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  1.  # 141

    Colocado por: marco1 nem lhe deu o direito ou melhor não aceito que depreenda das minhas palavras que eu estou a defender socialismos, estados, sistemas totalitários etc ,de que parece estar a querer rotular o meu pensamento que mais nada é do que ter princípios humanistas.

    É engraçado discutir consigo - acha aceitável dizer que os outros defendem o extermínio destes e mais isto e mais aquilo - mas depois irrita-se quando alguém recorda que os totalitarismos do séc XX começaram pela utopia e pelas "boas" intenções de criar um homem novo, e de modificar a natureza humana.

    Uma coisa é certa aqui quem parece que só vê um caminho e uma inevitabilidade é o luis pura e simplesmente. Toda esta nossa discussão sobre sistemas é despropositada e quanto muito em vez de sistemas poderíamos é realmente ir ao que de facto está em jogo nestes assuntos que mais não é do que a eterna luta de classes tão só.

    Ah, a luta de classes. Não diga mais.

    mas mesmo este assunto causa-me fastio e já estou para alem disso e até estou é por nada a não ser contra visões como a sua que acha que a economia tão exacta ao ponto de identificá-la com a natureza humana esquecendo que as pessoas se relacionam para alem das relações económicas.

    É difícil, mas só mais uma vez : as relações económicas utilizam mecanismos inatos à condição humana. O mecanismo das relações entre oferta e procura não foi ditado por ninguém, não são letras coladas num papel por alguém bem ou mal intencionado - resulta da interacção livre de seres humanos, em função dos seus instintos ou de decisões racionais, como preferir. Pode tentar contrariar, mitigar ou introduzir distorções, mas não o conseguirá de forma consistente e prolongada, numa sociedade minimamente livre. Há muitos exemplos de ideias "justas" no papel (estabelecer preços fixos para determinados bens, p.ex), que pura e simplesmente não funcionam e geram resultados contrários aos desejados.
  2.  # 142

    Boas

    Tendo em conta o papel proeminente que alguns sucateiros têm na nossa sociedade, não poderíamos aproveitar a sua sabedoria no que toca a desmembrar coisas para as rentabilizar? Os espanhóis hão-de estar interessados no Minho e em Trás-os-Montes. Os holandeses, ao que parece, gostam muito do Alentejo. No fundo, não seria muito diferente do que fizemos com o Algarve e os ingleses. É só uma ideia


    Estando genericamente de acordo com o resto das afirmações, não consigo deixar passar esta afirmação sem uma achega: provavelmente serei antiquado e estarei ultrapassado, mas considero-me visceralmente português e patriota (que não nacionalista). Não sendo adepto da violência confesso que estaria na primeira linha do combate contra o desmembramento deste rincão, e se bombas fossem necessárias seria o primeiro a usá-las para que tal nunca acontecesse. Podia até ser o pior país do mundo, mas é o meu país e nunca aceitaria sem reagir qualquer tentativa de modificar esse facto.

    Contas são só contas. Segundo esse senhor, eu seria pobre.
    Mas como posso ser pobre se tenho uma casa nova e grande, temos 1 carro de 1997, conseguimos pagar todas as contas, andamos bem vestidos, respiramos ar puro, não vemos crime, temos segurança, temos educação...

    Ok, é certo que tive que me mudar para uma Vila para ter isto tudo a baixo custo e é por causa disso que não considero que 3 pessoas com 1019 euros, sejam pobres. Depende do sítio onde se vive. Depende de muita coisa.
    Se há pessoas na cidade que não conseguem viver com tão pouco, que MUDEM DE VIDA. Que saiam para outro sítio. Portugal não se resume às cidades.
    Já agora, não sei como os pobres têm créditos. Eu não me considero pobre e ninguém me dá crédito lol


    E assim se recebe mais uma lição, que agradeço. Muitos anos de vida me separam da geração da Marta, geração que é muitas vezes objecto das minhas críticas. Admito que algumas afirmações que aqui fez me deixaram "de queixo caído" pela sua frontalidade - e logo eu que sou tudo menos diplomata. Quem aqui era capaz de desnudar a sua vida como a Marta tem feito? Fui habituado de outra forma e confesso que algumas ideias feitas que ainda dominam a minha maneira de ser não se coadunam com esta atitude. Não posso porém deixar de reconhecer que, mesmo sem concordar a 100% coma a Marta, a sua atitude constitui uma lufada de ar fresco neste ambiente bafiento que é o Portugal do século XXI. Bem haja Marta, são mentalidades como a sua que fundamentam a minha esperança neste país e nas suas gentes.


    cumps
    José Cardoso
  3.  # 143

    CMartin, penso nas inúmeras pessoas pobres das grandes cidades e penso que se quisessem, podiam mudar de vida, com o mesmo dinheiro podiam viver melhor, bastava para isso sairem da podridão dos bairros sociais, do amontoado das cidades, de zonas que fazem dos pobres, ainda mais pobres.
    A minha sogra ganha 250 euros, o meu sogro ganha 300 euros, de reformas (estes sim são pobres), e depois de 20 e tal anos separados, a viver em Lisboa (e em muito más condições, de arrepiar), decidiram vir para Monção, atrás de nós.
    Juntaram os trapinhos e neste momento vivem juntos (por necessidade), numa vivenda (velhinha, mas renovada por dentro e no centro de Monção) que arrendaram por 250 euros, com jardim. Têm horta, têm patos, têm galinhas e vivem muito melhor. São felizes aqui. Têm uma vida sossegada. Têm algum sustento vindo da terra, e alguns animais.

    O dinheiro é pouco. 550 euros para 2 pessoas é muito pouco. Mas têm uma qualidade de vida que não tinham em Lisboa. Mas nem se compara.
  4.  # 144

    Boas

    É difícil, mas só mais uma vez : as relações económicas utilizam mecanismos inatos à condição humana.

    Já reparou que sobressai das suas intervenções a ideia que só o luísvv compreende a natureza humana? Alguma vez ponderou que a sua ideia de natureza humana ser tão credível - ou tão falível - como outra qualquer? A não ser que tenha informação priveligiada mercê de algum contacto directo com o Criador (se é que existe tal coisa)

    cumps
    José Cardoso
  5.  # 145

    Colocado por: CMartin
    Colocado por: MartaD
    Mas como posso ser pobre se tenho uma casa nova e grande, temos 1 carro de 1997, conseguimos pagar todas as contas, andamos bem vestidos, respiramos ar puro, não vemos crime, temos segurança, temos educação...
    Ok, é certo que tive que me mudar para uma Vila para ter isto tudo a baixo custo e é por causa disso que não considero que 3 pessoas com 1019 euros, sejam pobres. Depende do sítio onde se vive. Depende de muita coisa.



    Quando eu digo isto muitos do forum saltam-me em cima, onde vivo, qual a noção que tenho da realidade, que sou optimista. Sou optimista, sou. Comparada com muitas pessoas que são pessimistas, eu passarei a ser optimista.




    Eu fui um deles. Mas eu não disse que era optimista (pelo menos eu). Disse que era egoísta. É bem diferente...

    :)
  6.  # 146

    É impossível separar a política desta discussão. Venha quem vier.
  7.  # 147

    Colocado por: MartaD
    Colocado por: altar
    Colocado por: MartaD

    Desculpe mas o meu agregado é de 3 pessoas e o total dos rendimentos é de 1019 euros.

    E não me considero pobre. Sou pobre? Claro que não. E porque não? Porque consigo pagar todas as minhas contas. Se sobra algum? Não sobra. Mas posso ser feliz na mesma pois moro num sítio lindo, tenho uma casa linda (arrendada) e todos os fins de semana posso passear como se estivesse de férias, por estes belos locais.






    Essas contas foram feitas por um fiscalista e deu no telejornal há uns tempos atrás, deve existir no youtube.
    Limiar da Pobreza foram as palavras que ele aplicou, o mais triste é que grande parte da população está neste limiar

    A verdade é que somos um país de pobres e ainda por cima pagamos por um carro mais que um Alemão que é rico, entre outras coisas

    Pessoas que vivem com o salário mínimo ou pouco mais que isso são verdadeiros heróis

    Eu não sou rico mas se fosse procuraria em ajudá-los


    Contas são só contas. Segundo esse senhor, eu seria pobre.
    Mas como posso ser pobre se tenho uma casa nova e grande, temos 1 carro de 1997, conseguimos pagar todas as contas, andamos bem vestidos, respiramos ar puro, não vemos crime, temos segurança, temos educação...

    Ok, é certo que tive que me mudar para uma Vila para ter isto tudo a baixo custo e é por causa disso que não considero que 3 pessoas com 1019 euros, sejam pobres. Depende do sítio onde se vive. Depende de muita coisa.
    Se há pessoas na cidade que não conseguem viver com tão pouco, que MUDEM DE VIDA. Que saiam para outro sítio. Portugal não se resume às cidades.
    Já agora, não sei como os pobres têm créditos. Eu não me considero pobre e ninguém me dá crédito lol


    Mudem de vida? Ou de atitude?
    Esquecem a família que está próxima, mudam de identidade, mudam de amigos, imigraram, etc. Lindo serviço.
  8.  # 148

    Boas

    Eu fui um deles. Mas eu não disse que era optimista (pelo menos eu). Disse que era egoísta.


    Caro johny:

    Como é evidente cada um tem direito à sua opinião que pode manifestar sempre que o entenda, e esse será a sua que, como é evidente, respeito. Por mim, e se me permite, acho profundamente injusta essa sua afirmação. Nem sempre estou de acordo com a CMartin, mas acho uma tremenda injustiça acusá-la de egoísmo. Não merece mesmo, mas claro que é apenas a minha interpretação

    cumps
    José Cardoso
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
  9.  # 149

    Colocado por: j cardosoBoas

    Eu fui um deles. Mas eu não disse que era optimista (pelo menos eu). Disse que era egoísta.


    Caro johny:

    Como é evidente cada um tem direito à sua opinião que pode manifestar sempre que o entenda, e esse será a sua que, como é evidente, respeito. Por mim, e se me permite, acho profundamente injusta essa sua afirmação. Nem sempre estou de acordo com a CMartin, mas acho uma tremenda injustiça acusá-la de egoísmo. Não merece mesmo, mas claro que é apenas a minha interpretação

    cumps
    José Cardoso


    Disse mal. As palavras dela é que transpareciam um pensamento egoísta. Peço desculpa. Evidentemente que eu nem a conheço o suficiente para dizer tal coisa...
  10.  # 150

    Colocado por: j cardoso

    E assim se recebe mais uma lição, que agradeço. Muitos anos de vida me separam da geração da Marta, geração que é muitas vezes objecto das minhas críticas. Admito que algumas afirmações que aqui fez me deixaram "de queixo caído" pela sua frontalidade - e logo eu que sou tudo menos diplomata. Quem aqui era capaz de desnudar a sua vida como a Marta tem feito? Fui habituado de outra forma e confesso que algumas ideias feitas que ainda dominam a minha maneira de ser não se coadunam com esta atitude. Não posso porém deixar de reconhecer que, mesmo sem concordar a 100% coma a Marta, a sua atitude constitui uma lufada de ar fresco neste ambiente bafiento que é o Portugal do século XXI. Bem haja Marta, são mentalidades como a sua que fundamentam a minha esperança neste país e nas suas gentes.


    cumps
    José Cardoso


    Não tenho vergonha de contar nada sobre a minha vida, se isso acrescentar algo de positivo para a conversa. Agradeço imenso a sua sinceridade face aos meus comentários.

    Sempre vivi com os meus pais em Lisboa, vivemos sempre num bairro bom, nunca tive problemas de nada. Mas chegou certa altura em que tive que deixar os meus pais para ter a minha vida e em 2008 decidi vir para Monção (por diversas razões). Como ia eu ficar em Lisboa? Ia para algum bairro social? Ia viver mal? Sempre fui habituada a sítios bons e com condições, não ia conseguir viver num sítio feio e cheio de crime. Tenho um filho. Quero o melhor para ele.
    Só a partir dessa altura é que vi o que é viver com pouco. E eu já adivinhava que ia ser difícil. Por isso escolhi viver numa Vila. Onde posso ter uma casa boa num sítio bom, por muito menos. Se todos os pobres vivessem como eu, não havia pobres. A minha prioridade na vida é pagar as contas, não dever nada, nem sequer um condomínio. A falta de dinheiro para lazer, não é um problema. Felizmente tenho as minhas coisas, que os meus pais me deram ao longo da vida, por isso não me falta nada.
    A minha felicidade completa-se quando sei que o meu filho vive bem, que não lhe falta nada. Quando faço festinhas aos meus animais lindos (tenho bastantes eheh), quando vou para o terraço e olho a vista em frente. Quando de noite vejo as estrelas e ouço os grilos. Quando vou passear para Espanha (200metros), conhecer outros sítios.
    A minha felicidade é ter uma vida calma e tempo para a família. É ter tudo organizado, ter a casa arrumada, ter a cabeça "em dia".
    Quem passou do ter tudo para o ter "nada", foi um grande choque, no entanto, parece que agora, mesmo com dificuldades financeiras, vivo muito melhor do que antes, em Lisboa.

    Fico feliz por ter uma família organizada. Todo o rendimento mensal (1019) é levantado do banco e colocado em diferentes envelopes que dizem: "gasolina", "modelo", "gás", "água", "EDP", "Meo" (tenho Meo, tenho sorte), "Renda", "Infantário", "Seguro do carro"... (+ crédito antigo do carro e condomínio, pagos pelo Banco) Assim fico descansada para o resto do mês, porque esse dinheiro já está destinado e não vai faltar. E são essas as despesas que tenho com a minha vida. O importante é pagarmos o que devemos. E quando o consigo fazer, fico feliz. Vivo sem pesos em cima de mim. Sou leve, alegre, porque vivo em paz.
    Para quem sempre viveu com os pais, não me dou nada mal a comandar as tropas.

    E apesar de muitas vezes dizer mal do sítio onde vivo, fico grata por viver num sítio onde os pobres deixam de ser pobres, nem que seja na alma.
  11.  # 151

    Colocado por: Johny2
    Colocado por: MartaD

    Ok, é certo que tive que me mudar para uma Vila para ter isto tudo a baixo custo e é por causa disso que não considero que 3 pessoas com 1019 euros, sejam pobres. Depende do sítio onde se vive. Depende de muita coisa.
    Se há pessoas na cidade que não conseguem viver com tão pouco, que MUDEM DE VIDA. Que saiam para outro sítio. Portugal não se resume às cidades.
    Já agora, não sei como os pobres têm créditos. Eu não me considero pobre e ninguém me dá crédito lol


    Mudem de vida? Ou de atitude?
    Esquecem a família que está próxima, mudam de identidade, mudam de amigos, imigraram, etc. Lindo serviço.


    Sim. Mudar de vida. Foi isso que eu fiz. Ou não? Só não mudei de identidade, nem foi preciso sair do meu belo País. Portugal é muito grande.
    Sim, tive que deixar os meus pais, mas não os esqueci. Sim, tive que deixar os meus amigos, mas não os esqueci. Infelizmente não tenho amigos na minha nova vida, mas foi o preço a pagar.
    Será que fiz um mau serviço?
    É que não percebi porque respondeu como respondeu. Pode explicar a parte da ironia do "lindo serviço"?
  12.  # 152

    Marta,
    Espere não vá por aí (o seu último comentário)..às vezes, sem nos apercebemos, acabamos todos por nos interpretar mal uns aos outros e estragamos coisas..no seu caso estragaria o penúltimo comentário que fez e que foi tão bom de se ler.
    Obrigada, adorei saber a sua história, adoro histórias felizes.
    Cansa já as queixas infinitas, certamente sentidas, mas, ver a vida com olhos de ver..nem toda a gente consegue.
  13.  # 153

    JCardoso, obrigada a medalha do 10 de Junho hoje foi para mim, eu agradeço e aceito (embora sem saber qual o mérito).
    Beijinho.
  14.  # 154

    Colocado por: CMartinMarta,
    Espere não vá por aí (o seu último comentário)..às vezes, sem nos apercebemos, acabamos todos por nos interpretar mal uns aos outros e estragamos coisas..no seu caso estragaria o penúltimo comentário que fez e que foi tão bom de se ler.
    Obrigada, adorei saber a sua história, adoro histórias felizes.
    Cansa já as queixas infinitas, certamente sentidas, mas, ver a vida com olhos de ver..nem toda a gente consegue.


    Tem razão CMartin. Mas gostava de esclarecer aquele comentário.
    Mas pronto, já fiz asneira, estraguei o meu texto anterior eheheh
  15.  # 155

    Não chegou a estragar.
    Ainda estou a sorrir por causa desse seu penúltimo comentário.
  16.  # 156

    Classe média Portuguesa e Qualidade de Vida.
    (Desculpem se vos vou desiludir com a minha visão (já sabem podem contar com ela sempre), idealista, mas sou verdadeira a mim própria, portanto aqui vai ela toda bonitinha.)

    Uma das razões, entre outras, que comecei esta discussão foi porque há dias vi um programa da Oprah (sim que coisa mais cliché) em que era retratada uma família Americana de classe média. Não se disse quanto ganhavam.
    Cheia de gadgets. Numa casa enorme. Atafulhada de tralha. Três carros, em que nenhum cabia na garagem porque também ela estava cheia de tralha. Roupa sempre por lavar. Eram 4 no agregado familar, mãe (segundo casamento), pai (primeiro casamento), filho adolescente (do primeiro casamento da mãe) e filho pequeno (do presente casamento). Tomavam as refeições take-away separados uns dos outros. O pai trabalhava que se fartava e chegava à casa e ligava-se aos e-mails. A mãe tinha deixado de trabalhar, ficava em casa, mas não cozinhava nem tratava da roupa, nem da casa, nem da família. O filho adolescente mandava 100 smss por dia e estava sempre ao PC. O filho mais pequeno cuidava dele próprio e jogava jogos electrónicos.
    Quando estavam todos juntos em casa não se falavam, estavam todos demasiados ocupados.
    Foram sujeitos a um programa de organização familiar nas mãos de um guru especialista na matéria. Há gurus para tudo nos EUA.
    Obviamente Portugal não é igual, cada País tem a sua especial maneira de viver.
    Ouve-se no entanto, cada vez mais falar nestes casos como o da Marta, do Mk Pt, em que se sacrifica uma vida de stress diário numa cidade a ganhar para consumir para ter uma vida de menor consumo mas de maior riqueza emocional.
    Um equilíbrio entre o rendimento e um estilo de vida saudável, que nos satisfaz.
    Qualidade de vida, na minha perspectiva, são as coisas que vivemos no dia-a-dia e não as grandes coisas que acontecem uma vez no ano.
    Na minha perspectiva também, não se é feliz se não tivermos momentos de descontracção e de felicidade, e está provado que comprar um bem não traz tanta felicidade como viver uma experiência boa. Talvez isso nos ensine algumas prioridades, aproveitar mais os momentos torná-los em momentos de qualidade.
    Quando falei em optar por trabalhar mais e viver menos, ou, voltar um pouco atrás, e trabalhar menos, talvez algo mais descontraído, ou algo na aldeia, ou passar menos tempo a gastar tempo em coisas que afinal não são importantes e gastar mais tempo com as pessoas que amamos, a olhar o sol, sei lá, mais coisas líricas.
    O outro dia entrevistaram um senhor qualquer que havia feito um turismo de habitação, e seria conhecido do Francisco Balsemão, da Impresa. O senhor ia deixar a cidade, o estilo de vida para esse turismo de habitação, não me lembro, mas vamos imaginar que era, no Alentejo, e disse-lhe o Balsemão “Nem imagina a sorte que tem em poder fazer isso, e a inveja que eu tenho sua”.
    Eu não sou o Balsemão, mas há dias aconteceu-me algo do género, pela primeira vez, despedi-me de um colega que se deslocou para África, e eu fiquei com o coração pequeno porque sei ao que ele vai, e é muito bom.
    Quando se começou a falar na crise, uma das primeiras coisas que ouvi dizer, e que já disse aqui no fórum, era que os nossos valores iriam mudar. Esta frenética correria pelo bem de consumo ia acabar por ser substituída por outro valor muito mais importante: o amor aos amigos e à família e pelos momentos bons.
    Sinceramente, estou desejosa que isso aconteça, e vou já tratar que comece pela minha casa.
    PS. Eu não consigo abrir a minha vida como a Marta, mas posso dizer que embora a estatística se calhar não conte comigo, eu faço parte da classe média Portuguesa, com muita honra.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: MartaD
  17.  # 157

    Deixem-me retratar aqui 2 ou 3 casos concretos tipicos :

    Familia A - 2 Adultos, 1 Criança Menor
    Os 2 adultos trabalham por conta de outrem.
    Carro 1 : Audi A4 2.0 TDI novo a Credito (prestação a rondar os 500€ por 5 anos)
    Carro 2 : Mercedes A180 Cdi novo a Credito (prestação a rondar os 350€ por 5 anos)
    Casa : Apartamento T3 a Credito (custo 230.000€ prestação a rondar os 800€ por 40 anos)
    Ferias : 1 Vez por Ano no Estrangeiro (Custo médio de 3000 €)
    Comem Frequentemente em Restaurantes, não usam transportes publicos, vestem bem,
    a criança frequenta uma boa creche e a casa está muito bem mobilada.

    Familias com este perfil há aos pontepés. Classificam esta familia como sendo da classe média ?
    Que rendimentos liquidos mensais pensam que tem ?

    Familia B - 2 Adultos, 1 Criança Menor
    2 Adultos trabalham por conta de outrem.
    Carro : Toyota Corolla 1.4 D4D (novo com 60% entrada e restante a crédito com prestação de cerca de 180€ mes)
    Casa : Apartamento T3 (190.000€, com 25% entrada, restante a crédito com prestação de 500€ mês a 30 anos)
    Férias : 1 Vez de 2 em 2 anos, se possivel (custo médio de 2500 €)
    Comem esporadicamente em restaurantes, vestem bem, 1 dos adultos usa o transporte publico, a criança está numa boa
    creche, e a casa, embora mais modesta que a 1ª, está bem mobilada.

    E esta familia como classificam ? Diriam que apesar das diferenças, a 'classe' de ambas seria sensivelmente a mesma correcto ?

    Bom, então ambas as familias tem o mesmo rendimento, de 2400€ liquidos por mês. Pelos rendimentos, diriam que é classe média ?
    Se souberem que a familia A mal consegue suportar as dividas e chegar ao fim do mês com dinheiro, porque optou por um padrão de vida
    que claramente nao devia ter ? PARECE que têm um excelente nivel de vida não parece ?

    E a familia 2 ? Parece mais modesta nao parece ? Ou mais inteligente ? Vivem melhor que os primeiros, mas aparentam menos.
    Tem margem para alguma poupança. Optaram por um padrão de vida mais realista.

    Para mim, ambas as familias são da mesma 'classe' em termos de rendimentos. Para muita gente, em termos globais, os primeiros estão em vantagem...
    É a sociedade que temos. Vive-se do que se aparenta. Os bastidores são muito mais negros do que parecem para alguns.

    Estou de acordo com o Paulo Correia. O Crédito fácil veio fomentar em demasia o consumo ... As pessoas deixaram-se levar ... Agora é tarde.
    No tempo dos meus pais um carro durava 15 anos, as casas eram mais modestas, a roupa era mais modesta e cozinhava-se mais em casa.
    Pode ser que não tenhamos de voltar a algo parecido com esses tempos... Oxalá me engane. E as pessoas eram felizes na mesma, porque apesar
    de terem menos dinheiro, não tinham tanta tendencia à ostentação porque o dinheiro era CARO (juros altissimos). As pessoas eram mais realistas
    relativamente À sua posição na vida e na sociedade.

    O nosso país sempre teve corrupção. É penalizador. A discrepancia entre os rendimentos dos gestores e empresários relativamente a um
    trabalhador de quadro médio é superior à existente na europa. Na banca portuguesa por exemplo, li que um administrador ganha anualmente em média 90 vezes
    mais que um trabalhador de quadro médio (incluindo bonus). Na Alemanha essa relação é de 50 vezes. Existem na europa bancos bem maiores que os Portugueses. algumas Administrações da banca portuguesa ganham mais que as Administrações desses bancos estrangeiros ... Não condeno estas opções, mas questiono.
    Predominam as parcerias publico-privadas com adjudicação directa a determinadas empresas.

    O país sofre de um problema estrutural base de maus hábitos, más praticas e más pessoas. A fuga ao fisco é generalizada e aceite. Perde-se muito.

    O resultado... Estamos agora a começar a pagar ... E sinceramente acho que vamos ter de mudar alguns hábitos ... Para vivermos felizes neste país.
  18.  # 158

    Colocado por: MartaD
    Sim. Mudar de vida. Foi isso que eu fiz. Ou não? Só não mudei de identidade, nem foi preciso sair do meu belo País. Portugal é muito grande.
    Sim, tive que deixar os meus pais, mas não os esqueci. Sim, tive que deixar os meus amigos, mas não os esqueci. Infelizmente não tenho amigos na minha nova vida, mas foi o preço a pagar.
    Será que fiz um mau serviço?
    É que não percebi porque respondeu como respondeu. Pode explicar a parte da ironia do "lindo serviço"?


    Mas Martad, sem crer criticar a sua opção, mas analisando a sua opção, onde é que se vê daqui a 10 - 20 anos no mesmo sitio? quais as suas perspectivas de vir a melhorar os vossos rendimentos? É que se a evolução for apenas a da inflação, quando chegar à reforma e se continuar em casa alugada, vai ter problemas pois as reformas vão baixar mas os preços das rendas vão aumentando continuamente ou seja se a sua vida não levar uma melhoria salarial substancial que admitamos que é complicada visto viver no interior, no futuro poderá vir a ter problemas.

    Estando no centro as oportunidades multiplicam-se a possibilidade de arranjar um ordenado superior a 600€ são bem maiores, progredir na carreira tambem, bom mas isto tudo são especulações que estou a fazer, se estiver a esticar-me peço desculpa.
  19.  # 159

    E pá a familia B é a minha cara sem tirar nem pôr até a casa custou 190.000 e a viagem é a turquia para o mês que vem e ficou em 2490€ :-)
  20.  # 160

    Colocado por: MartaD
    Colocado por: Johny2
    Colocado por: MartaD

    Ok, é certo que tive que me mudar para uma Vila para ter isto tudo a baixo custo e é por causa disso que não considero que 3 pessoas com 1019 euros, sejam pobres. Depende do sítio onde se vive. Depende de muita coisa.
    Se há pessoas na cidade que não conseguem viver com tão pouco, que MUDEM DE VIDA. Que saiam para outro sítio. Portugal não se resume às cidades.
    Já agora, não sei como os pobres têm créditos. Eu não me considero pobre e ninguém me dá crédito lol


    Mudem de vida? Ou de atitude?
    Esquecem a família que está próxima, mudam de identidade, mudam de amigos, imigraram, etc. Lindo serviço.


    Sim. Mudar de vida. Foi isso que eu fiz. Ou não? Só não mudei de identidade, nem foi preciso sair do meu belo País. Portugal é muito grande.
    Sim, tive que deixar os meus pais, mas não os esqueci. Sim, tive que deixar os meus amigos, mas não os esqueci. Infelizmente não tenho amigos na minha nova vida, mas foi o preço a pagar.
    Será que fiz um mau serviço?
    É que não percebi porque respondeu como respondeu. Pode explicar a parte da ironia do "lindo serviço"?


    Não valorize esse comentário, nem se ofenda.
    Foi uma forma de manifestar o meu desacordo. Acho que essa ideia da deslocalização deve ser a última arma a usar.
    Mas esta é uma ideia minha...
    Sou muito agarrado à minha família, aos meus amigos, à minha terra. Por isso é que não compreendo e não concordo com essa alternativa, como se não existissem outras mais "humanas" - no meu entender.
    Apenas transmiti a minha opinião, tal como a MartaD.
    Na verdade, cada um é que sabe o que fazer...
    É muito complicado.
 
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