que exista alguém capaz se endividar para assegurar umas féria “exóticas” ou para impressionar os amigos com um bólide que custa alguns anos de trabalho.

    A verdade é que as pessoas, (excepto os deficiente graves...) tendem a sentir-se importantes quando se sentem úteis. E o que está aqui em causa é a necessidade de normalizar a criança deficiente, preparando-a para a vida (sempre de acordo com o potencial que apresenta) a fim de que se sinta igual às outras pessoas.

    Mais uma vez a “utilidade”. Uma vez que essas pessoas (deficientes graves) são uma minoria, será assim tão difícil e complicado para a maioria “normal” limitar-se a permitir que eles sejam felizes, produtivos ou não? Nem deve ser assim tão caro. Especialmente para um país que ainda não há muitos anos construiu 10 estádios de futebol.
    Concordam com este comentário: becas, Jorge Rocha, two-rok, oxelfeR (RIP)
  3.  # 305

    Boas,

    Colocado por: LuBque parece ter impressionado o Oxelfer entre outros


    Não me impressionou.
    Ponto prévio: não faço a mínima ideia de como se devem tratar pessoas com deficiência, para além daquelas que o bom senso me dita que podem ou não ser correctas.
    O que me chamou à atenção foi algo que eu defendo para todas as crianças quer sejam ou não deficientes e que penso estar em déficite na "educação" dos dias de hoje.

    Colocado por: LuBClaro que os profissionais se preocupam em dar uma "utilidade social" ao jovem deficiente sempre que isso é possivel.


    A tentativa é meritória, mas não coloco esse como o grande objectivo, e nem sei mesmo (claro que depende da deficiência) se deva ser objectivo (claro está que passará a ser objectivo se a criança/pessoa sentir essa necessidade).

    Colocado por: LuBParece-me haver aqui nitidamente uma desistência, um não aproveitamento das capacidades da criança ridicularizando até certas profissões tão dignas como outra qualquer.


    Quanto a mim não entendeste o artigo, ou esta passagem.
    O sentido (no que eu leio) é precisamente o contrário.
    Não há qualquer tentativa de tornar menos digna uma ou outra profissão, mas sim tornar mais digna a vida dos deficientes.
    A tentativa é não fazer depender a dignidade dos deficientes da sua "utilidade" para a sociedade, mas sim da sua felicidade.
    Não tenho conhecimento suficiente sobre as escolas de educação especial para avaliar o que lá se passa e como se passa. Mas parece-me que esta passagem é uma critica às expectativas de "utilidade" que se colocam sobre os deficientes, como se a sua felicidade dependesse disso (e não duvido que em certos casos possa depender).

    Colocado por: LuBNão, não somos o que fazemos, mas sentimo-nos felizes a fazer alguma coisa... Somos transformados todos em meios de produção e porque não? A busca dura pelo sustento pela autonomia não nos tira qq dignidade, bem pelo contrario.


    Definitivamente acho que não percebeste patavina do artigo.

    Colocado por: LuBA verdade é que as pessoas, (excepto os deficiente graves...) tendem a sentir-se importantes quando se sentem úteis.


    Admito que sim.
    Mas também não me custa a acreditar que possa ser "criada" pela pressão exercida, mesmo que esta seja suave ou involuntária.

    Colocado por: LuBE o que está aqui em causa é a necessidade de normalizar a criança deficiente, preparando-a para a vida (sempre de acordo com o potencial que apresenta) a fim de que se sinta igual às outras pessoas.


    Claro que há deficiências e deficiências, mas repara bem que o "normalizar" é tornar o deficiente num não deficiente à tua imagem, à tua norma, que pode não ser a norma dele.

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
    • LuB
    • 13 março 2012 editado

     # 306

    Mais uma vez a “utilidade”. Uma vez que essas pessoas (deficientes graves) são uma minoria, será assim tão difícil e complicado para a maioria “normal” limitar-se a permitir que eles sejam felizes, produtivos ou não? Nem deve ser assim tão caro. Especialmente para um país que ainda não há muitos anos construiu 10 estádios de futebol.

    Devemos procurar que todas as crianças sejam felizes. Os deficientes graves para serem felizes apenas exigem atenção e carinho e muita actividade lúdica... Mas a maioria dos deficientes, não se enquadram neste perfil, porque são são pessoas, como direi, "pouco deficientes" estando diminuidos apenas em algumas capacidades.
    A criança que está na base deste artigo pertence nitidamente ao grupo das que podem ser profissionalizadas com muito sucesso e o pai lamenta que se preocupem tanto, com tal coisa.

    O problema, dos pais parece ser muitas vezes, aquilo que estão a ensinar ao filho (a fazer tarefas simples) e eles não gostarão de ter um filho a desempenhar funções que são socialmente consideradas inferiores...
    Concordam com este comentário: Jorge Rocha
  4.  # 307

    Boas,

    Colocado por: LuBE a criança que está na base deste artigo pertence ao grupo das que podem ser profissionalizadas.


    Desculpa, mas com esta quase que te estive para insultar.
    Não partilho dessa opinião e tenho muita pena que ainda se pense assim hoje em dia.

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
    • LuB
    • 13 março 2012 editado

     # 308

    Desculpa, mas com esta quase que te estive para insultar.
    Não partilho dessa opinião e tenho muita pena que ainda se pense assim hoje em dia.


    Profissionalizar = ensinar uma profissão.
    Qual será o problema?

    Mas já agora, por quem és, insulta à vontade.
    Se quizeres que eu tire a camisa, para bateres mais á vontade, é só dizeres...
    LuB
  5.  # 309

    Boas,

    Colocado por: LuBprofissionalizadas com muito sucesso


    Se já em pessoas "normais" isto me choca ...

    Colocado por: LuBe o pai lamenta que se preocupem tanto, com tal coisa.


    Não é bem verdade, o pai lamenta-se de outra coisa, essa pode vir apenas por arrasto.

    Colocado por: LuBO problema, dos pais parece ser muitas vezes, aquilo que estão a ensinar ao filho (a fazer tarefas simples) e eles não gostarão de ter um filho a desempenhar funções que são socialmente consideradas inferiores...


    Fonix ... começo mesmo a duvidar que tenha lido o mesmo artigo que tu.

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
  6.  # 310

    Boas,

    Colocado por: LuBPor quem és, insulta à vontade.


    Prometi a mim mesmo que em dias ímpares não insultava ninguém ;)

    Colocado por: LuBSe quizeres que eu tire a camisa, para bateres mais á vontade, é só dizeres...


    Eu até ia mandar uma piada brejeira, mas ainda me sai outra Princesa_ :/

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
  7.  # 311

    Boas,

    Colocado por: LuBProfissionalizar = ensinar uma profissão.
    Qual será o problema?


    Tens razão, defeito meu ...

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
  8.  # 312

    Se quizeres que eu tire a camisa, para bateres mais á vontade, é só dizeres...

    Tira, tira, tira ...

    (Desculpem, a culpa é das trouxas de ovos)
  9.  # 313

    Boas,

    Colocado por: j cardosoTira, tira, tira ...


    Vá lá.
    Tu conheces "melhor" o pessoal daqui.
    É princesa ou não?

    Colocado por: j cardosotrouxas de ovos


    Trouxas nem por isso, mas se forem ovos moles não te esqueças de mim :|

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
  10.  # 314

    As profissões que são consideradas socialmente inferiores pela estúpida formação dos pais...infelizmente tenho que generalizar porque se tem tornado um facto cada vez mais;tem sido o incentivo estúpido e peturbador dos responsáveis deste país que infligem aos nossos concidadãos que se estude académicamente até ao tutano...

    Pondo fim ao valor dessas tais profissões que engrandecem tanto a riqueza pessoal de cada um e até do nosso país...

    Tem sido um espaço ocupado por estrangeiros que cada vez mais ganham espaço na nossa economia...

    Sendo uma das grandes causas da nossa falta de produtividade e desemprego...assim como riqueza em verba que foge para fora do nosso país...

    Disto poucos responsáveis políticos e governantes falam estando eles no centro da incapacidade que o nosso país tem em desenvolver...
  11.  # 315

    É princesa ou não?

    Não, é uma verdadeira senhora.
    (Podes acreditar, infelizmente já estou sóbrio)
  12.  # 316

    Boas,

    Colocado por: j cardosoPodes acreditar, infelizmente já estou sóbrio


    O meu "problema" é que não sei se acredito mais em ti sóbrio ou não :/
    (conclusão: fiquei na mesma)

    Divirtam-se,
    João Dias e seu gato psicanalista
  13.  # 317

    Falei a verdade - é uma Senhora.
    • LuB
    • 13 março 2012 editado

     # 318

    Tens razão, defeito meu ...


    Não sei se o está a dizer ironicamente, ou se concorda que o termo que utilizei é completamente "inocente".

    Na verdade para estes jovens com deficiências "moderadas" luta-se anos a fio para conseguir que se preparem para a vida activa, ensinando-lhes tudo. Isso envolve aprendizagens que as crianças normais não exigem, (porque ao contrario das outras crianças estas tem dificuldade em aprender apenas por imitação).
    Temos de ensinar tudo tintim por tintim: relações sociais, cuidados com a aparência, tarefas rotineiras... e finalmente outras, relacionadas com a profissão escolhida. Elas vão ser tão necessarias ao sucesso (e felicidade) do jovem como a parte lúdica. É claro que os professores se preocupam muito com isto... O que não quer dizer que não valorizem a felicidade da criança.
    Pareceu-me que o pai não dava valor a isso, e criticava os professores.
    Achava que a preocupação era desnecessária e exagerada, e que preferia que os profissionais se centrassem apenas na parte lúdica.
    Posso ter analisado tendenciosamente...
  14.  # 319

    luisvv

    da moral?? eheheh, vejo que que não é simples pegar na pergunta, será então o quê? etica? o somatório das "opiniões racionais" de um grupo de pensadores?'
    há muito tempo que sabia que iria encontra-lo em contradição pois afinal sempre se bateu contra uns tantos imporem algo a outro seja baseado em for.
  15.  # 320

    "O pai orgulhoso e sólido olha para o filho saudável e imagina o futuro. – Que é que você vai ser quando crescer? Pergunta inevitável, necessária, previdente, que ninguém questiona.
    – Ah! Quando eu crescer, acho que vou ser médico!
    A profissão não importa muito, desde que ela pertença ao rol dos rótulos respeitáveis que um pai gostaria de ver colados ao nome do seu filho (e ao seu, obviamente)... Engenheiro, diplomata, advogado...Imagino um outro pai, diferente, que não pode fazer perguntas sobre o futuro. Pai para quem o filho não é uma entidade que «vai ser quando crescer», mas que simplesmente é, por enquanto... É que ele está muito doente, provavelmente não chegará a crescer e, por isso mesmo, não vai ser médico, nem mecânico nem ascensorista.
    Que é que seu pai lhe diz? Penso que o pai, esquecido de todos «os futuros possíveis e gloriosos» e dolorosamente consciente da presença física, corporal, da criança, aproxima-se dela com toda a ternura e lhe diz: «Se tudo correr bem, iremos ao jardim zoológico no domingo...»
    É, são duas maneiras de se pensar a vida de uma criança. São duas maneiras de se pensar o que fazemos com uma criança."

    Realmente, não leio na crónica do Miguel Palha (que não conheço, a não ser por estes e outros breves textos) nenhuma crítica explícita ao sistema de ensino especial, muito menos ridicularização de profissões menos "nobres". Provavelmente a LuB tem um conhecimento pessoal do caso que a faz ler de outra forma as suas intenções.
    O que eu retirei de mais importante (e mesmo chocante, no sentido de ir contra as nossas convicções correntes - algumas não assumidas) está contido neste primeiro parágrafo. AS expectativas que se têm sobre uma criança, o peso dessas expectativas na educação que damos aos nossos filhos. E a simplificação que o pai de uma criança deficiente pode (tem de) fazer, para aceitar integralmente o seu filho, que já não encaixa nessa "função socialmente relevante" projetadas para os filhos "perfeitos" dos amigos.
    Olho para as minhas filhas e não vejo "apenas" o passeio de fim de semana, vejo uma vida inteira de sonhos, projetos e ambições, que eu vou tendo por/com elas. Quando vejo a felicidade dos pais das crianças deficientes com pequenas coisas (acompanho episodicamente alguns blogues), sinto-me pequenina, face à imensidão de tal amor. Lírico? Pois seja. Para viver num mundo de burocratazinhos, legalistazinhos e mesquinhos de coração...mais valia ir-me enforcar ali na esquina (passe a ironia...).
    Estas pessoas agradeceram este comentário: j cardoso, LuB
 
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