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    • lobito
    • 15 agosto 2010 editado

     # 41

    Campo d'Ourique, sem duvida. O unico senão é o estacionamento, que é infernal. Apanhando a Maria Pia esta num instante no Egas, passando por Campolide e descendo à av de Ceuta esta num instante em Santa Maria. Ja Camarate é outra loiça. Mas é um bairro fantastico.
    • Itsme
    • 16 agosto 2010 editado

     # 42

    Ok...
    A RAÇA é Humana.
    Havia era CULTURAS diferentes, e essas são facilmente assimiladas em 1 ou 2 gerações.

    Os árabes entraram na península em Julho/711.
    Os visigodos - a casta militar que correspondia a uns 5 ou 10% da população - reagrupou no extremo Norte da Península, deixando o povo cristão-romanizado, que tinham espezinhado durante 300 anos, à mercê dos «mouros».

    Mas os mouros foram bem mais tolerantes e bem menos violentos que os visigodos.

    Acha que após 400 anos de tolerância, cultura e desenvolvimento, os povos ocupados iriam escolher pagar mais impostos só para terem uma religião um bocadinho diferente (e menos tolerante!) ?
    Com a adopção da religião do Islão, veio a adopção da cultura.
    Depois veio a misceginação (mistura de genes).
    Isto é, ao fim de 400 anos de influência «moura», não devia sobrar nada da cultura dos cristãos-«romanizados» do tempo dos visigodos.

    Só mesmo nas cidades, e só em *algumas* cidades (Coimbra, Lisboa,...) , o cristianismo sobreviveu (tal como a segregação).

    Por outras palavras: SIM. As zonas ocupadas pelos mouros (no Sul de Portugal) praticamente NÃO TINHAM pessoas com cultura cristã-romanizada-visigótica quando a Reconquista lá chegou, lá para 1143-1249.

    Só mais uma coisa. Os mouros não entraram SÓ no Sul de Portugal. A cidade do PORTO chegou a ser uma importante base militar moura, de onde eram lançados ataques aos santuários cristãos na Galiza. Aliás, basta olhar para os nomes das actuais freguesias na região do Porto! :-)

    Not bad.
    Confesso que não esperava tanta cultura histórica, vinda daí, dum Sr Engenheiro.
    Ora toma, e leva para a viagem!!!
    ... LOLOLOLOLO
  1.  # 43

    Colocado por: Luis K. W.Ó Jorge Rocha, :-)

    1. Deixe lá a estátua do Viriato em Viseu!
    Essa estátua, erigida pelo Estado Novo em 1940, e servia objectivos de propaganda nacionalista!
    Os historiadores actuais admitem que o Viriato nunca tenha estado por essas bandas (nem na «Cava de Viriato»).

    Eu já lhe disse que o Gandhi tem estátuas no Restelo e em Telheiras e o homem nem nunca cá pôs os pés!

    O Viriato viveu elutou contra os romanos NO SUL da Península Ibérica, do Alentejo à Extremadura espanhola e Andaluzia. É isto que dizem os relatos romanos.
    Você não percebe nada de invasões, pois não? É que é muito mais fácil entrar na fronteira portuguesa pelo lado PLANO (Alentejo) do que pelas montanhas e vales do Norte!

    Outra coisa completamente diferente é a PROVÍNCIA ROMANA da Lusitânia (que ia do Douro ao Algarve), com capital em Mérida, instituída depois da morte de Viriato (140 A.C.), e depois da «pacificação» romana.
    Esta província é que foi cedida (550 anos depois) pelos romanos aos Alanos (os tais que vieram do Cáucaso, corridos pelos Hunos) lá para o ano 410, que depois se aliaram aos Vândalos e invadiram o Norte de África, quando os Visigodos por cá se instalaram.

    2. Além disso, os Lusitanos também não eram puramente autóctones. Era (mais) um povo que veio da Europa Central.
    Dizer que "os portugueses descendem dos Lusitanos" é tão verdade como dizer que descendem do Profeta (Maomé) ou da família da Virgem Maria (e, portanto, do rei David), ou de Carlos Magno.

    Eu diria que mais de 80% dos portugueses actuais descendem de TODOS os que acabei de citar.
    Mas, claro, com a particularidade de uns (os da região do Porto) terem maior percentagem de sangue norte-africano que outros. :-)


    Já sei que percebe mais disto que eu(também não é difícil)mas porque é que Salazar se lembrou de colocar a estátua logo onde se deram as maiores batalhas contra os Romanos?Digo isto porque Viriato era dos Montes Hermínios(Serra da Estrela)que era lá bem pertinho,essa de dizer que a estátua poderia até estar no Algarve não pega muito bem porque como sabemos as várias batalhas que Viriato ganhou contra os Romanos foram na zona antes do Rio Douro de sul para Norte.Logo Viseu fica lá para aquela área...onde se deram as grandes batalhas,já agora se como o Luís diz o Alentejo será a parte mais obvia de entrada dos Romanos por se tratar de uma entrada mais plana,penso que o contrário pensaria Viriato e as tropas Lusas não?Claro que nesses termos os Lusitanos dariam mais luta nas zonas de relevos não?(digo eu)
  2.  # 44

    Colocado por: Jorge Rocha Já sei que percebe mais disto que eu(também não é difícil)mas porque é que Salazar se lembrou de colocar a estátua logo onde se deram as maiores batalhas contra os Romanos?Digo isto porque Viriato era dos Montes Hermínios(Serra da Estrela)que era lá bem pertinho,essa de dizer que a estátua poderia até estar no Algarve não pega muito bem porque como sabemos as várias batalhas que Viriato ganhou contra os Romanos foram na zona antes do Rio Douro de sul para Norte.Logo Viseu fica lá para aquela área...onde se deram as grandes batalhas,já agora se como o Luís diz o Alentejo será a parte mais obvia de entrada dos Romanos por se tratar de uma entrada mais plana,penso que o contrário pensaria Viriato e as tropas Lusas não?Claro que nesses termos os Lusitanos dariam mais luta nas zonas de relevos não?(digo eu)

    Jorge,
    LEIA COM ATENÇÃO.
    O Estado Novo tinha necessidade de cultivar o nacionalismo, e tratou de «nacionalizar» o Viriato (que era tão português como espanhol), e transformou-o num herói «português».

    Onde raio foi você buscar essa de as batalhas contra os romanos terem sido perto de Viseu e que o Viriato era dos Montes Hermínios? Não há nenhum documento da época que o confirme, portanto, em termos históricos, ISSO É TUDO FALSO! Muitas dessas mentiras vêem do séc XVI (tem o exemplo de «Os Lusíadas», segundo o qual nós descendemos todos de Luso, um filho de Baco).
    Ao contrário.
    Segundo os relatos romanos coevos, os combates contra os Lusitanos de Viriato foram no ALENTEJO, na Extremadura espanhola e na Andalúzia.

    Tudo o que você pensa ser verdade sobre Viriato, é tão "certo" como ter havido uma "escola nautica" em Sagres (já imaginou uma caravela a atracar naquele promontório? LOLOL!); ou que o D. Afonso Henriques bateu na mãe, ou que ele viu Nosso Senhor durante a "batalha de Ourique"; ou que Portugal «perdeu a independência» entre 1580 e 1640.
    LOL !
    • dd
    • 16 agosto 2010 editado

     # 45

    .
  3.  # 46

    Colocado por: Luis K. W.
    Jorge,
    LEIA COM ATENÇÃO.
    O Estado Novo tinha necessidade de cultivar o nacionalismo, e tratou de «nacionalizar» o Viriato (que era tão português como espanhol), e transformou-o num herói «português».

    Onde raio foi você buscar essa de as batalhas contra os romanos terem sido perto de Viseu e que o Viriato era dos Montes Hermínios? Não há nenhum documento da época que o confirme, portanto, em termos históricos, ISSO É TUDO FALSO! Muitas dessas mentiras vêem do séc XVI (tem o exemplo de «Os Lusíadas», segundo o qual nós descendemos todos de Luso, um filho de Baco).
    Ao contrário.
    Segundo os relatos romanos coevos, os combates contra os Lusitanos de Viriato foram no ALENTEJO, na Extremadura espanhola e na Andalúzia.

    Tudo o que você pensa ser verdade sobre Viriato, é tão "certo" como ter havido uma "escola nautica" em Sagres (já imaginou uma caravela a atracar naquele promontório? LOLOL!); ou que o D. Afonso Henriques bateu na mãe, ou que ele viu Nosso Senhor durante a "batalha de Ourique"; ou que Portugal «perdeu a independência» entre 1580 e 1640.
    LOL !


    Sei que sou ignorante nestas coisas,mas vamos lá...apenas tenho escrito o que me foi incutido na escola...(lavagem cerebral)
    Só ultimamente tenho observado quando tenho tempo a net.
    Mas na enciclopédia sobre essa escola por exemplo,ela confirma o que diz,embora nada tenha a ver com os barcos poderem atracar ou não.
    De qualquer forma nessa enciclopédia alusiva a essa questão,lá diz que não era uma escola mas(propriamente dita como actualmente)isto quer dizer que o conceito de se poder adquirir o conhecimento não tem que ter instalações com nome de escola...
    Assim concluo que houve em Sagres onde tipos com estatuto estudaram com afinco essas matérias de náutica,e trocaram conhecimento,que adveio mais tecnologia para a navegação...ou não?
  4.  # 47

    Colocado por: Jorge Rocha

    Sei que sou ignorante nestas coisas,mas vamos lá...apenas tenho escrito o que me foi incutido na escola...(lavagem cerebral)
    Só ultimamente tenho observado quando tenho tempo a net.
    Mas na enciclopédia sobre essa escola por exemplo,ela confirma o que diz,embora nada tenha a ver com os barcos poderem atracar ou não.
    De qualquer forma nessa enciclopédia alusiva a essa questão,lá diz que não era uma escola mas(propriamente dita como actualmente)isto quer dizer que o conceito de se poder adquirir o conhecimento não tem que ter instalações com nome de escola...
    Assim concluo que houve em Sagres onde tipos com estatuto estudaram com afinco essas matérias de náutica,e trocaram conhecimento,que adveio mais tecnologia para a navegação...ou não?


    Não me diga que a Restauração em 1640 também é treta?
  5.  # 48

    Colocado por: Jorge RochaSei que sou ignorante nestas coisas,mas vamos lá...apenas tenho escrito o que me foi incutido na escola...(lavagem cerebral)
    E-xac-ta-men-te.

    Mas na enciclopédia sobre essa escola por exemplo,ela confirma o que diz,embora nada tenha a ver com os barcos poderem atracar ou não.
    De qualquer forma nessa enciclopédia alusiva a essa questão,lá diz que não era uma escola mas(propriamente dita como actualmente)isto quer dizer que o conceito de se poder adquirir o conhecimento não tem que ter instalações com nome de escola...
    Assim concluo que houve em Sagres onde tipos com estatuto estudaram com afinco essas matérias de náutica,e trocaram conhecimento,que adveio mais tecnologia para a navegação...ou não?

    ou NÃO !
    Nunca, no tempo do Infante D Henrique, houve afluência de cosmógrafos e astrónomos nacionais e estrangeiros, a Sagres ou qualquer outro local, que cá viessem «dar aulas» aos futuros capitães e pilotos!
    Não houve absolutamente nada que se assemelhasse a escola (nautica ou o que quer que fosse). Quanto muito, sabe-se de UM cartógrafo de Maiorca que terá colaborado com os cartógrafos portugueses no sentido de desenhar com o maior rigor possível na época as famosas «cartas de marear».

    Isso da "escola" são tudo TRETAS inventadas , entre outros, por Oliveira Martins no séc. XIX.

    Vamos lá, portanto, desfazer algumas aldrabices:

    - Sagres nunca teve nada que se assemelhasse a uma escola de navegação; nem nunca houve tal coisa no séc. XV;

    - os primeiros «navegadores», escudeiros e criados de D. Henrique, eram verdadeiros piratas que nem sempre tinham como objectivo a descoberta de novas terras; interessava-lhes mais os despojos de uma abordagem (a navios mouros ou europeus, tanto fazia) e o tráfico de escravos.

    - LAGOS (e não Sagres) foi o centro das primeiras «descobertas», e foi o primeiro grande mercado de escravos (1444). O outro local de partida (e chegada) da maioria das expedições do séc. XV foi Lisboa.

    - D. Henrique, «o Navegador» (que só esteve embarcado nos assaltos a praças no Norte de África), «o Infante de Sagres» (onde morreu), é um homem um bocado misterioso. Diz Zurara que «virgem o comeu a terra», o que não deixa de ser estranho naquela época...
    Era um dos homens mais ricos do seu tempo, acumulando o mestrado da Ordem de Cristo, ducado de Viseu, senhorio de Lagos, do Alvor, das Berlengas e do Baleal, de Sagres, da Covilhã, de Gouveia, da Madeira, Porto Santo, e Açores; tinha o monopólio da pesca de atum no Algarve, do fabrico e venda de sabão em todo o reino, do comércio com a costa de África; recebia dízimas e rendas diversas; etc.
    E, aparentemente, era um dos que mais lucrava com o tráfico de escravos naquela época...
  6.  # 49

    Colocado por: Jorge RochaNão me diga que a Restauração em 1640 também é treta?

    Claro que sim !
    Falar em «restauração de independência» é pura propaganda dos apoiantes dos Braganças, que conseguiram que o Golpe de Estado fosse um êxito.

    1.º Filipe I não era «espanhol».
    . Foi o MAIOR REI DA HISTÓRIA, e era mais português do que qualquer outra coisa.
    . Filho de um alemão e de uma portuguesa,
    . educado por tutores portugueses,
    . teve como melhores amigos crianças portuguesas (filhos dos nobres do séquito da mãe, nomeadamente o português que Filipe I fez "Príncipe de Éboli", Rui Gomes da Silva - que era tão importante na corte espanhola que lhe chamavam "REY Gomes da Silva").
    . teve como primeira língua o português («a minha língua é a minha pátria», dizia o poeta!)
    . e entre os seus 5 principais conselheiros, 2 foram portugueses (o dito Gomes da Silva e Cristovão de Moura).

    Eu diria que, ao contrário da propaganda Bragancista e do Estado Novo, os Espanhóis é que tiveram em Filipe I (o Filipe II deles) um rei PORTUGUÊS.

    2.º Portugal NUNCA perdeu a independência.
    O facto de o nosso rei ser também rei de Espanha, dos Países-Baixos, da Sicília, de INGLATERRA (ah, pois!! Alguém diz que a Inglaterra foi «espanhola» pelo facto ter tido como Rei o nosso Filipe I ?!?), não quer dizer que Portugal se tenha tornado uma «província» espanhola!
    Portugal SEMPRE manteve o seu Governo, as suas Cortes, as suas Leis e Costumes.
    Os Governadores e Vice-Reis do Brasil, Índia, Madeira, Açores, etc. etc, continuaram a ser exclusivamente portugueses.
    Etc. etc.

    3.º Se não tivesse havido um golpe de Estado em 1640, se calhar, actualmente a América do Sul falaria toda em Português! Os nossos comerciantes já estavam a tomar conta do comércio da Venezuela, etc.

    Quer que eu continue?
  7.  # 50

    Boas

    Luís:
    Agradeço os seus esclarecimentos, mas acho que têm algumas incorrecções:

    Só mais uma coisa. Os mouros não entraram SÓ no Sul de Portugal. A cidade do PORTO chegou a ser uma importante base militar moura, de onde eram lançados ataques aos santuários cristãos na Galiza. Aliás, basta olhar para os nomes das actuais freguesias na região do Porto! :-)


    Não me parece que tenha sido bem assim. O próprio Al-Mansur, ao sair de Córdova em 997 para se dirigir a Santiago - que saqueou só tendo poupado o túmulo do apóstolo - teve de abrir caminho à força de armas, atravessou o Douro (parece que em Gondomar, na actual freguesia de Melres) e teve de tomar à força o castelo de Aguiar de Sousa, guarda avançada da defesa do Porto. Só à força abriu caminho, o que quer dizer que esta região não estava sob o domínio muçulmano.
    (O próprio nome "Aguiar de Sousa" dá uma indicação de quem eram então os senhores daquilo que ainda hoje conhecemos por Vale do Sousa)

    Em região à população "nativa" e aos motivos da sua conversão ao Islão, deixo um texto de Cláudio Torres:

    A história da Península Ibérica tem sido marcada tradicionalmente pela invasão das tropas de Tarik em 711 e pela mítica Batalha de Guadalete, quando as hostes da cristandade, vencidas pelos sarracenos, teriam sido obrigadas a refugiar-se nas montanhas do norte. Hoje porém, na explicação de uma tão genial estratégia e de um tão rápido e eficaz proselitismo religioso que, em meia dúzia de anos, se impôs a quase toda a Península Ibérica, as investigações arqueológicas e, de um modo geral, a historiografia mais recente, tendem a desvalorizar os factos militares. Em vez de uma maciça instalação de muitos desmobilizados como colonizadores-povoadores, opta-se claramente por um fenómeno de aproximação e síntese cultural liderado por embarcadiços, artesãos e mercadores que aproveitaram a abertura das grandes rotas marítimas para fundar ou revitalizar um outro espírito de cidade.
    ...
    Esta linha de continuidade civilizacional será apenas interrompida pela "Reconquista", quando são introduzidos nas terras do sul os primeiros corpos estranhos de uma nova formação social que, de um modo geral, catalogamos como feudalismo.
    A islamização da Península Ibérica, ao contrário de uma imposição militar, resultou sobretudo de uma gradual conversão das populações citadinas, mais abertas à troca de mercadorias e de ideias.


    "Apogeu da civilização Islâmica no ocidente ibérico
    Memória de Portugal - o milénio português"
    Cláudio Torres e Santiago Macias

    Outra questão:

    Falar em «restauração de independência» é pura propaganda dos apoiantes dos Braganças, que conseguiram que o Golpe de Estado fosse um êxito.


    Até percebo a suas afirmações sobre Filipe I e sobre o facto de Portugal ter mantido a sua independência. Porém foram 3 os Filipes, e não me parece que sobre Filipe III possamos dizer a mesma coisa. Durante o seu reinado se Portugal manteve a independência esta era apenas formal, na realidade tudo era decidido em Espanha (chamemos-lhe assim) e pelos espanhóis. Aliás, e se não estou enganado, o "governo" em Portugal estaria nas mão da Duquesa de Mântua, nomeada pelos espanhóis. Acho que não se pode dizer que Portugal fosse realmente independente.

    cumps
    José Cardoso
  8.  # 51

    Colocado por: Luis K. W.
    Claro que sim !
    Falar em «restauração de independência» é pura propaganda dos apoiantes dos Braganças, que conseguiram que o Golpe de Estado fosse um êxito.

    1.º Filipe I não era «espanhol».
    . Foi o MAIOR REI DA HISTÓRIA, e era mais português do que qualquer outra coisa.
    . Filho de um alemão e de uma portuguesa,
    . educado por tutores portugueses,
    . teve como melhores amigos crianças portuguesas (filhos dos nobres do séquito da mãe, nomeadamente o português que Filipe I fez "Príncipe de Éboli", Rui Gomes da Silva - que era tão importante na corte espanhola que lhe chamavam "REY Gomes da Silva").
    . teve como primeira língua o português («a minha língua é a minha pátria», dizia o poeta!)
    . e entre os seus 5 principais conselheiros, 2 foram portugueses (o dito Gomes da Silva e Cristovão de Moura).

    Eu diria que, ao contrário da propaganda Bragancista e do Estado Novo, os Espanhóis é que tiveram em Filipe I (o Filipe II deles) um rei PORTUGUÊS.

    2.º Portugal NUNCA perdeu a independência.
    O facto de o nosso rei ser também rei de Espanha, dos Países-Baixos, da Sicília, de INGLATERRA (ah, pois!! Alguém diz que a Inglaterra foi «espanhola» pelo facto ter tido como Rei o nosso Filipe I ?!?), não quer dizer que Portugal se tenha tornado uma «província» espanhola!
    Portugal SEMPRE manteve o seu Governo, as suas Cortes, as suas Leis e Costumes.
    Os Governadores e Vice-Reis do Brasil, Índia, Madeira, Açores, etc. etc, continuaram a ser exclusivamente portugueses.
    Etc. etc.

    3.º Se não tivesse havido um golpe de Estado em 1640, se calhar, actualmente a América do Sul falaria toda em Português! Os nossos comerciantes já estavam a tomar conta do comércio da Venezuela, etc.

    Quer que eu continue?


    Tem então mais que lógica o que Saramago opinava?Que ganharíamos muito mais se fossemos apenas um país?(Espanha/Portugal?)
    pelo que me colocam à frente...penso então a mesma coisa.
    Mas afinal será que actualmente estas informações a níveis escolares não chegam às crianças?Será que ainda existe a tal lavagem?E que o estado pretenda ocultar essa dita realidade,ou será apenas uma falta de jeito ou competência do sistema de ensino nesta matéria?
  9.  # 52

    Colocado por: j cardosoBoas

    Luís:
    Agradeço os seus esclarecimentos, mas acho que têm algumas incorrecções:



    Não me parece que tenha sido bem assim. O próprio Al-Mansur, ao sair de Córdova em 997 para se dirigir a Santiago - que saqueou só tendo poupado o túmulo do apóstolo - teve de abrir caminho à força de armas, atravessou o Douro (parece que em Gondomar, na actual freguesia de Melres) e teve de tomar à força o castelo de Aguiar de Sousa, guarda avançada da defesa do Porto. Só à força abriu caminho, o que quer dizer que esta região não estava sob o domínio muçulmano.
    (O próprio nome "Aguiar deSousa" dá uma indicação de quem eram então os senhores daquilo que ainda hoje conhecemos por Vale do Sousa)

    Em região à população "nativa" e aos motivos da sua conversão ao Islão, deixo um texto de Cláudio Torres:

    A história da Península Ibérica tem sido marcada tradicionalmente pela invasão das tropas de Tarik em 711 e pela mítica Batalha de Guadalete, quando as hostes da cristandade, vencidas pelos sarracenos, teriam sido obrigadas a refugiar-se nas montanhas do norte. Hoje porém, na explicação de uma tão genial estratégia e de um tão rápido e eficaz proselitismo religioso que, em meia dúzia de anos, se impôs a quase toda a Península Ibérica, as investigações arqueológicas e, de um modo geral, a historiografia mais recente,tendem a desvalorizar os factos militares. Em vez de uma maciça instalação de muitos desmobilizados como colonizadores-povoadores, opta-se claramente por um fenómeno de aproximação e síntese culturalliderado por embarcadiços, artesãos e mercadores que aproveitaram a abertura das grandes rotas marítimas para fundar ou revitalizar um outro espírito de cidade.
    ...
    Esta linha de continuidade civilizacional será apenas interrompida pela "Reconquista", quando são introduzidos nas terras do sul os primeiros corpos estranhos de uma nova formação social que, de um modo geral, catalogamos como feudalismo.
    A islamização da Península Ibérica, ao contrário de uma imposição militar, resultou sobretudo de uma gradual conversão das populações citadinas, mais abertas à troca de mercadorias e de ideias.


    "Apogeu da civilização Islâmica no ocidente ibérico
    Memória de Portugal - o milénio português"
    Cláudio Torres e Santiago Macias

    Outra questão:



    Até percebo a suas afirmações sobre Filipe I e sobre o facto de Portugal ter mantido a sua independência. Porém foram 3 os Filipes, e não me parece que sobre Filipe III possamos dizer a mesma coisa. Durante o seu reinado se Portugal manteve a independência esta era apenas formal, na realidade tudo era decidido em Espanha (chamemos-lhe assim) e pelos espanhóis. Aliás, e se não estou enganado, o "governo" em Portugal estaria nas mão da Duquesa de Mântua, nomeada pelos espanhóis. Acho que não se pode dizer que Portugal fosse realmente independente.

    cumps
    José Cardoso


    J.Cardoso...
    Nessa forma de entendermos as coisas;será que estamos a perder a independência em detrimento de directivas europeias?
    Pois quase nada é decidido em Portugal...basta observar as oscilações de taxas de juro por exemplo,o Trichet é que manda não?
  10.  # 53

    Boas

    J.Cardoso...
    Nessa forma de entendermos as coisas;será que estamos a perder a independência em detrimento de directivas europeias?
    Pois quase nada é decidido em Portugal...basta observar as oscilações de taxas de juro por exemplo,o Trichet é que manda não?


    Será que estamos? Na minha humilde opinião, sim e já há muito tempo. Só que há uma grande diferença: se no tempo dos Filipes - vá lá, do Filipe III - isso aconteceu de um forma dissimulada, ao arrepio dos tratados assinados, desta vez tudo é feito dentro da legalidade, pelo menos formalmente. O nosso governo, eleito democraticamente, teria, segundo alguns, legitimidade democrática para o fazer. Digo segundo alguns porque sou de opinião que decisões sobre tão definitivas e radicais mudanças não deviam ser tomadas sem a participação dos cidadãos. Disseram os políticos da altura, justificando a não realização de um referendo, que se tratava de matéria complicada, de difícil compreensão para cidadão comum (estou a referir-me ao Tratado de Maastricht). Não gostei, mas o que acima de tudo me impressionou foi a passividade com que os portugueses aceitaram tal atestado de menoridade. Se calhar temos o que merecemos.

    PS - Por pura curiosidade: a qual dos Jorge Rocha estou a dirigir-me? É que tenho a firme impressão que duas pessoas diferentes usam esse nick.

    cumps
    José Cardoso
  11.  # 54

    Colocado por: j cardosoBoas



    Será que estamos? Na minha humilde opinião, sim e já há muito tempo. Só que há uma grande diferença: se no tempo dos Filipes - vá lá, do Filipe III - isso aconteceu de um forma dissimulada, ao arrepio dos tratados assinados, desta vez tudo é feito dentro da legalidade, pelo menos formalmente. O nosso governo, eleito democraticamente, teria, segundo alguns, legitimidade democrática para o fazer. Digo segundo alguns porque sou de opinião que decisões sobre tão definitivas e radicais mudanças não deviam ser tomadas sem a participação dos cidadãos. Disseram os políticos da altura, justificando a não realização de um referendo, que se tratava de matéria complicada, de difícil compreensão para cidadão comum (estou a referir-me ao Tratado de Maastricht). Não gostei, mas o que acima de tudo me impressionou foi a passividade com que os portugueses aceitaram tal atestado de menoridade. Se calhar temos o que merecemos.

    PS - Por pura curiosidade: a qual dos Jorge Rocha estou a dirigir-me? É que tenho a firme impressão que duas pessoas diferentes usam esse nick.

    cumps
    José Cardoso


    Essa foi boa.'teja descançado que sou o mesminho da silva.
    Mudando o assunto...
    A passividade dos portugueses é devido à falta de conhecimento,e muita falta de meios fidedignos que nos chegam para nos informar sobre essas matérias devidamente,(estou de acordo com o que disse sobre masstricht)mas também sabemos que o nosso povo é sereno,e não quer guerra...às vezes penso que deveria dar algum molho,porque isto está muito para e com tendência de marcha atrás a toque de aguilão.
    E assim pouco evoluimos...

    Cumps
    Rocha
    • macal
    • 16 agosto 2010 editado

     # 55

    Colocado por: Jorge RochaAssim concluo que houve em Sagres onde tipos com estatuto estudaram com afinco essas matérias de náutica,e trocaram conhecimento,que adveio mais tecnologia para a navegação...ou não?

    As embarcações largavam de Lisboa e também de Lagos, não deve ser por acaso que nesta cidade existe ainda o edifício do mercado de escravos.
  12.  # 56

    Colocado por: Luis K. W.- LAGOS (e não Sagres) foi o centro das primeiras «descobertas», e foi o primeiro grande mercado de escravos (1444). O outro local de partida (e chegada) da maioria das expedições do séc. XV foi Lisboa

    Eu devia ter lido tudo antes de escrever o post anterior.
  13.  # 57

    Colocado por: Luis K. W.Colocado por: Jorge RochaNão me diga que a Restauração em 1640 também é treta?

    Nunca houve restauração da independência pelo simples facto de nunca a termos perdido, o reino de Portugal manteve-se sempre separado do de Castela. Mas que se conserve o feriado!
  14.  # 58

    luís...

    Não se esqueça daquela questão que coloquei sobre Saramago.(sou todo ouvidos)
  15.  # 59

    Colocado por: j cardosoNão me parece que tenha sido bem assim. O próprio Al-Mansur, ao sair de Córdova em 997 para se dirigir a Santiago - que saqueou só tendo poupado o túmulo do apóstolo - teve de abrir caminho à força de armas, atravessou o Douro (parece que em Gondomar, na actual freguesia de Melres) e teve de tomar à força o castelo de Aguiar de Sousa, guarda avançada da defesa do Porto. Só à força abriu caminho, o que quer dizer que esta região não estava sob o domínio muçulmano.
    (O próprio nome "Aguiar de Sousa " dá uma indicação de quem eram então os senhores daquilo que ainda hoje conhecemos por Vale do Sousa)

    Olhe que Gondomar e o Porto (Miragaia) têm uma larga tradição oral sobre a ocupação pelos mouros, com reis mouros que raptavam princesas cristãs (que se apaixonavam por eles), e de reis cristãos que raptavam princesas mouras, etc. e tal. :-)

    Já ouviu falar em cartas de jusgo? Aqui vai uma:
    "Abdelassis Abhrem Mahomet, por illah illalah senhor da cidade do Porto , e da gente da Nazareth, pela qual ordeno que os Presbíteros e Cristâos do Mosteiro de Cedofeita que moram junto à dita cidade do Porto, e seu mosteiro possuam os seus bens em paz e quietação sem opressão, vexame, ou força dos Sarracenos; com a condição que não digam Missas senão com as portas fechadas e não toquem as suas campainhas; e paguem pelo consentimento 50 besantes de boa prata anualmente e possam sair e vir à cidade com liberdade e quando quiserem, e não vão fora das terras do meu mando sem meu consentimento e vontade; assim o mando; e faço esta carta de salvo conduto, e a dou ao dito Mosteiro para que a possua para seu sossego...".

    Quanto ao apelido "SOUSA" é um toponímico. Por isso é que o nome devia ser sempre escrito com "DE" (de Sousa).
    Não foi a família «Sousa» que deu o nome ao vale, nem às inúmeras freguesias, nem ao Rio. Foi o contrário.

    Quanto ao texto de Cláudio Torres e Santiago Macias, apesar de dizerem algumas coisas acertadas, erram nas conclusões. Ao contrário do que esses dois defendem, foi nas cidades - onde havia capacidade monetária para pagar os tributos exigidos - que se manteve o culto cristão.
    Aliás, como sabe, "pagão" nas línguas latinas, tem origem em paisano (camponês, homem do campo).

    Até percebo a suas afirmações sobre Filipe I e sobre o facto de Portugal ter mantido a sua independência. Porém foram 3 os Filipes, e não me parece que sobre Filipe III possamos dizer a mesma coisa. Durante o seu reinado se Portugal manteve a independência esta era apenas formal, na realidade tudo era decidido em Espanha (chamemos-lhe assim) e pelos espanhóis. Aliás, e se não estou enganado, o "governo" em Portugal estaria nas mão da Duquesa de Mântua, nomeada pelos espanhóis. Acho que não se pode dizer que Portugal fosse realmente independente.
    A Duquesa de Mântua era uma espécie de "Rainha de Inglaterra". Quem efectivamente governava era o Secretário de Estado, Miguel de Vasconcelos. E sim, isto era contra o estabelecido nas cortes de Tomar - as tais que aclamaram Filipe I rei de Portugal. Mas faço notar que durante o reinado de Filipe III, antes da Duquesa de Mântua, houve 3 Juntas Governativas (de 1621 a 1631) seguidas de 3 Vice-Reis, TODOS PORTUGUESES.

    Além disso, aquilo que se conta, no que concerne ao desprezo a que o rei «espanhol» votava a defesa das colónias portuguesas, não é *totalmente* verdade. (Lembre-se que ele era Rei de Portugal, pelo que as colónias portuguesas também eram «dele»).
    O Nordeste do Brasil tinha sido ocupado pelos Holandeses em 1624.
    Logo em 1625, Filipe III de Portugal (IV de Espanha) enviou, uma armada com 52 navios, sob o comando do marquês D. Fadrique de Toledo Osório e de D. Manuel de Meneses, a maior até então enviada aos mares do Sul. Ficou famosa como "a Jornada dos Vassalos", com quase 14.000 homens. Essa expedição derrotou e expulsou os invasores holandeses a 1 de maio desse mesmo ano.
    Anos mais tarde o Nordeste tornou a ser invadido, e desta vez os holandeses reforçaram os efectivos militares após a conquista.
    Em 1638 (apenas 2 anos antes da «Restauração») Filipe III enviou uma nova armada que partiu de Lisboa e se juntou a outra em Cabo Verde, com um total de 46 navios, dos quais 26 galeões, maioritariamente espanhóis, desta vez comandada pelo português conde da Torre, D Fernando Mascarenhas («avô» do actual Marquês de Fronteira). Apesar de alguns insucessos (tempestades, ventos adversos, etc.), essa armada manteve-se no Brasil durante 2 anos (até à Restauração) e foi precioso auxílio no combate pelo domínio dos mares.

    Portanto, como vê, o esforço na defesa desta colónia da Coroa portuguesa não foi propriamente «pequeno» e de forma nenhuma «nulo».
  16.  # 60

    Colocado por: Jorge RochaTem então mais que lógica o que Saramago opinava?Que ganharíamos muito mais se fossemos apenas um país?(Espanha/Portugal?

    Portugal é um País muito mais antigo que a Espanha. A Língua (galaico-)Portuguesa é muito mais antiga que a castelhana, dita «espanhola».

    Que eu me lembre, e sem contar com umas escaramuças sem qualquer relevância, Portugal não perde uma batalha com Espanha desde o reinado de D Fernando (lá para 1383).
    E enquanto eles NUNCA conquistaram Lisboa, NÓS CONQUISTÁMOS MADRID (Marquês de Minas, em 1706).

    Portanto, se a Espanha quiser ser uma «província autónoma» de Portugal, é uma questão a considerar. Mas não vejo o que ganharíamos com isso.
    Não acho que tenhamos costumes idênticos, nem gastronomias semelhantes, (ODEIO comida espanhola, nem suporto sevilhanas - ver hipopótamas a tocar castanholas com gajos aos gritos e outros a darem às ancas e a baterem com os calcanhares... Arrrgh!), e as nossas línguas não são minimamente parecidas - a não ser quando os portugueses estão completamente bêbados, por supuesto! Hips!

    Mas afinal será que actualmente estas informações a níveis escolares não chegam às crianças?
    Num livro de História do meu filho, que mais parecia uma página da internet, cheia de cores, um conjunto de retalhos de copy+paste, quando se abria a página do período filipino dizia do lado esquerdo que «o período filipino foi um período negro da nossa história», e no lado direito «o período filipino foi um período de paz e prosperidade para Portugal».
    Apesar dos Holandeses (e de todos os seus aliados nórdicos: alemães, dinamarqueses, suecos, etc.), dos %$#@ dos ingleses e dos franceses, a verdade é que aqueles 60 anos foram anos de PAZ e prosperidade em Portugal.

    Só assim se explica que a Guerra da «Restauração» tenha essencialmente sido uma série de invasões de Espanha pelos exércitos portugueses, em que nós lhes íamos dar cacetada e regressávamos a casa. E isto era um «país debilitado» (Portugal) contra a maior potência militar da época (Espanha)! :-)
 
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