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  1.  # 41

    O que me faz alguma espécie é como fazem para aliar tudo isto: a construção original dos edifícios históricos; ás exigências actuais (de espaço, de isolamento, anti-sismicas, anti-fogo) o que por sua vez levará aos materiais novos (aliar tecnologia dos materiais novos às construções antigas); os gastos de recuperação (exigem-se características mais caras ou mais baratas aos proprietários? E haverá esse direito de o exigir?); os interesses patrimoniais (manter o antigo); os interesses comerciais (de todos os envolvidos na reconstrução de uma edificação histórica, sejam públicos e/ou privados). Não deve ser nada fácil (regulamentar) algo assim.
  2.  # 42

    A cidade e as serras - Restaurando a casa portuguesa
    Resumo

    Jacinto representa a Nação Portuguesa, o atraso face ao desenfreado desenvolvimento civilizacional europeu. A quinta de Tormes e a tradicional família dos Jacintos é a imagem desse país à espera de uma restauração.
    (...)
    Jacinto e a planta são equivalentes. Restaura-se um jardim. Restaura-se Portugal, retornando-se às origens, buscando raízes de uma nação tipicamente agrária, rural, mesmo estando inserida numa Europa supercivilizada. O orgulho de ser português é ser diferente. O amigo Zé Fernandes constata, maravilhado, o arraigamento de Jacinto às serras. Jacinto lançara raízes, e rijas, e amorosas raízes na sua rude serra. Era realmente como se o tivessem plantado de estaca naquele antiqüíssimo chão, donde brotara a sua raça, e o antiqüíssimo húmus refluísse e o penetrasse todo, e o transformasse num Jacinto rural, quase vegetal, tão do chão, e preso ao chão, como as árvores que ele tanto amava.

    Revigoradas as forças, encontrada a paz no ambiente campesino, Jacinto cuida de reparar também o seu jardim, a Casa Portuguesa, esquecida nas serras, em ruínas.
    O casarão recebe os tratos necessários para abrigar o extraordinário português. Repara-se o piso, as janelas, o telhado: Na varanda, sobre uma pilha de ripas, reluzia num raio de sol uma banheira de zinco.
    Dentro, encontrei todos os soalhos remendados,esfregados a carqueja.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Karura, oskar
    •  
      FD
    • 4 fevereiro 2010

     # 43

    Colocado por: lobitoÉ verdade que uma pessoa vai a Inglaterra (...) Mas eu acho que eles não têm lá REGEU nenhum.

    Consumo programas de televisão britânicos de remodelações de casas com uma avidez absurda.
    E já vi muitas casas em que não autorizam determinada obra ou pormenor por motivos de preservação do património.
    •  
      FD
    • 4 fevereiro 2010

     # 44

    Colocado por: CMartinParece-me que o RGEU, é o mínimo que pode haver. Não sei se alguém quer aprofundar o assunto na sua perspectiva, mas esta é a minha, do pouco que conheço do mesmo.

    O RGEU está para ser remodelado há anos... https://forumdacasa.com/discussion/1367/rgeu-ja-foi-publicado-o-novo/
    • lobito
    • 4 fevereiro 2010 editado

     # 45

    Colocado por: FD
    Colocado por: lobitoÉ verdade que uma pessoa vai a Inglaterra (...) Mas eu acho que eles não têm lá REGEU nenhum.

    Consumo programas de televisão britânicos de remodelações de casas com uma avidez absurda.
    E já vi muitas casas em que não autorizam determinada obra ou pormenor por motivos de preservação do património.


    Sim, não duvido. Mas o resto das regras (IS, isto aquilo e aqueloutro) têm forçosamente de ser mais flexíveis do que as portuguesas (ou ausentes), por aquilo que tenho visto.

    Editado: Não conheço o RGEU em profundidade, só as histórias dos bidés e quejandos. E é sobre esse aspecto que comento. Em minha opinião, quer-se meter o Rossio na Rua da Betesga (ou, como dizem os franceses, le beurre, l'argent du beurre et le sourire de la crémière).
  3.  # 46


    Reabilitação Materiais e Técnicas Tradicionais de Construção


    Tinha encontrado este estudo, fascinante, sobre Materiais e Técnicas Tradicionais de Construção, no domínio da recuperação e reabilitação do Património Urbano e Histórico Antigo. Primeiro que descobrisse como linká-lo aqui ao Forum!Mas, consegui, finalmente, acho que vale a pena dar uma vista de olhos aos que se interessam por estes assuntos.
  4.  # 47

    Povoamento e Arquitectura Popular na Freguesia de Cascais.
      CasaAntesRestauro2.jpg
  5.  # 48

    Colocado por: PauloCorreia
    A recuperação em zonas históricas regem-se na maioria dos exemplos, por um principio simples: Pôr bonito para inglês ver.


    É uma ironia, mas que até parece fazer um certo sentido, "para Inglês ver", porque afinal o Português tem menosprezado durante tanto tempo as suas casas antigas.
    Quase se começa a estranhar este súbito interesse na reabilitação. É certo que ainda não é muito expressivo mas ganha terreno a olhos vistos (á construção nova?).
  6.  # 49

    Colocado por: alexandraraposoÉ tudo muito bonito.... mas o pior é conseguir atravessar todos os passos exigidos para a recuperação de qualquer casa num centro histórico...
    (..)
    Na minha opinião, e dado que é do interesse de todos, a recuperação dos centros históricos devia ter uma legislação especifica, de preferencia bem feita, que tornasse todo o processo de alguma forma mais célere do que os restantes. (...)Neste momento e caso tivesse desistido deste projecto já estaria comodamente instalada numa casinha nova que tinha comprado já feita e que não me tinha dado nem 1/4 do trabalho que esta me está a dar.... e esta casa velha como tantas outras ficava ao abandono e a embelezar os centros históricos que é isto que os nossos Municipios merecem....


    A Alexandra optou por esse casa para recuperar em vez de uma casa nova em folha, onde estaria, como diz, bem instalada sem metade do trabalho. Foi por uma questão de amor a construções antigas? O meu caso foi, gostaria de saber as razões e experiências de outros proprietários destas casas.
    De resto concordo plenamente consigo, deveria haver uma legislação especifíca, e muito mais célere, por razões óbvias - facilitar e impulsionar a recuperação, aumentar o interesse de futuros e potenciais proprietários (deve haver certamente pessoas que ao saberem como funciona a "coisa" mudam de ideias!) - é pena.
  7.  # 50

    Arquitectura Popular Portuguesa: A casa térrea.
      casatérrea.jpg
  8.  # 51

    Arquitectura Popular Portuguesa: A casa torreada.
      casatorreada.jpg
  9.  # 52

    «Arquitectura Popular Portuguesa», de 1960« A Arquitectura popular regional não é urbana de origem nem de tendências. Pode «urbanizar-se», melhorar de cuidados construtivos e apuros formais, mas não se lhe cortam as raízes que a prendem fortemente à terra e aos seus problemas, desvirtua-se, perde a força e a autenticidade.
    (...)
    Nas feições eruditas da Arquitectura, a essa atitude humilde de cooperação com a Natureza e aceitação quase fatalista dos seus imperativos, contrapõe-se o desejo de a dominar, com o auxílio de técnicas, em constantes transes de aperfeiçoamento; ao utilitarismo, as preocupações estéticas e estilísticas; à rusticidade, a erudição e os requintes urbanos; à permanência, uma inquitação renovadora, com raízes em fenómenos de ordem económica, social, e de outras naturezas, cada vez mais generalizada e internacionalizada.
    (...)
    As zonas, ou áreas, nas quais se espraia e define uma feição peculiar da Arquitectura, raramente coincidem com as fronteiras nacionais. São, em geral, anteriores a elas e têm raízes mais fundas e sólidas. A Nação e os seus limites constituem, em certa medida, criações artificiais, que os azares de uma simples guerra podem alterar ou até suprimir. Mas nenhuma guerra até hoje modificou a natureza do solo, o clima, e outros factores determinantes da Arquitectura regional.
    (..)
    Portugal, por exemplo, carece de unidade em termos de arquitectura. Não existe, de todo, uma «Arquitectura portuguesa», ou uma «Casa portuguesa». Entre uma aldeia minhota e um «monte» alentejano, há diferenças muito mais profundas do que entre certas construções portuguesas e gregas.
    (..)
    Não existirá contudo, nessa diversidade de feições, qualquer coisa de comum, especificamente portuguesa? Cremos que sim, que há certas constantes, de subtil distinção, por vezes, mas reais. Não dizem respeito a uma unidade de tipos, de feitios, ou de elementos arquitectónicos, mas a qualquer coisa do carácter da nossa gente (...).
    (..)
    Mesmo sem arredar pé da aldeia, da vila, ou da pequena cidade onde a Vida nos lançou ou nos reteve, essa aproximação impõe-se. O fulgor dos grandes centros chega lá, insinua-se e instala-se. Através da imprensa, da TSF, do cinema e dos produtos e ideias que se pretende incultar, atinge as terras mais remotas, impressiona as gentes e perturba a placidez tradicional da sua vida estreita, monótona, mas regrada e coerente.
    (..)
    Não se exagera ao afirmar, por exemplo, que muitos lisboetas estão mais próximos de New-York, do que de Miranda do Douro; que entendem melhor as reacções típicas dos vaqueiros do Texas do que as dos rústicos de Montemuro; que sabem mais dos anseios hollywodescos das dactilógrafas norte-americanas do que das aspirações autênticas dos camponeses do Alentejo.
    De igual modo o proprietário rural abastado, o presidente da Câmara ou da Junta, o professor, o abade, (...), estão agora mais perto, em pensamento e interesses, dos grandes centros, do que dos povoados erguidos em seu redor.
    (..)
    Eivados de influências citadinas, seduzidos pelo fulgor dos grandes centros e do aparato das suas realizações, desprezam as lições de sobriedade, de funcionamento e de coerência, que podia colher «in loco», para imporem aos burgos aquilo que consideram uma feição progressiva – e que é apenas, em enúmeros casos, parecida com a dos meios maiores. Feição inadequada, com excessiva frequência, que alimenta vaidades pacóvias mas não beneficia nem embeleza esses mesmos burgos.
    (..)
    A Arquitectura popular regional reflecte, como não podia deixar de ser, a perturbação reinante. Perturbação tão profunda que já se torna difícil, em certas regiões, encontrar meia dúzia de edifícios, funcional e harmoniosamente construídos, segundo princípios que ainda constituíam norma há quatro ou cinco dezenas de anos.
    (..)
    Contribuir para salvaguardar o que merece ser mantido, é pois, uma das finalidades deste trabalho – e não das menores.
    (...) o fenómeno da Arquitectura popular e regional só há poucas décadas começoe a interessar vivamente os estudiosos, e a ser encarado com olhos limpos de preconceitos estilísticos, que lhe diminuíam o significado e a importância.
    (..)
    O claro funcionamento dos edifícios rurais e a sua estreita correlação com os factores geográficos, o clima, como as condições económicas e sociais, expressões simplesmente, directamente, sem interposições nem preocupações estilísticas a perturbar a consciência clara e directa dessas relações, ou a sua forte intuição, iluminam certos fenómenos basilares da arquitectura, por vezes difíceis de apreender nos edifícios eruditos, mas que logo ali se descortinam, se já estivermos preparados para os compreender e apreciar. (..).
  10.  # 53

    Da 2ª edição: « (..)
    Das apetências do regime, e dos propósitos dos arquitectos que levam por diante esta obra, surge como que um equívoco que será intencionalmente mantido por estes para a viabilidade dos apoios financeiros indispensáveis, enquanto o governo espera deste trabalho todo um formulário figurinista que venha a permitir a definição epidérmica da arquitectura, ou pelo menos das arquitecturas certas para cada província. Equívoco que a publicação dos resultados do inquérito* vem destruir, juntamente com o mito, acalentado pelo regime, da existência de um «estilo nacional».

    * Obra "ARQUITECTURA POPULAR EM PORTUGAL" (Reedição):
    Entre 1955 e 1960, seis equipas distribuídas por outras tantas zonas do país empreenderam um levantamento fotográfico e tipológico que passou a figurar como «Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa». Coordenado por Francisco Keil do Amaral, presidente do então Sindicato Nacional dos Arquitectos, e subsidiado pelo Ministério das Obras Públicas, o levantamento teve uma primeira publicação em 1961, em dois volumes.
  11.  # 54

    Em vários aspectos, a legislação portuguesa deveria ser bastante mais célere, menos burocrática, em suma mais prática.
    E... ningém fala do preço das rendas? É um "pormenor" importante.
  12.  # 55

    Comecei esta discussão um pouco na mesma linha do „coisas fantásticas. O intuito é, como dona e grande apreciadora de casas antigas, partilhar com outros este mundo, este outro lado da habitação, que também existe e é opção (face a comprar e ter casa nova). Mais do que uma opção de habitação, é até, praticamente, uma opção de vida. Penso que para se ver as coisas pelo mesmo prisma, a razão de haver pessoas, como eu, que dão tanto valor a este tipo de construção, seria interessante ir por uma via quase „sentimental“ e "lírica", puxando pela história de Portugal, pelas características como povo, para compreender melhor de onde vêm estas casas e para vermos que há razões para não „fugir“ delas por representarem para muitos um certo viver na aldeia, muitas vezes aldeia de onde se saiu, precisamente à procura da outras vivências.
    Contrariamente, nos tempos que correm, como sabem, começa até a ser bastante apreciado voltar á aldeia, há quem o faça (cansados da cidade). Eu não fui tão longe, apenas optei por ter uma casa da aldeia na cidade.
    Ainda assim, e como há dificuldade imensa em compreender a recuperação destas casas, de todo o tipo de casas antigas (populares, palacetes, etc.) talvez até mais na cidade em que nos é sugerido sempre materiais e soluções que nada tem a ver com as nossas casas, pensando que queremos o brilho do novo em vez da patine que só o antigo oferece, achei que seria interessante que este tema se tornasse abrangente.

    Das rendas não estou a par, mas se calhar serão rendas como se praticam para casas novas: haverá de tudo um pouco.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: oskar
  13.  # 56

    Pois, haverá quem certamente tenha mais e melhor informação a este respeito, mas o baixo valor das rendas é um dos principais motivos da degradação do património. Actualmente parece-me que as coisas já estão a modificar-se, mas será que vamos a tempo??
    http://www.flickr.com/photos/29156417@N02/3205217414/in/set-72157622320296526/
    Dá dó.
  14.  # 57

    Karura,
    Há muita coisa ao abandono, e sim dá dó.
    A história daquelas casas, a beleza decadente do passado longínquo em que alguém as cuidava. Tem que haver renovado interesse, tem que haver pessoas que vejam nelas algo que valha a pena salvar.
    Não me parece que seja unicamente devido a rendas baixas, pode ser certamente uma das razões, mas para mim é mais uma questão cultural. As pessoas na sua maioria não apreciam o velho.
  15.  # 58

    Na outra face da moeda, aparece agora um grupo de gente "hip" (se calhar os quadros médios e médios altos que falou o Paulo Correia) e que vê nestas casas uma possibilidade imensa de as transformar num estilo muito actual. A casa velha com acabamentos moderníssimos. Uma antítese.Casas seculares recheadas a Kartell e pastilha preta.

    Esta casa da imagem que encontrei na internet, como quase todas que coloco, aliás peço desde já desculpa a quem de direito, pelos abusos que vou comentendo!,.. (E já agora, não sei porque há sempre uma dificuldade imensa em encontrar este tipo de imagens em qualidade em sites portugueses!- E ainda por cima reclamo!) por exemplo, é de 1860. Mas ninguém o diria.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: MartaD
      modern-remodelling-of-very-old-house-15.jpg
  16.  # 59

    Ou esta casa rústica do Séc. XV.
      old-house-where-rustic-meet-modern-design-1.jpg
  17.  # 60

    Com estes interiores I
      old-house-where-rustic-meet-modern-design-3.jpg
 
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