Vamos lá colocar as coisas em perspetiva. Estamos em Portugal e, se a minha memória não me falha, estamos em 2012. Ou seja, estamos num país falido; sem a troika, não haveria dinheiro para pagar salários aos médicos e ao restante funcionalismo. E, já agora, estamos num país onde toda a gente está a perder dinheiro devido ao aperto de cinto provocado pelo excesso de dívida estatal e privada, e onde milhares e milhares estão no desemprego. É neste lugar que uma classe privilegiada vai fazer greve. Humor do bom, sem dúvida.
Vamos lá colocar as coisas em perspetiva. Um médico, seja ele qual for, tenha ele a idade que tiver, é alguém que está numa posição privilegiada. No tal Portugal lunar de 2012, esta classe profissional navega no pleno emprego. Ao sair da faculdade, um jovem médico tem sempre colocação e, se não me engano, os médicos já entradotes mantêm promoções na carreira (na restante função pública, as promoções estão congeladas). Em anexo, convém registar que o ministério, marcado à Mozer pela troika, já garantiu o preenchimento de 1000 vagas até ao final do ano (outra prática proibitiva nos restantes braços do Estado). Ora, mesmo com todos estes benefícios garantidos num cenário de emergência nacional, a Ordem dos Médicos convocou uma greve. O Bruno Nogueira que se cuide.
Vamos lá colocar as coisas em perspetiva. Qual é a razão apresentada pela Ordem? Pelo que percebo, o ministro resolveu baralhar as contas das horas extraordinárias. O número geral de horas está a ser diminuído e, acima de tudo, há uma diminuição do valor a pagar por cada hora: há dois anos, o Estado pagava 80 euros por hora, e agora paga entre 25 e 30 euros. Eis, portanto, a razão da greve. Receber 30 euros por cada hora extraordinária é, sem dúvida, uma exploração feudal, mas eu só queria fazer uma pergunta: como é que o Estado português, que não é rico, podia pagar 80 euros por hora? Assim já percebo como é que aquele médico do Algarve conseguiu receber 750 mil euros num só ano: deve ter trabalhado 50 horas por dia a 80 euros à hora. Está tudo muito bem, sim senhor. Está tudo tão espectacular que eu até recomendo uma coisa à Ordem dos Médicos: dêem os direitos de autor da greve aos Gatos Fedorentos ou ao Bruno Nogueira.
Na categoria mais baixa, os médicos recebem 13 euros na primeira hora e 22 nas restantes horas. Em 2012, passam a receber 11 euros na primeira e 12 nas restantes
Segundo Paulo Simões (do SIM), «um assistente graduado e com 20 anos de carreira ganha 2.200 euros ilíquidos»
Colocado por: oxelfeR (RIP)O Henrique Raposo é daqueles que não gosto mesmo de ler...
Colocado por: danobregaUm dos sites dos sindicatos tem a tabela salarial.
Colocado por: JacintaEstou muito mais habituada aos serviços médicos aqui aonde vivo, mas comparemos os preços aplicados em Bruxelas e os aplicados em Portugal:
- um médico de família (clínica geral) em Bruxelas recebe em média, actualmente, 25 ou 28 euros por consulta num consultório, um pouco mais se tiver que se deslocar a casa
- um médico numa clínica da margem sul cobrou o ano passado 45 euros por uma consulta no gabinete médico. Se se tiver que deslocar a casa, imagino que cobrará muito mais.
Talvez que esses preços não são sejam aplicados a toda a gente, não entendo bem ...
Ambos estudaram o mesmo número de anos e, conhecendo os dois, são ambos óptimos médicos.
Os ordenados mínimo e médio na Bélgica são um pouco superiores aos aplicados em Portugal.
Porque razão as consultas são mais caras em Portugal?
Colocado por: Luis K. W.Por que RAIO é que os FP falam sempre em ordenados líquidos?!?
2200 euros é o quê bruto?
Quantos meses por ano?
Com quantas horas de trabalho por semana?
E com direito a quantas passeatas por ano para irem de fér... a "congressos"?
Qual o vencimento médio de um medico no publico (Bruto, e incluindo todos os extras)?
Mas a pasta da saúde não pode ser desempenhada por qualquer um, é uma pasta sensível, humana, e onde não se podem ver apenas números.
Demagógico, populista e não raras vezes escreve muitas inverdades (para não dizer pior).