Gestor lança iniciativa particular destinada a sensibilizar população
Campanha antimarquises arranca em Setembro
in Público
As marquises nas fachadas dos prédios são um dos alvos de uma campanha que arranca no mês que vem para sensibilizar a população para os aspectos estéticos do fenómeno. As caixas de ar condicionado e os estendais também vão estar na berlinda nesta iniciativa, que, apesar de ter o apoio do Ministério do Ambiente, partiu de um gestor privado.
Aos 56 anos, Luís Mesquita Dias, que é presidente do conselho de administração da Unilever-Jerónimo Martins, decidiu que era altura de chamar a atenção dos portugueses para um fenómeno que diz nunca ter visto em parte nenhuma da Europa desenvolvida senão aqui - apesar de ter morado vários anos em Barcelona e Bruxelas e também em Banguecoque: "Choca-me ver o meu país degradar-se. Estamos a hipotecar a nossa paisagem urbana". Depois de, há 12 anos, ter tentado - sem sucesso - sensibilizar todas as câmaras municipais e várias outras entidades para a necessidade de pôr cobro àquilo que designa por "desordem urbanística", resolveu agir.
Um spot televisivo, outro radiofónico e cartazes nas ruas de Lisboa são as armas de que se muniu para desafiar a "impunidade com que se intervém nas fachadas dos prédios" e "a falta de controlo das entidades" responsáveis pela fiscalização.
Com apenas 30 segundos, o spot televisivo mostra algumas marquises dos milhares delas que têm sido fechadas clandestinamente, aparelhos de ar condicionado colocados de forma indiscriminada e estendais "com cuecas que teimam em pingar", como diz a voz off do vídeo. "A cidade que temos é a cidade que fazemos", lê-se no final.
Casado e com dois filhos, Luís Mesquita Dias está ciente das reacções negativas que esta campanha - à qual se associaram parceiros não só institucionais como também privados, que pagaram os custos das suas diferentes vertentes - vai desencadear. As famílias com muitos filhos vão dizer que não têm outra alternativa senão pôr uma das crianças a dormir na marquise, antevê. "Mas não há famílias nos países onde o fenómeno nunca atingiu proporções semelhantes às portuguesas?", questiona.
Realista, o gestor sabe que é impossível arrancar as centenas de milhares de marquises clandestinas espalhadas pelo país. Por isso, apresenta uma solução: a colocação de estores brancos nestas excrecências acrescentadas às varandas. Todos iguais, de forma a uniformizar as fachadas.
O bastonário dos arquitectos, João Rodeia, ignorava a campanha que aí vem. Mas congratula-se por um particular ter resolvido chamar a atenção para o problema. "Não conheço outro país europeu em que isto aconteça", confirma. "Em Espanha as varandas têm toldos e as pessoas usufruem delas sempre que o bom tempo o permite". Então o que se passa em Portugal? "É uma questão de educação cívica", responde o bastonário. "E cada varanda tem um sistema de fecho diferente, o que desfigura ainda mais os edifícios". "Compreendo a necessidade de espaço das pessoas, mas todos têm o direito a que as cidades não fiquem desfiguradas", acrescenta, referindo os anos e anos de permissividade das autoridades. "O que é mais angustiante é que a maioria das pessoas habituou-se a estes fenómenos e não os acha estranhos". Embora arranque em Lisboa, a campanha deverá estender-se ao Porto e eventualmente a outras cidades.
Colocado por: Nephilim... agora estender a roupa dentro de casa é que nem pensarE nunca recebeu uma carta de nenhum libidinoso vizinho anónimo, apaixonado pela sua roupa interior - que ele se delicia a ver pendurada à sua janela? :-)
Colocado por: Luis K. W.Colocado por: Nephilim... agora estender a roupa dentro de casa é que nem pensarE nunca recebeu uma carta de nenhum libidinoso vizinho anónimo, apaixonado pela sua roupa interior - que ele se delicia a ver pendurada à sua janela? :-)
Colocado por: AugstHillMarquise é como verruga. Na cara da Diana Chaves é crime, na da Lady Betty, não é por causa disso que vai ficar menos feia.
Colocado por: Fernando Gabriel.... a questão passa mais uma vez por uma questão cultural de sociedade e posse.
Realmente é um bocado deprimente o aspecto "aldeia da roupa branca" que inevitavelmente há um pouco por todo o lado, inclusive em zona urbanas recentes e de referência. (...os arquitectos só veem as casas no papel...)
Colocado por: AugstHill
Realmente é um bocado deprimente o aspecto "aldeia da roupa branca" que inevitavelmente há um pouco por todo o lado, inclusive em zona urbanas recentes e de referência. (...os arquitectos só veem as casas no papel...)
Olhe que não, olhe que não...
Colocado por: JCCColocado por: Fernando Gabriel.... a questão passa mais uma vez por uma questão cultural de sociedade e posse.
A mim aflige-me mais a questão dos estendais “à vista”.
E já agora as antenas parabólicas....
É mesmo um aquestão cultural, a começar pelos arquitectos e promotores imobiliários.....
Quantos às marquises...sempre são mais uns m2.. à mão de semear... dá mesmos jeito....Se os arquitectos não querem marquises, não desenhem as varandas...
Quantas casas têm de raiz:
- zona específica para estendal ? Se têm, suficiente? Deve ser o lobby da máquina de secar...
- zona técnica para colocar sistema de climatização?
Realmente é um bocado deprimente o aspecto "aldeia da roupa branca" que inevitavelmente há um pouco por todo o lado, inclusive em zona urbanas recentes e de referência. (...os arquitectos só veem as casas no papel...)