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  1.  # 201

    E isto para não falar nos fogos "divinos" como o de Pedrógão. Com ou sem incendiários, vão sempre haver fogos. Não diminuir a carga de incêndio é como eu disse, é como ver um americano a defender o uso de armas, não faz sentido.
  2.  # 202

    Colocado por: LuisPereira

    Paga os custos todos da escritura e as possiveis mais valias?


    eu quero dado, mas nao precisa de ser arregaçado..... =)

    claro que os custos de escritura suporto.... as mais valias nao.
  3.  # 203

    https://www.dn.pt/portugal/interior/ministro-da-agricultura-ve-com-estupefacao-protesto-de-lesados-dos-incendios-9093093.html

    Noticia fresquinha...

    "queremos é dinheiro"

    "queremos é vender a madeira queimada a bom preço"

    Claro que deve andar aqui obra do PSD também

    Só falta a malta inocente do BES se juntar visto tambem terem ardido as suas poupanças por serem gananciosos (nem todos claro!)
    Concordam com este comentário: 21papaleguas
  4.  # 204

    Colocado por: Skinkx

    Clasus

    até lhe digo mais, se eu tivesse que levantar o **** do sofá para ir limpar o pinhal/eucaliptal do vizinho, guardava para um dia de incêndio e ia lá limpar de moto-serra, limpando pela base.

    Na minha zona, quando houve um grande incêndio, houve uma fábrica em risco que andou de retro-escavadora a derrubar todos os eucaliptos dos vizinhos que podiam causar perigo. Da minha parte, pacífico.

    Dois erros no entanto: derrubaram mais do que era necessário (IMO) para ter um cordão de segurança bem definido e derrubaram eucaliptos dos vizinhos que confrontavam com o terreno da fábrica, mas ficaram em pé alguns eucaliptos que estavam dentro do próprio parque da fábrica e como tal propriedade da fábrica :-)

    Isto é Portugal no seu melhor. Mas para exemplificar, no dia em que tiver que limpar o terreno do vizinho para manter a minha segurança... não tem problemas, eu limpo. Posso é limpar da maneira que eu acho melhor :-)

    Cada um tem que zelar minimamente pelo que é seu. Se a nossa propriedade acumula matos que colocam de alguma forma em risco a segurança de terceiros, a responsabilidade de limpeza desses matos é nossa e não dos terceiros.


    Os eucaliptos estavam legais?
    Se sim, o que fizeram os proprietários?
  5.  # 205

    Colocado por: ThingsHappen

    Os eucaliptos estavam legais?
    Se sim, o que fizeram os proprietários?


    Queixaram-se, mas sem ninguém a dar com a língua nos dentes não sabem (formalmente) quem foi nem quem ordenou.
  6.  # 206

    Colocado por: SkinkxÉ preciso é perceber é onde e em que contexto crescem os matos.

    "Quando as terras não são geridas, o eucalipto torna-se mais perigoso que todas as árvores que conheço, precisamente pela velocidade de propagação."

    Neste caso os estudos não servem como argumento...
  7.  # 207

    Colocado por: 21papaleguas
    "Quando as terras não são geridas, o eucalipto torna-se mais perigoso que todas as árvores que conheço, precisamente pela velocidade de propagação."

    Neste caso os estudos não servem como argumento...


    Como assim?

    Aquilo que eu digo é que o próprio mato que acumula ao troço depende de espécie para espécie e se a floresta não é gerida, o mato do eucalipto é mais seco, porque é factual que o eucalipto seca mais os terrenos.

    Depois, aquilo que eu disse tem que ver com a casca do eucalipto - conhece mais alguma árvore que tenha capacidades de projecção de quilómetros?

    Eu já aqui o disse, um pinheiro liberta muito mais calor que eu eucalipto, é mais letal se quiserem, mas um pinheiro arde no local onde está e acaba aí. O eucalipto, assim que começa a arder, a primeira coisa que faz é a libertar a casca e esta voa incandescente e vai projectar e criar outro foco de incêndio se aterrar ainda incandescente.

    Vocês podem invocar os estudos que quiserem, mas nisto o eucalipto não tem paralelo em qualquer espécie que eu conheça. Na minha zona havia resíduos de incêndios (cinzas, cascas de eucalipto pequeninas, etc) de situações que ocorreram a dezenas de quilómetros... óbvio que nem tudo o que voa tem capacidade para incendiar, mas há sempre alguma coisa que chega incandescente ao solo e é por isso que com vento arde tanto e em tão pouco tempo.

    Há coisas que só vistas podem ser compreendidas. E o eucalipto tem algumas especificidades que se não forem vistas nunca vão ser compreendidas. Perguntei lá atrás se alguma vez viram um fogo noturno e ninguém respondeu.... posso dizer que mesmo depois de ver um fogo não se faz a mínima ideia do que está a acontecer, em toda a sua plenitude, a não ser que esteja escuro.

    É absolutamente fantástica a quantidade de matéria orgânica que voa centenas e centenas de metros, galgando estradas e outras vias como se fosse mato contínuo.

    Eu diria que a maior parte das culturas consegue - em caso de incêndio - ser controlada de algum modo com zonas corta-fogo, descontinuidades florestais. Com o eucalipto, para isso ser funcional, essas descontinuidades não podiam ter apenas centenas de metros...

    É por isso que eu digo que querem fazer passar por igual aquilo que é diferente. Se um dia tiverem a infelicidade de ter que ver um fogo, de perto, ao vivo e a cores, pode ser que se lembrem daquilo que eu disse. Até lá, nada a fazer, estamos programados para não sermos activos.

    E pronto, acho que já disse o bastante e que já chateei a malta q.b. com os eucaliptos. Façam como entenderem melhor, que durante uns anos ainda vamos ter algum sossego, pelo menos até que o mato volte a ter o mesmo tamanho.

    Bem hajam.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Sandra dos Santos
  8.  # 208

    Colocado por: SkinkxAquilo que eu digo é que o próprio mato que acumula ao troço depende de espécie para espécie e se a floresta não é gerida, o mato do eucalipto é mais seco, porque é factual que o eucalipto seca mais os terrenos.

    Além de copas pouco frondosas, que permitem que os raios solares penetrem com mais facilidade nos terrenos, impedindo a retenção de humidade.
  9.  # 209

    Posso aproveitar de deitar sobreiros abaixo nas zonas de limpeza ou ainda tenho que pedir autorização?!
  10.  # 210

    Colocado por: Skinkx

    Queixaram-se, mas sem ninguém a dar com a língua nos dentes não sabem (formalmente) quem foi nem quem ordenou.
    ´

    É assim que se compram guerras...

    A empresa, podia sempre abordar os proprietários à posteriori, apresentando-se como responsável, justificando as acções e oferecendo-se para ressarcir dos danos.

    Dessa forma, põem-se a jeito.
    • eu
    • 23 fevereiro 2018 editado

     # 211

    Colocado por: SkinkxOra gaita, quando o incêndio começa arde tudo e onde houver eucaliptos aquilo é um paiol.

    Mas um gajo tem que ser alérgico a raciocinar se não compreende que quando o fogo deflagra, é muito diferente estar em zona de floresta abandonada ao eucalipto ou estar em zona de matos rasteiros, com predominância de outras árvores.

    Nas condições do passado mês de Outubro, a espécie das árvores foi irrelevante. Ardeu tudo onde caíram as projeções.

    Floresta abandonada, quer seja ao eucalipto, ao pinheiro ou ao carvalho, será sempre um barril de pólvora. O problema está no abandono e não na espécie...

    Numa coisa o eucalipto é de facto pior: na capacidade de projeção dos incêndios. Aquelas folhas e ramos conseguem chegar em brasa a centenas de metros de distância...
    Concordam com este comentário: maria rodrigues
    • RCF
    • 23 fevereiro 2018

     # 212

    Colocado por: euArdeu tudo onde caíram as projeções.

    projeções de quê...? de eucalipto, essencialmente...
    Concordam com este comentário: eu
  11.  # 213

    Colocado por: Skinkx
    "São, em termos gerais, árvores e, em alguns raros casos, arbustos, nativas da Oceania, onde constituem, de longe o género dominante da flora.

    Adaptados a praticamente todas as condições climáticas, os eucaliptos caracterizam a paisagem da Oceania de uma forma que não é comparável a qualquer outra espécie, noutro continente."


    Junta-se o clima desfavorável a árvores mais propensas a incêndios florestais e temos um cenário ideal para o fogo.


    Não há forma mais clara de lhe explicar, portanto aqui reponho um texto de alguém que escreve de forma clara e perceptível:

    http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/?skip=80&user=pimpampum33

    O mito da relação entre espécies de árvores e fogos
    por henrique pereira dos santos, em 16.07.17

    A longa história dos fogos rurais, tal como os conhecemos hoje, começa por meados dos anos 50 do século XX quando se dá início a uma grande migração no mundo rural português.

    Esta migração, deixando os campos ao abandono e, sobretudo, desvalorizando totalmente as pastagens pobres (o que foi potenciado pela introdução dos adubos industrais), é a raiz da alteração do padrão de fogo que existia - fogos muito frequentes, mas em mosaico e pouco severos - para o padrão que hoje existe - fogos menos frequentes, mas muito mais extensos e severos.

    Esta relação entre as alterações económicas e sociais dessa altura, e o crescente problema dos fogos, que se manifesta mais ou menos a partir de meados dos anos 70 do século XX (um desfasamento temporal que se compreende facilmente que exista dado que os efeitos do abandono não são imediatos), só muito mais tarde foi compreendida e, ainda hoje, é dificilmente aceite, mesmo por parte dos que compreendem a racionalidade da explicação - e a sua evidência empírica - mas que acabam por dar mais peso a outros factores nas explicações que procuram para a dimensão do problema em Portugal.
    Um dos primeiros grandes fogos, o fogo de Macinhata do Vouga, em 1972 (se não me engano), determina o fim do comboio a vapor no vale do Vouga, porque foi esse o bode expiatório.
    Em 1975, as responsabilidades foram atribuídas à política de terra queimada do Partido Comunista, pelos seus adversários, ou ao boicote ao Processo Revolucionário Em Curso, pelos da outra barricada, mas em qualquer caso a moda desse anos era justificar politicamente os fogos.
    Mais tarde eram os madeireiros, porque assim compravam a mandeira mais barata, esquecendo-se, grande parte das pessoas, que se eu queimar a casa do meu vizinho é natural que a compre por um preço mais baixo, mas porque a cada passa a valer menos depois de ardida, não ganhando eu grande coisa em comprar a casa mais barata.
    Depois veio a moda dos meios de combate, que acabou quando já era difícil equipar mais os bombeiros.
    Mais tarde a moda era atribuir a responsabilidades ao negócio do fogo, em especial ao chorudo negócio das horas dos meios aéreos, o que teve com consequência o Estado comprar uns Kamovs e fazer uma empresa de meios aéreos, tendo-se verificado a circunstância clássica de que quando se atira dinheiro para cima de um problema, uma das duas coisas desaparece, mas raramente é o problema.
    Depois eram as ignições e os incendiários, já sem justificação específica, esquecendo-se muita gente de olhar para os números e verificar que 80% das ignições são num raio de 2 quilómetros à volta das aldeias e que 1% das ignições são responsáveis por 80 a 90% da área ardida.
    Este ano a moda são os eucaliptos e as árvores bombeiras, uma funesta ideia, na opinião do homem que inventou o termo, numa brincadeira no Facebook para falar de situações muito específicas em que o fogo se auto-extingue. Perdeu-se completamente o controlo da expressão, que entrou rapidamente no jargão do pensamento mágico que domina grande parte das conversas sobre fogos.

    Esta fotografia notável, de Paulo Novais/ Lusa, é um bom exemplo de como ter esta ou aquela espécie à volta do que quer que seja, conta muito pouco como instrumento de defesa contra incêndios:

    incêndio.jpg

    Esta outra, em que se vêem uns eucaliptos em primeiro plano, é muito clara sobre a forma como pode arder um sobreiral, que é o que está a arder ao fundo, em Monchique.

    sobreiral a arder monchique.jpg

    E esta outra, mostra como arde um carvalho isolado, em algumas circunstâncias

    carvalhos ardidos 2.jpg

    Estranhamente, para mim, o facto de se dizer o que está dito acima é interpretado, por pessoas conhecedoras e com informação, como estando a dizer-se que "as espécies ardem todas da mesma maneira".

    Mas não, não se está a dizer isso, nem está correcto dizer-se que arde tudo igual, quer na quantidade de combustível disponível em diferentes povoamentos, quer na velocidade do fogo em diferentes povoamentos, quer nas projecções de fogos que incêndios especialmente violentos provocam (as famosas bolas de fogo que alguns interpretam como a demonstração de que são fogos postos, mas que apenas demonstram que quem pensa assim sabe pouco do que está a falar), em que, por exemplo, o eucalipto bate largamente a concorrência na distância a que lança projecções (chegando quase dez vezes mais longe que outras espécies).

    A questão é outra: em condições meteorológicas extremas essas diferenças inerentes às diferentes espécies ficam muito esbatidas, porque todas ardem muito bem e, muito mais importante, o peso dessas diferenças na forma como o fogo evolui é incomparavelmente menor que o peso da estrutura de combustíveis finos presentes (matos e folhadas), que depende muito mais do modelo de gestão que da espécie arbórea dominante.

    A asneira, agora frequente, de que há umas árvores bombeiras que podem proteger as casas não teria importância de maior - o direito à asneira é sagrado - não se desse o caso de haver a possibilidade de alguém acreditar nessa mezinha, cujo nível de eficácia é semelhante ao das rezas do professor Karamba, e desatar a pôr umas árvores à volta de casa, criando uma falsa sensação de segurança que diminui o incentivo para que faça o que deve ser feito: uma gestão adequada dos combustíveis finos (matos, ervas e folhagem) do espaço envolvente da casa, seja qual for a espécie que lhe fica mais próxima.

    Para além desta nova moda servir, como serviram as modas anteriores, para nos desviarmos do essencial: 1) aumentar a capacidade de auto-protecção ao nível de cada aglomerado; 2) integrar prevenção e combate aos fogos; 3) pagar o preço justo pelos serviços ambientais que algumas economias e opções de gestão nos prestam a todos e que hoje ninguém paga.



    http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/controlo-passivo-de-combustiveis-6562106
    por henrique pereira dos santos, em 17.07.17

    Espero, com este post, fechar um conjunto de posts sobre o mito da estreita relação entre fogos e espécies.

    O que tenho vindo a escrever, insistentemente, é que o essencial são os combustíveis finos, que se relacionam mais com os modelos de gestão que com as espécies arbóreas que dominam o povoamento.
    Para além de acusações sobre a forma desonesta como estou a defender os eucaliptos e os interesses das celuloses (o tipo de argumento de quem não tem grandes argumentos), há um comentário recorrente que se prende com os benefícios para a gestão do fogo que haveria se tivéssemos uma muito maior área de carvalhais adultos.
    O argumento tem uma parte em que está certo e é razoável: os povoamentos maduros das nossas folhosas, quando suficientemente densos, criam um ensombramento profundo que limita o crescimento dos matos e dos outros combustíveis finos que alimentam as frentes de fogo.
    Ao contrário dos modelos de gestão sobre que tenho escrito, não se trata de uma gestão activa destes combustíveis finos (por corte, fogo ou gado) mas sim da criação de condições para que o crescimento dos matos seja muito limitado pelo ensombramento, sem que seja preciso fazer o seu controlo activo: nessas circunstâncias a ausência de gestão não tem o efeito de aumentar o risco de incêndio.
    É aliás a este ponto, em que não precisamos de gerir para obter o que procuramos (biodiversidade, amenidade, qualidade paisagística, diversidade económica potencial, etc.) que procuramos chegar na gestão dos terrenos que estão sob gestão da associação de conservação a que pertenço.
    Há portanto vantagem, do ponto de vista da gestão do fogo, em aumentar a área de povoamentos densos de folhosas maduras.
    Se assim é, por que razão não se faz um grande esforço nacional para ter esses povoamentos e resolver de vez o problema dos fogos?
    Em primeiro lugar sabemos pouco como se comportam estes povoamentos quando o fogo entra de copas, isto é, quando a progressão do fogo não se faz pela transmissão da chama através dos combustíveis finos junto ao solo, mas sim pela transmissão da chama copa a copa. É provável, quer pela história natural que temos, quer pelos exemplos da Califórnea, que este povoamentos ardam também, em condições meteorológicas extremas, quando o fogo entra de copas.

    Apesar de tudo seria uma situação bem mais fácil de gerir que a actual (não o fogo de copas que esteja a ocorrer, mas a sua fragmentação à escala da paisagem).

    O problema é que entre o momento em que se decide ter um carvalhal maduro e o momento em que ele realmente atinge as características citadas no início (uma sombra profunda e contínua), podem passar muitos anos, dificilmente menos de vinte, nas situações mais favoráveis, seguramente acima de trinta, na grande maioria das situações.

    E durante esses muitos anos, um carvalhal é tão susceptível ao fogo como os matos altos, pelo que não vale a pena discutir qualquer solução de aumento da área de carvalhal (que está a ocorrer naturalmente, em paralelo com o padrão de fogo que temos, mas demorando muito tempo a chegar ao ponto em que o carvalhal pode ser útil no controlo de matos e outros combustíveis finos) sem discutir como se gere a transição entre a situação actual e a situação desejável: que gestão é necessária para encurtar o tempo até se atingir o objectivo, quanto custa, quem paga, quando, de que maneira, a quem? e por aí fora, como se faz em qualquer projecto de investimento.

    A experiência que tenho é a de que são precisos muitos recursos (António Giestas, um proprietário de Vouzela, tem uma gestão exemplar orientada para este objectivo: há trinta anos que mantém consistentemente esta linha de orientação, financiada por si próprio, não pelo retorno que lhe é dado pelo carvalhal, está numa das zonas mais favoráveis a esta opção, mas ao fim de trinta anos, tem menos de 30 hectares de carvalhal) para que seja possível reduzir de forma consistente o tempo que o carvalhal demorará a chegar a um ponto de "não gestão" aceitável, sem que exista grande contrapartida em retorno financeiro do investimento.

    Ou seja, sim, é bom que haja uma área maior de carvalhal maduro para nos ajudar a gerir o fogo, não, não é uma solução nem imediata, nem fácil, nem generalizável.

    E não, não basta querer, é condição sine qua non querer, mas não é condição suficiente, é mesmo preciso saber onde ir buscar os recursos para isso, sabendo que não há, nem pode haver, recursos suficientes para que esta opção jogue um papel relevante na gestão do fogo nos próximos trinta ou quarenta anos, com excepção de situações pontuais e, mesmo nessas, que não dispensam uma gestão atenta aos resultados e que saiba fugir das ideias feitas sobre o assunto, para evitar gastar recursos à procura de milagres que, provavelmente, não acontecerão.


    e para fechar

    http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/da-superioridade-moral-6567998

    Equilibradamente, alguém cita o seu próprio trabalho científico, mais que escrutinado internacionalmente pelas regras normais: "a estrutura florestal, incluindo a quantidade de combustível disponível para arder, é muito mais relevante q a composição do estrato arbóreo. Por isso é que pinheiro, eucalipto e sobreiro não se distinguem entre si, o que se distingue entre si são as variantes estruturais de aberto-alto, denso-fechado, etc. q se sobrepõem à espécie".

    Muita gente de boa-fé e interessada em contribuir para uma gestão sensata e socialmente útil do fogo em Portugal retira ilações das conclusões citadas, a principal das quais é dizer que muito mais que a espécie arbórea dominante, é para a gestão dos povoamentos que interessa olhar com atenção.
    Esse olhar com atenção pode suscitar inúmeras linhas de actuação e diferentes políticas, há quem defenda a remuneração dos serviços de ecossistema prestados pelos gestores do território (como eu), há quem tenha abordagens mais técnicas limitando-se a apontar as condições de boa gestão, mas sem se preocupar muito com custos e proveitos, há quem esteja convencido de que o que faz falta é legislação e repressão que obrigue os proprietários a fazer o que é sua responsabilidade social, enfim, há um conjunto muito largo de hipóteses para a definição de políticas, partindo dos mesmos factos, os que estão descritos no primeiro parágrafo.

    E depois há o pensamento mágico.


    Parte-se uma premissa (como Lysenko partiu da premissa de que a genética tinha de estar errada por ser contrária a princípios fundamentais do marxismo, conduzindo milhares de pessoas à fome e à morte), recusa-se qualquer discussão sobre a premissa, com base em argumentos do tipo "só não vê quem não quer" ou "quem diz isso é porque está a ser pago por eles" e coisas que tal, e desenvolve-se uma estratégia que permita proteger as conviccções do confronto com os factos.

    A primeira fase consiste, normalmente, numa argumentação suave e amiga no sentido de que, ainda que seja verdade, não se pode dizer o que diz o primeiro parágrafo porque isso beneficia o eucalipto.

    Se alguém argumenta que quando morrem 64 pessoas é demasiado mesquinho centrar-se na oportunidade que isso constitui para fazer avançar a agenda política relacionada com o controlo do eucalipto, rapidamente se passa a uma contra-argumentação agressiva e muito centrada em comentários pessoais.

    O passo seguinte, porque os factos são o que são, é transformar o argumento inicial, que está no primeiro parágrafo (e que é irrefutável com conhecimento hoje existente) num argumento que seja facilmente contestável, fazendo equivaler o argumento inicial a um argumento conveniente: "arde tudo igual, as espécies ardem todas da mesma maneira". É tentador porque parece uma mera simplificação do que está dito no primeiro parágrafo, mas é uma grosseira deturpação que permite assacar a terceiros um argumento totalmente errado e facilmente contestado através da demonstração de que as espécies não ardem de forma igual.

    A partir daí o Céu é o limite na argumentação, podendo facilmente chegar onde se quer: "Quantitativamente o mato é mais importante que a espécie arbórea directriz...ok...e daí!? Sim há mais reacendimentos em floresta autóctone...e daí!? O que interessa é termos um território heterogéneo...bem ordenado com descontinuidades...e andamos apenas a vociferar que (quantitativamente) a culpa não é do Eucalipto...Quantitativamente n é...mas em termos de ordenamento é...e n é porque meia dúzia de eucaliptais abandonados desenvolvem giestais e medronhais que o" eucaliptal" eqt sistema florestal de produção é tão ou mais biodiverso ou tão ou menos fire prone".

    Num passe de mágica passa-se de uma discussão racional sobre fogos, estruturada com base no método científico, para uma discussão sobre os efeitos globais da produção de eucalipto no território, estruturada num pensamento mágico e afirmações desconexas que visa usar o problema da gestão do fogo no avanço da agenda anti-eucalipto ou na agenda de um mítico paraíso de biodiversidade na terra cuja gestão ninguém tem de pagar.

    Mediaticamente funciona na perfeição.
    Mas no próximo fogo trágico, e ele virá, mais tarde ou mais cedo, não se esqueçam do que andaram a dizer e fazer e do esforço posto no desvio de atenções e recursos da verdadeira resolução do problema para fazer avançar a vossa agenda política.
    As boas intenções sempre foram armas de destruição maciça quando a sua aplicação passou a ser mais importante que os seus efeitos reais sobre a vida concreta das pessoas comuns, em nome de amanhãs que cantariam eternamente.
    Essa é a vossa responsabiilidade.
    A que escolho é centrar-me nas melhores das soluções exequíveis para que as pessoas possam viver a sua vida com mais dignidade no sentido de que "não é senão essa alegria que vem de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém está menos vivo ou sofre ou morre para que um só de vós resista um pouco mais à morte que é de todos e virá".
    Se há coisa que recuso é reconhecer a superiodade moral de que se reivindicam os bem intencionados que preferem carvalhos a eucaliptos.
    Primeiro por nisso nada nos distingue. Segundo porque não há nenhuma superioridade moral em proclamar boas intenções, mas sim em as praticar consequentemente.
  12.  # 214

    Continuemos:
    http://corta-fitas.blogs.sapo.pt/mas-e-os-carvalhos-os-castanheiros-os-6560861

    Mas e os carvalhos, os castanheiros, os sobreiros e as nogueiras?

    por henrique pereira dos santos, em 14.07.17

    Com frequência me dizem: já percebi os seus argumentos, mas afinal que floresta devemos ter no país? Confesso que apesar da frequência da pergunta, estranho-a sempre.

    Para mim é o mesmo que me perguntarem que tipo de sapatos devemos fabricar, ou que culturas devemos ter no país, ou que teatro, ou outra coisa qualquer.

    Depois procuro responder seriamente: não sei, não faço ideia e, na verdade, não me parece que valha muito a pena perder tempo a pensar nisso porque independentemente do que cada um de nós pense que deveria ser a floresta do país, ela continuará o seu caminho, indiferente aos nossos desejos.

    Nós teremos a floresta que os donos dos terrenos quiserem e os donos dos terrenos farão a floresta que acharem melhor, em cada momento, para os objectivos que têm e com os incentivos económicos que existam (sejam eles de mercado, como os preços dos produtos e serviços ou a vontade dos consumidores, sejam eles incentivos criados pelo Estado).

    Tomemos o meu exemplo.
    Tenho algures um terreno talvez entre dois e três hectares (nunca tive curiosidade em saber) que em tempos recuados terá sido terra de cultura (quando o conheci já não era), foi um pinhal que lentamente foi evoluindo para um eucaliptal, com umas plantações feitas pelo meu pai, sobretudo para marcar as estremas, com uma espécie esquisita de eucalipto, numa altura em que pouca gente plantava eucaliptos (o meu pai chegou a produzir amendoim na Beira Alta, não era, portanto, representativo do padrão).
    Desde que me lembro, eu diria, há pouco mais de quarenta anos, o meu pai sempre foi acarinhando os carvalhos, mesmo quando cedia o mato para a cama do gado, mas um proprietário ausente, mesmo quando interessado, acaba por ter menos influência do que se pensa na gestão dos seus terrenos.

    O terreno arde periodicamente, nós (eu só sou dono de um nono) fazemos um corte de eucalipto entre cada fogo, agora estão umas acácias a entrar com mais força no terreno (o estranho é não ter acontecido mais cedo e lá me entretenho eu a descascá-las, se são grandes, ou a arrancá-las, se são pequenas, quando calha), fazemos um corte de matos uns anos depois de cada fogo e fazemos alguma selecção de varolas de eucaliptos.
    Os carvalhos, castanheiros, sobreiros que aparecerem são bem vindos e acarinhados, o princípio é aquilo não consumir grande dinheiro em gestão, mas ninguém espera que aquilo dê nada.
    É portanto uma floresta mista de eucalipto e pinheiro, com bastante regeneração de carvalho roble e sobreiro e uma carga combustível razoável, embora não das piores.
    À volta da propriedade há umas propriedades que não têm qualquer gestão e estão a ser progressivamente invadidas de acácias, há muitos anos. Hoje poderemos classificá-las como acacial. Os donos não têm objectivos para o terreno. Há outras propriedades que têm maior intensidade de gestão, isto é, os donos querem optimizar o rendimento, e são portanto eucaliptais mais ou menos monoespecíficos (naquela região nada é monoespecífico, em bom rigor).
    Ora a floresta que teremos, naquele bocadinho, será a que resultar dos objectivos de cada proprietário, em função dos estímulos externos: o preço das diferentes madeiras, o peso que o rendimento do terreno tem (ou pode ter) no conjunto dos rendimentos do proprietário, os usos alternativos possíveis que possam remunerar uma compra de terreno por outras pessoas e muitos, muitos outros factores.
    Algumas pessoas argumentam que isto não pode ser, que isso é um risco para toda a sociedade.
    Admitindo o argumento (e ele não é linear), vamos admitir que a sociedade tem o direito de se defender e impôr aos proprietários uma gestão que seja optimizada socialmente.
    Então, volta a pergunta, o que devemos fazer, ou melhor, que floresta devemos ter?
    Se o meu terreno fosse um carvalhal maduro, de copado denso, criando o ensombramento necessário para que o mato não cresça muito, seria socialmente mais interessante, neste caso em que nem eu, nem os meus irmãos, nos oporíamos a isso. Desde que não fôssemos nós a pagar a gestão para lá chegar. Não há problema se não houver rendimento, mas não nos peçam para pegar no dinheiro que nos faz falta para educar aos filhos, acudir às aflições ou ir à opera ou ao futebol, para o enterrar num suposto bem comum que os beneficiários não querem pagar, nem directamente envolvendo-se numa qualquer organização que queira fazer a gestão da propriedade (a associação a que pertenço não o pode fazer porque estatutariamente não pode haver acordos desses com membros dos orgãos sociais), nem através de novos impostos.
    E, na verdade, apesar do carinho do meu pai, e depois meu, pelos carvalhos e sobreiros que vão aparecendo, ainda vai demorar muitos anos a chegar ao tal carvalhal maduro. Ou então, são precisos recursos para encurtar o tempo e, mesmo assim, apesar da elevada produtividade primária da região, ainda demoraria uns vinte ou trinta anos a dar qualquer resultado do ponto de vista da gestão do fogo.
    Os meus vizinhos que hoje não sabem sequer o estado em que estão as suas propriedades, e que as venderiam de bom grado, não têm quem as compre porque o rendimento esperado e o risco de incêndio inibem potenciais investidores.
    E os meus vizinhos que estão concentrados no rendimento, são os que na verdade têm as suas terras com menor risco de incêndio, mas o rendimento não é de tal maneira que se entusiasmem a comprar mais uns tapados, até porque sabem bem que aquilo só dá porque não fazem contas ao tempo que gastam no monte.
    Eu faço parte de uma associação que compra, ou gere por acordo, terrenos marginais para reconstruir neles carvalhais e mosaicos, mas também nós temos a nossa acção limitada pelos recursos que somos capazes de mobilizar.

    A floresta que devemos ter é pois uma discussão que não interessa nada, o que interessa é saber o que devo eu fazer, no mercado, na sociedade civil, no Estado central e no Estado local para optimizar socialmente a gestão.
    No mercado é seguramente aumentar a eficiência e criar valor, porque essa é a condição base para que o mercado traga gestão para o mundo rural. Isso não se faz com a kafkiana lista de obrigações legais dos proprietários florestais, que só não tem piores efeitos porque os únicos que ligam alguma coisa à legislação são os da certificação florestal, visto que cumprir a lei é o primeiro requisito da certificação. Os outros, saudavelmente, estão-se nas tintas para a legislação florestal, e fazem muito bem.
    Na sociedade civil é concentrar esforços naquilo que nos parece útil (no nosso caso, criar matas adultas e mosaicos biodiversos), fazendo, avaliando, demonstrando e replicando. Quem passa uma noite no nosso carvalhal tem mais vontade de contribuir voluntariamente para que o façamos amadurecer e expandir-se, mas demora tempo a ter resultados visiveis e com algum significado. Para já o que temos são resultados mais simbólicos que outra coisa qualquer, mas que mesmo assim valem a pena.
    No Estado central, o melhor é adoptar o mínimo de medidas: 1) proibir taxativamente o Estado de recorrer a outros fundos que não os do Orçamento do Estado para a sua actividade, libertando os fundos autónomos, nacionais (como o Fundo Florestal Permanente ou o Fundo Ambiental) para o financiamento da gestão concreta por parte dos operadores económicos e sociais, em vez do Estado os capturar, como faz actualmente; 2) aumentar o peso da produção de serviços de ecossistema no financiamento do mundo rural, mesmo que isso signifique cortar nos fundos para a produção; 3) e não complicar, pelo contrário, reactivar os serviços de proximidade que em tempos se chamaram de extensão rural, para apoiar tecnicamente os produtores, em vez de ter formulários de candidatura absurdamente complicados, ou regras e planos, mais planinhos e planetes que não servem para nada.
    No Estado local, basta que estejam quietos e deixem de sistematicamente defender os interesses das suas corporações de bombeiros, para passar a defender o bem comum, que nem sempre coincidem.
    É o que consigo dizer sobre os carvalhos, os castanheiros, os sobreiros, as nogueiras e etc.: são bons, são úteis, mas quem os quiser, que faça por isso, em vez de mandar os outros fazer.
    A verdade é que há muitos e muitos proprietários absolutamente disponiveis para ceder a terceiros a gestão dos seus terrenos, sem outra contrapartida para além de saberem que estão a contribuir para o bem comum, com uns magníficos carvalhais maduros (daqui a trinta anos, se forem geridos de forma constante, pode ser uma gestão de baixa intensidade, mas tem de ser constante).

    Assim haja terceiros com recursos para isso e em que os proprietários confiem, o que seguramente não inclui o Estado: porque não tem recursos e porque não é de confiança.
  13.  # 215

    Colocado por: jmcxlAcho curioso invocar-se a necessidade da existencia de eucaliptais para rentabilizar a floresta.
    Antigamente a floresta era rentavel sem eucaliptos. Mas quem a tratava sabia que as coisas tinham o seu tempo e criavam-se montados, que por via da platação desfasada, garantiam rendimento todos os anos.



    O que aconteceu foi que uma quantidade de "patos-bravos" desbarataram todo esse potencial arboreo sustentado, para plantar arvores de rendimento rapido (pinheiro e eucalipto).


    Em 1974, mais de 33% da população trabalhava no sector primário, hoje não chega a 7%. Em qualquer país europeu a população empregada nas actividades agrícolas ronda os 2/3%. Pode chorar o que quiser quanto a isso, mas o tempo não volta atrás.


    Agora que sem veem "encurralados" choram porque veem que para mudar vao estar 30 anos sem rendimento. Não tivessem cometido o erro inicial.
    Não pode valer tudo para ganhar dinheiro. Diversificar a nossa floresta tem agora, obviamente, um preço a pagar..


    Mas quem quer diversificar não se queixa nem se chora. Quem chora é quem quer os outros diversifiquem...
  14.  # 216

    Colocado por: JoelM

    Está-me a escapar algo... o país de origem do eucalipto é a Austrália nao Islândia...


    Subtileza a mais, pelos vistos. Estava a tentar evidenciar que o factor relevante no caso da Austrália talvez seja o clima ..
  15.  # 217


    O que ardeu na Beira Litoral (Leiria/Aveiro) em Outubro, é caracterizado maioritariamente por terrenos planos e de excelentes acessos.
    Eu tenho um amigo que tem um discurso muito similar ao seu. No caso dele eu percebo, tem relações profissionais com as celuloses, ou por osmose ou por convicção, lá absorveu o que ouve do outro lado.


    O argumento de quem não tem argumentos...


    Eu não sou contra tirar rendimento da floresta (como se pode ser?) mas tem que haver ordenamento e regras, não pode ser a lei do bota pra lá eucaliptos e vou lá daqui a 10 anos buscar um maço de notas.
    Se querem ter eucaliptos nas mesmas condições das celuloses, vou dizê-lo pela terceira vez para que fique claro, eu bato palmas e apoio. Não podendo ter essas condições, talvez seja melhor pensar noutras espécies.


    Aqui vai, de novo: seja qual for a espécie, reunidas as condições (ver posts anteriores), TUDO ARDE. Diferenciar o eucalipto é mera questão de fé. Ponto.



    Mas isto é discussão que para já é precoce. O que não é precoce é a necessidade de limpar nas imediações de casas e estradas, tão pouco é negociável. Porque é disso que fala o tópico, que ainda ninguém falou em proibir o eucalipto, tão somente de impor algumas condicionantes/responsabilidades a proprietários e somente em locais muito específicos.


    Acontece que se as leis já não são cumpridas (porque são irrealistas) tais condicionantes terão como resultado tornar ainda menos apetecível o seu cumprimento. A prazo, terão efeito contrário ao desejado.
  16.  # 218


    Sempre houve lucro na floresta autoctone portuguesa.
    Mas de ha uns anos para cá os "patos bravos" resolveram desbaratar tudo para substituir por especies de lucro facil.
    Agora ... ardeu... se tiverem de as retirar (assim o espero) vao passar dezenas de anos até tudo estar reposto e a floresta voltar a ser rentavel, como era no tempo dos nossos avós.


    Só nos sonhos húmidos de alguns. No mundo real, os terrenos acidentados, lá para onde Judas perdeu as botas, onde não é viável meter máquinas nem há escala para gerir, continuarão ao abandono. E como o tempo não volta atrás, terrenos não produtivos continuarão a acumular combustível e a arder periodicamente.

    O abandono dos terrenos e/ou a plantação de eucalipto não é causa, é consequência. Essencialmente, da migração para as cidades e da alteração profunda do modo de vida de quase um terço da população no espaço de 30 anos. Fantasiar com os tempos idos pode ser muito reconfortante, mas é inútil porque não é possível voltar atrás.

    Quando todas as terras são geridas, a espécie é quase indiferente. Quando as terras não são geridas, o eucalipto torna-se mais perigoso que todas as árvores que conheço, precisamente pela velocidade de propagação.

    Ou também vai negar isto?

    É precisamente o contrário: quando as terras não são geridas, a espécie é quase indiferente!!!!


    Eu arrisco dizer que nos incêndios de Outubro, se não tivéssemos eucaliptos, jamais os fogos teriam percorrido as distâncias que percorreram, mesmo com o vento que estava, porque [do meu conhecimento] só a casa de eucalipto tem aquela capacidade de galgar quilómetros de frente de fogo tão rapidamente.

    Isso é ridículo, porque como pode verificar em qualquer estudo ou relatório do ICNF, mais de metade da área ardida é mato. É sabido que os fogos de superfície progridem de forma extremamente rápida..


    O problema não é nem nunca foram as terras geridas, mas sim as que não são geridas. E aí o eucalipto é predominante e logo o eucalipto, que apresenta maior perigo em caso de incêndio. Isto é como nos materiais de construção, nenhum deles se incendeia sozinho, mas em caso de incêndio cada um tem uma resposta diferente ao fogo e a do eucalipto inspira muito mais cuidados.


    As terras geridas são predominantemente as que dão rendimento. Se quisesse inverter o seu argumento, poderia dizer que as terras geridas são predominantemente... eucalipto. Também podia inverter aquele argumento fantástico do "Se os eucaliptos são tão bons, porque é que somos o país com mais área de eucalipto?", aplicando-o ao sobreiro, onde temos 1/3 da área total mundial..


    A história do eucalipto inspirar mais cuidados é treta - deixe um pinhal ou qualquer outro tipo de povoamento acumular combustível e verá que arde como qualquer outra espécie.


    e se a floresta não é gerida, o mato do eucalipto é mais seco, porque é factual que o eucalipto seca mais os terrenos.


    bullshit..


    Se acha que cada um pode fazer o que entender nos seus terrenos, também é da opinião que os PDMs deviam deixar de existir e cada um fazer/construír o que bem entender como entender desde que seja o dono do terreno?


    Para o caso, não é relevante. Mas no que respeita aos terrenos, se quer decidir o que eu lhes faço, pague.


    Mas viu alguém dizer que as outras espécies não ardem? A questão é, concorda ou não que os eucaliptos propagam o fogo mais rápido e numa maior distância que outras árvores?


    Está difícil...

    "a estrutura florestal, incluindo a quantidade de combustível disponível para arder, é muito mais relevante q a composição do estrato arbóreo. Por isso é que pinheiro, eucalipto e sobreiro não se distinguem entre si, o que se distingue entre si são as variantes estruturais de aberto-alto, denso-fechado, etc. q se sobrepõem à espécie".

    Traduzindo: "Ah e tal, o eucalipto bla bla bla", deve ser substituído por "Ah e tal, terrenos não geridos acumulam combustível que, uma vez sujeito a uma ignição, arde e leva tudo o resto à frente - seja eucalipto, seja o raio que o parta".
    Concordam com este comentário: master_chief, treker666
    • zeuza
    • 23 fevereiro 2018

     # 219

    Colocado por: ClopessPosso aproveitar de deitar sobreiros abaixo nas zonas de limpeza ou ainda tenho que pedir autorização?!


    Tem de pedir autorização ao ICNF.


    Na comunicação social fala-se do lobbie da celulose, no forum da casa existe o lobbie anti- eucalipto... lol

    E o pinheiro bravo ninguém fala? É que se os incêndios têm grande potencial em eucaliptal, no pinhal não fica nada atrás, esta espécie resinosa é um barril de pólvora, então quando não existe redução da carga de combustível no seu interior é fogo de copas pela certa.
    O eucalipto tem o mesmo efeito, tem compostos voláteis facilmente combustíveis nas suas folhas, acrescentando o facto de provocar projecções de km.
    Quando existem povoamentos mistos com estas duas espécies sem tratamento do sub-bosque é um desastre pela certa, e quando os fenómenos que ocorreram em 2017 aparecem o desastre torna-se ainda maior.

    A solução passa por criar descontinuidade com folhosas e tratamento do sub-bosque, nas áreas das celuloses os danos são bem menores, existem mesmo zonas de eucalipto inseridas nas zonas afectadas pelos incêndios onde a taxa de destruição foi baixa. Algumas celuloses tratam anualmente entre 15 a 25% da sua área.

    O mal são aqueles produtores que plantam eucalipto e só lá voltam 8/10 anos depois para fazer o abate.

    Em portugal existem um problema de sensibilização, consciencialização, responsabilização e acima de tudo de educação.
    Concordam com este comentário: master_chief
  17.  # 220

    Colocado por: luisvv

    Só nos sonhos húmidos de alguns. No mundo real, os terrenos acidentados, lá para onde Judas perdeu as botas, onde não é viável meter máquinas nem há escala para gerir, continuarão ao abandono. E como o tempo não volta atrás, terrenos não produtivos continuarão a acumular combustível e a arder periodicamente.

    O abandono dos terrenos e/oua plantação de eucalipto não é causa, é consequência.Essencialmente, da migração para as cidades e da alteração profunda do modo de vida de quase um terço da população no espaço de 30 anos. Fantasiar com os tempos idos pode ser muito reconfortante, mas é inútil porque não é possível voltar atrás.

    É precisamente o contrário:quando as terras não são geridas, a espécie é quase indiferente!!!!


    Isso é ridículo, porque como pode verificar em qualquer estudo ou relatório do ICNF, mais de metade da área ardida é mato. É sabido que os fogos de superfície progridem de forma extremamente rápida..



    As terras geridas são predominantemente as que dão rendimento. Se quisesse inverter o seu argumento, poderia dizer que as terras geridas são predominantemente... eucalipto. Também podia inverter aquele argumento fantástico do "Se os eucaliptos são tão bons, porque é que somos o país com mais área de eucalipto?", aplicando-o ao sobreiro, onde temos 1/3 da área total mundial..


    A história do eucalipto inspirar mais cuidados é treta -deixe um pinhal ou qualquer outro tipo de povoamento acumular combustível e verá que arde como qualquer outra espécie.



    bullshit..



    Para o caso, não é relevante. Mas no que respeita aos terrenos, se quer decidir o que eu lhes faço, pague.



    Está difícil...

    "a estrutura florestal, incluindo a quantidade de combustível disponível para arder, é muito mais relevante q a composição do estrato arbóreo.Por isso é que pinheiro, eucalipto e sobreiro não se distinguem entre si,o que se distingue entre si são as variantes estruturais de aberto-alto, denso-fechado, etc. q se sobrepõem à espécie".

    Traduzindo: "Ah e tal, o eucalipto bla bla bla", deve ser substituído por "Ah e tal, terrenos não geridos acumulam combustível que, uma vez sujeito a uma ignição, arde e leva tudo o resto à frente - seja eucalipto, seja o raio que o parta".



    Meu caro

    Henrique Pereira dos Santos é arquitecto paisagista e um dos milhares que desfilaram no verão passado a traçar soluções para tudo e mais alguma coisa. Salvo erro, para o paladino em questão a solução era ter pastores e cabras q.b. e acabavam-se os fogos.

    Continuo a achar que você percebe bola de matos e de árvores, se acha que o que se acumula no chão é indiferente da espécie de árvores. Vou-lhe dar uma dica, como se diz na minha terra, onde há eucaliptos nem as silvas lá nascem.

    E não tente fazer confusão com a questão dos pinheiros, que também dá pano para mangas, andam ambas de mãos dadas.


    E para lhe demonstrar que vocês estão a ignorar o óbvio, se eu pegar nisto:
    ""a estrutura florestal, incluindo a quantidade de combustível disponível para arder, é muito mais relevante q a composição do estrato arbóreo. Por isso é que pinheiro, eucalipto e sobreiro não se distinguem entre si, o que se distingue entre si são as variantes estruturais de aberto-alto, denso-fechado, etc. q se sobrepõem à espécie"."

    parece-me óbvio que uma espécie como o eucalipto, que gera centenas de outras projecções, é obviamente mais nefasta em caso de incêndio.

    A quantidade de combustível para arder é muito mais relevante que o estrato arbóreo... ok, tudo muito certo. E a capacidade do estrato arbóreo para provocar novas ignições nesse combustível, é irrelevante?

    Às vezes chego a pensar se a única coisa que conhecem de eucaliptos não será o papel. Já lhe falei milhentas vezes das projecções, mas sobre isso nada. Fique lá com os seus estudos.
 
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