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    • emad
    • 9 setembro 2016

     # 961

    Fazer muito com pouco...
    E uma excelente forma de estar na vida. Fossem todas culturas assim e este mundo eram muito melhor.
  1.  # 962

    Colocado por: CMartinEssa não conhecia Castela.

    .


    Conta-se esta história, romanesca:

    "Um jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimónia do Chá e foi procurar o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou-o varrer o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim até que não restasse uma única folha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas exemplarmente arrumadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu, chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição."
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Flica
  2.  # 963

    Colocado por: emadFazer muito com pouco...
    E uma excelente forma de estar na vida. Fossem todas culturas assim e este mundo eram muito melhor.


    Sim, é uma boa opção, mas um excesso aqui ou ali também dá sal à vida.
    Concordam com este comentário: emad
  3.  # 964

    Castela, soberba a história.


    E fico a pensar também realmente na sabedoria do Mestre Joo que reconheceu em Rikyu o dom.

    Às vezes ou muitas vezes não gostamos de reconhecer nos outros qualquer dom.
    Acho que também isso é revelador da cultura japonesa.

    Gostei imenso.
  4.  # 965

    Colocado por: emadFazer muito com pouco...
    E uma excelente forma de estar na vida. Fossem todas culturas assim e este mundo eram muito melhor.


    Emad, hà algo que o atormenta. Desculpe dizê-lo assim. Tenho lido por vezes os seus contributos. Eu acho que é a sua casa também, que o atormenta.

    Se calhar estamos a precisar também de falar em Feng Shui aqui nas reflexões :o)

    Até calhava bem..Os Chineses a seguir aos Japoneses.
    Ainda se falou no Feng Shui hà anos no fórum, na altura riram-se. Hoje rio-me também mas não deixa de ser interessante e de ter algo de verdadeiro e concreto como base, eu acho. Só que abrasileirou-se e vulgarizou-se.
    Concordam com este comentário: emad
    • emad
    • 9 setembro 2016 editado

     # 966

    Cmartin so por ter conseguido acertar no que me atormenta, vou-lhe enviar um mimo por mp.
    A cmartin so ler as minhas intervençoes chegou la. Está de parabéns.
    Construir nao me deu prazer, deu-me dores de cabeça e preocupações.
    O meu arquitecto e um excelente profissional mas e muito lento. Ele gere muito mal o tempo dele e isso deixou-me frustrado e ansioso em acabar com a casa.
    A tudo isto junta-se o facto de eu nunca ter tido muita vontade em construir. Foi mais um capricho da minha esposa na altura.
    .
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
  5.  # 967

    E a esposa está contente com a casa ?

    Obrigada pelo mimo!
    É gira!
    Não a colocou no fórum mas coloque parte pelo menos porque posso, podemos todos, dar ideias para a arquitecura de paisagismo para os canteiros, como precisa. Uma coisa limpa..pouca, para uma vida mais frugal. À japonesa :o)
  6.  # 968

    Quero também que saiba emad, eu não sou a favor da construção nova. Já o disse muitas vezes, acho que há casas a recuperar e restaurar, muitas.
    Percebo o sonho, claro, mas eu não o faria.
    Adoro arquitectura, mas acho que construir assim tanto como se faz é um exercício egoista. Isto dà para uma grande conversa.
    Claro que nem toda a gente aprecia recuperar e restaurar por razões que já foram mencionados no fórum.
    E depois temos todos o direito de concretizar os nossos sonhos.
    Concordam com este comentário: Obras em casa, emad
    • emad
    • 9 setembro 2016

     # 969

    Colocado por: CMartinE a esposa está contente com a casa ?

    Obrigada pelo mimo!
    É gira!
    Não a colocou no fórum mas coloque parte pelo menos porque posso, podemos todos, dar ideias para a arquitecura de paisagismo para os canteiros, como precisa. Uma coisa limpa..pouca, para uma vida mais frugal. À japonesa :o)
    era o que ela sonhava.
    Todo este esforço e para ela e para o meu filho.
    Também gostavamos de ter optado pela compra para restaurar. Mas nunca apareceu nada que enchesse as medidas.
    Concordam com este comentário: CMartin
  7.  # 970

    É um esforço digno, pela mulher (desculpe mas a malta de Lisboa não usa o termo esposa desde o século passado) e pelo filho. Não se arrependa, por muitas dores de cabeça, fez o seu melhor por eles :o)
    Isso é de Homem!

    Não estou ao corrente do mercado para recuperação aí no Norte, mas por aqui, emad, para mim então que adoro arquitectura antiga, é de perder a cabeça!
  8.  # 971

    Onde está, m.arq ?
    Preciso de si aqui. Não vê isso ?
    Concordam com este comentário: Flica
  9.  # 972

    Colocado por: Castela

    Conta-se esta história, romanesca:

    "Um jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimónia do Chá e foi procurar o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou-o varrer o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim até que não restasse uma única folha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas exemplarmente arrumadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu, chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão. Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição."


    Lembrei-me disto, quando há dias cheguei a casa, vindo de férias:
      vaso.jpg
  10.  # 973

    Colocado por: Castela

    Lembrei-me disto, quando há dias cheguei a casa, vindo de férias:


    Esse imagem está perfeita, mesma com a imperfeição das folhas caídas (ou até por isso), não é ?

    Gostei imenso de saber sobre o wabisabi. É muito bom saber que não temos que ser perfeitos, e que hà sabedoria em saber conviver com a imperfeição. E ainda que a vida sem ela é uma vida sem sal.

    Muito estimulante!

    O belo tem imperfeição (?). Se calhar não é bem isso, serà antes, o belo pode também ser imperfeito.
    Concordam com este comentário: Flica
  11.  # 974

    Colocado por: CMartin

    Esse imagem está perfeita, mesma com a imperfeição das folhas caídas (ou até por isso), não é ?

    Gostei imenso de saber sobre o wabisabi. É muito bom saber que não temos que ser perfeitos, e que hà sabedoria em saber conviver com a imperfeição. E ainda que a vida sem ela é uma vida sem sal.

    Muito estimulante!

    O belo tem imperfeição (?). Se calhar não é bem isso, serà antes, o belo pode também ser imperfeito.

    Isso, está bonita por essa "imperfeição" e na minha opinião, o belo tem sempre imperfeição, embora às vezes não aparente.
    Concordam com este comentário: Flica
  12.  # 975

    No belo existe forçosamente imperfeição, uma espécie de yin e yang...

    Este tópico sempre interessante e enriquecedor!
    Plenamente de acordo no que toca a arquitectos. São de uma importância crucial. Que devem ter qualidade? Claro, como as demais profissões...
  13.  # 976

    Colocado por: CMartinSó nos fazem passar vergonhas !

    ;o)


    Quem faz?
  14.  # 977

    Colocado por: Flica

    Quem faz?


    Custa-me a acreditar, Flica, que ainda hà pessoas que não saibam que (e citando o texto em que referem a ignorância constatada aqui no fórum da casa, este, https://forumdacasa.com/discussion/42586/49/reflexao-e-discussao-de-gostos-o-je-ne-sais-quoi-que-se-explica/#Comment_964940):
    "O Arquitecto é o único profissional apto a projectar devidamente um espaço de habitar. É o único profissional com formação para isso, o único profissional com sensibilidade para tal, o único profissional capaz de pensar e desenvolver os espaços da casa à vossa medida. O único profissional que pensará no vosso lar de forma sustentável e rentável a longo prazo. Como tal o Arquitecto é o elemento-chave de qualquer projecto de arquitectura. É a única pessoa artisticamente capaz de conceber, desenvolver, discutir, pensar e desenhar uma casa: a vossa casa."
  15.  # 978

    Como se explica que haja quem... ?
    Eu não sei.
  16.  # 979

    Algum iluminado talvez nos possa explicar.
    ...
  17.  # 980

    "Como construir a sua moradia sem ter que aturar um arquitecto"
    via: http://www.sobrevoando.net

    de
    Rui Campos Matos

    (escrito para o Diário de Notícias da Madeira, secção “Arquitectura e Território)

    Quantas pessoas, quando chega o momento de construir a moradia com que sempre sonharam, não passam pela aflição de perguntar a si próprias: será que vou ter de aturar um arquitecto?

    Neste pequeno artigo, tentarei explicar como construir uma nova casa, sem se sujeitar às exigências de um desses profissionais. Para que o empreendimento seja levado a cabo com êxito há que fazer três importantes escolhas: estilo, técnico e empreiteiro.

    O estilo

    Eis-nos perante a primeira decisão a tomar - o estilo da casa. Felizmente não é difícil porque existem apenas dois: o tradicional (também conhecido por rústico) e o moderno, que vem colhendo cada vez mais adeptos entre os jovens.
    O tradicional caracteriza-se pelo típico telhado de aba e canudo, a janela de alumínio aos quadradinhos, a lareira de cantaria com a sua chaminé e o imprescindível barbecu, testemunho dos inumeráveis prazeres da vida rústica. Já o moderno é completamente diferente, tão diferente que até as coisas mudam de nome. O telhado desaparece, dando lugar à cobertura plana; a janela perde os quadradinhos e passa a chamar-se vão; à chaminé, em tubo de aço inoxidavel, chama-se fuga; e barbecu é um termo obsceno que deve ser evitado na presença das senhoras.
    Não existem, pois, quaisquer espécie de dúvidas quanto a questões de estilo - ou se é tradicional ou se é moderno, as duas coisas ao mesmo tempo é impossível.

    O técnico

    Escolhido o estilo, há que escolher o alfaiate, que aqui designaremos pelo técnico. Trata-se de uma escolha muito fácil, porque o que não falta são técnicos. Intitulem-se eles construtores civis diplomados, agentes técnicos de engenharia, electricistas habilitados ou desenhadores habilidosos, todos se regem pela mesma cartilha, a de João de Deus: o pinto pia, a pipa pinga… Não passaram cinco anos a estudar arquitectura? Não estagiaram mais dois? Que importa isso?

    Concentremo-nos apenas nas suas virtudes:
    1- Projecto elaborado em tempo recorde.
    2- Preço: 999 €.

    Mas como conseguem eles ser tão eficazes?

    É simples: antes de encomendado, o projecto já está feito. Até parece milagre! Mas não é, o que se passa é o seguinte: o técnico tem duas pastas no computador, uma para projectos em estilo tradicional, outra para os modernos. Escolhido o estilo pelo cliente, é fácil, emenda daqui, remenda de acolá e, numa tarde, o projecto está feito! Para quê complicar?
    “Mas o rapaz parecia semi-analfabeto, disse que não podia assinar o projecto, mas que havia outro técnico que podia…”. Não é caso para preocupações, trata-se de uma situação corrente em que um técnico analfabeto paga a um técnico habilitado para que este, a troco de uns trocos, assine de cruz. Está tudo incluído no pacote e, (ironia do destino!), quantas vezes o técnico habilitado não é um arquitecto daqueles que faltaram às aulas de religião e moral…
    Aprovado o projecto, o técnico já não é preciso para nada. É dizer-lhe adeus que ele até agradece, porque de obra não percebe nada nem quer perceber, quem percebe disso é o empreiteiro – a nossa terceira e última escolha.

    O empreiteiro

    O primeiro encontro entre cliente e empreiteiro costuma ser decisivo. É nele que terá de se estabelecer, entre o primeiro e o segundo, uma relação de confiança cega, em tudo semelhante à fé. A fé de quem acredita que, com um projecto feito por um técnico, que não especifica nada, que não pormenoriza nada e que não quantifica nada, não vai ser enganado por um homem que passa o dia a fazer contas de cabeça… Entre cinco pequenos empreiteiros, como escolher o indicado para construir a moradia? Infelizmente, chegados a este ponto, não posso recomendar senão fé, muita fé e confiança, porque tudo o resto é irrelevante:
    1- O valor do orçamento é irrelevante, foi feito com base no projecto do tal técnico, é um número atirado para o ar, um número que, com os imprevistos, há-de subir ainda umas quantas vezes.
    2- O prazo estabelecido para concluir a obra vai depender do bom ou mau tempo e, nesse capítulo, só Deus sabe.
    3- As garantias dadas são as que estão na lei - cinco anos. Se a casa apresentar defeitos, reclame; se a reclamação não for atendida, recorra ao tribunal (também pode recorrer ao pai natal se achar que demora menos tempo…)
    Em suma, não vale a pena perder tempo com ninharias, o mais importante é ter fé.

    Conclusão

    Se, apesar de conscienciosamente feitas estas três escolhas, as coisas não correrem lá muito bem, se a casa ficar pelo dobro do preço, se no Verão se assar lá dentro e no Inverno se tiritar de frio, se para abrir a porta do armário for preciso arrastar a mesa de cabeceira, se o vizinho protestar com o barbecu, se a cobertura plana meter água, não vale a pena desesperar, resta sempre a consolação de não ter tido de aturar um arquitecto.
 
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