Iniciar sessão ou registar-se
  1.  # 221

    Não consegui resistir a espicaçar, sobretudo porque sempre achei graça à expressão e ao facto de para a minha amiga se tratar de uma coisa tão evidente que nem requeria explicação. Conhecendo-a, palpita-me que ela se referia àqueles que se consideram "Fidalgos, Queques e Betinhos" mas que, na opinião dela, não passam de parolos e eu acrescento, parolos culturais e intelectuais. Não me parece mal visto mas, olhando a "Linha" de fora, nunca consegui perceber porque é que para ela é óbvio que o Estoril é diferente.

    C.Martin, estou perfeitamente de acordo sobre as gavetas. A minha opinião sempre que foi que a grande, grande maioria das pessoas, vistas de perto, são muito mais interessantes do que vistas de longe (já me aconteceu ouvir por portas travessas uma história íntima de alguém que eu considerava sobremaneira desinteressante e que mete a de Pedro e Inês num chinelo, por exemplo). Depois há umas tantas que eu conheço de perto e preferia ver de longe.
  2.  # 222

    São as classes que (volto a insistir) não são apenas definidas pelo poder económico que têm.

    E digo mais: Será certamente essa uma das razões para andarmos tão baralhados uns com os outros!
    Seria tão simples se pudéssemos identificar-mo-nos com base no rendimento:
    - Portanto, ganha 10mE, é classe alta: Espero educação, sensibilidade, honestidade intelectual, esmero no trato.
    - Rendimento de 2500E. Classe média. Espero bom trato, altruísmo e de vez em quando uma asneirola.
    - 475euros brutos mês, espero humildade, simplicidade e de vez em quando uma facadita nas costas.

    E o mundo seria um lugar tão simples!

    Não seria, digam que estou errada?
  3.  # 223

    lobito,
    Eu sei ao que a sua amiga se refere e, é, porque o Estoril tem uma história e uma classificação (classes!) em traços gerais diferentes das de Cascais.
    Se fossem pessoas:
    O Estoril será mais tradicional, mais sofisticado, mais nobre de título.
    Cascais é mais novo rico, mais loiro, e comprou o seu título de nobreza.
  4.  # 224

    Colocado por: CMartincomprou o seu título de nobreza.

    A pronto pagamento ou a crédito?
  5.  # 225

    Se há uma coisa que é abrangente a todas as classes em portugal, é a sua enorme capacidade de não conseguirem ser leves. E como tal vivemos aos zigzagues para não nos "tocarmos". Isto é, mais parece uma colecção de cromos.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin, lobito
  6.  # 226

    Colocado por: marco1Se há uma coisa que é abrangente a todas as classes em portugal, é a sua enorme capacidade de não conseguirem ser leves. E como tal vivemos aos zigzagues para não nos "tocarmos". Isto é, mais parece uma colecção de cromos.

    Estas pessoas agradeceram este comentário:lobito



    Mas, de vez em quando...
      IMG_1641.JPG
      IMG_1648.JPG
  7.  # 227

    Boa

    Acho que falta às pessoas na sua generalidade, descontracção.

    Eu acho que falta a capacidade de dizer exactamente o que pensa e, simultaneamente, o poder de encaixe para ouvir exactamente o que os outros pensam.

    Por vezes difícil é dizer o que achamos verdadeiramente sem ferir susceptibilidades, porque há coisas que se pensam, mas não se dizem.

    Aí está uma coisa que tenho alguma dificuldade em perceber.

    Logo, lobito, falar nos grunhos de Cascais para mim parece-me um pouco ofensivo, dito assim inconsequentemente. Desculpe, estou a ser a Maria da Fonte, mas já que falámos em Cascais falaremos no resto do País, sim?

    Não tenha ilusões, há labregos, parolos, foleiros, burgessos e grunhos em toda a parte. E gente boa também.

    Nem toda a classe média portuguesa é de "burguesos". Certamente a maioria não o é. Na classe média aparece um pouco de tudo

    Estou de acordo, acho o conceito de “classe média” muito abrangente e uma amostra muito representativa do povo português.

    Quanto às gavetas, não podia discordar mais. Na minha opinião é demasiado redutor classificar alguém dessa forma, ninguém “cabe” numa só gaveta. Para além disso o que conhecemos das pessoas são apenas formalismos e comportamentos artificiais. A verdadeira natureza de cada um raramente vem ao de cima (tenho para mim que a verdadeira natureza de cada um só se manifesta em condições limite ou extremas), e é isso que, para mim, torna as pessoas absolutamente desinteressantes. Antes um labrego ou um grunho, mas autêntico e natural

    Cumps
    José Cardoso
  8.  # 228

    Colocado por: PauloCorreia
    Colocado por: CMartincomprou o seu título de nobreza.

    A pronto pagamento ou a crédito?


    Está boa!
    •  
      FD
    • 8 junho 2010

     # 229

    Colocado por: j cardosoNão tenha ilusões, há labregos, parolos, foleiros, burgessos e grunhos em toda a parte. E gente boa também.

    Todos esses adjectivos podem ser gente boa na mesma.
  9.  # 230

    Boas

    Todos esses adjectivos podem ser gente boa na mesma.

    Bem observado, a palavra foi mal escolhida - e nem foi propositado, que não aprecio particularmente pessoas "boas".
    As minhas desculpas aos labregos, parolos, foleiros, burgessos e grunhos que são também boas pessoas :-)

    cumps
    José Cardoso
  10.  # 231

    Não estamos a discutir o facto de serem boas pessoas ou não.
    No fundo, somos todos boas pessoas.

    "colocado por jcardoso Quanto às gavetas, não podia discordar mais. Na minha opinião é demasiado redutor classificar alguém dessa forma, ninguém “cabe” numa só gaveta. Para além disso o que conhecemos das pessoas são apenas formalismos e comportamentos artificiais. A verdadeira natureza de cada um raramente vem ao de cima (tenho para mim que a verdadeira natureza de cada um só se manifesta em condições limite ou extremas), e é isso que, para mim, torna as pessoas absolutamente desinteressantes. Antes um labrego ou um grunho, mas autêntico e natural"

    Se me mostram comportamentos artificiais e formalismos que tipo de interesse podem suscitar em mim? Nenhum.
    Por outro lado, se calhar se me derem a escolher há muitas verdadeiras naturezas que prefiro não conhecer - ainda por cima se só aparecem em limites extremos, não devem ser boa coisa. Por isso falei nas gavetas.

    Aparentemente o Henrique apresenta-se com camisa Rosa&Teixeira.
    Fala bem e parece-me educado.
    O Henrique mantém o formalismo.
    Eu coloco o Henrique na gaveta porque aparentemente não me suscita interesse. Só o conheci superficialmente. Pode ser que venha a suscitar um relacionamento melhor, quando o Henrique e eu nos conhecermos melhor.

    Depois, em casos limite, o Henrique tem a oportunidade de mostrar o seu verdadeiro ele, quando venho a saber, por exemplo, que a casa que ele me vendeu tem um defeito bárbaro, impeditivo de eu ir para lá viver, o preço que o Henrique me propôs pela venda da casa não abrangeria esse defeito impeditivo e eu tenho que resolver o assunto. Quando contacto o Henrique e lhe exponho o caso o comportamento do Henrique deixa subitamente de condizer com a sua camisa Rosa&Teixeira, e mais valia estar a usar aquelas camisolas interiores de rede sem mangas.
  11.  # 232

    Dentro das respectivas gavetas, não tenho grandes expectativas.
  12.  # 233

    Boas

    Quando contacto o Henrique e lhe exponho o caso o comportamento do Henrique deixa subitamente de condizer com a sua camisa Rosa&Teixeira, e mais valia estar a usar aquelas camisolas interiores de rede sem mangas.

    Ou seja, a verdadeira natureza do Henrique veio ao de cima.

    Por outro lado, se calhar se me derem a escolher há muitas verdadeiras naturezas que prefiro não conhecer

    Pelo que é conveniente conhecer a verdadeira natureza daqueles com quem lidamos de molde a poder exercer essa opção.

    ainda por cima se só aparecem em limites extremos, não devem ser boa coisa

    Nem sempre. Sendo por natureza algo descrente, há ainda ocasiões em que não consigo deixar de ficar surpreendido com aquilo de bom de que algumas pessoas são, apesar de tudo, capazes de fazer.

    cumps
    José Cardoso
  13.  # 234

    Colocado por: CMartinSão as classes que (volto a insistir) não são apenas definidas pelo poder económico que têm.

    E digo mais: Será certamente essa uma das razões para andarmos tão baralhados uns com os outros!
    Seria tão simples se pudéssemos identificar-mo-nos com base no rendimento:
    - Portanto, ganha 10mE, é classe alta: Espero educação, sensibilidade, honestidade intelectual, esmero no trato.
    - Rendimento de 2500E. Classe média. Espero bom trato, altruísmo e de vez em quando uma asneirola.
    - 475euros brutos mês, espero humildade, simplicidade e de vez em quando uma facadita nas costas.

    E o mundo seria um lugar tão simples!

    Não seria, digam que estou errada?

    Este post para mim é uma aberração...
    Ou seja para si só devia ser humilde os que ganham pouco, altruístas os da classe média e sensíveis os ricos... Ele é com cada uma!
    Conheço com cada rico mais bruto, e pessoas bem simples tão altruístas, etc, etc... Querer "etiquetar" os traços mais próprios da personalidade de cada individuo baseando-se nos ganhos monetários é simplesmente ridículo!
  14.  # 235

    Colocado por: Pedro Azevedo78 Este post para mim é uma aberração...
    Ou seja para si só devia ser humilde os que ganham pouco, altruístas os da classe média e sensíveis os ricos... Ele é com cada uma!
    Conheço com cada rico mais bruto, e pessoas bem simples tão altruístas, etc, etc... Querer "etiquetar" os traços mais próprios da personalidade de cada individuo baseando-se nos ganhos monetários é simplesmente ridículo!


    Para mim também é uma aberração, estava ver que ninguém reparava! E eu aqui mortinha pela oportunidade..
    Ainda assim, PedroAzevedo78, não seja injusto, porque se leu mais atrás eu disse:
    "E podia entrar aqui numa grande polémica, sim, estou tentada a fazê-lo, mas, se no meu melhor “comportamento” já me dizem que sou egocêntrica e egoísta, imaginem-me, Deus meu, no meu pior. Tenho muitas contribuições a fazer sobre esta faceta das classes, nenhuma delas boa."

    De qualquer forma, mesmo que eu tenha dito isto, sou eu que estou aqui a defender que as classes não deviam de ser definidas apenas pelos rendimentos mas também pela educação e sensibilidade que têm as pessoas que a elas pertencem. Não só pelo poder financeiro/rendimento, mas também, e não só, pela educação. Um conjunto de factores.
    Estou farta de o dizer, e repito: “São um conjunto de factores e não o poder económico, unicamente, que distinguem as classes.”

    Mas repare que eu disse ainda “Por vezes difícil é dizer o que achamos verdadeiramente sem ferir susceptibilidades, porque há coisas que se pensam, mas não se dizem.” E foi-me dito “Aí está uma coisa que tenho alguma dificuldade em perceber.” Portanto eu arrisquei um pouco, mesmo sabendo que algumas pessoas não interpretariam bem o que eu disse.

    Portanto embora eu não associe, ao contrário de muitos que o defendem, o rendimento como por si só definição de uma classe, o que eu disse, PedroAzevedo era que seria muito mais fácil para mim e para si e para todos que assim fosse, ao menos saberíamos com o que contar. Portanto, repare que a aberração que eu disse foi exactamente o contrário daquilo que está a pensar: eu não sou a favor de elitismos com base em poder financeiro mas prezo acima de tudo a educação e o respeito com que sou tratada e com que trato os outros.

    Eu acho uma aberração dizerem-me que é o rendimento que define uma classe, em termos comportamentais.

    Vá e agora volte lá para a sua gaveta. (atenção, isto é uma piada).Pode colocar-me numa gaveta também, se é que não o fez já.
  15.  # 236

    Colocado por: j cardoso
    Pelo que é conveniente conhecer a verdadeira natureza daqueles com quem lidamos de molde a poder exercer essa opção.


    Para quê dar-me ao trabalho? Exerço a opção antes.


    Nem sempre. Sendo por natureza algo descrente, há ainda ocasiões em que não consigo deixar de ficar surpreendido com aquilo de bom de que algumas pessoas são, apesar de tudo, capazes de fazer.
    cumps
    José Cardoso


    Não sou descrente, jcardoso, eu acredito demasiado em toda a gente, por essa mesma razão prefiro acreditar superficialmente do que conhecer verdadeiramente. Parece uma contradição mas não é.
    As pessoas estão sempre livres de serem boas, se o forem certamente valerão a pena, de dentro da gaveta eu oiço-as e sou capaz de as deixar saír (para o meu mundo).
    Não acontece muito.
  16.  # 237

    Atenção: Estamos ainda a falar das classes e da educação vs. rendimento.
  17.  # 238

    Boas

    E foi-me dito “Aí está uma coisa que tenho alguma dificuldade em perceber.”

    Passo a explicar-me:
    Não é usual dizer-se o que se pensa como se pensa porque se tem, como a CMartin refere, medo de ferir susceptibilidades e potenciar conflitos. Na minha opinião caiu-se num exagero, e muitos preferem "dourar a pílula" a dá-la a engolir exactamente como é. Mal comparado, é como quando a mulher pergunta ao marido o que acha da toilette: mesmo que não se goste, é suposto dar uma resposta de "compromisso" ou até enganadora, na mira de evitar o tal "conflito". A minha atitude é: que gostava eu que me respondessem? A verdade: essa toilette não te cai bem. Então é isso que vou responder. Prefiro lidar com a verdade, por desagradável que seja, que ouvir uma opinião "de circunstância". Sei que nem sempre é fácil e que muitos vêm uma atitude agressiva naquilo que é apenas sinceridade, mas apesar de possíveis conflitos continuo a achar que a sinceridade é o melhor remédio, pese embora o facto de nem sempre ser a atitude mais "confortável". Até porque quem diz o que pensa tem de estar preparado para ouvir o que os outros verdadeiramente pensam.

    cumps
    José Cardoso
  18.  # 239

    jcardoso, sei isso e concordo, repare que não interessa expor-nos quando não nos conhecem. Todos douramos a pílula quando lidamos socialmente uns com os outros, quando lidamos intimamente com familiares e amigos, somos verdadeiros.

    Ainda sobre as classes encontrei este estudo muito interessante, num site que já foi referido nesta discussão, se não me engano por hfviegas.
    O estudo define as classes para efeitos de marketing e targets-alvo, mas acho perfeitamente adequado para o que aqui se discute.

    O estudo.
  19.  # 240

    Boas

    Todos douramos a pílula quando lidamos socialmente uns com os outros, quando lidamos intimamente com familiares e amigos, somos verdadeiros.

    Nem todos, CMartin, nem todos. Alguns há que somos uns brutos mas, por mais que o digamos, ninguém acredita.

    cumps
    José Cardoso
 
0.0440 seg. NEW