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  1.  # 661

    Firmitas, Utilitas, Venustas: novos olhares sobre uma velha definição de arquitetura


    Mário Henrique Simão D'Agostino Doutor em História da Arquitetura. Professor Livre-Docente do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto, e do Programa de Pós-Graduação da FAUUSP.

    Avolumam-se críticas à arquitetura contemporânea e sua predileção pela "topologia", por modelagens, complexos jogos compositivos, maleabilidade e diversidade de materiais, de texturas... cujo furor tecnológico, reluzente na epiderme de soberbas torres, finda por elidir todo sentido espacial da forma. Como ironizou Joseph Rykwert, em visita ao Brasil no ano de 2004, hoje em dia boa parte dos edifícios não passa de vistosos invólucros para produtos sem qualidade. Esse mal-estar, comum a tantos historiadores e arquitetos, torna particularmente sedutor um olhar retrospectivo para aquela "tríade vitruviana", aquela definição clássica da boa arquitetura, que tem encantado, fascinado gerações por séculos e séculos. A definição comparece no tratado De Architectura, escrito por Vitrúvio no século I a.C., sob o patrocínio do imperador Augusto, a quem o autor dedica sua obra. No capítulo terceiro do Livro Primeiro, Vitrúvio adverte quais preocupações o arquiteto deva ter ao edificar: o arquiteto, diz, almeja em seus edifícios firmeza, utilidade e beleza – os vocábulos latinos são: firmitas, utilitas, venustas.

    Quero deter-me um pouco na história dessa tríade. Vitrúvio foi traduzido para o português em 1999, é nossa primeira tradução direta do latim – corrijo, Pedro Nunes já havia traduzido o De Architectura em 1541. Essa tradução foi feita em Portugal e o tradutor foi um dos maiores matemáticos do Renascimento. O manuscrito foi levado para a Espanha provavelmente por Juan de Herrera, excelso arquiteto de Felipe II, quando da "transferência" da academia de arquitetura, a Aula do Paço da Ribeira, para Madri, em 1582. Hoje essa obra encontra-se perdida. A tradução brasileira coube a Marco A. Lagonegro (Ed. Hucitec). Curiosamente, nas duas últimas décadas do século XX foram editadas uma série de traduções do De Architectura: começo pela maior, a organizada por Pierre Gros na França, que reúne um grupo respeitável de estudiosos. Em 1993, a editora italiana Einaudi lançou a versão de Elisa Romano e Antonio Corso, também curada por Gros. Temos duas traduções espanholas na década de noventa, além da edição fac-simile da de Lázaro de Velasco concluída em 1582. Em 2002 foi re-editado o trabalho clássico de Silvio Ferri. Por fim, uma nova edição em língua portuguesa veio à luz no ano passado, com tradução aos cuidados do ilustre professor Justino Maciel, da Universidade Nova de Lisboa, Portugal, agora também disponibilizada ao leitor brasileiro pela editora Martins Fontes.

    Sem me estender, quero apenas sinalizar que não vejo esse boom editorial de Vitrúvio, essa avalanche de publicações só como interesse de especialistas. Tendo em vista o horizonte nebuloso da arquitetura e do urbanismo em nossos dias, talvez compareça aí um desejo de retorno às origens, de regresso aos princípios, às fontes primeiras, na ânsia de deslindar elementos que lancem luz e perspectiva sobre o presente. Uma das grandes contribuições dessas traduções comentadas a que eu me referi, sobretudo a francesa e a italiana, foi permitir redimensionar melhor as críticas que desde Leon Battista Alberti são investidas contra Vitrúvio.

    São conhecidas as reprovações de Alberti a Vitrúvio feitas no livro VI do De Re Aedificatoria (1452). Alberti ironiza: ao lerem o tratado antigo, os latinos dirão que Vitrúvio quis parecer grego, e os gregos, que ele quis parecer latino – assim criticando a elocução do Romano, sua redação sem acuro e o total desconhecimento dos princípios e termos gregos, ou dos equivalentes latinos, que propõe. De onde a velha fórmula da "obscuridade do arquiteto". Sobretudo os estudos de Pierre Gros e os comentários ao tratado feitos por Elisa Romano e Antonio Corso têm permitido comedir o peso dessas invectivas.

    No século XVII, Claude Perrault dirá que Vitrúvio confunde as noções de simetria, proporção e eurritmia, tomando por distintas coisas que, a bem ver, são equivalentes. Ainda na tradução brasileira o termo simetria (symmetria) vem substituído por proporção. Tal supressão foi proposta pelo próprio Perrault em sua magnífica tradução francesa do tratado. Creio que, depois dos estudos de Pierre Gros, Callebat, Geertman, Romano, etc., dificilmente podemos aceitar essas simplificações, ainda que recorrentes. Proportio remete à subdivisão com base em uma porção ou módulo, tendo sempre em vista dois termos; symmetria remete ao sistema racional de relações modulares pelo qual eu compreendo o vínculo de todas as partes entre si com o todo. Vitrúvio é bastante preciso quando se refere à proporção entre duas partes ou ao conjunto das relações modulares que abrangem a obra como um todo.

    Vou considerar a tríade firmeza, utilidade e beleza a partir de uma comparação entre retórica e arquitetura, entre as pedras da palavra e as da arquitetura. Essa questão tinha sido assinalada já havia um bom tempo por Silvio Ferri e Salvatore Settis, e foi retomada por Louis Callebat num colóquio chamado "O Projeto de Vitrúvio", realizado em 1993. Callebat recolocou a questão desses empréstimos entre arquitetura e retórica, assinalando procedências da terminologia empregada no De Architectura, sobretudo com relação às seis partes constitutivas da arquitetura, quais sejam ordenação, disposição, eurritmia, simetria, decoro e distribuição, sucintamente detalhadas no Livro Primeiro.

    Essa exposição sempre suscitou muita polêmica, em parte porque Vitrúvio ambiciona, com ela, definir nada menos que a excelência da arquitetura. No capítulo II desse livro primeiro, o autor, reportando-se a noções gregas, circunscreve o domínio peculiar de cada uma das seis partes. Não vou desdobrar-me em todas as polêmicas. Lembro, com muita brevidade, que ele remete a ordenação à quantidade – posótes – e a disposição à qualidade – poiótes. Isso corroborou a interpretação de que a ordenação era equivalente à simetria e que o arquiteto desconhecia os termos gregos, confundindo-os, repetindo-os. Ou seja, ordenação e simetria corresponderiam a definições quantitativas de relações modulares, proporcionais. Disposição seria a apreensão dessas proporções tal como estão dadas aos olhos, demandando, portanto, correções, retificações desse domínio da quantidade para assegurar a harmonia e a beleza no domínio visual, qualitativo. Mas esta era a definição dada à eurritmia.

    Ora, Louis Callebat, em seu estudo sobre os empréstimos vitruvianos da Retórica, demarcou as diferenças de significado, o sentido de uma e outra palavra [ordenação e disposição] no De Oratore de Cícero, inquirindo sobre uma similar distinção na página do De Architectura. Para o orador, uma vez encontrados os argumentos adequados a determinado discurso (ordinatio), seria necessário reparti-los segundo os seus graus de importância, dispô-los pertinentemente (dispositio). Na construção de um discurso, portanto, seria preciso selecionar argumentos consagrados, máximas, lugares-comuns, e, tendo em vista a finalidade do discurso e o público receptor, dispô-los de modo a enfatizar uns, diminuir outros, usando de amplificações, mensurando grandeza. Além da ordem dos argumentos, seria preciso, portanto, a estruturação, a disposição peculiar, segundo a finalidade do discurso.

    Embora Callebat tenha equacionado a origem e pertinência da terminologia empregada por Vitrúvio, pouco aprofundou seus vínculos com a arquitetura. No mesmo colóquio, foi Herman Geertman quem trouxe elementos novos e bastante esclarecedores sobre a diferença entre ordenação e disposição. Vou fazer um breve volteio; logo chego à questão da firmitas, utilitas e venustas. Geertman observa o seguinte: quando Vitrúvio se refere à ordenação, trata das doctrinæ, de soluções consagradas, daquilo que o senso comum estabeleceu como as mais convenientes; soluções consolidadas e validadas pelos sumos autores, pelas autoridades (por exemplo, as formas típicas de templos: frontispício com quatro ou seis colunas, duas fileiras de colunas abraçando a cela, etc.). Quando o arquiteto fala da disposição, observa ainda Geertman, refere-se à adequação das soluções canônicas, ao trabalho efetivo de projeto.

    É aqui que se dá a passagem de um esquema modular abstrato para o dimensionamento real da obra. No livro III, Vitrúvio recomenda ao arquiteto, incumbido de construir um templo, principiar pela medida da frontada do terreno; a partir dela, seguindo relações modulares de proporção, poderá definir a profundidade, a altura, realizando os ajustes necessários de um esquema tipológico abstrato. No livro VI, ao falar dos edifícios privados, adverte que a melhor medida para definir as dimensões reais do edifício é o comprimento. A disposição, em síntese, consiste na passagem dos lugares-comuns, das soluções canônicas, abstratas, para as conveniências do projeto, suas exigências específicas. A dispositio implica numa série de ajustes com respeito ao lugar, à natureza, ao clima, ao destinatário. Embora Geertman não leve adiante a hipótese de um diálogo entre retórica e arquitetura, seu estudo traz novos insumos à hipótese de Callebat, de quem criticava a generalidade dos vínculos propostos.

    Em 1982, num texto muito lido e citado sobre as ordens, tratando de se foram inventadas ou descobertas no Renascimento, o historiador Christof Thoenes chama igualmente a atenção para o paralelo entre os gêneros de elocução retóricos e as ordens arquitetônicas – vou usar esta expressão recorrente, porém imprópria; Vitrúvio fala sempre de gêneros e modos de colunas – o paralelo, digo, entre as ordens dórica, jônica e coríntia e os gêneros de elocução severo, médio e elevado. Cito um trecho do De Architectura em que Vitrúvio fala do emprego das ordens nos templos; nele, os empréstimos da retórica ficam evidentes. A passagem refere-se à definição vitruviana do decoro (decor): "a Juno, Diana, Baco e outras divindades similares, tenha-se sempre em conta a sua posição de meio, construindo-lhes templos jônicos, pois o princípio peculiar desses edifícios colocar-se-á em equilíbrio seja com a severidade do dórico, seja com a delicadeza do coríntio."

    A definição triádica baixo, médio e alto – ou sóbrio, intermediário e elevado – encontra, pois, seu paralelo na arquitetura. Por outra parte, isso sugere nova comparação, igualmente relevante. Assim como a ordenação e a disposição não coincidem com a simetria e a eurritmia, respectivamente, quando Vitrúvio colhe da retórica a noção de decoro talvez também demarque as suas diferenças com o "momento" da ordenação/disposição. Para ter eficácia no discurso, adverte Cícero, é preciso saber o que dizer e em que ordem, por uma parte (isto é, pela parte da inventio), e como dizer, por outra (pela parte da elocutio). No De Architectura identificamos duas lógicas similares, parelhas às da argumentação e da exposição peculiares à retórica. A noção de decoro se refere, sobretudo, à exposição. Curiosamente, Cícero, quando afirma ser preciso saber não só o que dizer, mas como dizer, emprega uma imagem colhida da arquitetura. Através dela, chego à tríade de firmeza, utilidade e beleza.

    No De Oratore lemos: "no discurso, como na maior parte das coisas, a natureza mesma, com incrível habilidade, faz com que as obras, em maior medida úteis, sejam ao mesmo tempo as mais dignas e, freqüentemente, as mais belas." E, logo adiante, o autor conclui: "as colunas sustentam os lintéis dos templos e dos pórticos, mas sua utilidade é igual à sua dignidade. Não foi, certamente, a busca da beleza, mas a necessidade que fez o célebre frontão de nosso Capitólio e de outros edifícios religiosos. De fato, uma vez cogitado o modo que permite escoar as águas de um e outro lado do teto, a dignidade veio se unir à utilidade do frontão."

    De que fala Cícero quando enfatiza a diferença entre a lógica da argumentação e a lógica da exposição? Para saber como dizer, pondera, convém seguir o bom exemplo dos arquitetos. O que nos ensinam os arquitetos? Que a beleza nasce da necessidade. Trata-se de um antigo mito grego, então atualizado pelos romanos. A beleza nasce da necessidade. Nos comentários aos livros III e IV do De Architectura, Pierre Gros enfatiza o quanto essa visão ciceroniana será cara a Vitrúvio.

    Vejam que aqui a nudez, a ausência de ornamento, a presença apenas dos elementos construtivos, como nas edificações dóricas, é considerada sempre no domínio da visibilidade. Pode-se apreender visualmente a necessidade, a utilidade de cada um dos elementos. É isso que Cícero nos fala. Repudiando arquitetos que transgridem normas, que confundem elementos próprios dos entablamentos dóricos e jônicos, como as combinações de mútulos e dentículos, Vitrúvio adverte: prestem atenção nos templos antigos, porque eles são a transposição em mármore das construções originais em madeira; vendo-os, é possível apreender os lógoi da construção lígnea, a pertinência, a coerência, a utilidade de cada elemento!

    Mas a esbeltez das colunas de um templo dedicado a Vênus, por exemplo, não poderá jamais ficar "desnuda", por assim dizer. Essas colunas precisam de ornamento, como de vestes o corpo feminil; precisam de ornamento não como algo que esconda a sua esbeltez, e sim como algo que a realize, que realize a própria finalidade (utilitas). A coluna mais feminina, a mais graciosa, a mais esbelta, precisa de ornamento para mostrar a sua razão de ser. Ornamento aqui não se caracteriza como um adereço, um acréscimo que camufla a estrutura, antes, permite vê-la, consuma a sua finalidade, seu uso.

    Seria interessante ler como Vitrúvio define as colunas no livro IV do De Architectura. Ele fala o seguinte: "as colunas devem ser aptas a portar o peso e devem ter na aparência uma reconhecida beleza. Os antigos as fizeram, uma de aparência nua, sem ornamentos, viril. Outra, seja por ornamento, seja por relações modulares, caracterizada pela sutileza mulheril." Eu aproximo essa passagem de Vitrúvio a outra, extraída da Institutio Oratoria de Quintiliano, na qual o orador adverte que "[em certos casos] os argumentos possuirão mais força e mais graça e decoro se não mostrarmos os seus membros nus e, por assim dizer, despidos da carne." Os ornamentos são como os músculos da ossatura.

    Quando, em remissão a Vitrúvio, falamos que a arquitetura tem de ser sólida, útil e bela, pensamos, quase sempre, na compatibilidade de expedientes, de domínios que possuem demandas próprias. Mas, na economia do De Architectura, é a utilitas que se consuma plenamente na venustas, na beleza. A utilidade alcança plena realização na e com a beleza.

    Essa é uma visão muito bonita de utilidade e muito distante da nossa. É bem verdade que, sobretudo depois de Michelângelo, de suas colunas que descansam em mísulas, de seus fustes invertidos, suas escadarias que se derramam feito lava sobre os transeuntes, constrangendo-os a subi-las como que na contramão; depois do derrogo neoclássico, em suma, nós desconfiamos da conexão entre firmeza, utilidade e beleza. Há tempos aprendemos a desacreditar em sua ordem de necessidade. E, sem dúvida, muito poderíamos dizer das limitações que essa ordem impõe à arte. Mas eu quero realçar outro aspecto.

    Nos dias de hoje, em que a arquitetura se converte cada vez mais num invólucro estranho ao próprio corpo, em que o mercado usa e abusa de artifícios "retóricos", em que a arquitetura, sob variadas formas, "voltou a falar", mas a falar "qualquer coisa", no momento em que o pragmatismo utilitarista cedeu lugar a frenéticas cenografias urbanas, talvez seja singularmente profícua a leitura do De Architectura.

    Ouvir Vitrúvio... Céticos quanto aos liames que outrora alentaram a confecção de seu tratado, o De Architectura nos convida sempre a pensar em formas possíveis de diálogo, formas possíveis de convivência amistosa, de consórcios entre a firmeza, a utilidade e a beleza. É basicamente isso o que quero lembrar.

    Fonte : https://groups.google.com/forum/m/#!topic/amigosdofranklin/OB0co3ZcVwM
  2.  # 662

    "Quando, em remissão a Vitrúvio, falamos que a arquitetura tem de ser sólida, útil e bela, pensamos, quase sempre, na compatibilidade de expedientes, de domínios que possuem demandas próprias. Mas, na economia do De Architectura, é a utilitas que se consuma plenamente na venustas, na beleza. A utilidade alcança plena realização na e com a beleza." (repetição).
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  3.  # 663

    Colocado por: CMartin"Quando, em remissão a Vitrúvio, falamos que a arquitetura tem de ser sólida, útil e bela, pensamos, quase sempre, na compatibilidade de expedientes, de domínios que possuem demandas próprias. Mas, na economia do De Architectura, é a utilitas que se consuma plenamente na venustas, na beleza. A utilidade alcança plena realização na e com a beleza."(repetição).
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  4.  # 664

    Zaha Mohammad Hadid, DBE (árabe: زها حديد; Bagdad, 31 de outubro de 1950 - Miami, 31 de março de 2016[1] ) foi uma arquiteta iraquiana-britânica identificada com a corrente desconstrutivista da arquitetura.

    Formou-se em matemática na Universidade Americana de Beirute. Após se formar, passou a estudar na Architectural Association de Londres. Depois de se graduar em arquitetura, tornou-se membro do Office for Metropolitan Architecture (OMA), trabalhando com seu antigo professor, o arquiteto Rem Koolhaas. Em 1979, passou a estabelecer prática profissional própria em Londres. Na década de 1980, também lecionou na Architectural Association.

    Grande parte da obra de Zaha Hadid é conceitual. Entre seus projetos executados estão:

    Vitra Fire Station (1993), Weil am Rhein, Alemanha
    Centro Rosenthal de Arte Contemporânea (1998), Cincinnati, Ohio, EUA
    Terminal Hoenheim-North & estacionamento (2001), Estrasburgo, França
    Bergisel Ski Jump (2002), Innsbruck, Áustria
    Centro Aquático de Londres (2011), Londres, Inglaterra
    Zaha Hadid também realizou trabalhos de interiores alto-padrão, incluindo a Zona da mente no Domo do Milênio em Londres.

    Vencedora de diversas competições internacionais, alguns de seus projetos vencedores nunca foram construídos: notavelmente The Peak Club em Hong Kong (1983) e a Ópera da Baía de Cardiff em Gales, 1994.

    Em 2004, Zaha Hadid se tornou a primeira mulher a receber o Prêmio Pritzker de Arquitetura, atribuído pelo conjunto de sua obra. Anteriormente também fora premiada pela Ordem do Império Britânico pelos serviços realizados à arquitetura. Em 2015 ela quebrou a hegemonia masculina, ao ser laureada com a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects.

    Faleceu em 31 de março de 2016, em Miami, nos Estados Unidos.

    Fonte : wikipedia.
  5.  # 665

    Arquitetura desconstrutivista (AO 1945: arquitectura desconstrutivista), também chamada movimento desconstrutivista ou simplesmente desconstrutivismo ou desconstrução, é uma linha de produção arquitetônica pós-moderna que começou no fim dos anos 80. Ela é caracterizada pela fragmentação, pelo processo de desenho não linear, por um interesse pela manipulação das ideias da superfície das estruturas ou da aparência, pelas formas não-retilíneas que servem para distorcer e deslocar alguns dos princípios elementares da arquitetura, como a estrutura e o envoltório (paredes, piso, cobertura e aberturas) do edifício. A aparência visual final dos edifícios da escola desconstrutivista caracteriza-se por um caos controlado e por uma estimulante imprevisibilidade . Tem sua base no movimento literário chamado desconstrução. O nome também deriva do construtivismo russo que existiu durante a década de 1920, de onde retoma alguma de sua inspiração formal.

    Entre alguns dos importantes eventos históricos do movimento desconstrutivista estão o concurso internacional parisiense do Parc de la Villette (especialmente as participações de Jacques Derrida, Peter Eisenmane o primeiro colocado, Bernard Tschumi), a exposição de 1988 do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque Deconstructivist Architecture, organizada por Philip Johnson e Mark Wigley, e a inauguração em 1989 do Wexner Center for the Arts em Columbus, Ohio, projetado por Peter Eisenman. Na exposição de Nova Iorque foram exibidas obras de Frank Gehry, Daniel Libeskind, Rem Koolhaas, Peter Eisenman, Zaha Hadid, Bernard Tschumi e da Coop Himmelb(l)au. Desde a exibição, muitos dos arquitetos que estiveram associados ao desconstrutivismo distanciaram-se desse termo. No entanto, o termo "desconstrutivismo" perdurou, e seu uso atual, de fato, abarca uma tendência geral dentro da arquitetura contemporânea.

    Inicialmente, alguns dos arquitetos conhecidos como desconstrutivistas foram influenciados pelas idéias do filósofo francês Jacques Derrida. Eisenman manteve um relacionamento pessoal com Derrida, mas mesmo assim sua abordagem ao projeto arquitetônico se desenvolveu muito antes de tornar-se um desconstrutivista. Para ele, o desconstrutivismo deve ser considerado uma extensão do seu interesse pelo formalismo radical. Alguns seguidores da corrente desconstrutivista foram também influenciados pelas experimentações formais e desequilíbrios geométricos do construtivismo russo. Há referências adicionais no desconstrutivismo a vários movimentos do século XX: a interação modernismo/pós-modernismo, o expressionismo, o cubismo, o minimalismo e a arte contemporânea. A intenção[carece de fontes] do desconstrutivismo como um todo é libertar a arquitetura do que seus seguidores veem como as "regras" constritivas do modernismo, tais como a "forma segue a função", "pureza da forma" e a "verdade dos materiais".

    Fonte : wikipedia
  6.  # 666

    Zaha Hadid
    Desconstrutivismo


    Ficou conhecida internacionalmente por seus projetos ousados, grande parte deles, conceituais e identificados com a corrente desconstrutivista. Uma tendência da arquitetura pós-moderna que quebra as regras da arquitetura moderna, caracterizando-se pela fragmentação, pelo processo de desenho não linear. Apesar da palavra desconstrução implicar um ato de destruição para muitas pessoas os arquitetos descontrutivistas colocam as formas puras da tradição arquitetônica no sofá e analisa os sintomas de uma impureza reprimida. A desconstrução no sentido do pensamento e o construtivismo,no movimento Russo ( Vlademir Krinskii ,depois da revolução de 1917) é uma forma interrogada.

    (...)Características de suas obras:

    A sua principal característica é a complexa dinâmica da curvilineariade. É possível identificar novos conceitos e métodos, que são diferentes do repertorio da arquitetura tradicional e moderna, de tal ordem que podemos dizer que e um novo paradigma da arquitetura.Os conceitos partilhados, os repertórios formais,as técnicas computadorizadas que caracterizam estas obras estão a formar um novo estilo hegemónico.

    Fonte :
    http://tudosobrezahahadid.blogspot.pt/2013/03/zaha-hadid-trabalho-de-introducao.html?m=1
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  7.  # 667

    Colocado por: m.arq
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    Interpretação.
  8.  # 668

    Colocado por: CMartinArquitetura desconstrutivista(AO 1945: arquitectura desconstrutivista), também chamada movimento desconstrutivista ou simplesmente desconstrutivismo ou desconstrução,é uma linha de produção arquitetônica pós-moderna que começou no fim dos anos 80. Ela é caracterizada pela fragmentação, pelo processo de desenho não linear, por um interesse pela manipulação das ideias da superfície das estruturas ou da aparência, pelas formas não-retilíneas que servem para distorcer e deslocar alguns dos princípios elementares da arquitetura, como a estrutura e o envoltório (paredes, piso, cobertura e aberturas) do edifício. A aparência visual final dos edifícios da escola desconstrutivista caracteriza-se por um caos controlado e por uma estimulante imprevisibilidade.Tem sua base no movimento literário chamado desconstrução. O nome também deriva do construtivismo russo que existiu durante a década de 1920, de onde retoma alguma de sua inspiração formal.

    Entre alguns dos importantes eventos históricos do movimento desconstrutivista estão o concurso internacional parisiense do Parc de la Villette (especialmente as participações de Jacques Derrida, Peter Eisenmane o primeiro colocado, Bernard Tschumi), a exposição de 1988 do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque Deconstructivist Architecture, organizada por Philip Johnson e Mark Wigley, e a inauguração em 1989 do Wexner Center for the Arts em Columbus, Ohio, projetado por Peter Eisenman. Na exposição de Nova Iorque foram exibidas obras de Frank Gehry, Daniel Libeskind, Rem Koolhaas, Peter Eisenman, Zaha Hadid, Bernard Tschumi e da Coop Himmelb(l)au. Desde a exibição, muitos dos arquitetos que estiveram associados ao desconstrutivismo distanciaram-se desse termo. No entanto,o termo "desconstrutivismo" perdurou, e seu uso atual, de fato, abarca uma tendência geral dentro da arquitetura contemporânea.

    Inicialmente, alguns dos arquitetos conhecidos como desconstrutivistas foram influenciados pelas idéias do filósofo francês Jacques Derrida.Eisenman manteve um relacionamento pessoal com Derrida, mas mesmo assim sua abordagem ao projeto arquitetônico se desenvolveu muito antes de tornar-se um desconstrutivista. Para ele, o desconstrutivismo deve ser considerado uma extensão do seu interesse pelo formalismo radical. Alguns seguidores da corrente desconstrutivista foram também influenciados pelas experimentações formais e desequilíbrios geométricos do construtivismo russo.Há referências adicionais no desconstrutivismo a vários movimentos do século XX: a interação modernismo/pós-modernismo, o expressionismo, o cubismo, o minimalismo e a arte contemporânea.A intenção[carece de fontes] do desconstrutivismo como um todo é libertar a arquitetura do que seus seguidores veem como as "regras" constritivas do modernismo, tais como a "forma segue a função", "pureza da forma" e a "verdade dos materiais".

    Fonte : wikipedia


    Foi anos 90? Enquanto estudante assisti a uma conferência de Peter Eisenman, no âmbito de uma Trienal de Arquitectura em Sintra.
    Ficou o q ficou, a geometria, mas essencialmente recordo dele, q uma casa não precisa ter janelas, quem quiser ver o mundo q saia de casa.
    Claro q isso n é assim tão simples mas a verdade é q hj existe horror por janelas, só paredes de vidro.
    ( tou a teclar de vivendas unifamiliares, não de centros culturais )

    Cmps!
  9.  # 669

    Colocado por: CMartin
    Interpretação.


    Piet Mondrian
    A :)
  10.  # 670

    Colocado por: m.arq

    Foi anos 90? Enquanto estudante assisti a uma conferência de Peter Eisenman, no âmbito de uma Trienal de Arquitectura em Sintra.
    Ficou o q ficou, a geometria, mas essencialmente recordo dele, q uma casa não precisa ter janelas,quem quiser ver o mundo q saia de casa.
    Claro q isso n é assim tão simples mas a verdade é q hj existe horror por janelas, só paredes de vidro.
    ( tou a teclar de vivendas unifamiliares, não de centros culturais )

    Cmps!

    O renomado arquiteto, teórico e educador Peter Eisenman completa hoje 82 nos de idade. Eisenman atraiu atenção pela primeira vez nos anos 1960, quando fazia parte do New York Five, um grupo que compartilhava interesses na pureza das formas arquitetônicas. A obra de Eisenman, seja construída, escrita ou em desenho, se caracteriza pelo desconstrutivismo, com forte apelo aos signos, símbolos e processos de criação de significado. Diversas vezes Eisenman se mostrou uma figura controversa no mundo da arquitetura, já tendo confessado, inclusive, seu desinteresse pela sustentabilidade ambiental.

    Fonte : Reflexões sobre a Bienal de Veneza 2014
    http://www.archdaily.com.br/br/tag/peter-eisenman
  11.  # 671

    Não consigo perceber como se fala na pureza das formas da arquitectura contemporânea, quando eu vejo-a como sendo precisamente o oposto. Qual pureza quanto muito
    , muita mistura de estilos e formas?
    A pureza arquitectónica sempre pensei que fosse a clàssica, que tem proporções, dimensões, utilidade adequada e beleza.
    Outra coisa que não entendo, é que os arquitectos do pós-modernismo referem a forma geométrica, não vejo qual a inovação, quando a forma geométrica é usada desde sempre na arquitectura ?
    Se calhar apenas com menos curvas..
    Homem criou a linha recta, a Deus pertence a curva, quem foi o arquitecto disse (?)
    Ainda se diz que o pós-modernismo é arte, eu não a vejo assim.
    Porque arte para mim é beleza e isto para mim não o é.
  12.  # 672

    Por outro lado entendo que, tal como supostamente cada um terà o seu próprio conceito de belo (não concordo que seja bem assim, mas para o efeito vamos dizer que sim) , cada um terà o seu conceito pessoal do que é arte.
    Havia de ser lindo !
    Jà ninguém saberia distinguir umas coisas das outras coisas..É não é verdade, sabe-se distinguir.

    E a arquitectura estrela, icónica, não é a verdadeira arquitectura, é como a haute couture, veste-se em ocasiões especiais, foi feita para dar nas vistas na passadeira vermelha.
  13.  # 673

    Chegou ao fim a era dos arquitectos-estrela

    O tempo dos arquitectos-estrela começou simbolicamente com o Guggenheim de Bilbau e acabou (também simbolicamente) com o museu de Zaha Hadid em Roma

    "Vamos falar de casas", propõe a Trienal de Arquitectura de Lisboa. Mas, provocamos o norte-americano Barry Bergdoll, membro do júri do concurso A House in Luanda: Patio and Pavillion, promovido pela Trienal: não tinham os arquitectos resolvido o problema da casa há muito tempo? Não andavam agora mais ocupados a construir museus, estádios, igrejas, aeroportos?

    É um problema que não está de maneira nenhuma resolvido, responde Bergdoll, curador para a Arquitectura e Design no Museum of Modern Art (MoMA), de Nova Iorque, numa conversa com o P2 durante uma recente passagem por Lisboa para avaliar os projectos do concurso. "[A habitação] é uma das maiores crises que aí vêm. As Nações Unidas dizem-nos que neste momento mais de metade da população mundial vive em cidades e estas estão em enorme crescimento, sobretudo em África. Na Europa temos o fenómeno oposto, com cidades a encolher. Não há casas onde são precisas e há casas a mais onde não são precisas."

    Pensou-se, de facto, muito sobre a casa durante o século XX, sobretudo nas décadas de 60 e 70, "mas tornou-se um tema subestimado na última geração". Há, acredita Bergdoll, todo um lado social do trabalho do arquitecto que foi ficando "desacreditado".

    Os anos 80 e 90 trouxeram, sobretudo nos Estados Unidos e no Reino Unido, "uma crítica da democracia social, do papel do Estado", uma crença absoluta nas capacidades reguladoras do mercado, e, a par disso, "uma crítica completa da missão social do arquitecto, como se este estivesse a tentar fazer engenharia social".

    Passou a valorizar-se cada vez mais a arquitectura de autor, adoraram-se os arquitectos-estrela, construíram-se grandes edifícios. Os museus talvez tenham sido a obra emblemática desse período, para o qual Bergdoll vê um princípio e um fim - da construção do icónico Guggenheim de Bilbau, de Frank Gehry (começada em 1992 e terminada cinco anos mais tarde), à recente apresentação pública de um museu ainda vazio de colecção, o novo museu de arte contemporânea de Roma, uma obra assinada pela (também ela icónica) arquitecta de origem iraquiana Zaha Hadid, concluída no final do ano passado.

    "Esse edifício é o fim da cauda de um fenómeno que tem no seu extremo inicial o Guggenheim de Bilbau. Este abriu num momento de prosperidade económica, e os turistas agarraram nos seus dólares e foram a Bilbau, cidade da qual nunca tinham ouvido falar", explica. "Não acredito que o edifício de Zaha Hadid transforme a indústria do turismo em Roma. Não o vejo como um edifício do futuro, mas como o edifício de um passado recente."

    Bergdoll já não o coloca sequer como um edifício do presente. É o símbolo do fim de uma época. "O chamado efeito Bilbau tem a ver com a ideia de as cidades serem competitivas a nível global. Julgo que daqui a 100 anos as pessoas vão relacionar o fenómeno dos arquitectos-estrela com os conflitos da economia global no final do século XX, a luta pela sobrevivência de alguns locais no meio da indústria do turismo, o marketing, a ascensão do museu como destino turístico."

    Menos estética
    Hoje já estamos a assistir a um regresso à tal dimensão social do trabalho do arquitecto. Prova disso é a exposição que o MoMA está a preparar para Outubro, Small Scale, Big Change, que apresenta projectos como uma escola primária no Burkina Faso, outra "feita à mão" no Bangladesh ou um lar para idosos ligado a uma escola para crianças na Califórnia.

    Foi precisamente em 2000, no início de uma nova década e de um novo milénio, que a Bienal de Veneza, comissariada pelo arquitecto italiano Massimiliano Fuksas, deu o mote: "Mais Ética, menos Estética", proclamou Fuksas. Dez anos depois temos "um arquitecto como o chileno Alejandro Aravena [do projecto Elemental, empenhado em soluções de construção de casas a baixo custo] no júri do Prémio Pritzker, que tradicionalmente premeia estrelas". Isto é um sinal dos tempos, para Bergdoll. "Aravena não é... Bom, se é uma estrela, é um novo tipo de estrela, porque muito do seu trabalho tem a ver com preocupações sociais."

    O fim da época das estrelas coincide também com uma reconciliação das novas gerações de arquitectos com o movimento moderno (representado, na primeira metade do século XX, por figuras como o francês Le Corbusier, a escola alemã Bauhaus ou o norte-americano Frank Loyd Wright).

    "Houve uma espécie de recuperação do movimento moderno", concorda o curador do MoMA. Mas, defende, se por um lado devemos preservar a herança moderna que possa estar em risco, por outro "não devemos criar uma nostalgia em relação a ela que conduza a um retro-modernismo unidimensional". Ou seja, não podemos ter uma relação acrítica, temos que reconhecer os falhanços do movimento moderno e, acima de tudo, temos que perceber que "não estamos num momento neo, há crises e dilemas que são muito específicos do século XXI".

    Em equipa

    Uma das soluções que a arquitectura está a encontrar é o (regresso ao) trabalho em equipa. "Crescentemente os projectos mais interessantes são assinados por várias pessoas, de diferentes disciplinas." Também aí assistimos a um movimento inverso ao da arquitectura de assinatura, de grandes nomes, "à ideia de arquitectura como o edifício individual, a criação de uma pessoa que se destaca no meio de uma cidade, como uma espécie de destino de peregrinações".

    E, no tal esforço de reinterpretar a herança do movimento moderno, é importante também perceber os limites que podem ter as grandes soluções, os grandes enquadramentos teóricos prontos a ser aplicados em qualquer lugar do mundo. O que nos serve hoje é a noção de global - pensar globalmente, agir localmente. "Um projecto em que temos estado a trabalhar no MoMA tem a ver com a procura de soluções para tornar o porto de Nova Iorque mais resistente às alterações climáticas, a questões como o aumento do nível do mar", conta Bergdoll. "Quando cheguei a Lisboa, olhei para o estuário do Tejo e pensei como é semelhante a situação. Apesar de serem cidades radicalmente diferentes, o problema também existe aqui. Os estudos locais podem ser desenvolvidos de modo a serem úteis a outros. Mas isso não significa que o sejam na óptica do movimento moderno, de encontrar uma solução que resolva todos os problemas do mundo."

    Fonte : https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/chegou-ao-fim-a-era-dos-arquitectos-estrela-257309
  14.  # 674

    O " desconstrutivismo " consistiu em em rodar 1, 2 ou + vzs o quadrado, logo aproximação ao circulito tão em moda pós-moderna. Caro, chique e belo.
    O quadrado tem a sua força (com braços circulares sempre).
    Como olhamos casas q por aqui aparecem q sabemos populares e custam 150000E, qnd popular é chegar ao fim do mês a fazer contas. ...
    Serão os projectos modulares e ERA sintomas? Crise /Lehman Brothers /Austeridade ou helicópteros a lançar $ pelo ar? Sustentabilidade?
  15.  # 675

    Colocado por: m.arqO " desconstrutivismo " consistiu em em rodar 1, 2 ou + vzs o quadrado, logo aproximação aocirculitotão em moda pós-moderna. Caro, chique e belo.
    O quadrado tem a sua força (com braços circulares sempre).
    Como olhamos casas q por aqui aparecem q sabemos populares e custam150000E, qnd popular é chegar ao fim do mês a fazer contas. ...
    Serão os projectos modulares e ERA sintomas? Crise /Lehman Brothers /Austeridade ou helicópteros a lançar $ pelo ar? Sustentabilidade?


    ... No longer exists. That'a shame...
  16.  # 676

    Colocado por: m.arq
    Como olhamos casas q por aqui aparecem q sabemos populares e custam150000E, qnd popular é chegar ao fim do mês a fazer contas. ...
    Serão os projectos modulares e ERA sintomas? Crise /Lehman Brothers /Austeridade ou helicópteros a lançar $ pelo ar? Sustentabilidade?


    Colocado por: SG_arquitectoPelo Negro da Terra e Pelo Branco do Muro

    Há uma beleza que nos é dada: beleza do mar, da luz, dos montes, dos animais, dos movimentos e das pessoas. Mas há também uma outra beleza que o homem tem o dever de criar: ao lado do negro da terra é o homem que constrói o muro branco onde a luz e o céu se desenham.

    A beleza não é um luxo para estetas, não é um ornamento da vida, um enfeite inútil, um capricho. A beleza é uma necessidade, um princípio de educação e de alegria. Diz S. Tomás de Aquino que a beleza é o esplendor da verdade. Pela qualidade e grau de beleza da obra que construímos se saberá se sim ou não vivemos com verdade e dignidade. A obra do homem é sempre um espelho onde a consciência se reconhece.

    Quando olhamos à nossa roda as aldeias, vilas e cidades de Portugal temos de constatar que quase tudo quanto se construiu nas últimas décadas é feio. Feio e - ai de nós! - para durar. Feias as obras públicas e feias as obras particulares. As excepções à regra de fealdade são raras. Costuma dizer-se que a nossa pobreza é a origem dos nossos males. Mas o que caracteriza grande parte da nossa arquitectura desta época é o novo-riquismo. Um novo-riquismo exibicionista - quase sempre sem funcionalidade e sempre sem cultura e sem sensibilidade.

    Isto é especialmente triste quando comparamos o presente com o passado: de facto olhando os antigos solares de pedra e cal vemos que a nossa arquitectura soube criar nobreza sem riqueza. Daí a pureza e a dignidade de tantas casa antigas. Agora não se trata evidentemente de copiar o passado: a arquitectura é uma arte e a arte é criação e não imitação. Continuar não é imitar e imitar é sempre ofender e trair aquilo que é imitado. Mas é necessário que exista aquela consciência do passado e do presente a que chamamos cultura. Somos um país antigo. Dizem-nos que somos um país pobre. É estranho que destas coordenadas resulte uma arquitectura de novos ricos.

    A construção da cidade moderna traz problemas difíceis de resolver: problemas de espaço e de circulação. Mas entre nós estes problemas só existem em Lisboa e no Porto. No resto do país os problemas são quase unicamente problemas de humanidade, de bom senso, e de bom gosto, ou seja, problemas de moral, de inteligência e de sensibilidade e cultura.

    A regra a seguir é esta: uma casa para todos e beleza para todos. E a beleza não é cara. É geralmente menos cara do que a fealdade que quase sempre se chama luxo, monumentalidade, pretensão. A beleza é simplicidade, verdade, proporção. Coisas que dependem muito mais da cultura e da dignidade do que do dinheiro. (...)

    A arte é sempre a expressão duma relação do homem com o mundo que o rodeia. A arquitectura é especificamente a expressão duma relação justa com a paisagem e com o mundo social. (...)

    Mas é urgente evitar os seguintes perigos:
    •A incompetência
    •O saloísmo
    •As especulações com os terrenos
    •Os maus arquitectos
    •O falso tradicionalismo e o falso património
    •A mania do luxo e da pompa
    •As obras de fachada

    Acima de tudo é preciso evitar a falta de amor. De todas as artes, a arquitectura é simultaneamente a mais abstracta e a mais ligada à vida. Aqueles que não amam nem o espaço, nem a sombra, nem a luz, nem o cimento, nem a pedra, nem a cal, nem o próximo, não poderão criar boa arquitectura.

    Sophia de Mello Breyner Andresen
    In "Távola Redonda", n.º 21 - Janeiro 1963
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Flica
  17.  # 677

    Pelo Negro da Terra e Pelo Branco do Muro

    Há uma beleza que nos é dada: beleza do mar, da luz, dos montes, dos animais, dos movimentos e das pessoas. Mas há também uma outra beleza que o homem tem o dever de criar: ao lado do negro da terra é o homem que constrói o muro branco onde a luz e o céu se desenham.

    A beleza não é um luxo para estetas, não é um ornamento da vida, um enfeite inútil, um capricho. A beleza é uma necessidade, um princípio de educação e de alegria. Diz S. Tomás de Aquino que a beleza é o esplendor da verdade. Pela qualidade e grau de beleza da obra que construímos se saberá se sim ou não vivemos com verdade e dignidade. A obra do homem é sempre um espelho onde a consciência se reconhece.

    Quando olhamos à nossa roda as aldeias, vilas e cidades de Portugal temos de constatar que quase tudo quanto se construiu nas últimas décadas é feio. Feio e - ai de nós! - para durar. Feias as obras públicas e feias as obras particulares. As excepções à regra de fealdade são raras. Costuma dizer-se que a nossa pobreza é a origem dos nossos males. Mas o que caracteriza grande parte da nossa arquitectura desta época é o novo-riquismo. Um novo-riquismo exibicionista - quase sempre sem funcionalidade e sempre sem cultura e sem sensibilidade.

    Isto é especialmente triste quando comparamos o presente com o passado: de facto olhando os antigos solares de pedra e cal vemos que a nossa arquitectura soube criar nobreza sem riqueza. Daí a pureza e a dignidade de tantas casa antigas. Agora não se trata evidentemente de copiar o passado: a arquitectura é uma arte e a arte é criação e não imitação. Continuar não é imitar e imitar é sempre ofender e trair aquilo que é imitado. Mas é necessário que exista aquela consciência do passado e do presente a que chamamos cultura. Somos um país antigo. Dizem-nos que somos um país pobre. É estranho que destas coordenadas resulte uma arquitectura de novos ricos.

    A construção da cidade moderna traz problemas difíceis de resolver: problemas de espaço e de circulação. Mas entre nós estes problemas só existem em Lisboa e no Porto. No resto do país os problemas são quase unicamente problemas de humanidade, de bom senso, e de bom gosto, ou seja, problemas de moral, de inteligência e de sensibilidade e cultura.

    A regra a seguir é esta: uma casa para todos e beleza para todos. E a beleza não é cara. É geralmente menos cara do que a fealdade que quase sempre se chama luxo, monumentalidade, pretensão. A beleza é simplicidade, verdade, proporção. Coisas que dependem muito mais da cultura e da dignidade do que do dinheiro. (...)

    A arte é sempre a expressão duma relação do homem com o mundo que o rodeia. A arquitectura é especificamente a expressão duma relação justa com a paisagem e com o mundo social. (...)

    Mas é urgente evitar os seguintes perigos:
    •A incompetência
    •O saloísmo
    •As especulações com os terrenos
    •Os maus arquitectos
    •O falso tradicionalismo e o falso património
    •A mania do luxo e da pompa
    •As obras de fachada

    Acima de tudo é preciso evitar a falta de amor. De todas as artes, a arquitectura é simultaneamente a mais abstracta e a mais ligada à vida. Aqueles que não amam nem o espaço, nem a sombra, nem a luz, nem o cimento, nem a pedra, nem a cal, nem o próximo, não poderão criar boa arquitectura.

    Sophia de Mello Breyner Andresen
    In "Távola Redonda", n.º 21 - Janeiro 1963



    Este texto, 2ªvez q vejo por aqui, tem mt q se lhe diga:
    1º - Escrito por uma Poetisa, ...nada de mal.
    2º - Data: Janeiro 1963. ...Em alusão ao construído em décadas anteriores. Será reacção ao "modernismo"?
    3º - Q bonito o "Portugal dos pequeninos".
    4º,5º,6º - ...
    7º - Maus arquitectos em 1963? Qnd seriam umas dúzias... Só pode ser conversa de "Sarau Literário" a propósito de "Grandes Obras".
    ...
    Concordam com este comentário: CMartin
  18.  # 678

    E romantismo.

    Cmps!
    Concordam com este comentário: CMartin
  19.  # 679

    E por essa altura havia a casa e a casinha e a casinha servia para q?
    .
    Concordam com este comentário: CMartin
  20.  # 680

    Sim. Interessante. Ainda assim, não sei m.arq...sim, provavelmente um sarau à volta das Grandes Obras, mas acho que não deixam de ser verdades, e tão verdade em 1963 como o é hoje..
    Não acha interessante como a literatura e poesia e filosofia e a arquitectura tantas vezes se encontram, quase como se da mesma disciplina se tratasse? Serão as artes e os seus artistas com tanto em comum? O tanto em comum sendo, a meu ver, um saber ver, saber ler e interpretar/sentir que ao comum dos mortais não assiste? O que vê a Sophia na casinha ou na casa ou o arquitecto, e o que vejo eu, que não sou intelectualmente iluminada nem tecnicamente instruída para o fazer? Serão entre os primeiros e eu, como representante dos segundos, obras, seguramente, diferentes que vêem.
    Depois hà ainda aqueles que não vêem nada..Serão os que nem Românticos são?
 
0.1935 seg. NEW