Eu me lembro das propagandas curtinhas que se fizeram na televisão, no ano da criança deficiente, para provar que ainda havia alguma esperança, para dizer que alguma coisa estava sendo feita. E apareciam lá, na tela, crianças e adolescentes, cada um excepcional a seu modo, desde síndrome de Down até cegueira, e aquilo que nós estávamos fazendo com eles... Ensinando, com muito amor, muita paciência. E tudo ia bem até que aparecia o ideólogo da educação especial para explicar que, daquela forma, esperava-se que as crianças viessem a ser úteis socialmente... E fiquei a perguntar-me se não havia uma pessoa sequer que dissesse coisa diferente, que aquelas escolas não eram para transformar cegos em fazedores de vassouras nem para automatizar os portadores de síndrome de Down para que aprendessem a pregar botões sem fazer confusão...
Será que é isto? Sou o que faço? Ali estavam crianças com necessidades especiais, não-seres que virariam seres sociais e receberiam o reconhecimento público se, e somente se, fossem transformados em meios de produção. Não encontrei nem um só que dissesse:
«Com esta coisa toda que estamos fazendo, esperamos que as crianças sejam felizes, dêem muitas risadas, descubram que a vida é boa...
Mesmo uma criança especial pode ser feliz. Se uma borboleta, se um pardal e se uma ignorada rãzinha podem encontrar alegria na vida, por que não estas crianças, só porque nasceram um pouco diferentes...?»Voltamos ao pai e ao seu filhinho. Que temos a lhes dizer?
Que tudo está perdido? Que o seu filho é um não-ser porque nunca chegará a ser útil socialmente? E ele nos responderá:
«Mas não pode ser... Sabe? Ele dá risadas. Adora o jardim zoológico. E está mesmo criando uns peixes, num aquário. Você não imagina a alegria que ele tem, quando nascem os filhotinhos. De noite nós nos sentamos e conversamos. Lemos estórias, vemos figuras de arte, ouvimos música, rezamos... Você acha que tudo isto é inútil? Que tudo isto não faz uma pessoa? Que uma criança não é, que ela só será depois que crescer, que ela só será depois de transformada em meio de produção?
Somos transformados todos em meios de produção e porque não? A busca dura pelo sustento pela autonomia não nos tira qq dignidade, bem pelo contrario.
A verdade é que as pessoas, (excepto os deficiente graves...) tendem a sentir-se importantes quando se sentem úteis. E o que está aqui em causa é a necessidade de normalizar a criança deficiente, preparando-a para a vida (sempre de acordo com o potencial que apresenta) a fim de que se sinta igual às outras pessoas.
Colocado por: LuBque parece ter impressionado o Oxelfer entre outros
Colocado por: LuBClaro que os profissionais se preocupam em dar uma "utilidade social" ao jovem deficiente sempre que isso é possivel.
Colocado por: LuBParece-me haver aqui nitidamente uma desistência, um não aproveitamento das capacidades da criança ridicularizando até certas profissões tão dignas como outra qualquer.
Colocado por: LuBNão, não somos o que fazemos, mas sentimo-nos felizes a fazer alguma coisa... Somos transformados todos em meios de produção e porque não? A busca dura pelo sustento pela autonomia não nos tira qq dignidade, bem pelo contrario.
Colocado por: LuBA verdade é que as pessoas, (excepto os deficiente graves...) tendem a sentir-se importantes quando se sentem úteis.
Colocado por: LuBE o que está aqui em causa é a necessidade de normalizar a criança deficiente, preparando-a para a vida (sempre de acordo com o potencial que apresenta) a fim de que se sinta igual às outras pessoas.
Mais uma vez a “utilidade”. Uma vez que essas pessoas (deficientes graves) são uma minoria, será assim tão difícil e complicado para a maioria “normal” limitar-se a permitir que eles sejam felizes, produtivos ou não? Nem deve ser assim tão caro. Especialmente para um país que ainda não há muitos anos construiu 10 estádios de futebol.
Colocado por: LuBE a criança que está na base deste artigo pertence ao grupo das que podem ser profissionalizadas.
Desculpa, mas com esta quase que te estive para insultar.
Não partilho dessa opinião e tenho muita pena que ainda se pense assim hoje em dia.
Colocado por: LuBprofissionalizadas com muito sucesso
Colocado por: LuBe o pai lamenta que se preocupem tanto, com tal coisa.
Colocado por: LuBO problema, dos pais parece ser muitas vezes, aquilo que estão a ensinar ao filho (a fazer tarefas simples) e eles não gostarão de ter um filho a desempenhar funções que são socialmente consideradas inferiores...
Colocado por: LuBPor quem és, insulta à vontade.
Colocado por: LuBSe quizeres que eu tire a camisa, para bateres mais á vontade, é só dizeres...
Colocado por: LuBProfissionalizar = ensinar uma profissão.
Qual será o problema?
Se quizeres que eu tire a camisa, para bateres mais á vontade, é só dizeres...
Colocado por: j cardosoTira, tira, tira ...
Colocado por: j cardosotrouxas de ovos
É princesa ou não?
Colocado por: j cardosoPodes acreditar, infelizmente já estou sóbrio
Tens razão, defeito meu ...