... (este edifício, independentemente do seu maior ou menor valor arquitetónico, chamou-me a atenção pelas tecnologias de construção utilizadas. É um edifício com estrutura em madeira revestida a zinco. Recordo-os da minha infância – de há uns 40 anos, tempos em que as viagens eram morosas aventuras – e desconfio que eram originalmente recobertos a madeira e/ou escamas de ardósia, muito comuns de Coimbra para norte. Dou-me à maçada desta nota em benefício dos que creem - a meu ver erradamente - que a arquitetura em madeira não tem/tinha expressão em Portugal)
... (…Para além de edifícios estruturalmente edificados com ela, a madeira era um material de construção quase omnipresente, não apenas em vigamentos e caixilharias mas também em varandas, alpendres, trapeiras e todos os outros elementos arquitetónicos em que o peso e as demais propriedades mecânicas do granito o tornavam inadequado. Neste caso, podem supor-se duas paredes estruturais em granito – onde descarregam forças as pernas e linhas das asnas – tampadas com dois panos em taipa recobertos a ardosia em escama)
... Neste caso, as paredes laterais, que suponho em granito, foram – suponho novamente – recobertas a argamassa, uma recorrência que já ouvi justificada pelas mais diversas razões sendo que a da “consolidação estrutural” me parece a mais disparatada de todas elas. (Reparar aqui nos topos de frechais, madres e fileira encaixotados a zinco)
... Neste exemplo - de confrangedor desrespeito/ desprezo pelo património arquitetónico - infelizmente é possível observar o miolo madeirado de uma parede revestida a ardósia em escama. Reparar nas paredes em taipa, solução construtiva muito comum nos andares superiores em edifícios construídos em granito.