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  1. Ah..esquecia-me de dizer que não tem importância nenhuma. Só tem importância para quem quer que tenha.
    • TZW
    • 20 junho 2017
    Colocado por: CMartin
    Continuo a não perceber este pensamento TZ. Para mim, há um mundo onde a beleza é inquestionavelmente bela e todos o vêem.
    Pior para si melhor para mim...não é assim. De todo.
    Mas a quem quiser vê-lo assim, não posso obrigar ver diferente, claro que não. Apenas não partilho da opinião.

    Faça a experiencia com rostos humanos por exemplo.
  2. Na página 9 deste tópico falámos nisso e o desenvolvemos, dentro do possível..considerando..
    E também se colocou isto :
    (JUÍZO DE GOSTO,
    Estética e Filosofia de Arte, Manuela Morais) em que entre uma leitura toda ela interessante, encontramos o seguinte :
    " o gosto enquanto sentido humano é transposto para o mundo valorativo das obras de arte e da natureza, visto que o ser humano também julga ou saboreia um espectáculo da natureza ou um objecto artístico pelo prazer ou desprazer que em si suscita. O início da utilização da palavra gosto (gustus) não pode ser rigorosamente determinado, contudo considera-se que é por volta dos meados do século XVII, primeiro em Itália e em Espanha, depois em França e em Inglaterra e, mais tardiamente, na Alemanha, que o termo adquire pertinência para designar uma faculdade nova, a capacidade de discernir o belo do feio e de apreender pelo sentimento (aisthêsis) imediato as regras dessa dicotomia. Deste modo, o nascimento da estética como disciplina filosófica enlaça-se à mutação radical do belo em gosto. Consequentemente, com o conceito de gosto, o belo passa a radicar na subjectividade humana que, no limite, se define pelo prazer que proporciona, pelas sensações ou sentimentos que suscita no homem encarnado."
    Concordam com este comentário: TZW
  3. Colocado por: CMartin
    Acho isto particularmente importante e interessante.
    Que forma merece roubar espaço ao Espaço?
    Como saber se é aquela a melhor forma de roubar espaço ao Espaço? É uma grande responsabilidade visto de qualquer perspectiva.

    Talvez venha a ser facilitada a execução (ou o projecto decisivo) se se considerar isto:


    Agora como pode um simples sujeito sem qualquer conhecimento de matéria tomar decisões importantes de tal forma, roubar espaço ao Espaço e saber que é aquela "forma" a melhor para ele e que lhe vai garantir uma vivência óptima daquele "espaço" (que roubou ao Espaço) e que entretanto se torna seu ? Até que ponto se sente o sujeito confortável em poder fazê-lo ?
    Penso que se calhar só estará ao seu alcance ver o ponto de vista plástico (plástico - estou a dizer bem?), que será aquele que talvez ainda consiga saber algo sobre..

    De qualquer forma, vemos tantos espaços tão mal roubados ao Espaço, muita leviandade.


    Respondendo à primeira questão, o Arquitecto, entre outros, por exemplo.
    Quanto à parte plástica, claro, é (ou seria) uma parte muito importante numa discussão em que o título, já por si, assim reconduziria...
    O que nos leva à questão de não ficar por transcrições avulsas (sem enquadramento) da Wiki, ou generalidades, que ainda com boa intenção, não esclarecem, para não dizer o contrário...
    Mas é bom que se discuta, é preciso é ter em conta que não se quer o epílogo (que não existe) mas antes o processo
  4. Sim.
    Sem epílogo.

    As wikis ou outras generalidades acabam por ajudar a conduzir. Ou talvez não o façam da melhor maneira e haveria outras..não faço ideia.
    Há contributos valiosos neste tópico, há matéria para pensar, e foi essa a minha intenção, haver matéria que ajudasse a pensar, mais do que para mim própria, com a participação de outros..para me levar mais longe.
    E depois não é uma conversa de café que se tenha, ou se tem em poucas circunstâncias.
    Se feliz ou infeliz..hmmm..a esta altura digo para comigo..feliz.

    E nesta altura já estou a tentar dissociar o Espaço do m.arq do plástico. E estou a achá-lo como uma dicotomia. Tem-se a essência do Espaço que é a Arquitectura (ou assim..) e o superflúo.
    Podemos desnudar um do outro, e depois talvez voltar a uni-los, depois de melhor os termos escrutinizado ??
    Estou a achar isto inebriante ! Mas se calhar sou só eu !
  5. .
  6. Colocado por: TZWFaça a experiencia com rostos humanos por exemplo.

    E TZ..não nos esquecermos que a proporção áurea também se aplica ao rosto humano. E ao corpo.
    Algures na página 5 do tópico mas não só fala-se nisso também.
    • TZW
    • 21 junho 2017
    Colocado por: CMartin
    E TZ..não nos esquecermos que a proporção áurea também se aplica ao rosto humano. E ao corpo.
    Algures na página 5 do tópico mas não só fala-se nisso também.

    Peço desculpa mas saltei as paginas todas, começo agora a perceber que o tema foi-se desenrolando. Também não sei explicar o je ne sais quoi por vezes, mas também não penso muito no porquê exceto quando não encontro uma solução que me agrade em substituição.
    Por vezes tenho a sensação que este tópico é para a CM uma espécie de retiro espiritual :)
  7. A EXPERIÊNCIA PLÁSTICA VERSUS ARQUITETURA
    “Não é possível entender a evolução da arquitetura (…) sem levar em conta as suas contínuas relações com a arte. A admiração que a arquitetura teve pelas experiências artísticas é uma constante que foi aumentando”.
    Umberto Eco propõe um estudo a que dá o nome de Obra Aberta, numa época em que surgem profundas alterações nas estruturas sociais, económicas e politicas no pós-guerra, as quais influenciam e se vão refletir no pensamento de todos.
    As orientações das pesquisas em alguns sectores são reações e respostas às situações e necessidades identificadas à época. A Obra Aberta de Umberto Eco, dá primazia às tentativas de compreender as novas realidades e as relações entre a cultura e a sociedade.
    Tomando por base o fio condutor do estudo que nos é apresentado, é importante destacar que as novas orientações abalaram os modelos e as velhas ordens estabelecidas, provocando o nascimento de um homem renovado culturalmente, um homem fresco de ideias, um novo homem desperto para as novas solicitações impostas pelas sociedades, devido às transformações culturais, sociais, económicas e políticas. Na altura da primeira publicação do livro, Obra Aberta, vivia-se uma época em que se assistia à divulgação de obras de arte com intervenção ativa do público, existindo uma relação entre o artista e o fruidor/público,
    no sentido de acabar com a ideia de que a obra de arte era uma forma acabada, perfeita, intocável, como se de uma joia se tratasse. A obra de arte passa a ser vista como uma obra fluida, indefinida, ilimitada, aberta a novas interpretações, é uma obra que é participada pelo público que a disfruta e que carece dele para existir na sua plenitude.
    Tendo por base a Obra Aberta de Umberto Eco, é possível estabelecer uma relação entre a experiência estética, as artes plásticas e a Arquitetura, pois caminham sob a mesma perspetiva, instalando uma nova ótica na relação do artista/intérprete e o público/fruidor/interlocutor, constituindo, assim, um ambiente de partilha, de troca, de recriações e de prestações simultâneas, levando a que indivíduos diferentes, independentemente da sociedade a que pertencem e dos seus conhecimentos, sejam capazes de propor novas interpretações, terminando assim com os espartilhos que eram colocados às interpretações das obras pelas normas das hierarquias culturais.
    Assim, podemos dizer que não é possível criar uma norma padrão para aquilo que é a experiência estética que resulta da relação entre o sujeito e o objeto, entre o público e a obra. Esta abertura das obras faz com que estas passem a ter públicos heterogéneos, abrindo as a outros que não os escolhidos pelas elites culturais, quebrando assim outra norma instituída. Eco refere mesmo que a compreensão do fruidor de uma obra criada por um autor é feita segundo uma perspetiva própria e individualizada, carregada de inúmeros fatores os quais são intrínsecos a esse mesmo individuo. A abertura das obras aos públicos faz com estas atinjam uma plenitude completamente diferente daquela que atingiam até então, passando estas a estarem carregadas de novos significados, que não apenas os dos cânones
    culturais das épocas, resultantes dos sentimentos que provocam em cada fruidor. Existe uma forte relação entre as artes plásticas e a Arquitetura, e a forma como esta é vivenciada pelo seu autor, pelo público, e a experiência estética de cada um deles. Ao longo dos tempos, a Arquitetura tem caminhado a par com as artes plásticas. Os seus movimentos e autores cruzam-se e influenciam-se permanentemente, partilham tendências, públicos, formas, cores e despoletam sentimentos comuns a um determinado momento ou época artística.

    Fonte : https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/3295/1/A_Rela%C3%A7%C3%A3o_Est%C3%A9tica_das_Artes_P%C3%A1sticas_na_Arquitectura_de_Miguel_Saraiva.pdf
  8. Colocado por: TZWPor vezes tenho a sensação que este tópico é para a CM uma espécie de retiro espiritual :)

    E é. Pensa bem :o)
  9. Mentiras Borradas e Artes Plásticas
      pa-1.jpg
  10. A RELAÇÃO ENTRE A ARQUITETURA E AS ARTES PLÁSTICAS
    A relação entre a Arquitetura e as Artes Plásticas surge ao longo da História, mas no Século XX, ao desenvolver-se um novo conceito, uma nova ideia de arte, as relações amplificam e reforçam o diálogo e o conhecimento. A renovação estética apontada pelas correntes vanguardistas, como o cubismo, o neoplasticismo ou o abstracionismo, no campo da pintura, facilitam o caminho a novas propostas arquitetónicas, a novos pensamentos, propondo novas realidades onde o homem e a natureza passam a ter um papel preponderante. O próprio modernismo surge como que ligado a uma nova sociedade, com novas ideias, a um novo indivíduo, a um indivíduo com uma nova estética, ao homem máquina devido à industrialização e a todo progresso “(…) Ville Radieuse de Le Corbusier, reflete o tipo de desmembramento das partes dos objetos que foi elaborado pelo purismo e pelo cubismo.” Este conjunto de ideias vê-se refletido na arquitetura, e no pensamento dos
    arquitetos. A Arquitetura é caracterizada por um forte discurso estético e social que irá influenciar a vida do homem e a sua forma de estar perante a sociedade.
    As correntes de vanguarda
    “Se a arte da primeira década século XX tem uma orientação genericamente modernista na medida em que visa refletir e exaltar a nova conceção de trabalho e do
    progresso, (…) movimentos ditos de vanguarda que querem fazer da arte um incentivo à transformação radical da cultura e do costume social: a arte de vanguarda propõe-se antecipar, com a transformação das próprias estruturas, a transformação da sociedade.”
    Não podemos deixar de referir Carlo Argan na influência que determinadas correntes de vanguarda como o Expressionismo, o Futurismo, o Neoplasticismo e outras tiveram na transformação da sociedade e na forma como esta olha para a Arte.
    A estética expressionista surgiu na Alemanha no início do século XX.
    Contemporaneamente, surge o Futurismo na Itália e o Abstracionismo um pouco por toda a Europa. A corrente artística Expressionista está fortemente marcada pelo desejo de inovar.
    Para eles, a Arte era expressão, sentimento, emoção, representando de dentro para fora que, contrariamente ao Impressionismo, procurava representar a realidade de fora para dentro. O Expressionismo representava assim, as realidades invisíveis, acreditando que a arte deveria ser uma manifestação do universo interior e pessoal, interessando-se pela representação da emoção e do lado dramático da vida.
    Os Expressionistas consideravam o Impressionismo demasiado preso à significação da realidade e ao passado, surgindo como reação, com a pretensão de construir uma arte mais pura, ligada à expressão das realidades interiores, sendo um reflexo dos tempos conturbados que precederam e acompanharam a 1ª Guerra Mundial. A estética do Expressionismo foi comovedora e revolucionária, divulgada através de uma linguagem figurativa, tendo existido dentro do mesmo movimento dois grupos, Die Brucke – 1905 (A Ponte), fundado em Dresden, e o grupo Der Blaue Reiter – 1911 (O Cavaleiro Azul), fundado em Munique.
    O grupo Die Brucke usava a linha e a cor de forma completamente emotiva e extremamente carregadas de simbolismo. As formas eram reduzidas, simplificadas,
    deformadas e adelgaçadas/afuniladas, usando sempre contornos a preto e completadas com cores puras, que eram aplicadas com pinceladas executadas rapidamente, dando a ideia de esboços rápidos num estado inacabado.
    O principal meio de expressão utilizado por este grupo é a técnica da xilogravura, daí também o aspeto inacabado e bruto. Ao gravarem em madeira, devido às superfícies irregulares, aproveitavam para tirar partido dessa expressividade, aplicando as manchas de cor. Utilizavam ainda técnicas como a litografia e a água-forte. As temáticas que utilizavam, privilegiam os aspetos da vida íntima, como a vida social do pintor, as incidências do comportamento burguês, a marginalidade, dando destaque às personagens. Toda a envolvência, todo o cenário não são importantes, tecnicamente vão depurando a cor que acaba por adquirir um significado simbólico.
    Vincent Van Gogh (1853-1890) foi um dos precursores do expressionismo, com o seu estilo muito próprio, pelas suas inovações plásticas, empiricamente manifestava os primeiros sinais do expressionismo.

    Outro pintor também precursor do expressionismo foi Edvard Munch (1863-1944) e o seu emblemático quadro O Grito – 1893, muito característico deste movimento, onde o que interessa é a expressão das personagens e as suas ideias, não um retrato da realidade.
    O grupo Der Blaue Reiter, fundado por Wassily Kandinsky (1866-1944), tinha como objetivo unir sob o mesmo ideal artístico a arte europeia, podendo ultrapassar as barreiras ideológicas e culturais. Tinham como objetivo conceber uma arte a partir das experiências pessoais, dos sentimentos, das paixões e das sensibilidades, mas ao mesmo tempo atribuindo lhe uma visão global, de forma a que fosse válido para todos. As suas composições eram maioritariamente construídas por linhas circulares e ondulantes. A expressividade destas recai no sentimentalismo, na poesia, na sensibilidade, na serenidade, buscando a ideia do misticismo. Valorizavam a mancha cromática, com cores claras, poéticas, pois as temáticas do grupo vão para preferências de algo imaginário, fabuloso, metafórico, alegórico, natureza,
    daí nas suas representações surgirem paisagens, vida animal e social.
    A Torre Einstein, em Potsdam, na Alemanha, projetada pelo arquiteto Erich Mendelsohn (1887-1953), pode ser considerada como um ícone da arquitetura expressionista.
    Argan refere que Erich Mendelsohn “modelou o bloco de alvenaria exatamente como um escultor, a partir do gesto da figura, modela as massas plásticas da estátua. E, sem dúvida, há uma evocação à escultura (…)”68 A sua forma exterior parece ter sido esculpida e moldada, como se o edifício tivesse sido gerado como um bloco único, modelado e escavado, como se de uma forma escultórica se tratasse. Podemos referir que o Expressionismo foi um movimento onde competem as atitudes artísticas, trazendo novamente à obra plástica o drama humano e a imaginação como ponto de partida e base de toda a representação desta nova conceção de arte. Mas também não podemos deixar de referir que toda a arte é expressão, sentimento, ideia, emoção, tentando sempre comunicar algo. Desta forma, o
    expressionismo existiu sempre ao longo da História e continuará a existir.
    Simultaneamente, em 1909, surge o Futurismo na Itália, corrente artística que faz apologia da máquina, do movimento, da civilização industrial, das cidades e da sua agitação, do seu ruído. Foi um movimento que se assumiu pela afirmação de novas energias da existência, valorizando o desenvolvimento industrial e tecnológico, desvalorizando a tradição e o moralismo da época. Plasticamente, os artistas recorrem à decomposição das formas, desfragmentando-as, utilizando a linha como suporte na representação, por vezes linha quebrada, curva, sinuosa, dinâmica. Procuram registar o movimento atual, a velocidade produzida pelas figuras em movimento, recorrendo à aplicação de cores muito contrastantes e vivas, utilizando, por vezes, a linha espiral que atravessa a tela como se de um raio
    luminoso se tratasse, enérgico, simulando o movimento, obtendo uma expressividade dinâmica. Foi um movimento de exploração do lado belo da vida, da alegria, com a exaltação da máquina e da beleza, da velocidade, associada à técnica e à ciência, com uma linguagem muito própria, muito genuína, tornando-se num movimento muito emblemático.

    A nível estético valorizam a cor e a luz, com exaltação ao futuro e à modernidade, mas apesar de ter tido uma curta duração, com a guerra de 1914 o movimento chega ao fim, a sua influência sobre os outros movimentos modernos foi importante e duradoura. A partir das experiências das vanguardas europeias surge a arte abstrata, o abstracionismo que foi a manifestação mais pura da criação artística, liberta de condicionantes, da representação mimética da realidade e de ideologias culturais ou sociais, através da simplificação da forma.
    No entanto, alguns movimentos como o Expressionismo, o Cubismo, o Futurismo, já tinham utilizado intuitivamente a linguagem abstrata.
    O Abstracionismo decompõe-se em duas tendências diferentes, o Abstracionismo Lírico que foi influenciado pelo Expressionismo de O Cavaleiro Azul através da obra de Kandinsky, e o Abstracionismo Geométrico onde está presente a racionalização, tendo sido influenciado pelo Cubismo e pelo Futurismo. O Abstracionismo Lírico é ligado essencialmente à arte interior/à necessidade interior do artista, inspirando-se no inconsciente, na intuição, utilizando nas suas representações formas orgânicas, criando um dinamismo através da linha de contorno e da cor. Procuravam na composição, através da cor com uma paleta cromática vibrante, um ritmo matemático. Em contrapartida, o Abstracionismo Geométrico nasce do racional da lógica, dividindo-se em duas correntes: no Suprematismo de Casimir Malevitch
    (1887-1935) e o Neoplasticismo de Piet Mondrian.
    A pintura Suprematista caracteriza-se pelo uso de formas geométricas puras, preenchidas por mancha de cor, mas a paleta cromática deste movimento é bastante mais reduzida, composta pelas cores primárias e secundárias, e pelo preto e branco. O suprematismo permanecerá ligado ao seu criador, este leva a pintura ao seu expoente máximo, o essencial é a supremacia do sentimento, alcançado com duas composições o Quadrado Negro sobre Fundo Branco de, 1918 e o Quadrado Branco sobre Fundo Preto de, 1920.
    A pintura Neoplasticista de Piet Mondrian, Van der Leck e de Teo van Doesburg é uma arte essencialmente genuína, luminosa, objetiva, não representativa, utilizando as formas geométricas como base de toda a sua representação. As composições assentam na ideia de equilíbrio, harmonia e serenidade, conseguida através do uso da linha e das múltiplas relações espaciais, utilizando um número limitado de formas e cores, cingindo-se exclusivamente às cores primárias e às não cores, o preto, o branco e o cinza.
    O Neoplasticismo foi um movimento artístico que englobava a arquitetura, as artes plásticas, o design e a literatura, também constituído pelos arquitetos Pieter Oud e Gerrit Rietveld. Foi um movimento que contestou todas as artes, particularmente o Expressionismo, por difundir os aspetos sensoriais, chocantes, sensíveis da vida. Os neoplasticistas visavam atingir uma arte impessoal e objetiva, criar uma estética nova e universal, o grande objetivo era eliminar o lado triste da vida, a arte de servir o homem pelo lado bom da vida.
    As propostas formais e plásticas do Neoplasticismo deram origem a uma corrente inovadora, detentora de novas conceções formais e novas formulações espaciais que apontaram para o rigor técnico, através de regras matemáticas e geométricas.

    Estas correntes de vanguarda tiveram influência sobre a arquitetura e sobre o sentido estético do arquiteto, como Montaner refere, “as diferentes formas de ver e representar a imagem visível do mundo formam o motor de uma contínua evolução”69 já anteriormente foi referido que para a experiência estética é necessário que exista uma relação entre o sujeito e o objeto. E, por ser estética, é necessário que essa relação seja chefiada pelo emotivo, sensual e sensório, transmita e despolete emoções, tendo sempre presente a questão temporal, pois, cada experiência estética é única, dependente de inúmeras influências carregadas de subjetividade e individualismo, que leva o fruidor a observar e interagir com as figuras de uma determinada forma, a qual conduz a experiências estáticas únicas. Por isso foi
    tão importante a Obra Aberta de Umberto Eco tal como atrás citámos. Eco fala na obra concebida por um autor que é compreendida pelo fruidor, segundo um determinada perspetiva individual e que é condicionada por fatores que são particulares àquele sujeito, àquele fruidor.
    A arte de vanguarda desenvolvida no início do século XX pretendeu acabar com as tradições artísticas. Verificando-se uma “(…) grande transformação provocada pelo paulatino abandono da mimese da realidade e pela busca de novos tipos de expressão no mundo da máquina, (…)”70 empregando um reportório constituído por figuras geométricas básicas relacionadas entre si de maneira inquietante, geradas pela sobreposição, pelo antagonismo, ou mesmo a oposição das formas elementares da geometria, expressões da mente e dos sonhos. Porém, estes princípios artísticos, estas correntes de vanguarda, tiveram a sua aplicabilidade não na arquitetura da época, mas nos conceitos modernistas que surgiram mais tarde na Europa.

    Fonte : a mesma
    https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/3295/1/A_Rela%C3%A7%C3%A3o_Est%C3%A9tica_das_Artes_P%C3%A1sticas_na_Arquitectura_de_Miguel_Saraiva.pdf
  11. A UTILIZAÇÃO DA COR VERSUS AUSÊNCIA DA COR
    A perceção do espaço resulta de alguns elementos da linguagem visual como a cor, a textura, que por vezes se torna difícil saber onde um acaba e o outro começa, pois são elementos que podem adotar contornos diferentes ou mesmo assumir aparências imprevisíveis, podemos mesmo classificar os efeitos produzidos por estes elementos como infindáveis. Variam conforme o local onde estão inseridos e consoante a incidência da luz, levando a que a perceção destes elementos seja complexa e ativa. Têm uma intensidade e uma vida própria que é amplificada pela maior ou menor incidência de luz, traduzindo-se num maior ou menor contraste cromático e volumétrico.

    A perceção do espaço abrange um conhecimento prévio de múltiplos aspetos. Para Merlau-Ponty a fenomologia da perceção entende que o organismo e as suas dialéticas não são estranhos à história, pois o homem é um intrincado que se desenvolve pelo meio de interrelacionamento psíquico, social, fisiológico e histórico.
    A cor e a textura representam o ambiente, o lugar, o espaço, podendo transformar a perceção do mesmo. O equilíbrio entre estes elementos é primordial para o arquiteto. A ponderação da cor decorre da matéria, da forma, do corpo, da configuração, da textura apesar de ser considerada como propriedade da luz. Goethe72 foi o primeiro a entender a cor como um fenómeno fisiológico e psicológico e não apenas físico, como proposto anteriormente por Isaac Newton. Goethe considera que as cores são desempenho e resplendor da luz, que se relacionam com o envolvente, com a natureza que se mostra a partir da visão, referindo a importância da luz neste campo de ação.
    A luz permite visibilizar o espaço, percecionar o espaço. Merleau-Ponty refere que existe um diálogo, uma negociação, uma transação entre o corpo e o mundo. Quando a perceção do mundo nos oferece uma contemplação variada, desdobra-se em respostas. Só tendo um conhecimento do corpo e do espaço, podemos compreender e percecionar a envolvente do mundo, da cor, da textura e a forma.
    O uso adjetivado da cor pode levar-nos a leituras diferentes de planos inteligíveis, podendo acentuar ou esbater saliências. A luz e a atmosfera de um espaço podem gerar valores efémeros e específicos. No fundo, a luz molda a forma, a luz interage com todos os elementos. A correlação entre estes elementos é tendencial à criação de um equilíbrio espacial. Podemos considerar Luis Barragán (1902-1988) um mestre da aplicação desta dialética. Já anteriormente na pintura, Mondrian e Malevich terão sido os mentores desta relação entre estrutura e espaço e entre luz e espaço, criando o efeito estético que é determinado pelo estímulo de cada um. A luz funciona como um piloto dos nossos impulsos visuais. Sempre que somos puxados para a luz, para percecionarmos o momento, somos transportados por ela para a grandeza desse momento.
    Quando falamos da cor na arquitetura teremos de falar no intrincado mundo de visualização da cor, pois o corpo em si pode não refletir uma cor fixa, estará sempre
    condicionado pelas dependências, pelas ligações que a cor estabelece com os outros elementos e também pela impressão sensorial do observador.
    A cor atravessa, em todos os sentidos, a nossa vida, podendo embelezá-la ou não, podendo ser estimulante, calmante, eloquente, inquietante, exuberante, vazia, quente ou fria. Podemos mesmo referir que as imagens a preto-e-branco trazem-nos notícias do dia-a-dia (não vivemos o momento, não é percecionado por nós) e a cor pode escrever a poesia.


    “É segunda-feira, dia de mercado para os sete mil habitantes da pequena cidade basca. A vida corre com relativa normalidade até que, por volta das 16h30, os sinos da igreja começam a tocar a rebate. Não há tempo para grandes espantos.
    Cinco minutos depois está um avião a sobrevoar o povoado e a lançar seis bombas explosivas e uma saraivada de granadas. Logo a seguir aparece outro avião. E depois outro.
    Pablo Picasso ficou fortemente impressionado com as notícias sobre o bombardeamento e destruição de Guernica, no dia 26 de abril de 1937, uma das cidades mais antigas da província Basca, que ficou totalmente destruída pelo ataque aéreo. A Guernica de Picasso ocupa um lugar de evidência em toda a sua vastíssima obra, não só por ser uma fase de apuramento da sua obra artística, como também por elevar um acontecimento concreto à condição de objeto artístico.
    Como Pablo Picasso (1881-1973) tomou conhecimento pelas notícias, como não vivenciou o momento, a obra é representada a preto, branco e cinzas. Não nos é possível localizar o lugar onde ocorre, se é dentro ou fora de casa, nem situar o momento do dia, pois a natureza da luz é indefinida. Picasso prescinde da utilização da cor. Optou por elevar a cor ao seu máximo de intensidade, utilizando o preto e o branco no limite do contraste.
    Ao pensarmos na cor como luz, a cor branca é consequência da sobreposição de todas as cores, no entanto, o preto é a ausência da luz. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a perceção envolve os processos mentais, envolve a memória e também outros aspetos, como as nossas vivências, que acabam por influenciar a interpretação dos dados apreendidos.
    A cor percecionada por nós também decorre da informação presente no nosso cérebro. Por essa razão, Picasso prescinde do uso da cor na sua tela, utilizando o preto e o branco de forma explosiva. Para regular o contraste entre o preto e o branco, utiliza dois tons de cinza, um claro e outro escuro, que ao mesmo tempo sugerem o movimento das formas, impedindo que se fragmentem.
    Contrariamente a Guernica de Picasso, o trabalho de Luis Barragán é uma marca no paradigma da cor. Poderemos considerar a sua arquitetura como se de uma tela gigante se tratasse, levando ao seu expoente máximo a abstração e o funcionalismo. Como exemplos podemos referir a casa Tacubaya (1947) e a casa Gilardi (1976) onde estão presentes os arquétipos da cor, sem perder a sua caraterização arquitetónica. “ A mestria da cor em Barragán transporta-nos a um universo de beleza sagrada (…) inesperadas fontes místicas de luz e de cor, seja no recolhimento penumbroso dos espaços físicos interiores, seja à forte luz dourada do dia. Os ambientes criados por Barragán unem a simplicidade geométrica arquitetural à complexidade das formas da natureza. Consegue aliar e estabelecer uma
    harmonia na sua arquitetura, através da saturação e brilho, tornando esta saturação e brilho responsáveis pela expressão do conjunto de cor invejável, aliando esta especificidade à componente estrutural da forma.


    A verdadeira arte da arquitetura deverá ser uma união da forma e da cor, simultaneamente, dialética e estética, existindo uma inter-relação ente a cor e a forma
    arquitetónica que deverão equilibrar-se na interpretação da experiência estética (...).

    O discurso arquitetónico, fomentado pelo passado histórico, os conceitos e a visão arquitetónica construíram-se partindo dos alicerces das teorias político-sociais e da pura abstração. A modernidade surge da relação entre arte e arquitetura, das transformações na dinâmica da sociedade, como o aumento populacional, com a reconversão da cidade, com as necessidades de urbanização. Foi marcada por várias correntes artísticas que se manifestaram paralelamente, o seu grande objetivo era ultrapassar o academismo e transpor a realidade em busca de novos ideais, de uma nova estética. As novas formas arquitetónicas tornaram-se símbolos de uma nova era.
    Dois parâmetros fundamentais no processo criativo de um arquiteto são a intuição e a razão, estes dois ajudam-no a dosear diferentes fatores como o espaço, a forma, a estrutura, a cor e a luz.

    Fonte: a mesma
  12. A COR NA ARQUITECTURA
    Posso afirmar que a cor assume diferentes significados ao longo da história, e está sempre ligada a formas de expressão arquitectónica.
    Os gregos pintaram com vermelhos e azuis os seus templos de mármore branco, com vista a realçar certas partes das ordens, tal como os egípcios pintaram de forma brilhante os seus templos. As basílicas cristãs primitivas tinham as suas paredes e abóbadas interiores cobertas de mosaico com figuras bíblicas e símbolos cristãos, tal como as igrejas góticas estiveram animadas com a cor resultante não só nos seus vitrais coloridos como também nas suas pinturas já desaparecidas. Os arquitectos renascentistas interessaram-se mais pelas composições claras dos seus edifícios, restringindo o uso da cor ao branco, creme e cores escuras. Porém no período Barroco a cor voltou a tornar-se num elemento importante do desenho e embelezamento.
    Em Portugal, o amarelo estava associado ao Estado Novo, em contraposição estava o branco e a “pedra” nas zonas rurais que transmitiam simplicidade e humildade arquitectónica, muito associadas ao neo-realismo. O branco da cal não surge como norma higiénica, mas sim como uma nova norma de natureza cultural e ideológica.
    O grande cisma da cor sucedeu apenas muito recentemente. As condicionantes culturais direccionaram-se para o purismo formal para o funcionalismo, que implicou um monocromatismo arquitectónico. O racionalismo neoplástico e minimalista impôs o elementarismo cromático; construtivismo e muito mais tarde o brutalismo, recusaram os revestimentos e regressaram às “cores autênticas” dos materiais, deixando-os à vista. Na revolução industrial o mundo Moderno seguiu uma lógica mais pragmática e mecanicista, procurou a eficiência e economia maior poder de cobertura e uniformidade de acabamento. Procuraram-se qualidades que se julgavam imprescindíveis para revestir uma arquitectura moderna, feita à imagem e semelhança da máquina.
    A cor de uma arquitectura será sempre a cor dos próprios materiais, ou seja das soluções de materialização ou de revestimento das suas superfícies.
    As cores na arquitectura, e na cidade, são inalteráveis uma vez que a luz solar possui sempre as mesmas características. Mas um estudo cromático não se pode restringir ás fachadas dos edifícios, embora sejam as mais visíveis. Existem muitos outros factores que irão condicionar a imagem urbana e que no seu conjunto, criam a especificidade cromática de um sítio.
    A imagem urbana é construída pelo somatório de todas as pequenas e singulares contribuições que no seu conjunto, criam a expressão de um todo. Assim comos os ritmos, cheios e vazios arquitectónicos.
    Fonte : http://ensaio-linear.blogspot.fr/2008/10/este-arquivo-pretende-expor-importncia.html
    • TZW
    • 21 junho 2017
    Quando me perguntou qual era a linha que seguia e respondi nenhuma, talvez ela até exista, lembrei-me depois de algo que li tempos atras mas que talvez faça algum sentido, será uma linha algo difusa devido à mistura virtual com real mas talvez seja dai que veio alguma capacidade...

    https://architizer.com/blog/10-reasons-architects-should-play-more-video-games/
  13. Colocado por: TZWQuando me perguntou qual era a linha que seguia e respondi nenhuma, talvez ela até exista, lembrei-me depois de algo que li tempos atras mas que talvez faça algum sentido, será uma linha algo difusa devido à mistura virtual com real mas talvez seja dai que veio alguma capacidade...

    https://architizer.com/blog/10-reasons-architects-should-play-more-video-games/


    Li o artigo. Não deixa de ser interessante, que os arquitectos deveriam jogar jogos video, aparentemente, ganham uma outra perspectiva 3D, cultivam o espaço digital e mais uns pós..
    Uhmm..como eu não sou grande fã dos jogos, tenho dificuldade em compreender isso dessa forma. Gosto mais de livros em papel, dos desenhos à mão levantada do m.arq..sei lá, uma versão mais tradicional e romântica do que é a arquitectura e até, do que é uma casa.
    Mas talvez alguém que aprecie jogar, está a jogar e a imaginar espaços e realidades virtuais e fantasistas que pode aplicar nos ambientes...será também isto a arte plástica, acho. Arquitectura Fantasia ?
  14. Colocado por: TZW
    Quando me perguntou qual era a linha que seguia e respondi nenhuma, talvez ela até exista, lembrei-me depois de algo que li tempos atras mas que talvez faça algum sentido, será uma linha algo difusa devido à mistura virtual com real mas talvez seja dai que veio alguma capacidade...

    https://architizer.com/blog/10-reasons-architects-should-play-more-video-games/


    Não é nada a minha onda, mas aqui vai...para não ser só ao meu gosto. E pode ser que eu aprenda mais qualquer coisita..que isto..esta-se sempre a aprender.

    Star Wars: a arquitetura no universo onde a fantasia impera
    05 DE MAIO DE 2016 - 18:05
    O site de arquitetura Arch Daily escolheu sete estruturas do mundo criado por George Lucas.

    Porque no universo Star Wars há muito mais para além das batalhas galácticas entre o bem e o mal, o site de arquitetura Arch Daily escolheu algumas das estruturas icónicas que fazem parte da saga. Um universo onde o estilo arquitetónico combina "história, cultura, e tecnologia".

    Fonte : http://www.tsf.pt/sociedade/interior/star-wars-para-alem-da-historia-5159712.html
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    • TZW
    • 22 junho 2017 editado
  15. Colocado por: TZW, ajuda a olhar uma imagem 2d e ver a 3d digamos. Isso eu sei, desenhar é que nunca pratiquei muito :)
    https://www.google.pt/search?q=rendering&

    Achei fantásticos esses desenhos, realmente muita fantasia. Gostei muitíssimo.
 
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