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  1.  # 321

    Agora só 'tà a dar é isto por estas bandas.
      Plantas-de-Casas-Pequenas-garagem-2-carros.jpg
  2.  # 322

    Boa pergunta, CMartin.

    De onde apareceu este estilo de molde tão contemporâneo?

    Como serão apreciadas estas casas daqui a 100 anos?
    Alguém lhes dará algum valor?

    Ou serão para deitar abaixo e construir outras?

    Terão algum valor arquitetónico, mesmo material?
  3.  # 323

    Olà Luis_guilherme,
    É uma boa pergunta que me faço diversas vezes mas para a qual sei là eu a resposta!
    Parecem casas modulares, quase que podiam vir dentro duma caixa de sapatos de Taiwan, era só desalfandegar e montar! Em série, como nas linhas de montagem.
    É a legolândia das casas em blocos.
    Deu-nos para isto forte e feio agora.
    Podia ser contemporânea sim senhor mas bonita, que as hà, mas é que nem isso..
    Pespegam-nas nos sítios mais descondizentes, no terreno no meio dos rebanhos e rodeado de casas discretas vernaculares. Entendo là eu tal coisa!
    Fica alí espetada qual dedo dorido.

    Em parte não me espantaria que houvesse algum poder ou sinergias do mercado económico por detràs destas construções de lego. São talvez supostamente mais fàceis de construir, menos dispendiosas, requerem menos perícia de mão de obra e materiais menos tradicionais e mais plàsticos, tem as em versão chave na mão e depois juntando isso à crise e mais ao gosto que o nosso povo tem pelo ofuscamento construtivo, talvez esteja aí uma mistura explosiva que dà nisto.

    Mas continuo sem saber de onde vem este molde especifico, como sabe, não o vemos nas cidades dos países nórdicos ou outros europeus..Tenho que investigar qual a origem!! É inquietante.

    Não me parece que os materiais sejam daquela qualidade que permite durarem 100 anos quando as vejo 5 anos depois jà com verdetes e a descolarem. Ninguém se vai interessar por esta arquitectura daqui a bons anos, nem hoje vem escrita nos livros..não é intemporal nem exclusiva, nem original, é massificada. Fàcil de deitar fora sem remorsos, para substituir por outra. Destas não rezarão a História.

    É a Zara das arquitecturas.
    Concordam com este comentário: luis_guilherme
  4.  # 324

    Isso parece-me um insulto à Zara !!
  5.  # 325

    Colocado por: CMartin

    Nem pensar. As suas casas são magníficas!
    :o)
    E mais uns pós de perlimpimpim!

    Quem nos dera uma casa assim magnífica para o PandR.


    Olha eu aqui a ser falado novamente. Agora não só pela minha fiel seguidora (que até deu origem a este fantástico tópico) como também pelo m.arq que apesar dos 2 comentários no meu tópico não consegui enxergar (certamente por défice meu) claramente os mesmos.
  6.  # 326

    O NÚMERO DE OURO NA ARTE, ARQUITETURA E NATUREZA: BELEZA E HARMONIA
    A seqüência de Fibonacci
    Leonardo de Pisa (chamado assim por ser natural da cidade de Pisa, importante centro comercial da época), também conhecido como Leonardo Fibonacci (1175 – 1250), talvez tenha sido um dos mais importantes matemáticos do século XIII. Seu pai, Bonacci, era um grande mercador da cidade, daí seu profundo interesse pelos números.
    Fibonacci obteve sua educação fora de Pisa. Em 1202, quando retornou, publicou a obra Liber Abaci (Livro do Ábaco), que trata da álgebra e da aritmética através de problemas elementares.
    Neste livro, um problema sobre coelhos, ficou conhecido por gerar uma seqüência. A ela deu-se o nome de seqüência de Fibonacci.
    (...)
    Fibonacci considerou um casal de coelhos imaturos que, após um mês, estava apto a reproduzir e dar origem, mensalmente, a um novo casal. Esse novo casal passava pelo mesmo processo, isto é, levava um mês para amadurecer e, após esse período, originava um outro casal. Este processo pode continuar indefinidamente, supondo que não ocorra mortes. Vamos observar o esquema abaixo (..):
    Início  1
    1º mês  1
    2º mês  1 + 1 = 2
    3º mês  1 + 2 = 3
    4º mês  2 + 3 = 5
    5º mês  3 + 5 = 8
    6º mês  5 + 8 = 13
    . .
    . .
    . .
    A seqüência onde a soma dos termos adjacentes equivale ao termo seguinte é chamada de seqüência de Fibonacci. Assim sendo, podemos representar a seqüência da seguinte forma:
    1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, 521...

    Uma outra propriedade torna essa progressão divina, pois o quociente entre o sucessor e o antecessor se aproxima, gradativamente, do número de ouro. Assim, podemos concluir que, com esta seqüência, poderíamos formar um retângulo áureo, figura :
    null
    E figura :
    null

    Na seqüência de Fibonacci, a razão entre 89 e 55 (dois de seus respectivos termos), por exemplo, dará, aproximadamente, 1,618. Quando isto ocorre, dizemos que o retângulo em questão é áureo; caso contrário, dizemos que o mesmo se aproxima da razão de ouro.
  7.  # 327

    Que nível que está a atingir este forum!

    A CMartin anda imparável :-)
    Concordam com este comentário: Flica
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
  8.  # 328

    O NÚMERO DE OURO NA ARTE, ARQUITETURA E NATUREZA: BELEZA E HARMONIA
    APLICAÇÕES DO NÚMERO DE OURO

    A partir de agora, mostraremos o quanto é intrínseca a relação entre arte, arquitetura, natureza e o número de ouro, não esquecendo da formalização dos conceitos já vistos por processos matemáticos.
    Arte
    Com a insistente busca pela beleza e perfeição em suas obras, renomados artistas como Piet Mondrian, Cândido Portinari, Michelangelo, Salvador Dalí, Albrech Dürer, Leonardo da Vinci, entre outros, usaram o número áureo, através do retângulo de ouro, em suas criações artísticas
    para lhes conferir harmonia.
    Poderíamos nos estender a todos os célebres artistas acima citados, mas, com veemência, ressaltaremos o notável artista italiano Leonardo da Vinci (1452 – 1519), um dos mestres do Renascimento, que valia-se de conceitos matemáticos para a confecção de suas telas. Dos seus famosos trabalhos, daremos destaque à Mona Lisa ,figura em baixo, feita em 1505, e ao quadro A Anunciação ,figura mais abaixo.
    null
    A pintura Mona Lisa (La Gioconda), de Leonardo da Vinci, e algumas representações da aplicação de retângulos áureos como parâmetro de harmonia.

    Objetivando sempre a perfeição em seus quadros, da Vinci não poupou harmonia através de retângulos áureos a sua mais famosa criação. Ao observar atentamente o retângulo inserido em torno do rosto de Madona Lisa Gherardini, com dimensões 4,1 cm por 2,533 cm na figura acima, obteremos como razão o número 1,618, sendo, portanto, um retângulo áureo. Ainda no mesmo retângulo, podemos traçar uma linha horizontal na altura do eixo dos olhos da imagem, subdividindo-a em um quadrado e um retângulo áureo. Podemos perceber proporções áureas em outras partes do corpo de Mona Lisa, como da altura do pescoço até o final do busto, e da altura deste, até o umbigo, além das próprias dimensões da tela, que também formam um retângulo de ouro.

    null
    Pintura A Anunciação, de Leonardo da Vinci.

    Da Vinci outra vez relacionou matemática à sua obra, dessa vez na pintura A Anunciação, de 1472. Combinando precisão e inteligência, da Vinci fez o quadro com dimensões nas quais o mesmo pode ser decomposto em um retângulo e um quadrado, aquele, possuindo as proporções divinas.
    Podemos observar ainda que, independente do lado da pintura em que se tem o quadrado, a mulher ou o anjo estarão inscritos no referido retângulo. Tal qual a figura angelical da pintura, o retângulo representa a perfeição.
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      leoannunc1.jpg
  9.  # 329

    CMartin, este forum vai passar a enciclopedia :-)
    Concordam com este comentário: CMartin
  10.  # 330

    O NÚMERO DE OURO NA ARTE, ARQUITETURA E NATUREZA: BELEZA E HARMONIA
    APLICAÇÕES DO NÚMERO DE OURO

    Arquitetura


    Além de renomados pintores, arquitetos famosos também adotaram a razão áurea como parâmetro para a construção de suas obras. Esse recurso foi usado por salientar harmonia e beleza. Analisaremos, a seguir, o uso da razão de ouro nas obras do grego Phídeas (figura em baixo) e do suíço Le Corbusier (figuras no post a seguir).
    Phídeas era considerado um dos mais importantes arquitetos da Grécia Antiga. Principal responsável pela construção do Parthenon , templo dedicado à deusa Athena Parthenos, usou o número de ouro como base para erigir o mesmo. Nele, podemos obter diversas vezes o retângulo de ouro se ajustando à sua estrutura, como podemos observar na figura.

    Figura - Phídeas um dos mais importantes arquitetos da Grécia Antiga. Principal responsável pela construção do Parthenon usou o número de ouro como base para erigir o mesmo. Nele, podemos obter diversas vezes o retângulo de ouro se ajustando à sua estrutura, como podemos observar na figura.
      CGHM.png
  11.  # 331

    O NÚMERO DE OURO NA ARTE, ARQUITETURA E NATUREZA: BELEZA E HARMONIA
    APLICAÇÕES DO NÚMERO DE OURO

    Arquitetura II


    O sistema modulor de medidas, criado para conferir harmonia às obras arquitetônicas de Le Corbusier, pode ser observado em muitos de seus edifícios, em especial na Chapel de Notre Dame du Haut, figura em baixo, sua obra mais conhecida.

    Charles Edouard Jeanneret (1887 - 1965), mais conhecido por Le Corbusier, ficou conhecido como um arquiteto notável, responsável por uma nova forma de arquitetura moderna. Viajou por todo o mundo, mas foi na Grécia, mais especificamente em Atenas, onde conheceu o que seria sua maior inspiração: a aplicação da razão áurea em suas construções. Com base na medida harmônica em escala do homem grego, Le Corbusier desenvolveu o modulor, um sistema baseado nas medições médias do corpo humano, usando a razão de ouro através do retângulo áureo e da seqüência de Fibonacci (Possebon, 2004).

    Figuras
    Sistema modulor, tendo como medida de altura padrão 1,83 m.
    E
    A Chapel de Notre Dame du Haut, construída a partir do sistema modulor de medidas harmônicas
    de Le Corbusier.


    Fonte dos últimos textos : Joseane Vieira Ferrer
    Licencianda em Matemática
    http://www.ufrgs.br/espmat/disciplinas/midias_digitais_II/modulo_IV/numero_de_ouro.pdf
      le-modulor-final-12-638.jpg
      48f2_arq058-01-04.jpg
  12.  # 332

    Colocado por: luis_guilhermeCMartin, este forum vai passar a enciclopedia :-)
    Concordam com este comentário:CMartin

    LuisGui, Qualquer dia correm comigo à "tijolada" :o)
  13.  # 333

    Sequência de Fibonacci
    Concordam com este comentário: migjac
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      o-numero-de-ouro-11-728.jpg
  14.  # 334

    O NÚMERO DE OURO NA ARTE, ARQUITETURA E NATUREZA: BELEZA E HARMONIA
    APLICAÇÕES DO NÚMERO DE OURO


    Natureza
    A regularidade com que  aparece na natureza é algo surpreendente. Animais, plantas, o homem, todos obedecem a uma ordem que os levam à razão de ouro. Vejamos alguns exemplos:

    – O corpo humano
    Sabemos que para os gregos antigos, uma pessoa seria considerada bela, se possuísse um padrão relacionado com o número 1,618. Assim, vamos considerar 1,83 m como medida padrão. Vamos observar, pois, a figura:
    – Dimensões harmônicas (áureas) do corpo humano.
    Ao dividirmos 1,83 m por 1,131 m (distância da sola dos pés ao umbigo U), obteremos como razão, o número de ouro. Também obteremos esse número, dividindo a distância da testa ao queixo, pela distância da orelha ao queixo. Assim também acontecerá, ao relacionarmos o comprimento total do braço com a distância do cotovelo à ponta do dedo médio. Pode-se notar então, que existe um parâmetro de harmonia na constituição do corpo humano.
    Concordam com este comentário: void
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      images (1).jpg
  15.  # 335

    Desafio - A Casa Do Penedo

    Estranhamente.

    null

    https://www.youtube.com/watch?v=Apm5zY4jJ18

    A Casa do Penedo situa-se entre Celorico de Basto e Fafe, mais propriamente na freguesia de Várzea Cova, concelho de Fafe, região norte de Portugal, devendo o seu nome ao facto de ter sido construída entre quatro rochas de grandes dimensões que integram a própria estrutura da casa. Mais concretamente, esta edificação localiza-se na Serra de Fafe, a 10 km a nordeste do centro da sede de concelho, em direção a Cabeceiras de Basto.A sua construção foi iniciada em 1974 e durou cerca de dois anos, tratando-se de uma residência rural, utilizada pelos seus proprietários como destino de férias.
    Interesse turístico
    A Casa do Penedo integra-se completamente na sua paisagem rural envolvente. A sua construção é inteiramente feita em rocha, à excepção das portas, janelas e telhado.
    O interior apresenta também um estilo rústico, onde a mobília, as escadas e os corrimãos são feitos de troncos. O sofá, pensado ao estilo rústico, é feito em betão e madeira de eucalipto e pesa 350 kg, fazendo desta casa um local a visitar e que tem despertado a curiosidade de muitos turistas ao longo do mundo, face a sua originalidade e beleza.

    Não possui qualquer instalação eléctrica.
  16.  # 336

    O Segundo Desafio : A Casa do Penedo.

    O desafio a que nos propunhamos, e que o Castela não aprecia assim muito por - achar :o) - serem quase exercícios infantis, :o) levaram a que se se debruçasse sobre a casa do penedo.

    Colocado por: CastelaQuanto à foto da casa, de uma coisa não tenho dúvidas, feia é a fotografia da mesma.
    A casa, antes de feia ou bonita, é sobretudo típica, não é contudo dos melhores exemplares, por exemplo em Monsanto há umas parece-me mais conseguidas, mas também não é por isso que é feia, nem se pode dizer que seja feia.
    Concordam com este comentário:CMartin
    Estas pessoas agradeceram este comentário:CMartin


    Colocado por: FlicaFalando agora da casa de pedra. Mesmo parecendo pequena não consigo chamar-lhe casinha. Tem um ar robusto, protector. Até os dois enormes pedregulhos da entrada parecem animais de guarda. Fortaleza,! Abrigo! Abrigo das intempéries e dos animais selvagens e de tantos outros... perigos. Tb a acho solitária naquele descampado que parece enorme. Em todo o caso é evidente que nunca poderia ser uma casa urbana apesar da energia que na região se produz. ..
    Lembra as primeiras habitações do Homem. O período Paleolítico talvez. Não sei, mas convida a umas belas pinturas rupestres...


    Pessoalmente também não acho a casa nada feia nem chocante, é bonita e aconchegante, apesar de, e pelos vistos, ser considerada a casa mais ou uma das mais bizarras casas em todo o mundo..já eu magicava que seria uma construção antiquíssima, aproveitando os pedregulhos propositadamente pois que seria certamente uma segurança acrescida contra ataques fortuitos de ferozes animais ou de gente selvagem..Sim, Flica, Fortaleza! Abrigo! E claro por ser prático também usar os pedregulhos, em vez de afinal mandar vir materiais de construção carregados por burros de carroça, ou vacas, ou algo assim.
    Afinal, trata-se como vimos nos posts acima, duma casa cuja construção tem início em 1974, nem sequer é velha, para habitação de férias.
    Cai o imaginário, o meu e o da Flica pelo menos, mas levanta-se uma questão tão mais interessante e gostaria de saber as vossas opiniões: Porque não se considera esta casa feia? Versus, imaginem qualquer casa de semelhante formato mas, - sei lá, para fazermos a comparação(não sei se possível mas penso que sim como aproximação..tentativa e erro) - em materiais de construção considerados mais "normais" actualmente?

    Porque não me choca nada esta casa? É por ser típica como diz o Castela ?
    O típico faz sempre algo bonito, ou pelo menos algo que não nos é considerado como sendo feio, na arquitectura ?

    E o que é o típico, na Arquitectura ? (e lembrando-me de novo dum arquitecto do fórum que há tempos dizia que não existe a casa portuguesa, por exemplo?)..A casa portuguesa é típica. E é o quê a Casa Portuguesa, e o típico?! Confusão!
      99759b9d869dfcb0b5d67c5bb5ff7694 (1).jpg
  17.  # 337

    Esta bem disfarçada, o parque eólico dá mais nas vistas.
    Concordam com este comentário: CMartin
  18.  # 338

    Antes de feia ou bonita, a casa é, sobretudo, típica, diz o Castela

    Mas eu não sei CMArtin. Antes de típica a casa é sui generis, singular. Porque a nossa casa de pedra típica, emblemática, não será mais como a desta foto? Bom, refiro-me à casa típica de pedra pois casas típicas portuguesas há-as de norte a sul com certa diversidade. A vossa opinião? Segue anexo.
      images.jpeg
  19.  # 339

    Ou mais produzida...
      images-2.jpeg
  20.  # 340

    Sobre a Casa Típica ou Tradicional, Flica e todos..

    A arquitectura e a engenharia na criação da casa tradicional
    Carlos Gomes(*)

    A concepção de casa tradicional do ponto de vista arquitectónico assenta na reunião das linhas estéticas do edifício que variam consoante a região e os hábitos culturais onde se insere. De igual modo, a engenharia que é empregue na concretização do projecto arquitectónico corresponde às exigências naturais e culturais que presidem à sua construção, nomeadamente as características dos materiais e as suas necessidades de utilização. E, falamos de projecto arquitectónico uma vez que, por mais elementar que seja o seu planeamento, sempre que alguém se propõe a edificar algo, tem sempre presente uma ideia, ainda que rudimentar, daquilo que vai construir – o projecto!

    Tal como sucede com o vestuário, também a casa tem como função primordial o refúgio, a protecção e o bem-estar do indivíduo, afastado dos perigos que o rodeiam no exterior e onde possa encontrar algum conforto. Assim sendo, o Homem ergue a sua habitação tendo em linha de conta os materiais disponíveis, as características da paisagem, as ameaças que enfrenta e as suas próprias necessidades. Não admira, pois, consoante o meio onde se encontra, os homens tenham concebido uma grande diversidade de tipos de habitação, desde os iglos das zonas polares às casas em palafitas, incrustadas no rochedo das falésias ou sobre ilhas artificiais.

    As condições climáticas determinam o estilo arquitectónico, mais soalheiras no litoral e abrigada nas zonas húmidas e frias, com terraços do tipo árabe no Algarve ou com o telhado em agulha para não reter a neve como sucede na Dinamarca. Em função da orientação predominante dos ventos, a forma e altura das chaminés. Ou ainda, para desfrutar da paisagem, as varandas alpendradas no piso superior mais a norte ou as casas térreas, indiferentes à monotonia dos campos mais a sul.

    A casa era originariamente construída com os materiais existentes no local pois os meios de comunicação e transporte não permitiam ainda que fosse de outra forma. Assim sendo, encontramos a lousa nos telhados das aldeias transmontanas e o colmo nos antigos casebres do Minho, as casas de xisto na serra da Lousã ou as palafitas nas aldeias avieiras.

    A sua concretização exigia o emprego de natural engenho na colocação dos materiais, na concepção das estruturas, o conhecimento da resistência e durabilidade dos materiais e da forma de aproveitamento para o fim em vista. Consoante as necessidades que determinam a dimensão e ordenamento dos espaços, a sua volumetria e funcionalidade, assim se teria de conceber pilares e traves que permitissem a sua construção. Sobretudo no Minho, a casa tradicional do lavrador possuía os estábulos do gado – ali designados por cortes – no piso térreo, constituindo simultaneamente um sistema de aquecimento centralizado de toda a habitação.

    O concelho de Ourém situa-se numa zona de transição entre o Ribatejo, a Estremadura e a Beira Litoral, recebendo naturalmente de todas elas as suas influências. Do ponto de vista geográfico, a área a sul daquele concelho encontra-se situada no maciço calcário estremenho identificado pela serra d’Aire. Aqui, as habitações tradicionais são feitas de pedra, das quais as casas que foram dos videntes de Fátima e ainda o Museu de Aljustrel constituem exemplares dignos de registo. Porém, na área a norte do mesmo concelho, predominam os arenitos, razão pela qual as casas eram feitas de taipa ou com tijolo de adobe, por vezes caiadas com a cal proveniente das imediações, mormente do concelho de Alvaiázere.

    O tijolo de adobe antecedeu o tijolo de barro a que os romanos designavam por tijolo burro em virtude da sua cor – asnus era a designação do animal em relação ao qual associaram a cor burrus – e o seu emprego na construção remonta às civilizações da Mesopotâmia e do Antigo Egipto, onde aliás, ainda se podem ver nos zigurates e nas mastabas, tal é a sua durabilidade e resistência, apesar da sua aparente fragilidade. Os tijolos de adobe eram tradicionalmente feitos com barro e palha, dentro de uma forma de madeira.

    Porém, o aparecimento de novos materiais e técnicas de construção, o desenvolvimento dos transportes e das vias de comunicação e ainda a deslocação das populações tem determinado as alterações na paisagem em relação à construção, nem sempre produzindo os efeitos mais desejáveis. Em regiões do país onde a emigração se registou de uma forma mais acentuada são visíveis os reflexos urbanísticos e arquitectónicos, destacando-se na paisagem edificações por vezes desenquadradas do meio onde se encontram, não apenas devido às cores que exibem como ainda em relação aos seus elementos arquitectónicos. Contudo, temos de encarar a sociedade como algo de dinâmico, havendo apenas que preservar os nossos valores culturais, mormente a arquitectura tradicional como uma das marcas da nossa própria identidade.

    (*) Jornalista, Licenciado em História

    Fonte : http://www.folclore-online.com/textos/carlos_gomes/arquitectura-casa-tradicional/index.html#.VvMDi8unzqA
 
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