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  1.  # 1

    The Portuguese House
    A Casa Portuguesa
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  2.  # 2

    Da Casa Portuguesa
    Eis o caminho para a cidade…


    «Quando numa parede vertical abro uma porta para através dela poder passar, coloco outra parede paralela à primeira e, depois, coloco duas paredes normais de dimensão igual às duas primeiramente colocadas, formando um quadrado em planta, e, para que não chova ou o sol não penetre, coloquemos um tampo superior de forma quadrada; ou, ainda, coloquemos sobre o pavimento do quadrado uma superfície que me abstenha do contacto com o solo; ou, ainda, abra um buraco numa das paredes verticais e coloque caixilhos de madeira nos mesmos vãos da janela e das porta, que podem, assim, ser abertos ou fechados, eis-me em presença de uma peça quadrada, com porta e janela, onde não chove de cima para baixo, o sol não perturba e eu possa viver, assim, uma vida…

    Mas, associemos em altura outros espaços, abramos em planta outras portas e janelas, demos aos compartimentos as suas áreas e funções para viver mais ou menos simplesmente, façamos a revisão mais ou menos completa e variada, ao dia, ao ano, a uma vida de um ser ou de uma família, eis o caminho para a cidade…»

    Texto de Fernando Távora (in Sobre o Projecto de Arquitectura de Fernando Távora)
    •  
      CMartin
    • 24 dezembro 2016 editado

     # 3

    A Casa Portuguesa.
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    •  
      CMartin
    • 24 dezembro 2016 editado

     # 4


    O BANAL E A ARQUITECTURA
    FRANCISCO TEIXEIRA BASTOS


    Presentemente, observa-se em Portugal uma crescente banalização da arquitectura corrente, dita minimalista. Esta, aparece veiculada por imagens estereotipadas, que suportam (e se suportam n)a ideia de ser a única alternativa ao que não é moderno e actual, ou seja: ao popular, ao vernáculo ou, em termos mais equivocados, ao não erudito ou não informado; criando assim uma falsa ideia de corrente estética.

    Com este facto retira-se o significado – contextual, tipológico, social ou construtivo – quer de cada escolha de projecto, quer do discurso arquitectónico proposto, quer ainda do resultado edificado alcançado, acabando por substitui-los pela criação de um receituário de situações tipo a serem usadas, como garantia de um sucesso pré-adquirido. Só que esta tendência emergente não se afigura como uma novidade recente ou um desvio de uma normalidade. Ao longo do século passado assistiu-se a uma série de adulterações de conceitos e de criações arquitectónicas, que os desligaram das suas intenções originais, tornando-os reprodutíveis, enquanto tipos de imagem ou de construção.

    A liberdade criativa resultante da descoberta das qualidades estruturais e plásticas do betão armado, reclamada e explorada pelos arquitectos do movimento moderno e consolidada pelo documento da Carta de Atenas, cedo se viu substituida, no pós 2ª Guerra Mundial, pela tipificação de soluções, as quais utilizaram apenas a repetibilidade estrutural dos modelos de origem. Essas edificações redundaram em blocos de grandes dimensões estratificados e maximizados para albergar o maior número de habitantes e de funções com o menor dispêndio de meios financeiros.

    Contrariando essa tendência, Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu Costa Cabral, entre outros, demonstraram em 1956, no edifício do Bloco das Águas Livres em Lisboa, que a partir de um determinado modelo de arquitectura moderna, era possivel criar um tipo de bloco misto, de habitações e escritórios, totalmente inventado e recriado a partir do seu entendimento conceptual do proposto original. Não copiou, inovou. Experimentou criar, do geral ao detalhe, uma arquitectura que transmitisse uma ideia de modernidade. Esta, enquadrava-se plenamente na sua contemporaneidade.
    Posteriormente, a produção arquitectónica do periodo mais recente da pós-modernidade gerou, preversamente, a possibilidade facilitista de se dispor de um vocabulário base para a elaboração da imagem dos edifícios, subtraíndo-lhes por completo o cariz social e as pesquisas espaciais, que o criaram. O uso das formas geométricas puras pareceu asseverar a alguns arquitectos - imediatamente seguidos pelos promotores – o caminho seguro para edificar extensamente os espaços, urbano e proto-urbano, com exemplos menores que, de algum modo, revisitavam grosseiramente o universo imagético inventado pelo estilo “português suave”.

    A presença nefasta destas edificações foi desqualificadora da imagem, tanto da reabilitação, como da expansão das vilas e cidades do território nacional, sobretudo nas regiões centro e sul. Este facto potenciou, por parte dos novos projectistas, uma aversão de príncipio ao desenho e à composição arquitectónicas até aos dias de hoje. O vazio criado, quanto a outro modo de actuar na cidade e com o património construido, gerou uma elevada expectativa em relação a propostas de carácter mais abstrato que propusessem abordagens de contraste com as realidades existentes.

    A viragem do milénio, se por um lado viu aparecer propostas inovadoras, igualmente preconizadas por arquitectos estabelecidos e em início de carreira, por outro lado, expôs uma nova vaga de edificações anódinas (isoladas ou em conjuntos), auto-legitimadas como arquitectura, apenas pelo facto de se socorrerem de elementos de composição constituintes de uma aparência assumidamente moderna.

    Tomando em conta alguns casos mais flagrantes da falta de descernimento crítico na aplicação de soluções tipo, com o objectivo de alcançar uma imagem minimalista, podemos enunciar os seguintes:
    - O uso de extensos panos cegos ou de volumes em consola sem qualquer estratégia conceptual de concertação com as restantes partes da edificação;
    - O uso indescriminado da cobertura plana sem nenhum sentido da realidade do sítio, nem o conhecimento dos seus constrangimentos construtivos;
    - O uso de grandes vãos sem o domínio da compartimentação dos repectivos envidraçados e da qualidade ambiental do interior;
    - O despojamento dos elementos constituintes do todo edificado, cujo resultado, na maioria dos casos, è somente o seu empobrecimento.

    Porque, à semelhança de um texto literário, comunicar (intensamente) uma ideia ou um conceito com o recurso a poucas palavras, requer um extraordinário domínio da lingua e dos significados da linguagem utilizada e acima de tudo, exige uma apurada capacidade de síntese do discurso, não havendo lugar a exercícios de estilo sem fundamento.
    Importa então referir, que tem permanecido nos arquitectos, a ideia errada de que se pode (ou deve) utilizar uma situação tipo (ou simplesmente um tipo) para resolver um determinado problema, fim ou objectivo, em vez de encarar esse tipo como o princípio de uma reflexão ou investigação.

    Aldo Rossi analisou esta problemática, quando afirmou que: “Penso pois no conceito de tipo como qualquer coisa de permanente e de complexo, um enunciado lógico que está antes da forma e que a constitui”, seguindo a ideia de Quatremère de Quincy “... a palavra tipo não representa tanto a imagem de uma coisa a copiar ou a imitar, quanto a ideia de um elemento que deve ele próprio servir de regra ou modelo (...) Tudo é exacto e dado no modelo; tudo é mais ou menos vago no tipo.”
    Toda esta situação não seria digna de referência se os arquitectos, mesmo que consolidados na sua prática profissional, não fossem permeáveis à pressão que esses fenómenos criam, ou, como refere Alain de Botton, não oscilassem entre a vontade de pertença e a coragem da aceitação da impopularidade ou da inadaptação a um sistema, que se apresenta, tanto atractivo, como recompensador.

    Por um lado, a profusão de imagens fotográficas e escritos acríticos sobre os edifícios mais diversos, construidos em Portugal, patentes em publicações não especializadas de grande divulgação pública, alimentam um sistema de competitividade pelo acesso à exposição pública e consequentemente à notoriedade, acompanhando uma tendência generalizada na sociedade contemporânea. Por outro lado, avolumando o fenómeno da vontade de reconhecimento e sucesso, o aumento significativo do número de livros e revistas especializadas veio possibilitar o aparecimento a público de obras e projectos de menor relevo no seu carácter inovador ou transformador mas que, sendo bem defendidos e explorados fotograficamente com qualidade, consolidam a imagem duma arquitectura actual pura e esclarecida. Uma parte deste fenómeno pode ser atribuida ao valor que a imagem fotográfica de obras de arquitectura assume enquanto obra de arte ou “peça”, que pode ser observada e interpretada independentemente do objecto que reproduz, criando lógicas de leitura próprias da sua disciplina e afastando o observador da essência da arquitectura, aí subalternizada ao enaltecimento da sua “fotogenia” -, como referiu João Palla e Carmo no artigo “Modos de ver o espaço”. A imagem liberta-se da sua condição de reveladora da situação real inventada, para se promover a si própria enquanto produto, elevando também com esse facto, o objecto representado, criando sinergias de sucesso para ambos. Outra parte do fenómeno pode ter origem na falta de capacidade que a sociedade em geral tem de ser tolerante à arquitectura enquanto arte, isto é, aos limites que impõe aos arquitectos para a experimentação na procura de soluções, quer sejam de ordem construtiva, quer sejam de ordem funcional, quer sejam da ordem da imagem. Subverte-se assim o sentido “do que as coisas devem ser” para se tornarem naquilo que devem parecer, cabendo finalmente aos arquitectos a opção, individual ou em grupo, de como actuar.

    Como Manuel Vicente me transmitiu através da sua prática, nas experiências conjuntas (profissionais e académicas) que partilhámos desde 1989, importa ter, acima de tudo, uma abordagem conceptual para o que se quer propor e a total abertura para as descobertas decorrentes do próprio processo de projectar.

    Assim, partindo-se duma ampla leitura da realidade que funda a existência do empreendimento – a avaliação das circunstâncias: cultural, política, financeira, programática, local – elaborar-se-á então um conceito (de lugar) que se vai expressar pela materialidade da construção, tornada arquitectura e que lidará interactivamente com essa mesma realidade, adaptando-a, transformando-a, tornando-se o projectista num agente de cultura a operar no território.

    Exemplifico: em 1991, a pretexto da execução de um Picadeiro, num terreno anexo ao jardim do Palácio Nacional de Queluz, Manuel Vicente, entendeu ser o momento de se equacionar quais as leituras que éram possiveis de se ter de um equipamento cultural, quando observado em movimento, desde uma via de circulação rápida.
    Com essa finalidade elegeu as coberturas em cascas metálicas de produção corrente - que se começavam a vulgarizar ao longo da Estrada nacional nº1 - como o negociador entre a agressividade do contexto territorial das vias circundantes e a realidade cultural que os jardins e o equipamento albergavam. Propunha-se re-significar um elemento banal, pelo resultado das pesquisas sobre as potêncialidades espaciais dos diferentes modos de o assemblar.

    A Construção das coberturas do Picadeiro com esse material de um modo diverso do que estava funcionalmente previsto, assegurava, por um lado, o seu reconhecimento por parte de quem as observava, mas por outro, abria o campo à curiosidade que suscitava no transeunte, em perceber do que se tratava afinal.

    Se para a encomenda não era ainda o tempo para este tipo de experimentação – pois apesar de veicular uma imagem forte para o edifício, implicava que seu fruidor teria de lidar com uma realidade construtiva de natureza industrial “dura”, pouco compatível com o tipo de utilizador – para Manuel Vicente tinha-se iniciado uma pesquisa arquitectónica que se materializava no edifício dos Bombeiros da Areia Preta em Macau (1992/96), seguindo-se-lhe o Pavilhão da realidade Virtual, na Expo 98 em Lisboa (1997/98) e que se consolidava na Piscina da Outurela, concelho de Oeiras (1999/2003), estravazando o limite do próprio material para o betão.

    A realidade tem vindo a demonstrar, que a sociedade portuguesa actual não tem estado receptiva a entender este tipo de percursos porque não lhes consegue vislumbrar nem lucro nem proveito. Por isso, ao contrário do equipamento de Macau, o Picadeiro de Queluz nunca se executará. Também a Piscina da Outorela encontrou muitas dificuldades de processo para ser construida conforme o projecto. Finalmente, o Pavilhão da realidade Virtual espera pacientemente a sua demolição para dar lugar a mais um paralelipípedo de escritórios.

    Se a arquitectura de excelência cria valor cultural, sobre o qual se pode estruturar a cidade e a sociedade em geral, então a boa ou competente arquitectura consolida-o dando-lhe corpo. Ao contrário, a má prática profissional impõe um pesado “legado” edificado que só serve as circunstâncias que lhe dão origem.

    Perante este cenário, coloca-se pertinentemente uma questão final sobre qual a orientação dar ao ensino da arquitectura em geral e em particular a da prática do projecto.
    Não entendo a escola de tendência que ensina os alunos a aperfeiçoar exaustivamente um tipo de solução, através do exercício de projectar, obviamente a partir dum original praticado pelo professor/projectista. Dessa forma, treina-se apenas uma prática de um modo de fazer.

    Acredito antes num ensino baseado no modelo pedagógico da dúvida metodológica, não só sobre o status quo, mas também, sobre o próprio conteúdo e evolução das propostas para a problemática que se esteja a considerar, promovendo amplamente a invenção, a experimentação e a descoberta. A pluralidade dos resultados abrirá inevitavelmente o campo a uma discussão alargada de conceitos e à criação de atitudes individuais nos alunos, críticas e transformadoras, para lidar com o mundo em que vão actuar.





    Francisco Teixeira Bastos, arquitecto
    Prova de Aptidão Pedagógica e Científica pelo IST-UTL, 2005
    Assistente no Curso de Arquitectura do Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa
    Grupo de Investigação do ICIST

    Fonte : http://www.artecapital.net/arq_des-7-o-banal-e-a-arquitectura
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Flica
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  3.  # 5

    Colocado por: CMartinA Casa Portuguesa.
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    Não havia um livro qualquer da primária com esta imagem?
    •  
      CMartin
    • 27 dezembro 2016 editado

     # 6

    Acho que sim, porque a imagem não me é estranha, e tenho ideia que serà daí..
    O que acha desta mudança de arquitectura PandR, da dos tempos antigos para a que vemos agora em Portugal ? E a pergunta não é só sobre a arquitectura contemporânea, tem até a ver com o tipo de construção que se faz, além do desenho ou ausência do desenho...? O projecto.
    O que pretende o novo DO face ao DO nosso avô ou bisavô ?
  4.  # 7

    Comecemos pela altura das casas, ou até das portas das casas. E das janelas...
    Nos últimos 100 anos (de 1914 para 2014) a altura média dos portugueses (homens) subiu 12 cm...

    Só por aqui muito se alterou.

    Se repararmos todas as casas (independentemente da localização geográfica) do século passado tinham janelas e portas muito mais pequenas.

    Além da questão da altura do Homem quer dar-se também mais luminosidade á casa...
  5.  # 8

    Interessante ter pegado no assunto por aí, PandR, sem dúvida bem visto.

    Estou a pensar também no déficit que havia de habitação condigna, pré 25 de Abril, e que tenha levado a movimentos e programas de habitação, estes próprios programas terão certamente contribuído para a forma que se constrói, e como se vê a arquitectura em Portugal. Pós revolução a habitação organiza-se de outra forma, talvez.
  6.  # 9

    Colocado por: CMartinThe Portuguese House
    A Casa Portuguesa


    Então e o cheirinho a alecrim?!?
    •  
      CMartin
    • 28 dezembro 2016 editado

     # 10

    Colocado por: ClioII

    Então e o cheirinho a alecrim?!?


    Sei là eu! Ficou de fora na tradução. Assim como assim, jà ninguém se lembra mesmo da casa portuguesa. Para quê saber explicar em Inglês se até jà em Português é uma carga de trabalhos convencermo-nos dela, ou melhor, deixarmo-nos convencer por ela ? Ou melhor ainda, para quê dizer correctamente em Inglês o que jà nada nos diz em Português ??
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  7.  # 11

    Colocado por: CMartinInteressante ter pegado no assunto por aí, PandR, sem dúvida bem visto.

    Estou a pensar também no déficit que havia de habitação condigna, pré 25 de Abril, e que tenha levado a movimentos e programas de habitação, estes próprios programas terão certamente contribuído para a forma que se constrói, e como se vê a arquitectura em Portugal. Pós revolução a habitação organiza-se de outra forma, talvez.


    Arquitectura Portuguesa Contemporânea
    Não existe data específica para o arranque da arquitectura contemporânea em Portugal. Os registos dos primeiros sinais que a identificam, apontam para uma época ligeiramente anterior a 1950. No entanto é sempre referenciado o acontecimento político do 25 de Abril de 1974 como data “oficial” a partir da qual foi impulsionada a corrente.

    O "Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal" marcou a arquitectura contemporânea dos anos 60.

    Fonte : wiki
  8.  # 12

    Colocado por: CMartinInteressante ter pegado no assunto por aí, PandR, sem dúvida bem visto.


    Foram os iogurtes.
    De facto é reconhecível em aldeias antiquíssimas pelo interior.
    Tb senti isso numa visita ao Paço dos Duques de Bragança em Guimarães. Q Rei tão pequenino.?.
    Mas lembro-me, no quarto tinha Aquecimento Central. Ou não? Para saber temos q lá voltar.
    Cmps!
  9.  # 13

    Colocado por: CMartin

    Sei là eu! Ficou de fora na tradução. Assim como assim, jà ninguém se lembra mesmo da casa portuguesa. Para quê saber explicar em Inglês se até jà em Português é uma carga de trabalhos convencermo-nos dela, ou melhor, deixarmo-nos convencer por ela ? Ou melhor ainda, para quê dizer correctamente em Inglês o que jà nada nos diz em Português ??
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    Feliz 2017
    Cmps!
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
  10.  # 14

    Colocado por: m.arq

    Feliz 2017
    Cmps!


    Uhhmm.. Obrigada m.arq.
    Contando que não esteja a ser irónico, como no outro tópico em que disse isto.

    Feliz 2017.
  11.  # 15

    Feliz 2017 para todos e votos de que a autora do tópico continue a brindar-nos com excelentes e elucidativos textos bem como as suas e demais opiniões dignas de apreço.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
    •  
      CMartin
    • 16 janeiro 2017 editado

     # 16

    Olà Flica! Obrigada pelas palavras.
    Um Bom Ano para Si!

    Vou retirar-me um pouco aos meus "aposentos".
    Estou a precisar dumas obras na minha casa portuguesa, e tenho que começar o meu caderno de estudos, que faço sempre, ou quando mudo de casa, ou quando se trata de reformulações assim mais importantes.
    Não vou ter espaço mental para o fórum e para o caderno.
    Dentro das minhas necessidades de divagação, que me fizeram criar quase todos os tópicos no forum, cà as colocarei, mas muito provavelmente, mais espaçadamente no tempo. Tenho que estar mais concentrada e mais objectivamente no caderno para não me perder, o que, no meu caso, dado o romântismo e o barroco, e o bucólico, é coisa por si só jà praticamente impossível :o)
    Sou um caso perdido.
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  12.  # 17

    CMartin,
    Venha sempre que possa . A sua obra vai, com certeza, ficar um primor! Vá dizendo como corre, provavelmente noutro tópico? Ou neste, porque não? São sempre os "gostos " afinal a nortear o nosso comportamento, as nossas escolhas...
    Boa sorte nos "trabalhos ".
    Foto espectacular!
    Um abraço,
    Flica
    •  
      CMartin
    • 19 janeiro 2017 editado

     # 18

    Entre mim e si Flica.
    Preciso de fazer uma série de coisas cà em casa. Não só de estética, mas também.
    Comecei por me por a ler um livro sobre Reabilitação. É muito técnico, o que para mim é bom para me focar. Li 3 pàginas e jà estou a morrer de tédio. Não sou nada técnica. Mas vou levar o livro até ao fim !
    É assim para mim isto das obras um processo muito envolvente. Nada simples.
    Quando o faço simples, depois, não gosto. Não foi sofrido :o) Não vale nada. Tenho que me envolver.
    Um abraço!
    CMartin
    PS. Também dada a pouca disponibilidade mental, tenho mesmo que fazer o caderno estudo, como lhe disse, para me focar. Sem ele, é-me dificíl pensar e fixar ideias. Se as debatesse no forum seria pior a emenda do que o soneto. Com gosto mostrarei o que tenho pensado, o meu "projecto" jà feito.
    •  
      CMartin
    • 19 janeiro 2017 editado

     # 19

    Anonimo09092021.
    Nem pense nisso!
    Nem uma parede vai abaixo aqui da minha casa portuguesa ! Ai o menino !
    :o/

    :o)
    •  
      CMartin
    • 19 janeiro 2017 editado

     # 20

    Como construir a uma moradia sem ter que aturar um arquitecto

    ‘Textos de Outros’ de Rui Campos Matos
    (escrito para o Diário de Notícias da Madeira, secção "Arquitectura e Território”)

    Quantas pessoas, quando chega o momento de construir a moradia com que sempre sonharam,não passam pela aflição de perguntar a si próprias: será que vou ter de aturar um arquitecto?

    Neste pequeno artigo, tentarei explicar como construir uma nova casa, sem se sujeitar às exigências de um desses profissionais. Para que o empreendimento seja levado a cabo com êxito há que fazer três importantes escolhas: estilo, técnico e empreiteiro.

    O estilo
    Eis-nos perante a primeira decisão a tomar - o estilo da casa. Felizmente não é difícil porque existem apenas dois: o tradicional (também conhecido por rústico) e o moderno, que vem colhendo cada vez mais adeptos entre os jovens.

    O tradicional caracteriza-se pelo típico telhado de aba e canudo, a janela de alumínio aos quadradinhos, a lareira de cantaria com a sua chaminé e o imprescindível ‘barbecu’, testemunho dos inumeráveis prazeres da vida rústica. Já o moderno é completamente diferente, tão diferente que até as coisas mudam de nome. O telhado desaparece, dando lugar à cobertura plana; a janela perde os quadradinhos e passa a chamar-se vão; à chaminé, em tubo de aço inoxidável, chama-se fuga; e ‘barbecu’ é um termo obsceno que deve ser evitado na presença das senhoras.

    Não existem, pois, quaisquer espécie de dúvidas quanto a questões de estilo - ou se é tradicional ou se é moderno, as duas coisas ao mesmo tempo é impossível.

    O técnico
    Escolhido o estilo, há que escolher o alfaiate, que aqui designaremos pelo técnico. Trata-se de uma escolha muito fácil, porque o que não falta são técnicos. Intitulem-se eles construtores civis diplomados, agentes técnicos de engenharia, electricistas habilitados ou desenhadores habilidosos, todos se regem pela mesma cartilha, a de João de Deus: o pinto pia, a pipa pinga…
    Não passaram cinco anos a estudar arquitectura? Não estagiaram mais dois? Que importa isso?

    Concentremo-nos apenas nas suas virtudes:
    1- Projecto elaborado em tempo recorde.
    2- Preço: 999 €.

    Mas como conseguem eles ser tão eficazes? É simples: antes de encomendado, o projecto já está feito. Até parece milagre! Mas não é, o que se passa é o seguinte: o técnico tem duas pastas no computador, uma para projectos em estilo tradicional, outra para os modernos.
    Escolhido o estilo pelo cliente, é fácil, emenda daqui, remenda de acolá e, numa tarde, o projecto está feito! Para quê complicar?
    "Mas o rapaz parecia semi-analfabeto, disse que não podia assinar o projecto, mas que havia outro técnico que podia…". Não é caso para preocupações, trata-se de uma situação corrente em que um técnico analfabeto paga a um técnico habilitado para que este, a troco de uns trocos, assine de cruz. Está tudo incluído no pacote e, (ironia do destino!), quantas vezes o técnico habilitado não é um arquitecto daqueles que faltaram às aulas de religião e moral…

    Aprovado o projecto, o técnico já não é preciso para nada. É dizer-lhe adeus que ele até agradece, porque de obra não percebe nada nem quer perceber, quem percebe disso é o empreiteiro – a nossa terceira e última escolha.

    O empreiteiro
    O primeiro encontro entre cliente e empreiteiro costuma ser decisivo. É nele que terá de se estabelecer, entre o primeiro e o segundo, uma relação de confiança cega, em tudo semelhante à fé. A fé de quem acredita que, com um projecto feito por um técnico, que não especifica nada, que não pormenoriza nada e que não quantifica nada, não vai ser enganado por um homem que passa o dia a fazer contas de cabeça…
    Entre cinco pequenos empreiteiros, como escolher o indicado para construir a moradia?
    Infelizmente, chegados a este ponto, não posso recomendar senão fé, muita fé e confiança, porque tudo o resto é irrelevante:

    1- O valor do orçamento é irrelevante, foi feito com base no projecto do tal técnico, é um número atirado para o ar, um número que, com os imprevistos, há-de subir ainda umas quantas vezes.

    2- O prazo estabelecido para concluir a obra vai depender do bom ou mau tempo e, nesse capítulo, só Deus sabe.

    3- As garantias dadas são as que estão na lei - cinco anos. Se a casa apresentar defeitos, reclame; se a reclamação não for atendida, recorra ao tribunal (também pode recorrer ao pai natal se achar que demora menos tempo…)
    Em suma, não vale a pena perder tempo com ninharias, o mais importante é ter fé.

    Conclusão
    Se, apesar de conscienciosamente feitas estas três escolhas, as coisas não correrem lá muito bem, se a casa ficar pelo dobro do preço, se no Verão se assar lá dentro e no Inverno se tiritar de frio, se para abrir a porta do armário for preciso arrastar a mesa de cabeceira, se o vizinho protestar com o ‘barbecu’, se a cobertura plana meter água, não vale a pena desesperar, resta sempre a consolação de
    não ter tido de aturar um arquitecto.

    Fonte :
    http://www.arquitectura.pt/forum/forums/topic/1653-como-construir-a-uma-moradia-sem-ter-que-aturar-um-arquitecto/
 
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