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    • zed
    • 8 junho 2021 editado

     # 1

    Soube recentemente da existência do System Advisor Model (SAM), aplicação open-source e gratuita que permite modelar sistemas solares fotovoltaicos com ou sem baterias (e também eólicas e outras mas isso para o caso não interessa). Como gosto deste tipo de dados/análises e sempre duvidei das análises simplistas que alguns instaladores fazem, que partem do princípio que se consome 100% da produção, decidi arregaçar as mangas e correr isto para uns cenários que me interessavam.

    Com o SAM consegui carregar os meus consumos reais do ano de 2020, medições horárias do Wibeee. Desta forma ele pode comparar a produção hora a hora com o consumo ao longo de um ano inteiro e assim obter resultados fidedignos.

    Corri várias simulações mas vou partilhar aqui os resultados de uma. Resumidamente:
    * Localização em Lisboa, painéis a Sul e com inclinação igual à latitude. Nenhum sombreamento.
    * 0€ em gastos de manutenção ao longo de 25 anos. 0€ de acréscimo do prémio de seguro multirriscos.
    * Rendimento de capitais de 3% para efeitos de comparação (custo de oportunidade).
    * Tarifário Gold Energy Simples com 10,35 kVA com desconto de 12%, ou seja: 0,5723€/dia e 0,1395€ kWh (excl. IVA).
    * Sem venda da produção excedente.


    Acho que são pressupostos bastante optimistas (no meu caso por exemplo haverá algum sombreamento, pouco) por isso se desta forma não conseguir um resultado favorável então dificilmente compensa este investimento. Toda a electricidade que consumo actualmente é de hídricas e eólicas portanto a redução de emissões de CO2 não é factor e vou-me limitar à vertente financeira.

    A minha ideia para este tópico é mostrar um pouco como funciona o SAM e a informação que se consegue extrair de lá para, quem sabe, motivar algum de vós a fazer a vossa própria análise.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: eu, fredcunha, whocarez
    • zed
    • 8 junho 2021

     # 2

    A simulação que partilho aqui é do kit da SolarImpact RMM10I com um desconto de 20% e que eu saiba é das soluções com o melhor preço por Wp. A instalação em Lisboa fica por 350€.


    Consiste em 4 painéis monocristalinos Trina de 340W (1.360Wp) e um inversor Solax X1-mini 1.5. Os módulos já constam da base de dados do SAM e o inversor foi inserido por mim a partir dos dados técnicos do mesmo.
    • zed
    • 8 junho 2021

     # 3

    Os gráficos da produção versus consumo ficam assim. Acho que mostra que o sistema está mais ou menos bem dimensionado pois o excedente que é injectado na rede não é relevante.


    Acho que agora é uma boa altura para fazer uma pausa e ver se alguém quer deixar comentários, perguntas ou conselhos antes de eu publicar os resultados da simulação.
  1.  # 4

    Os spoilers não surpreendem. Eu não tenho painéis (porque moro num apartamento), mas tenho vários amigos que têm e praticamente todos têm contas feitas a payback de meia dúzia de anos.

    Em comum todos têm o facto de comprar os painéis em grupo e lá fora, bem como fazer a instalação entre amigos.

    É fácil de perceber que dificilmente faz sentido. A malta que comprou os sistemas de micro produção para venda exclusiva à rede tinha payback inferior a 10 anos, com venda a 40 e tal cts/kWh. Se a nossa energia custar 20cts/kWh, seria o dobro do tempo. E é continuar a extrapolar ;)
    • eu
    • 8 junho 2021 editado

     # 5

    Custa a acreditar que consumindo toda essa energia, mesmo assim não compensa.

    Não será esse rendimento de capitais de 3% que está a fazer a diferença? Onde ganha 3% limpos em aplicações seguras?
    • eu
    • 8 junho 2021

     # 6

    Colocado por: Bruno.AlvesA malta que comprou os sistemas de micro produção para venda exclusiva à rede tinha payback inferior a 10 anos, com venda a 40 e tal cts/kWh. Se a nossa energia custar 20cts/kWh, seria o dobro do tempo. E é continuar a extrapolar ;)

    Nessa altura os painéis eram muito mais caros...
  2.  # 7

    Colocado por: euNessa altura os painéis eram muito mais caros...

    Sim, concordo. Mas o pagamento da energia gerado era quase pornográfico e mesmo assim o playback mandava-se para 10 anos na maioria dos casos. Tentar fazer este exercício quando queremos pagar tão pouco quanto possível na energia que nos vendem é duro.
    Daí que ter um custo de aquisição baixo seja fundamental.

    Nenhuma das pessoas que tenho com painéis está arrependido, longe disso. Boa parte deles até já têm baterias. Só que lá está, pelo preço do kit indicado compraram 3 ou 4kWp ao fazer compras de grupo de paletes de painéis. Baterias compram a uns carolas (ou são eles próprios carolas) módulos de VE, etc.

    Obviamente que há um valor acrescentado em relação à produção local de energia que não é só financeira. Eu se não morasse num apartamento teria painéis. Nem que nunca se pagassem.
  3.  # 8

    E que tal pensar pequeno?
    Vejamos o meu raciocinio:
    Sistema com apenas um painel. Consumir diariamente 1Kw.
    Com esse consumo 0,20€ /dia dá um total de 6€/mes. Por ano 72€.
    Penso que 7 anos é o suficiente para ter o investimento pago, depois é só lucro.

    O que costumo aconselhar é antes de tudo fazer a leitura do habito de consumo na instalacao e esquecer a media.
    O mais importante é saber o consumo minimo e a moda. Depois dimensionar adequadamente.
    Concordam com este comentário: Maguna
  4.  # 9

    Sim, sem dúvida. Mas na minha opinião há 2 questões fundamentais:
    - 1 painel de 250Wp produz 1kWh em coisa de 5h boa exposição, o que poderá não acontecer em média no ano inteiro.
    - se esse painel for para o telhado, fazer uma estrutura própria com a inclinação adequada e instalada no sítio (se não for feito pelo próprio em carolice - aka pagar a um instalador) praticamente duplicas o preço do painel. E custa quase tanto para um como para 4 painéis. Já se for montado na varanda com umas abraçadeiras de serrilha, ligado numa tomada ali ao lado e mesmo assim tiver a sorte de ter uma exposição decente, então é muito capaz de ser rentabilizado rapidamente.

    Há bastantes variáveis. O que eu conheço é que no geral compensa (em alguns casos compensa muito) mas o valor de compra e instalação é o principal factor.

    Colocado por: nielskyO que costumo aconselhar é antes de tudo fazer a leitura do habito de consumo na instalacao

    Fundamental. Até porque durante os primeiros tempos, com a pica inicial, os hábitos moldam-se à produção. Mas não para sempre, digo eu ;)
    Concordam com este comentário: zed
  5.  # 10

    Tópico interessante, mas sim o retorno deste tipo de investimento vai para períodos um pouco longos, daí ser fundamental os sistemas serem bem dimensionados para o consumo real expectável da casa.

    Outra questão importante de realçar aqui é qu com a legislação actual (temos novas regras em 2021 derivado das metas europeias que estão estabelecidas) temos de aumentar a eficiência das habitações e não vamos lá só com isolamentos e envidraçados xpto. Vai ser cada vez mais comum a instalação de painéis solares em construção nova, é o preço a pagar pela sustentabilidade.


    Uma nota: como alertaram aqui, 3% de juros limpos como comparação é neste momento utópico. Realista seria algo abaixo de 1%.
    • zed
    • 9 junho 2021 editado

     # 11

    Colocado por: euNão será esse rendimento de capitais de 3% que está a fazer a diferença? Onde ganha 3% limpos em aplicações seguras?

    Colocado por: fredcunhaUma nota: como alertaram aqui, 3% de juros limpos como comparação é neste momento utópico. Realista seria algo abaixo de 1%.

    Isto tem de ser visto no longo prazo tal como os painéis. O índice S&P 500 em todos os período de 30 anos desde 1928 deu, na pior das hipóteses, 4,3% reais (contando a inflação). A mediana de retorno nesses períodos todos é de 7,1%.

    O "azarado" que investiu num fundo que segue o S&P 500 no auge da bolha dot-com em Março de 2000 e ainda apanhou a crise financeira de 2007/2008 está hoje com retorno de 4,877% reais. Portanto os 3% até são muito pessimistas para um horizonte de 25 anos.

    De qualquer forma não precisamos de ir muito por aí pois eu vou apresentar tanto a análise simplista como a que leva em conta o custo de oportunidade.
    • zed
    • 9 junho 2021

     # 12

    Colocado por: nielskyE que tal pensar pequeno?

    É pior pois há custos fixos que não baixam ou baixam pouco. Instalação é basicamente o mesmo valor para 1 ou 4 painéis e um micro inversor não custa 1/4 do inversor de rede que leva 4 painéis.
  6.  # 13

    Colocado por: zedÉ pior pois há custos fixos que não baixam ou baixam pouco. Instalação é basicamente o mesmo valor para 1 ou 4 painéis e um micro inversor não custa 1/4 do inversor de rede que leva 4 painéis.



    Estou curioso por ver os resultados. No inicio do ano também andei a brincar com o SAM de uma forma muito exploratória, visto que não tinha nenhum projecto em concreto para simular, visto que ainda andava à procura de casa.

    Mas fiz umas quantas simulações tendo por base os consumos do apartamento. Não tenho os valores nem a VM onde corri isso, mas de forma geral pareceu-me que:

    Uma instalação pequena, 1 a 2 painéis com micro-inverters pagava-se relativamente rápido, uns 2-3 anos?
    Instalações maiores, com string inverters, quadros dedicados e todas as proteções e medidores, obviamente mais, 5-6 anos?

    Uma instalação com baterias, para além se ser muito mais difícil de dimensionar, corre-se o risco de não ter um break-even no tempo de vida util da instalação.

    Mas claro, isto há muitos pressupostos.
    Mas o principal factor é o certamente dimensionamento e a real utilização. E aqui a regra dos 80-20 faz todo o sentido.

    É muito mais eficiente tentar anular apenas 70-80 do consumo de rede, dos os restantes 20-30.
    Concordam com este comentário: eu
    • eu
    • 9 junho 2021

     # 14

    Colocado por: zedPortantoos 3% até são muito pessimistas para um horizonte de 25 anos.

    Conclusão perigosa, pois o passado dos mercados não nos garante nada, absolutamente nada.

    Já agora, há outro fator complicado de prever: eventuais flutuações futuras no custo da energia elétrica.
    Concordam com este comentário: hangas, Besidroglio
  7.  # 15

    O pessoal não precisa de fazer contas nenhumas, basta aumentar o consumo de energia, que o break even reduz logo.
    Concordam com este comentário: NB_Viseu
  8.  # 16

    Isto só interessa para quem se preocupa com o ambiente (0,00001%) e para quem quer viver off-grid.
  9.  # 17

    Colocado por: rjmsilvaO pessoal não precisa de fazer contas nenhumas, basta aumentar o consumo de energia, que o break even reduz logo.

    Ou entao ao contrario. Reduz no consumo de energia e nao precisa de meter paineis FV.
    Concordam com este comentário: zed, MOC
  10.  # 18

    Colocado por: BelhinhoIsto só interessa para quem se preocupa com o ambiente (0,00001%) e para quem quer viver off-grid.

    O que é viver off-grid?
  11.  # 19

    Colocado por: BelhinhoIsto só interessa para quem se preocupa com o ambiente (0,00001%) e


    E se for só pela questão ambiental isso basta mudar de operador.
    Eu tenho GoldEnergy e o mix nos últimos anos, eles mandam o report, é 100% renovável.
    Concordam com este comentário: zed, Bruno.Alves
  12.  # 20

    Colocado por: Sirruper
    O que é viver off-grid?

    Viver desligado da rede eléctrica.

    Colocado por: hangas

    E se for só pela questão ambiental isso basta mudar de operador.
    Eu tenho GoldEnergy e o mix nos últimos anos, eles mandam o report, é 100% renovável.
    Concordam com este comentário:zed

    Ui o que você foi dizer. Aos anos que falamos em fornecedores de energia 100% renováveis (no tópico dos VE) e há aí uma malta que vai já dizer que isso é tudo inventado e se você tem um contador que só deixa passar electrões de prados verdejantes 😁😁😁
    Concordam com este comentário: zed
 
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