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  1. Tinha tanto, mas tanto para dizer sobre esse texto.

    Para começar (e acabar), contestando bastante o último parágrafo, como se os arquitectos não fossem perfeitamente capazes de fazerem coisas inenarráveis em termos de conforto térmico. Tenho aqui bem perto edifícios públicos com marquises desprotegidas orientadas a sul e vãos orientados a Norte com sombreamento fixo horizontal, uma coisa sem sentido nenhum.

    E por aí fora, apesar de concordar com o texto em termos genéricos.
    •  
      CMartin
    • 20 janeiro 2017 editado
    Pode dizer. Porque acaba tão depressa ?
    Sou toda ouvidos.
    Digo-lhe jà que os arquitectos não são deuses infalíveis.
    São arquitectos.
    Mais nenhuns o são.
  2. Colocado por: CMartinPode dizer. Porque acaba tão depressa ?
    Sou toda ouvidos.
    Digo-lhe jà que os arquitectos não são deuses infalíveis.
    São arquitectos.
    Mais nenhuns o são.



    Mas quem lesse o último parágrafo até podia cair nessa da infalibilidade.
  3. Mas se calhar merecia um debate mais elegante e menos batido do que o habitual..que esse também não estou para aí virada.
    Falemos de arquitectos que são quem fazem as arquitecturas, assim, uma conversa com classe, como faria Simone de Oliveira (li a sua contribuição excelente by the way, no João Dias).
  4. Um médico é infalível ?
    O skinkx é infalível no seu metier ?
    E eu ? Também não sou.
    Mas todos temos o nosso metier, a nossa especialidade.
  5. Colocado por: CMartinMas se calhar merecia um debate mais elegante e menos batido do que o habitual..que esse também não estou para aí virada.
    Falemos de arquitectos que são quem fazem as arquitecturas, assim, uma conversa com classe, como faria Simone de Oliveira (li a sua contribuição excelente by the way, no João Dias).


    Eu falei-lhe de arquitectos que fazem arquitecturas, estava a falar de edifícios públicos concebidos/projectados por arquitectos ao serviço das autarquias.

    É óbvio e legítimo pensar que um arquitecto dá um input muito mais rico a um projecto que qualquer outro técnico, mas isto sempre em termos genéricos. Eu apenas questionei um corolário do seu raciocínio que está a meu ver errado. Mas é evidentemente uma discussão longa.

    E se viu o comentário no tópico do João, sabe que sei valorizar o bom trabalho de um técnico, e sei que há coisas que de algum modo denunciam o bom traço e o bom juízo de um arquitecto. Mas como em tudo, as generalizações são enganadoras.
  6. Colocado por: CMartinUm médico é infalível ?
    O skinkx é infalível no seu metier ?
    E eu ? Também não sou.
    Mas todos temos o nosso metier, a nossa especialidade.


    Se reler bem o que escrevi, o meu ponto era mesmo esse, o de apresentar os arquitectos como técnicos infalíveis, a ponto das coberturas não meterem água ou das casas não serem frias nem quentes... sabe bem que isto é uma generalização perigosíssima. E errada, a meu ver.
  7. Colocado por: Skinkxcomo se os arquitectos não fossem perfeitamente capazes de fazerem coisas inenarráveis em termos de conforto térmico. Tenho aqui bem perto edifícios públicos com marquises desprotegidas orientadas a sul e vãos orientados a Norte com sombreamento fixo horizontal, uma coisa sem sentido nenhum.

    Em que circunstâncias, quais foram as decisões tomadas que prevaleceram sobre outras nesse caso.
    É importante considerar que as houve.

    De qualquer maneira, claro que existem bons e maus arquitectos, e arquitecturas.
    •  
      CMartin
    • 20 janeiro 2017 editado
    Skinkx..estou morta de curiosidade, desculpe, não tem muito a ver, mas, qual é a sua especialidade/profissão ?
  8. (Se eu tentar advinhar, diria que està na àrea comercial.)
    • emad
    • 20 janeiro 2017
    Eu concordo com o facto de ser melhor aturar o arquitecto do que ter um resultado miserável.
    O meu arquitecto falhou no prazo, falhou no orçamento, falhou a atender o telefone muitas vezes.
    Observaçoes do construtor que fez o grosso e todos os acabamentos." Está uma casa nao muito grande nem muito pequena. Cheia de pormenores. Mas muito bem construída. O arquitecto percebe do que faz e eu ainda aprendi com ele. É uma pessoa que soube conceber uma casa no papel e nao fugiu dela na construcao. Nao é uma pessoa fácil de trabalhar, porque para ele não ha impossiveis. E com isto quem sofre é quem executa".
    Observaçoes do picheleiro/ electricista. Esta uma casa muito bem desenhada e com uma qualidade muito acima da media. Este arquitecto nao e fácil de trabalhar com ele, mas ele percebe do que faz."
    Hoje olho para os pormenores que a casa tem, e penso, é preciso ser muito bom a executar algo como o meu arquitecto executou. Ele não falhou em nada. Todas as dúvidas colocadas pelo construtor, picheleiro, carpinteiro, serralheiro, foram solucionadas por ele.
    Sempre ouvi historias de pessoas a dizerem os arquitectos sao bons para desenhar. Depois quando as coisas nao resultam no terreno , o empreiteiro é que resolve. Na minha obra foi sempre ao contrario. Qualquer dúvida a obra parava e o arquitecto resolvia.
    Bem haja aos arquitectos de qualidade acima da média. E bem haja aqueles que ambicionam ser acima da média.
    Porque o resto nao dignifica a classe.
    Hoje percebo o trabalho de um arquitecto e valor que eles tem numa construcao.
    Concordam com este comentário: CMartin
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      CMartin
    • 20 janeiro 2017 editado
    Colocado por: SkinkxÉ óbvio e legítimo pensar que um arquitecto dá um input muito mais rico a um projecto que qualquer outro técnico, mas isto sempre em termos genéricos. Eu apenas questionei um corolário do seu raciocínio que está a meu ver errado. Mas é evidentemente uma discussão longa.

    E se viu o comentário no tópico do João, sabe que sei valorizar o bom trabalho de um técnico, e sei que há coisas que de algum modo denunciam o bom traço e o bom juízo de um arquitecto. Mas como em tudo, as generalizações são enganadoras.


    As generalizações são, e especialmente aqui no contexto desta nossa conversa, o inverso de tomar a parte pelo todo.

    Ou seja, todos os arquitectos são os profissionais de arquitectura.
    Haverá uma parte dos arquitectos que são falíveis.
    Haverá uma parte de edifícios projectados por arquitectos com soluções criticáveis (* ver nota) ou que falharam.

    Em caso algum, uma edificação de arquitecto igualar-se-à a uma edificação projectada por um não arquitecto.

    * nota: e com "criticáveis", há que ter algum cuidado, pois nem toda a gente tem aptidão de crítica. Há vários níveis de crítica, vários contextos, várias realidades, que tiram mérito ou validade a uma crítica, e, essa crítica deixa de existir, ou passa a existir apenas num espectro de audiência.
    •  
      CMartin
    • 20 janeiro 2017 editado
    O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar.

    Pessoa, Fernando
    http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/arte
  9. null
    .
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      CMartin
    • 20 janeiro 2017 editado
    "Da arquitectura dos sítios e das paisagens – sobre a integração e a propósito um grande texto de Aquilino Ribeiro
    Artigo de António Baptista Coelho


    A integração é, provavelmente, a qualidade chave, e a qualidade última que poderá ainda ajudar a salvaguardar e a regenerar partes das nossas paisagens construídas e naturais, que tanto têm sofrido ao longo de dezenas de anos de contínua e criminosa agressão ao nosso património cultural.

    Por isso aqui se volta ao tema da integração, considerado como motivo fundamental daquela que pode e deve ser uma arquitectura dos sítios e das paisagens.

    Numa altura em que se começa, finalmente, a discutir até onde, de que modos e com que meios de enquadramento se poderá ir no controlo do desenho da arquitectura – tema sempre importante, mas que adquire relevo especial quando ainda há tantos não-arquitectos a projectar arquitectura e há já também mais de 10. 000 arquitectos preparados para projectar –, é crucial focar a nossa atenção na valia real que tem uma cuidada e completa integração, nos seus múltiplos aspectos, mais funcionais, mais visuais/ambientais e mais caracterizadores, mas sempre obrigados a uma opção de respeito básico e culturalmente enriquecedor por cada sítio e por cada paisagem.

    A integração serve a integridade, que é o estado de uma coisa ou de um contexto completo, uma totalidade onde não falta nem um elemento de conteúdo e de relação. Por outro lado a integração significa o acto de completar e tornar inteiro ou completo por assimilação e agregação; afinal, o acto de reunir.
    Ser íntegro é estar total e adequadamente composto, integrado por todos os necessários e habituais elementos e relações que constituem a respectiva totalidade, o contexto completo.
    Estar integrado é fazer parte da totalidade que é reunião de um grupo de elementos cada qual, por si só, significante, mas que também retira significado e função do seu papel na constituição e no funcionamento do todo.
    Estar integrado, para além de querer dizer harmonização no conjunto de que se faz parte, também significa cooperação activa no estabelecimento e no posterior desenvolvimento de um dado contexto. Afinal, a adequada reunião num todo composto e completo tem de ser mais do que a simples adição das suas partes constituintes (...).

    Faz-se, em seguida, com o devido respeito, a transcrição de um encadeado de trechos da belíssima crónica romanceada de Aquilino Ribeiro, "A Casa Grande de Romarigães" (1959, pp. 20, 21, 25, 27 e 36), livro que muito se recomenda e onde se encontra, ao longo de várias frases/imagens, uma perfeita definição da integração residencial no contexto natural, e das partes no "todo" que deve constituir cada casa, aqui considerada, naturalmente, um pouco como símbolo do sítio de habitar, o sítio habitado, portanto, marcado pelo homem, mas também, como se poderá em seguida visualizar, em grande e simples integração com a natureza, e, portanto, também por ela bem marcado:

    "Ao subir pela vereda que passava a meio monte um bando de perdizes tocou os alegres tintinábulos... e novamente se viu sozinho sob a copa esplêndida do céu ... Voltou-se para o grande baldio, vestido com a serguilha ruça do matiço, pespontado de sobros, carvalhos cerquinhos e pinheiros, uma frondosa mata a sudoeste, tudo a crescer à rédea solta da natureza, irreprimìvelmente... A água reluzia aqui e além nos algares das chãs e nos estirões rectos das regueiras, perdida e tão mal empregada que era abusar da bondade de Deus não a encaminhar para onde criasse flores e frutos. E o sol, um sol rijo e pesadão...espojava-se sobre a terra à maneira duma galinha choca sobre os ovos da postura.
    - Que rica quinta aqui se fazia! – tornou a dizer para consigo, filho revesso de campónios, a quem a patena e o cálice não haviam obliterado o sentido da terra.
    ...
    Práticos em castrametação agrícola riscaram a linha circundante, bem como estabeleceram a melhor área para o solar, quartéis de servos e estábulos...
    ...
    ...Em menos de um ano pôde murar uma vasta área, captar águas perdidas e plantar bacelos com que se propôs espaldar de cordões e parreiras os socalcos e cômoros da propriedade. E não se esqueceu de um colmeal nos abrigos soalheiros da mata, que àquela altura do mundo era letra viva o ditado: «quem tem abelha, ovelha e moinho no rio, entrará com el-rei ao desafio.»
    ...
    A casa de torre, como incumbia a um homem de prol, ostentava já telhados de várias águas e, nos salões e quartos, os mestres de Azurara e de Barcelos deitavam tectos de apainelados e de masseira em castanho e bom carvalho. Já todas as janelas, em que perpassava um arzinho remoto de Renascimento, tinham portadas. À margem do caminho que ligava Sampaio com Romarigães deixara lugar para a capela que prometera a Nossa Senhora do Amaparo...Não tardou que o licenciado ali tivesse câmara própria para dormir...
    ...
    Em menos de cinco anos estava acabada a Casa Grande, prédio de torre, com largos salões e muitos cómodos, no flanco a capela de N.ª S.ª do Amparo, e uma cozinha de lajedo e chaminé de barretina... A fonte, perto do corgo, gorgolejava por uma bocarra ... abundante e fresca água. E o bastio de pinheiros e carvalhiços cobria já o cerro em frente, unido à velha mata e populosa cidade dos pássaros. À tarde a brisa, que subia desde a costa pelo estuário do Coura, arrepiava-lhe brandamente as corutas e uma onda balsâmica e elísia varria a Casa Grande."

    Fonte:http://infohabitar.blogspot.fr/2005/09/da-arquitectura-dos-stios-e-das.html
  10. Colocado por: m.arqA minha bíblia (com o pato donald e o tio Patinhas): "Saber ver a arquitectura" de Bruno Zevi.
    Coisa mais moderna não háhà!
    Cmps!


    "Saper vedere l'architettura (em português "Saber ver a arquitetura") é um livro de teoria da arquitetura escrito por Bruno Zevi em 1948. Os seus textos são uma crítica à interpretação incorrecta que muitas vezes se faz da arquitectura mas também uma proposta para a avaliar segundo critérios que devem ser próprios da arquitectura, vários pontos de vista que nos permitam interpreta-la segundo as variadas actividades humanas e a mudança no tratamento do espaço que a arquitectura faz ao longo da história."
    Fonte : wiki
    •  
      CMartin
    • 20 janeiro 2017 editado
    Colocado por: m.arqA minha bíblia (com o pato donald e o tio Patinhas): "Saber ver a arquitectura" de Bruno Zevi.
    Coisa mais moderna não háhà!
    Cmps!


    "Saper vedere l'architettura (em português "Saber ver a arquitetura") é um livro de teoria da arquitetura escrito por Bruno Zevi em 1948. Os seus textos são uma crítica à interpretação incorrecta que muitas vezes se faz da arquitectura mas também uma proposta para a avaliar segundo critérios que devem ser próprios da arquitectura, vários pontos de vista que nos permitam interpreta-la segundo as variadas actividades humanas e a mudança no tratamento do espaço que a arquitectura faz ao longo da história."


    Fonte : wiki
  11. já agora recomendo também de Robert Venturi o livro : complexidade e contradição em arquitetura
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin, Flica
  12. Colocado por: marco1já agora recomendo também de Robert Venturi o livro : complexidade e contradição em arquitetura
    Estas pessoas agradeceram este comentário:CMartin


    Robert Charles Venturi (Filadélfia, 25 de junho de 1925) é um arquiteto norte-americano vencedor do Prêmio Pritzker de 1991. Formou-se em Princeton em 1947. Trabalhou com Eero Saarinen e Louis Kahn antes de formar sua própria firma com John Rauch. Lecionou na University of Pennsylvania, onde conheceu sua esposa Denise Scott Brown, que se tornou parceira da firma em 1967. Em 1989, Rauch deixou a firma, que então passou a se chamar Venturi, Scott Brown and Associates.
    Venturi foi um crítico ferrenho da arquitetura moderna, publicando seu manifesto Complexidade e Contradição na Arquitetura em 1966, tido como uma das bases das transformações que ocorreriam na arquitetura nas décadas de 1970 e 1980.
    Em Complexidade e Contradição na Arquitetura, Venturi defende uma arquitetura complexa e contraditória. Considera que a cultura contemporânea já aceitou a contradição como condição existencial e em todos os setores manifesta-se a impossibilidade de alcançar uma síntese totalizante e completa da realidade. Até mesmo a matemática parece ter perdido os próprios fundamentos racionais - como se observa no Teorema da incompletude de Gödel, segundo o qual todo sistema axiomático suficientemente completo é incoerente no seu interior, apresentando proposições "indecidíveis" quanto a sua verdade ou falsidade. Embora crítico em relação ao movimento modernista, o texto se coloca em uma condição de complementaridade e diálogo com os mestres.
    Ainda que rejeitando o less is more - frase do poeta Robert Browning, adotada por Ludwig Mies van der Rohe - Venturi vai em busca de elementos complexos e contraditórios inclusive no interior de obras produzidas pelo movimento moderno, reconhecendo em tais contradições o veículo portador de um sentimento poético e expressivo universal. Esse sentimento se manifesta desde sempre, em todas as épocas, mesmo em arquiteturas menores ou espontâneas e é a expressão típica de todas as fases do maneirismo. Do Cinquecento italiano, com Palladio ou Borromini, até Sullivan e, mais recentemente, Alvar Aalto, Le Corbusier e Kahn, o autor procura mostrar, através de muitos exemplos, a sua ideia de complexidade e contradição em arquitetura .

    Fonte : wiki
 
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