Em causa estiveram várias análises comparadas envolvendo seis países (Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Chipre): a evolução do risco de pobreza e de exclusão social, a evolução do número de pessoas a viverem em condições de grave privação material e a evolução da desigualdade social. Todos os gráficos apontaram para uma mesma conclusão: enquanto na generalidade dos outros países todos os indicadores sociais se degradaram muito depressa e de forma muito acentuada, isso não estava a acontecer em Portugal pelo menos até 2012, o último ano com dados estatísticos publicados. Daí a perplexidade de Pedro Magalhães: “O que explica que Portugal tenha, pelo menos à luz destes indicadores, escapado ao mesmo grau de aumento da pobreza e da privação material que se verificou nos restantes países, ou que as consequências em termos de desigualdade de rendimentos tenham sido mais graves em Espanha, Grécia ou até Itália?” Será que “as nossas políticas de austeridade foram mais ‘targeted’ de forma não afectar tanto os segmentos mais desfavorecidos, em comparação com os outros países da ‘austeridade’?”
Este texto suscitou um interessante debate na blogosfera, com outros autores a sugerirem deficiências nos indicadores utilizados – deficiências que de facto existem, mas não explicam tudo – ou a adiantarem algumas explicações possíveis. Infelizmente não dei por o debate ter chegado à comunicação social tradicional, o que é pena, pois estou certo que muitos ficariam tão surpreendidos com aqueles dados como ficou Pedro Magalhães.
Julgo que uma parte da surpresa tem origem na forma enviesada e pouco objectiva, mas muito melodramática, como temos noticiado e comentado a nossa crise e a nossa austeridade. Na verdade o que aqueles dados parecem indicar – e sublinho o parecem por uma questão de rigor e honestidade intelectual, pois faltam elementos para 2013, o nosso ano mais difícil – é que os “cortes” afectaram em Portugal sobretudo as classes de rendimentos médios ou mais elevados, o que fez diminuir o rendimento disponível mas não afectou de forma dramática os rendimentos mais baixos. De resto basta lembrarmo-nos que os cortes salariais e os cortes nas pensões foram progressivos e que, no caso dos reformados, mais de quatro em cada cinco, os mais pobres, não viram sequer o seu rendimento afectado, para suspeitarmos que esses dados reflectem afinal escolhas de políticas públicas.
Mesmo assim, como há outros factores que influenciam, e muito, a evolução de indicadores sociais como os referidos por Pedro Magalhães, o principal dos quais será o desemprego, é cedo para podermos responder às questões que coloca, em especial a de saber se a nossa austeridade foi ou não melhor calibrada do que a de outros países da Europa do Sul. Mesmo assim fica a evidência contra-intuitiva de que as coisas não terão corrido tão mal como se tem proclamado. Ou como esperaria quem apenas ouvisse as queixas de quem sofreu os cortes e nos quis fazer crer, porventura até com a melhor das intenções, de que a sua razão de queixa não era em causa própria mas em nome de quem está no fundo da escala social.
Nada disto transforma num mar de rosas a situação que vivemos, apenas ajuda a ser-se mais objectivo e rigoroso.
Colocado por: J.FernandesNos quarenta anos em que se andou a viver a crédito e a acumular uma dívida pública colossal, onde andava o TC e aqueles que agora tanto clamam pela sua intervenção?
Para ter uma constituição que garante tudo a todos é preciso que aja quem pague.
Como diria o Medina Carreira, num país falido como o nosso, a realidade não se compadece com constituições, tribunais constitucionais e direitos garantidos.
Colocado por: jpvngEntretanto baixam o IRC.
Colocado por: eu
O que é de facto uma contradição...
Colocado por: J.FernandesBaixar o IRC não é contradição nenhuma. A medida peca é por não baixar igualmente o IRS e o IVA e em percentagens bem maiores.
Colocado por: jpvng..pormenores..que claro não revelam nenhuma contradição.
Colocado por: J.FernandesApesar de tudo sempre é melhor baixar apenas o IRC que não baixar nenhum dos impostos.
Colocado por: bekoEm primeiro lugar à q esclarecer q a SS nao pertence ao estado,mas sim ao regime contributivo. Os maiores credores do estado sao os pensionistas actuais e futuros. A actual divida da SS vem do regime contributivo ter vindo a pagar à 39 anos o nao contributivo. Tal obrigaçao constitucional do reg. Nao contributivo(rsi/pensoes sociais/rurais/subvençoes,ect)pertence ao estado e nao à SS,mas poem tudo no mesmo saco.Perguntem-se porque razao nao ha 1 unico processo em tribunal contra o estado pela SS?Porque convem ao estado,poupa uns milhoes,mas depois usa o dinheiro do reg contribut para controlar o defice,isto é deve-nos e ainda tira.Lembem-se q a SS é a uniao d todas as caixas d providencia privadas a nivel nacional,e com essa uniao o estado viu em maos uma enorme quantidade d dinheiro,e por sucessivos decretos foi alargando a quem nunca descontou.As caixas providenc eram para pagar para quem descontou/ou familia em caso de morte.O sistema antigamente havia 3representantes,so 1 era do governo.Hoje em dia o ministro nomeado pelo governo tem controlo total de algo q nao lhe pertence.Por isso é sim muito + q um roubo é 1 confisco.Concordam com este comentário:hugo miguel
Colocado por: danobregaBaixar o IRC nesta altura é completamente idiota. Não é isso que vai atrair investimento, há problemas bem mais sérios a resolver. Vai obrigar a aumentar os impostos noutro lado. Só vai beneficiar os detentores de capital das empresas que conseguem ter lucros que neste momento são poucas. Não ajuda as empresas que estão em dificuldades.
Colocado por: danobregaSe quisessem fazer alguma coisa ao IRC mais valia obrigar a que uma parte fosse distribuída pelos trabalhadores e quem sabe aumentar o IRC. No caso de empresas com capitais estrangeiros sempre se conseguia que algum lucro passasse a ficar cá e a provavelmente circular pela "economia real". No entanto já há muitas empresas que já fazem isto, partilhar os lucros com os trabalhadores. Não sei se uma medida destas teria algum efeito prático.
Como diria o Medina Carreira, num país falido como o nosso, a realidade não se compadece com constituições, tribunais constitucionais e direitos garantidos.
Como por exemplo?
Colocado por: maria rodriguesNum país falido como o nosso, digo eu, a realidade é muito mais complacente com as chorudas reformas de Medina Carreira e dos seus correligionários, principescamente pagos.
E ainda com os fazedores de opinião, ao estilo Medina Carreira e outros, opinando muito ao jeito dos poderes instalados e, com certeza(??), faustosamente pagos, porque não há almoços grátis!
Voltando aos dados e conclusões a tirar do link,
http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-mundo-nao-esta-a-assim-tao-mal-e-portugal-tambem-nao-1618232
No seguimento:
http://apodrecetuga.blogspot.pt/2014/01/pensoes-e-os-golpes-dos-ladroes-estado.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+NoVotemPensem+(Não+votem,+pensem.)
Colocado por: J.FernandesOs investidores são unanimes em algumas questões que, segundo eles, são determinantes na decisão de investir ou não no nosso país: taxas de impostos e descontos para a S.S. demasiado elevadas
Colocado por: J.FernandesObrigar a distribuir o IRC pelos trabalhadores?! Esta sim uma verdadeira idiotice. É fácil de imaginar que o contraponto duma medida destas, que na prática aumenta os custos salariais, é menos contratações/mais desemprego e pressão em baixa sobre os salários de novos contratos.
no caso particular do Medina Carreira por mim referido, é público e notório que nos últimos cinco ou seis anos sempre teve uma opinião divergente dos governos, foi aliás das poucas vozes que no devido tempo alertou para a trajectória insustentável das contas públicas.