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    • cris47
    • 16 setembro 2010 editado

     # 481

    Ooops...não sei o que se passou, mas metade do meu post foi "comido"
    Peço desculpa, mas só pretendi mesmo dizer que acho que este julgamento foi uma autêntica farsa.
    Se os arguidos orem realmente culpados, vão acabar por se safar.
  1.  # 482

    Ò Luis K.W.

    Estou estupefacto com as suas posições. Aquela comparação dos golos do Cristiano com o elefante ás bolinhas amarelas é no minimo surrealista. Quer comparar uma situação irreal com os factos puros e duros a que foram sujeitas as vitimas. Parece que não é aceitável que as violações aconteceram? O que é que isso tem de extraordinário ou anormal?

    Depois também está a ser demasiado duro para com a nossa juventude, repare bem isto é resultado da sociedade podre em que vivemos e nós somos todos culpados dum modo genérico. Não soubemos criar uma sociedade justa, ums têm demais outros nem para comer. Alguns têm dinheiro para Ferraris e outros compram o sexo das pobres crianças. esses sim vomitava-lhes em cima.

    Quanto á fúria assassina, não comento. Mas há países onde o crime que esses "Srs" cometeram era apedrejemento até á morte.
  2.  # 483

    Luis KW, não me diga que considera impossivel reconhecer a verdade entre varias versões contraditorias da mesma historia. Não digo sempre, mas muitas, muitas vezes. Os pais e os professores bem podiam arrumar as botas se assim fosse.

    Não me parece nada que o nivel de prova seja isso que diz. Bem sei que isto é a wikipedia,mas...

    “What is a reasonable doubt?” Jury instructions typically say that a reasonable doubt is a doubt based on reason and common sense and typically use phrases such as “fully satisfied” or “entirely convinced” in an effort to quantify the standard of proof.[5] The modifiers "entirely" and "fully" do not mean that you have to be 100 percent certain of the defendant’s guilt. The standard of proof is not absolute certainty. A juror is "fully satisfied" or "entirely convinced" when the state had eliminated all reasonable doubt.

    E não, não, não estou a falar do condenado que confessou. Estou a falar de um dos 5 que se dizem inocentes. Provavelmente faz o mesmo raciocinio que o Luis:

    Se eu fosse acusado de ter abusado de um jovem menor de 14 anos que actualmente é um prostituto toxicodependente notório e confesso, no mínimo vomitava-lhe na cara (se ainda sobrasse cara). Sei que ele tinha menos de 14 anos, e então?

    Repare, o que eu ouvi foi a juiza a dizer isto acerca de uma pessoa que se declara inocente:

    "O arguido ... admitiu que o menor que sujeitou à prática dos actos sexuais descritos tinha idade inferior a 14 anos. Sabia, igualmente, que a idade desse menor o impedia de se decidir livremente e em consciência pela prática dos actos descritos de que foi vítima. O arguido ... tinha perfeito conhecimento de que os actos de natureza sexual a que submeteu o menor ... prejudicavam o seu normal desenvolvimento físico e psicológico e que influíam negativamente na formação da respectiva personalidade. Agiu de modo voluntário, livre e consciente, querendo satisfazer os seus instintos libidinosos, bem sabendo que as condutas atrás descritas eram proibidas pela lei penal."

    Prostituta ou não, uma pessoa menor de 14 anos é TABU na nossa sociedade.
  3.  # 484

    Colocado por: lobito Se eu fosse acusado de ter abusado de um jovemmenor de 14 anosque actualmente é um prostitutotoxicodependente notório e confesso, no mínimo vomitava-lhe na cara (se ainda sobrasse cara). Sei que ele tinha menos de 14 anos, e então?.
    Não troque o que eu escrevi.
    Se eu fosse acusado por um prostituto e toxicodependente, MAIOR DE IDADE E (por exemplo) COM UM VASTO CURRICULO CRIMINAL, que eu o tinha violado há 8 ou 10 anos, não lhe sobrava cara para lhe vomitar em cima.
    A questão não está na idade, nem na violação.
    Está na MENTIRA NOJENTA.

    Colocado por: lobitoLuis KW, não me diga que considera impossivel reconhecer a verdade entre varias versões contraditorias da mesma historia. Não digo sempre, mas muitas, muitas vezes. Os pais e os professores bem podiam arrumar as botas se assim fosse..
    Ó lobito. :-)
    Ou se reconhece a verdade ou não se reconhece a verdade.
    VOCÊ própria admite que PODE não se reconhecer ("não o digo SEMPRE").
    A própria Juíza o reconheceu na leitura da sentença (!).
    E este reconhecimento, como outras frases soltas, revelam alguma falta de discernimento dessa senhora...

    Colocado por: francisco2Quer comparar uma situação irreal com os factos puros e duros a que foram sujeitas as vitimas. Parece que não é aceitável que as violações aconteceram? O que é que isso tem de extraordinário ou anormal?.
    Você também diz coisas que eu não escrevi?!?
    QUEM disse que as violações não aconteceram?
    EU VI jovens casapianos nas ruas nas imediações da instituição à espera de cliente.
    O resto (o que se passava DENTRO da instituição e eventualmente extravasava para fora dos seus muros) é fácil de imaginar.

    A minha comparação é perfeitamente razoavel.
    Eu ter visto dois golos do Ronaldo é perfeitamente "normal", admíssivel, e razoável (tal como os abusos dos casapianos).
    Depois "exagera-se um bocadinho" (tal como confessou um casapiano que foi ao Prós e Contras) a IDENTIDADE do guarda-redes (elefante cor-de-rosa-às-bolinhas-amarelas) e o LOCAL do feito (Praça Marquês de Pombal), e temos exactamente o mesmo filme.

    Como eu ABOMINO criminosos que violam crianças, não quero ser comparado com tais monstros.
    Daí a minha "fúria assassina" contra quem me acusasse de o ser.
    Ou queria que eu "mostrasse arrependimento", e dissesse «óóóóó, coitadinho, tenho muita pena do que fiz!» quando NÃO o fiz?!?
  4.  # 485

    Boas

    Prostituta ou não, uma pessoa menor de 14 anos é TABU na nossa sociedade.

    Devia ser, mas não é. É perguntar a quem conhece Luanda ou Maputo quem são os clientes mais visíveis das "catorzinhas" - prostitutas adolescentes que muitas das vezes nem 14 anos têm. Ficariam surpreendidos com a resposta e muito pai de família, indivíduos aparentemente "normais", iriam sentar-se no tal banco caso a justiça funcionasse devidamente nesses países.

    cumps
    José Cardoso
    Estas pessoas agradeceram este comentário: becas, lobito, LuB
  5.  # 486

    Luis, eu não troquei nada do que escreveu. Quem está em causa aqui não é você, que, tanto quanto se saiba, não foi acusado de nada desse jaez, mas de alguém que foi, e que se mostra tão indignado como o Luis se mostraria. Portanto temos um (hipotético, que eu continuo a não ter lido o acórdão) prostituto que diz que cometeu actos sexuais quando tinha menos de 14 anos com uma pessoa que se diz inocente de qualquer crime. O problema é que a sentença diz que a pessoa, repito: "admitiu que o menor que sujeitou à prática dos actos sexuais descritos tinha idade inferior a 14 anos. Sabia, igualmente, que a idade desse menor o impedia de se decidir livremente e em consciência pela prática dos actos descritos de que foi vítima. O arguido ... tinha perfeito conhecimento de que os actos de natureza sexual a que submeteu o menor ... prejudicavam o seu normal desenvolvimento físico e psicológico e que influíam negativamente na formação da respectiva personalidade. Agiu de modo voluntário, livre e consciente, querendo satisfazer os seus instintos libidinosos, bem sabendo que as condutas atrás descritas eram proibidas pela lei penal."

    Portanto, ou o colectivo mente ou o arguido mente. Não estamos aqui a discutir se foi a troco de dinheiro, de rebuçados, de coca, se foi o miúdo que se fez ao piso, se parecia muito mais velho, isto e aquilo. Também não estamos a discutir violações com graves sequelas físicas que, ao que parece, também há neste caso (repito ao que parece porque continuo a não ter lido o acórdão). Estamos a discutir actos sexuais com menores de 14 anos ou, mais precisamente, se um arguido admitiu actos sexuais com um menor de 14 anos, com consciência de que se tratava de um menor de 14 anos e continua a dizer que está inocente. Ou se não admitiu nada disso e o colectivo de juízes mente.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin, LuB
    •  
      king25
    • 16 setembro 2010 editado

     # 487

    Colocado por: lobitoLuis, eu não troquei nada do que escreveu. Quem está em causa aqui não é você, que, tanto quanto se saiba, não foi acusado de nada desse jaez, mas de alguém que foi, e que se mostra tão indignado como o Luis se mostraria. Portanto temos um (hipotético, que eu continuo a não ter lido o acórdão) prostituto que diz que cometeu actos sexuais quando tinha menos de 14 anos com uma pessoa que se diz inocente de qualquer crime. O problema é que a sentença diz que a pessoa, repito: "admitiu que o menor que sujeitou à prática dos actos sexuais descritos tinha idade inferior a 14 anos. Sabia, igualmente, que a idade desse menor o impedia de se decidir livremente e em consciência pela prática dos actos descritos de que foi vítima. O arguido ... tinha perfeito conhecimento de que os actos de natureza sexual a que submeteu o menor ... prejudicavam o seu normal desenvolvimento físico e psicológico e que influíam negativamente na formação da respectiva personalidade. Agiu de modo voluntário, livre e consciente, querendo satisfazer os seus instintos libidinosos, bem sabendo que as condutas atrás descritas eram proibidas pela lei penal."

    Portanto, ou o colectivo mente ou o arguido mente.Não estamos aqui a discutir se foi a troco de dinheiro, de rebuçados, de coca, se foi o miúdo que se fez ao piso, se parecia muito mais velho, isto e aquilo. Também não estamos a discutir violações com graves sequelas físicas que, ao que parece, também há neste caso (repitoao que pareceporque continuo a não ter lido o acórdão). Estamos a discutir actos sexuais com menores de 14 anos ou, mais precisamente, se um arguido admitiu actos sexuais com um menor de 14 anos, com consciência de que se tratava de um menor de 14 anos e continua a dizer que está inocente. Ou se não admitiu nada disso e o colectivo de juízes mente.


    Isto só se esclarece lendo as declarações do CC ao tribunal,
    Devem estar registadas no processo ( acho eu )
    Já ouvi falar de ( tecnicidade jurídica ) penso que se escreve assim, alguém aqui pode explicar o que significa isto?
  6.  # 488

    Colocado por: lobitoO problema é que a sentença diz que a pessoa, repito: "admitiu que o menor que sujeitou à prática dos actos sexuais descritos tinha idade inferior a 14 anos. Sabia, igualmente, que a idade desse menor o impedia de se decidir livremente e em consciência pela prática dos actos descritos de que foi vítima. O arguido ... tinha perfeito conhecimento de que os actos de natureza sexual a que submeteu o menor ... prejudicavam o seu normal desenvolvimento físico e psicológico e que influíam negativamente na formação da respectiva personalidade. Agiu de modo voluntário, livre e consciente, querendo satisfazer os seus instintos libidinosos, bem sabendo que as condutas atrás descritas eram proibidas pela lei penal."


    Eu não acredito que alguém que clama a sua inocência onde quer que vá tenha admitido isso em tribunal. Há com certeza uma explicação.
  7.  # 489

    Agora fiquei baralhado!
    Depois do que vi aqui, o assistente JPL afirma que falavam entre eles no lar e que um colega lhe contou ter sido abusado na sala...mas no acórdão, afirmou que nunca falavam sobre o assunto...também diz que nunca esteve na sala, mas que sabe da sua existência pelos colegas, no entanto, diz que quando entrou, havia uma sala, ampla, logo teria de ter estado na sala ou não?
    O que me choca neste vídeo não é o facto do rapaz não conseguir reconhecer bem o local, mas o que diz....
  8.  # 490

    vi um excerto da leitura da sentença em que a juíza dizia que um dos arguidos tinha admitido que o menor que sujeitou à prática dos actos sexuais descritos tinha menos de 14 anos, etc,,etc., etc. Portanto, a não ser que tenha havido manipulação da imagem, ou que a juíza estivesse a mentir, a falta de arrependimento pode ser qualquer coisa do género "ele era um prostituto, que mais é que queria?". Pois, é o galho é que o código é muito explícito...


    Essa é outra questão, muito engraçada. Esse texto foi citado há umas páginas atrás, e por curiosidade fui ler. Trata-se da descrição da "orgia" dada como provada. Nesse contexto, vem no seguimento do "tirou o pénis e ordenou .." e outras coisas do género. A expressão "admitiu" é usada, não no sentido de confissão, , mas no sentido de "teria condições para perceber que o menor..."
  9.  # 491

    Colocado por: luisvv

    Essa é outra questão, muito engraçada. Esse texto foi citado há umas páginas atrás, e por curiosidade fui ler. Trata-se da descrição da "orgia" dada como provada. Nesse contexto, vem no seguimento do "tirou o pénis e ordenou .." e outras coisas do género. A expressão "admitiu" é usada,não no sentido de confissão,, mas no sentido de "teria condições para perceber que o menor..."


    Essa última frase vem de onde? E já agora, foi ler onde?
    •  
      FD
    • 16 setembro 2010

     # 492

    Colocado por: j cardosomas tenho ideia que a política de retirar posts só é aplicada quando as afirmações menos "elogiosas" se referem a empresas

    Concorda também que, quaisquer conteúdos por si colocados no Fórum, seja de que forma for, não poderão ser apagados, salvo situações excepcionais e pontuais devidamente justificadas, das quais resulte prejuízo pessoal ou profissional significativo.

    Termos de Utilização
  10.  # 493

    Então o julgamento não foi justo porquê? Mais direito á defesa ainda? Então o que é que os advogados fizeram durante este tempo todo, para não falar no tempo de antena que tiveram.


    Você sabe se foi justo, ou limita-se a defender um lado? Acha irrelevantes as questões levantadas, sobre a impossibilidade de se defenderem ?

    Presunção de inocência? depois de serem condenados. Se o tribunal não serve para nada o melhor é fechá-los.

    Porquê, algum dos condenados admitiu a condenação ? Algum deles vai abdicar do recurso ? E se um ou mais forem absolvidos no Tribunal da Relação? Continuarão a ser condenados?

    E os acusados não mentiram? ou iam dizer sim senhor fizemos isso.


    Lógica imbatível : se os acusados negam, estão a mentir. Só podem, não é? Porque se estivessem inocentes (hipótese que o francisco nem coloca), fariam o quê? Talvez expressassem arrependimento ...
    Deixe estar, não se incomode a explicar mais nada.
    • LuB
    • 16 setembro 2010 editado

     # 494

    Eu não acredito que alguém que clama a sua inocência onde quer que vá tenha admitido isso em tribunal. Há com certeza uma explicação

    Pode acontecer.

    Existem mecanismos psicológicos que são "automáticos" que levam a que, por vezes, sem querermos a lingua nos fuja para a verdade. Já aconteceu a toda a gente, descair-se com uma coisa que não queria revelar.
    O povo diz: fugiu-lhe a língua para a verdade. As pessoas normalmente coram, quando percebem o que disseram, mas já é tarde para emendar a mão. Uma coisa desse tipo, se ocorrer durante um interrogatório pode ser usada como prova muito fiável.

    O controle que exercemos sobre o que dizemos não é absoluto e por vezes surgem frases expontâneas, em que dizemos aquilo que não queríamos dizer. A linguagem nem sempre traduz o pensamento da pessoa, e quando não estamos a ser sinceros temos de prestar muita atenção para não sermos denunciados por lapsos de linguagem nem cairmos em contradição. Em situações de stress, ou de precipitação, o controle que exercemos através da atenção pode diminuir, levando a pessoa a revelar uma coisa que pretendia esconder.

    Aliás os psicólogos quando querem arrancar a verdade a uma pessoa sobre um assunto, ou seja, saber o que ela pensa verdadeiramente, não recorrem normalmente a perguntas directas onde o indivíduo diz "o que quer dizer" e não necessáriamente "aquilo que pensa". Recorrem a análise de "associações de palavras" e "respostas automatizadas".
    Se a verdade está lá, e um indivíduo a quer esconder, tenha cuidado porque um técnico competente pode apanhá-la.
  11.  # 495

    O problema é que a sentença diz que a pessoa, repito: "admitiu que o menor que sujeitou à prática dos actos sexuais descritos tinha idade inferior a 14 anos. Sabia, igualmente, que a idade desse menor o impedia de se decidir livremente e em consciência pela prática dos actos descritos de que foi vítima. O arguido ... tinha perfeito conhecimento de que os actos de natureza sexual a que submeteu o menor ... prejudicavam o seu normal desenvolvimento físico e psicológico e que influíam negativamente na formação da respectiva personalidade. Agiu de modo voluntário, livre e consciente, querendo satisfazer os seus instintos libidinosos, bem sabendo que as condutas atrás descritas eram proibidas pela lei penal."


    Ainda bem que citou, porque podia dar-se a um pouco mais de trabalho, e ler os artigos imediatamente antes e após, e escusava de insistir nesse erro .

    E os juízes não mentem ou deixam de mentir - consideram provado, com base nos testemunhos das crianças, que, no momento dos supostos factos, o arguido admitia como possível que a criança tivesse menos de 14 anos. Só isso. Nenhuma confissão, nenhuma admissão de culpa por parte dos arguidos (com a excepção do Bibi)
  12.  # 496

    Luisvv, gostava que respondesse à minha pergunta:

    "A expressão "admitiu" é usada,não no sentido de confissão,, mas no sentido de "teria condições para perceber que o menor...""

    Essa última frase vem de onde? E já agora, foi ler onde?

    É que se essa frase vem do acórdão, eu por mim considero que o colectivo me mentiu (independentemente da tecnicidade jurídica de que eles falam). Se vem da defesa ou de um qualquer comentador jurídico, continuo exactamente com as mesma dúvidas.
  13.  # 497

    Essa última frase vem de onde? E já agora, foi ler onde?


    Fui ler essa parte do acórdão, visto que essa frase já foi colocada por alguém (Velha?),há umas páginas atrás. E se a lobito se der a esse trabalho, perceberá perfeitamente o contexto e significado da frase.
  14.  # 498

    Obrigada.

    Como já disse, não li o acórdão, nem tenciono ler bocados dele precisamente pelas razões que aponta. Como também já disse, "delego" nos juízes a justiça, como "delego" nos legisladores as leis, o que não me impede de ter opinião sobre umas coisas e outras. Não delego mais ou menos neste caso por algumas pessoas serem conhecidas, tal como não me recuso a pagar impostos pelo facto de achar, por hipótese, que o défice devia ser diminuído de outra forma. Mas tiro as minhas conclusões e, no caso destas frases em discussão, não são favoráveis ao colectivo.
  15.  # 499

    Concordo com o Luis KW quando diz que o Estado teve e tem a responsabilidade no caso Casa Pia, e outros semelhantes que há ou haverá ou houve. Concordo absolutamente Luis KW consigo quando diz que sendo o Estado responsável, somos nós.

    É nessa perspectiva que eu gostava que fosse ou tivesse ido também esta discussão.
    Ou seja, não é bem e apenas a repetição sem fim da vossa tal hipótese de inocência que eu ponho em causa, e que faz que, como resposta me voltem a repetir as mesmas respostas. Eu queria chegar a uma teoria maior, se não concretamente sobre o grau de culpabilidade que cada um de nós acha que têm os arguidos neste caso concreto, para além disso queria que chegássemos a algum entendimento sobre o grau de culpabilidade que temos todos nós, e continuamos a ter, como Sociedade permissiva (ou não) de tais acontecimentos.

    (Assim, luisvv, o seu comentário sobre a minha nhurrice, e princesa, o seu comentário sobre a ridicularidade da minha opinião talvez devessem ser revistos, porque, eu percebi o que os dois batalham desenfreadamente por transmitir. Todos nós percebemos, penso, o que dizem. (Continuo a não concordar (...), mas percebo)).

    A nossa culpabilidade, como Estado, é algo mais “macro”, que vai muito para além das nossas opiniões e simpatias pessoais pelos envolvidos na Casa Pia.
    Como Sociedade penso que todos genericamente repugnamos o abuso a crianças, nisso, pelo que vejo, obviamente estamos todos de acordo (também era melhor).
    O que noto é alguma discriminação pelo tipo de criança que sofreu abuso (devido ao seu suposto mau carácter pela sua difícil condição de vida) o que pode por em causa o seu testemunho e a veracidade do seu abuso por quem acusa. Uma pessoa que tenha sofrido traumas e dificuldades obviamente não será igual a uma pessoa que tenha crescido num ambiente saudável e enriquecedor.

    Mas até que ponto é que se acha que uma criança vítima desde nascença de uma condição de vida dificultada deixa de ter valor como ser humano, e a sua palavra passa a valer tanto como se não tivesse voz? (Faz-me pensar nos casos de crianças deficientes que são/foram molestadas (cegas, surdas-mudas) para as comparar com estas crianças da casa Pia, - serão crianças “mais fáceis” de abusar porque não têm voz “igual”, e daí a sua voz não poder ser, ou não merecer ser, ouvida?
    Será quem abusa delas, seja quem forem os abusadores, sentem a sua tarefa mais facilitada por isto – crianças de um Deus menor, socialmente excluídas são uma presa mais fácil. Não estão ao nosso nível. A sua reputação e a sua capacidade e a sua “veracidade” como gente está naturalmente, por defeito, sempre, em causa. Não digo que seja mau nem bom, é assim, é humano, não discriminamos, mas acabamos por discriminar naturalmente. Todos nós, mais ou menos.

    O que noto também é, tirando (talvez) algum partido disso, os arguidos neste caso concreto, e nós como opinião publica, temos alguma tendência em explorar o possível mau carácter (incapacidade) destas crianças, agora adultas, no intuito de verificar a hipótese de inocência dos arguidos.
    Esta duvida, da “viabilidade social” deste tipo de crianças, todos temos, todos temos, uns menor a duvida, outros maior duvida: Até que ponto podemos (se pode) confiar (acreditar) numa criança destas?
    Penso que até aqui continuamos de acordo – não estou a dizer nenhum mentira (?)

    (Continuo pessoalmente a chocar-me isto de colocarmos as crianças nesta situação, depois de termos colectivamente permitido que tal acontecesse, mas isso, já eu disse, - portanto, passando à frente,)

    Por outro lado, temos estes “tipos” que foram implicados como abusadores. Alguns chegaram a arguidos, os que se vê. Outros não chegaram a tal patamar, ficaram-se pela suspeita fundada ou infundada, sim ou não, talvez mas porquê. Não interessa. Ficaram pelo caminho porque não houve matéria para mais. Ou decência. Ou crença. Ou interesse. Os responsáveis da Casa Pia, os máximos dos responsáveis pelas crianças que estavam em suas mãos, esses ficaram pelo caminho, a sacudir o capote a dizer que desde sempre fizeram, desde sempre alertaram. Foram eles que desde sempre relataram. Não foram nada. Quem foi, quem acabou com isto foi a imprensa. Mal ou bem resolvido. Mal resolvido achamos todos nós certamente. Melhor do que nada achamos nós certamente (?).

    Portanto aqui estamos cheios de duvidas e sem certezas nenhumas.


    Os dois casos que falei, (não seria/é preciso eu explicá-los, princesa, basta “googlar”), são estes: http://aeiou.expresso.pt/papa-reconhece-falhas-em-casos-de-pedofilia=f604043
    E
    http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5htTfVfENNjG8UxLWUI-upVCAL_Tg

    Apesar de se constatar na própria Igreja Católica crimes de pedofilia, o crime que eu pessoalmente considero o mais hediondo da espécie humana, a mensagem passada é da dor da Igreja, do apoio às vítimas para restauro da sua dignidade e do afastamento de todos os abusadores de futuro acesso a crianças.

    Portanto, comparativamente, se se pode fazer uma comparação do comportamento da Igreja, da religião, e do nosso comportamento como Sociedade Portuguesa, penso que devemos seguir este caminho: O de reestabalecer a dignidade das vítimas, de demonstrar efectivamente a nossa dor e compaixão por elas, e da nossa vontade de inibição de qualquer acesso a crianças destas pessoas que em Portugal cometeram abusos. E não a de colocar hipótese de inocência, mas antes considerá-las, sim, como pessoas doentes sexuais que simplesmente não estão em condições para andarem libertas no mesmo mundo em que andam crianças. Não vamos arriscar estar errados defendendo que pedófilos passem impunes. Devem ser tratadas ao mais alto nível das nossas preocupações. Como Sociedade, deverá ser essa a nossa atitude, para que, e aqui volto à frase que eu disse mais acima:
    “Eu queria chegar a uma teoria maior, se não concretamente sobre o grau de culpabilidade que cada um de nós acha que têm os arguidos neste caso concreto, para além disso queria que chegássemos a algum entendimento sobre o grau de culpabilidade que temos todos nós, e continuamos a ter, como Sociedade permissiva de tais acontecimentos.”
    Porque tal como os responsáveis pela Casa Pia que sacodem o capote durante 30 anos e mais agora, continuando a fechar olhos ou de não abrir olhos para o que se passa debaixo do seu nariz, com estes argumentos, das crianças que se vendem, das crianças que mentem, dos arguidos que se calhar são inocentes, estamos a fazer precisamente o mesmo. Como Estado que todos nós somos, não estamos, uma vez mais a ser responsáveis, não estamos a assumir a responsabilidade que todos nós temos de encarar o perigo de frente e de nos aliar à defesa das crianças na sua plenitude, cotinuando a abrirmos brechas para que alguém lhes consiga chegar num carro, ao final do dia, depois das aulas.
    (Sem saber as certezas não podemos correr o risco de abrir as brechas / baixar o flanco).

    (PS. Sociedade permissiva, (...)permissiva de quê?).
  16.  # 500

    Caro CMartim,

    Surpreendeu-me muito a lucidez e direcção da sua contribuição. Considero como uma das melhores desde que o tópico aqui está e tenho que lhe dizer que concordamos em muito mais pontos do que discordamos. Ainda há coisas que não percebeu sobre a minha posição mas é normal pois falamos tendo por base um caso concreto e alguns possíveis preconceitos. Eu, posso ter inconscientemente alguns preconceitos relaccionados com os miudos, miudos institucionalizados que cresceram cheios de problemas (que nós - sociedade - permitimos) que tiveram uma formação e educação distorcida (porque nós deixamos). E você porque presume culpado o que foi apontado (por mais que diga que não também tem uma convicção pessoal, como eu tenho a minha e admito-a desde o inicio).

    Mas tocou no ponto que é essencial, independentemente deste julgamento e desde caso, o problema está à vista de todos... E continua ali a distorcer a vida e a formação e a educação dos que ali crescem e de outros.

    Eu não queria dizer... embora tenha dito em off a uma pessoa, mas uma das pessoas que mais amo neste mundo esteve numa instituição como esta, pouco tempo, o suficiente para não ter sido "moldada" por esta realidade dura e hedionda. E por isso estou grata e respeito as instituições e tenho um profundo agradecimento que me leva ainda hoje a ser oficiosa em casos que vão ao Tribunal de Familia e Menores... Não tenho preconceito no que respeita à instituição em si, mas tenho raiva dos dirigentes que viram e vêm tudo isto e não são capazes de fazer nada para que acabe... São coniventes com tudo o que se passa. Com a desgraça e os crimes a que são submetidos. Acho que a pedofilia era algo a perseguir como quem persegue droga... Parece que estamos mais à procura do traficante do que do pedófilo e isso choca-me.

    Mas não é por achar o crime hediondo e o pior acto à face da terra (que acho mesmo), que consigo condenar sem estar convicta de que aconteceu. Porque isso não vai favorecer o combate à pedofilia, pelo contrário, faz com que surjam "falsas" denuncias e que provavelmente as verdadeiras não venham ao de cima. Mas como referi não vou falar mais do caso concreto e estou aqui só porque se referiu a mim.

    Queria deixar claro que, enquanto pessoa e ser humano eu tudo farei ao meu alcance e sempre para defender as crianças e o bem estar de quem não tem absolutamente mais nada na vida, não vou ser conivente com isto e não consigo olhar para os dirigentes de instituições que tenham permitido que isto acontecesse, mas enquanto jurista que sou essa convicção não me pode levar a condenar um inocente, se me convencer que está inocente e conhecendo a realidade e em como as crianças cujas vidas são destruídas, mentem ou são capazes de mentir. Posso sempre estar enganada e posso até estar aqui a perder tempo a defender um inocente. Mas estou convencida que defendo a verdade. Se não, acreditem, que gostaria de o ver castrado, como já referi atrás. Ele e qualquer outro que pense sequer em fazer uma coisa deste género. Para mim não passam de bichos.

    Por isso CMartim, concordo com praticamente tudo o que disse, com as nossas diferenças, quiça fruto do nosso preconceito...
 
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