Colocado por: VaroufakisA Grécia está bem e recomenda-se. Olhem pela vossa vida que a gente olha pela nossa, preocupem-se convosco e deixem-nos que nós sabemos cuidar de nós. Tsipras será a curto prazo o homem forte de Bruxelas, o châteaux está ocupado por meninas que não f... nem saem de cima. Tsipras até agora foi o único europeu a provar que tem tomates. Não admira que parte deste continente (a Russia não vai nessa conversa) tenha legalizado o casamento gay, este continente já não tem homens dignos do nome, estão-se todos a transformar em rabetas. Basta aparecer em Bruxelas um tipo a sério com eles no sitio e faz o que quer deste condado. Tsipras é um líder, pode levar a Grécia ao abismo, mas é um tipo decidido é um tipo que sabe o que quer não é como os energúmenos de Bruxelas que recebem ordens de uma dama. A Grécia pode mergulhar no abismo mas muitos mais a acompanharão. Bruxelas não tem líderes, não tem rumo não tem nada, tem um bando de pançudos que perante uma ameaça ficam que nem baratas tontas, parece que sofrem da doença das vacas loucas. Deixem a Grécia seguir o seu rumo, eles ao contrario da restante manada sabem o que querem e tem um homem para os liderar.
O erro de previsão não resultou da má performance da economia: o PIB até cresceu 0,8%, contra uma previsão inicial de 0,6%. E também não resltou de nenhum programa de estímulo económico, que teria pelo menos impulsionado o crescimento. Resultou de uma quebra brutal de receita fiscal na recta final do ano e no início de 2015, que terá sido pelo menos em parte produzida – segundo relatos da própria imprensa grega – pela perspectiva da vitória do Syriza nas eleições de Janeiro (uma das propostas do Syriza passava pela eliminação de uma série de impostos criados no âmbito do programa de ajustamento)2.
O segundo facto é que a incerteza em torno do cumprimento do programa e uma eventual saída do euro gerou uma intensíssima fuga de depósitos. Hans Werner-Sinn argumentou que esse é, na verdade, parte do plano da Grécia, já que permite salvar os depósitos dos cidadãos gregos ao mesmo tempo que se “faz refém” o dinheiro do BCE. Talvez isto faça algum sentido se o financiamento do BCE for um substituto perfeito de financiamento via depósitos, mas tendo em conta que o recurso ao Banco Central vem normalmente associado a um estigma, parece-me difícil comprar o argumento. Com toda a probabilidade, a fuga de depósitos não se limitou apenas a trocar um tipo de financiamento por outro: degradou efectivamente a situação do sistema bancário e provocou um aperto das condições de crédito. Aliás, não é por acaso que a previsão de crescimento do PIB para 2015 passou de 2,9% para… 0,5%.
E juntando o primeiro ao segundo chegamos ao terceiro facto. Novamente, poucas pessoas apreciaram isto na altura, mas no final de 2014 a Troika não esperava que a Grécia implementasse mais medidas de austeridade. Pelo contrário, acreditava-se que o saldo primário herdado de 2014 (2,7%), associado ao crescimento do PIB, seria suficiente para atingir as metas de redução da dívida (escrevi sobre isso em Janeiro). Acontece que a degradação das contas de 2014, associada à revisão em baixa do crescimento para 2015, inviabilizaram esta estratégia3. Sem uma boa base de partida, delapidada por má gestão de expectativas, e sem crescimento económico, destruído por inépcia, resta a austeridade para fazer o trabalho.
A imagem de baixo sumariza esta comparação. Os dados são retirados da AMECO, acedida em duas datas diferentes: Dezembro de 2014, e Maio de 2015. Os valores pós-Janeiro são provavelmente demasiado optimistas, já que segundo estimativas da Troika o saldo primário será bem pior do que os 2% que aparecem no gráfico.
Recapitulemos tudo. No final de 2014, a Grécia tinha uma situação orçamental controlada: não podia fazer o roll-back das medidas já implementadas, mas também não tinha de carregar mais no travão para atingir saldos primários na casa dos 4-5% do PIB. As taxas de juro estavam altas, mas em valores minimamente comportáveis para dispensar progressivamente a ajuda da Troika e reforçar a sua posição negocial numa eventual reestruturação da dívida.
Mas isto não era suficiente para o Syriza, eleito com um mandato claro de “inversão de rumo” e um programa económico que podia implicar uma derrapagem orçamental de 9% do PIB. O Syriza criou expectativas desajustadas, que erradicaram o saldo primário de 2014; ostracizou os credores, o que fez subir os juros e tornou o país ainda mais dependente da Troika; e colocou em cima da mesa a possibilidade do Grexit, que gerou uma fuga de capitais cuja principal consequência foi tornar um crescimento robusto de 2,9% numa míngua pouco acima dos 0%.
Isto é: juros mais altos, um saldo mais baixo e crescimento mais débil. Cinco meses depois de ser eleito, o Governo não só não reverteu o que quer que seja como está a discutir… o volume das medidas de austeridade que vai ter de implementar. Estas medidas não permitem obter um saldo mais elevado, nem compensam outras medidas de sentido contrário. São pura e simplesmente uma forma de tapar os buracos que esta “estratégia negocial” causou nas contas públicas. O Syriza tem tido claramente mais sucesso a acabar com o sistema bancário e com a actividade económica do que com a austeridade.
… é, surpreendentemente, positiva para a Grécia, independentemente de ser premeditada ou não.
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Daí que seja do interesse do Governo grego que esta situação de indefinição se protele o máximo tempo possível, permitindo assim que os gregos retirem o seu dinheiro, minimizando o impacto de uma saída do Euro.
Se tudo isto for premeditado, em particular: a intenção original de sair do Euro, o adiamento das negociações causando a fuga de capitais e colocando o ónus do lado dos restantes europeus, então isto faz de Machiavelli um amador em matéria de calculismo político.
Calendário de pagamentos para este verão mostra que o BCE é quem tem mais a perder se a Grécia entrar agora em incumprimento. Braço-de-ferro entre a Grécia e os credores continua.
Durante a conferência de imprensa, Obama também disse que a Grécia tem de ter um futuro dentro da zona euro--parece-me que os EUA estão preocupados que uma saída da Grécia do euro seja um trunfo para a Rússia. No artigo da Bloomberg, cujo link está acima, o título da notícia é que Angela Merkel diz que a Grécia tem de agir se quer ficar no euro. Ameaçar a Grécia com a expulsão do euro é a única maneira que a UE encontra de forçar a Grécia a comportar-se. Se os EUA dizem que a Grécia sair não é solução e a Grécia ouve o que os EUA dizem, então a Grécia sabe que a ameaça da Alemanha é bluff, logo a Grécia tem um incentivo para pisar os calos da Alemanha ainda mais. Sair do euro, a Grécia não sai porque os EUA de Obama não deixam.
Colocado por: jpvngTem que sair uma directiva da União Europeia em que um País membro com dividas não pode ter direito a ter eleições
Colocado por: sergyio“Um falhanço no acordo vai marcar o início de um penoso caminho que irá levar, primeiro, ao incumprimento da Grécia e em última análise à saída do país da zona euro e muito provavelmente da união Europeia”.
Colocado por: eue a UE é assim tão intolerante e totalitária, é estranho como é que não impediu o Syriza de ganhar as eleições na Grécia...
Colocado por: jpvngTem que sair uma directiva da União Europeia em que um País membro com dividas não pode ter direito a ter eleições. Paguem primeiro.
Colocado por: jpvngPois...se calhar devia. Parece óbvio que não podia haver eleições nem novo governo.
Colocado por: J.FernandesSe houver acordo
Pois...se calhar devia. Parece óbvio que não podia haver eleições nem novo governo.
Colocado por: jpvngEssa é boa ahahah...então se conseguirem um acordo o Syriza vai ser castigado pelos próprios eleitores?
ou você quer dizer se houver um acordo onde o governo grego aceita tudo aquilo que lhe é imposto?